Assassino de sua amante, que jogou de um trem em movimento, o industrial Pierre Verdier se beneficiou do arquivamento do processo por falta de provas. Uma noite, Ancelin, o marido traído da vítima, veio fazer justiça com as próprias mãos. Depois de ter disfarçado o seu crime como suicídio, dá de cara, na rua, com o motorista do táxi que Verdier havia encomendado. No dia seguinte, Ancelin sai em busca dessa testemunha chata, um mocinho apaixonado por uma operadora de rádio de sua empresa, para eliminá-lo...
Adaptado de um romance de Boileau-Narcejac, “Uma Testemunha na Cidade” destaca-se da abundante produção policial da época pelo seu tom e estilo singulares. Se evoca o mundo de Clouzot e Hitchcock, este thriller também anuncia os "gialli", thrillers muito sombrios populares na Itália nas décadas de 1960 e 1970. Embalada pelo jazz de Barney Wilen, a história começa como se terminasse muitos thrillers, com vingança e a sequência de dois assassinatos tão perfeita quanto inesperada. Segue-se um shadowing, pretexto para cenas quase documentais da noite sem dormir parisiense: clientes de discotecas, alcoólatras, soldados americanos, prostitutas e, claro, os “rádio-táxis”, que estão no centro da trama. Coprodução, este filme tipicamente parisiense, de estilo realista, conta com atores italianos: Franco Fabrizi como motorista caçado e Sandra Milo como telefonista apaixonada por ele. Lino Ventura, capaz de despertar a simpatia do espectador apesar da sua determinação criminosa, demonstra mais uma vez a subtileza por detrás da sua constituição atlética.