A vendedora de rosas (1998)

Título original: La vendedora de rosas

Título em inglês: The rose seller

País: Colômbia

Duração: 1 h e 56 min

Gêneros: Drama

Elenco Principal: Leidy Maria Tabares, Marta Correa, Mileider Gil

Diretor: Victor Gaviria

IMDB: www.imdb.com/title/tt0157154/


Um filme sobre pessoas que vivem à margem da sociedade: sobre jovens garotas, em idade escolar, que passam longe dos portões das instituições de ensino e têm como educadores traficantes, alcoólatras, viciados e delinquentes de todos os tipos. Suas vidas são difíceis, pois estão inseridas num ambiente inóspito – as ruas -, e seus pais, quando estão fisicamente presentes – algo raro de se ver -, são normalmente repressores e usam, na maioria das vezes, a violência como método de educação. Nada mais que a realidade de boa parte da população mundial que vive na periferia das grandes cidades e é marginalizada pelos mais diversos motivos e pela falta de políticas públicas que promovam a inserção social dessas pessoas. “A vendedora de rosas” é uma obra cinematográfica que, apesar de ter sido produzida ainda no século XX, mostra-se atual e familiar a todos nós, que, mesmo não vivenciando esse cotidiano, vemos diuturnamente na mídia casos parecidos aos mostrados no enredo.

No filme, acompanhamos a vida de várias meninas que retiram das ruas a sobrevivência, ao venderem rosas na noite da cidade de Medelín, na Colômbia. A protagonista é Mónica, uma jovem de 13 anos, vendedora de rosas, viciada em cola – assim como quase todos os personagens -, órfã  de avó, a qual, segundo a narrativa, fazia o papel de pai e mãe da garota. Os pais de Mónica não são mostrados em momento algum. Junta-se a ela, em seu ofício, Andrea, de 10 anos  de idade, que fugiu de casa por conta das constantes surras que levava de sua mãe. Além delas, há uma série de outras adolescentes – ou pré-adolescentes –  que fazem parte da narrativa, e cujas rotinas são mostradas no filme: Judy, Bochecha, Claudia, etc. O filme mostra nada mais, nada menos que o dia a dia dessas e outras pessoas incluídas na rotina perigosa que as ruas lhes impõem.

Interessante notar o comportamento de algumas dessas personagens. Elas se envolvem com drogas, cometem pequenos delitos e se prostituem em alguns momentos, mas, intimamente, o desejo de todas elas é poderem ser acolhidas no seio de suas famílias e receberem amor e atenção. A marginalização é mostrada como consequência do não cumprimento do papel da família na vida das pessoas e também da sua ausência, como no caso de Mónica. A família é – ou deveria ser – o refúgio de todos. Para potencializar os efeitos danosos da vida nas ruas, propositalmente, o diretor colocou personagens com pouca idade, ou seja, imaturas, despreparadas para as situações em tela. O desfecho de cada uma delas segue essa linha de pensamento: a busca de acolhimento – para as que têm onde serem acolhidas – após a exposição a diversos fatores negativos e/ou malignos que a realidade mostrada no filme proporciona.

Alguns subtemas estão presentes na narrativa e merecem destaque. A vida sem perspectivas, o desenvolvimento prematuro da sexualidade, o alto índice de mortalidade e a precocidade dessas mortes para as pessoas marginalizadas, a utilização da violência como regra de convivência, entre outros. No contexto do filme, pelos motivos já expostos e por outros mais, a vida, que é nosso maior bem, está sempre por um fio e falta, principalmente, respeito às pessoas, pois falta também Deus no coração, apesar de Mónica, por vezes, imaginar sua falecida avó como uma santa, pois operava algo considerado um milagre pela jovem, dava-lhe uma vida normal, apesar de todas as dificuldades.

Ao fim, temos uma perversa constatação: isso tudo nada mais é que o mundo em que vivemos, cheio de desigualdades sociais, com crianças e adolescentes longe das escolas e da educação provida pela família, ou seja, entregues à desgraça provida por uma vida infeliz, abandonada e carente de amor. Por tudo isso, “A vendedora de rosas” é um filme cruel, que machuca a alma dos espectadores e leva a uma profunda reflexão sobre a vida de cada um de nós, para que, com pequenos ou grandes atos, possamos colaborar de alguma forma para que muitos de nossos semelhantes consigam viver com dignidade.

O trailer, em espanhol e sem legendas, segue abaixo.

Adriano Zumba


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