Johnny Depp vai se aposentar em breve. Ao menos, isso é o que próprio ator tem insinuado em diversas entrevistas de algum tempo para cá – a última foi para a britânica BBC.
Depp, um dos atores mais respeitados da atualidade – tanto por crítica como por púbico – não vive um momento bom em sua carreira. Mesmo com uma enorme base de fãs e o respeito da mídia, ele amarga um dos fracassos mais retumbantes de sua carreira, com O Cavaleiro Solitário.
O projeto reuniu o ator com o diretor Gore Verbisnki e o produtor Jerry Bruckheimer – ou seja, a mesma equipe dos três Piratas do Caribe originais – e, mesmo assim naufragou nas bilheterias. O problema não está com o ator, mas sim com a promoção errada do filme – todo o material promocional girava unicamente em torno do ator, quando ele é, na verdade, coadjuvante – e, principalmente, a concorrência com outros grandes (e muitos) blockbusters lançados este ano.
O filme certamente irá se pagar, levando-se em conta a renda mundial e posteriores números do mercado de vídeo, mas é certo que a Disney pensava em construir uma nova franquia e o plano foi abandonado. Com isso, o ator, que já alegava cansaço em função do enorme volume de filmes em que atua, vem indicando, com cada vez mais, frequência que a hora de parar pode estar chegando.
Claro que isso não é para agora. O ator já está acertado em pelo menos outros cinco filmes para os próximos anos: a ficção científica Transcendence, a comédia Mortdecai, o musical Into the Woods, além do retorno a dois personagens já conhecidos do público, em Piratas do Caribe V e Alice no País das Maravilhas 2.
Talvez seja a hora do ator se reinventar. Depp acabou se tornando ao criar personagens inesquecíveis sempre criando personas estranhas e atuando sob pesada maquiagem – dirigido ou não pelo seu habitual parceiro Tim Burton – mas não obtém o mesmo sucesso ao atuar “de cara limpa”. Com isso, perdeu algo essencial a um astro de primeira grandeza: a capacidade de surpreender o público, que se acostumou a vê-lo fazer sucesso em papéis “estranhos”, sem nunca ser bem sucedido ao interpretar “pessoas comuns”.
Mesmo assim, permanece como sinônimo de boas bilheterias – o fracasso de O Cavaleiro Solitário será muito mais associado ao filme que ao ator – e dificilmente conseguirá realmente se aposentar tão cedo, já que convites e propostas não irão faltar.
Talvez seja o momento do ator parar para respirar e repensar sua carreira, abrindo novas portas e procurando desafios que vão além da maquiagem ou de um novo sotaque. A melhor coisa que o ator pode fazer neste momento é lembrar-se que ele sempre foi um ator do primeiro calibre, audacioso e sem o menor medo de ousar, e não um astro de filmes de verão, como ele “vem sendo vendido” nos últimos anos.
Jack Sparrow já é um personagem histórico, mas neste momento Johnny Depp precisa de novos Edwards, Ed Woods e Ichabod Cranes. O que o ator precisa é aproveitar a maturidade, com seus 50 anos recém-completados, e voltar a experimentar, mergulhando em projetos que um ator comum nem chegaria perto. Este sempre foi seu diferencial.
Com a fortuna que acumulou nos últimos anos, Depp não precisa do cinema – algo que ele deve se orgulhar, visto que faz questão de não pertencer à rotina hollywoodiana, inclusive exilando-se na França. Contudo, o cinema atual precisa muito de Johnny Depp.