O Grande Hotel Budapeste
Ao assistir um filme do Wes Anderson, fica claro o cuidado e a dedicação que o diretor tem com o design de produção, a fotografia e todos os outros aspectos visuais. Sua dedicação à linguagem visual vai além do filme e se estende a todos os materiais de promoção e divulgação. Se você já assistiu a algum filme de Anderson e olhar para um pôster de algo novo que ele tenha feito, com certeza não terá dificuldade em saber que aquilo tem a mão do diretor. Ainda que possua uma filmografia relativamente curta, ele produziu filmes extremamente criativos e maduros. O Grande Hotel Budapeste consegue reunir todos os elementos que o ajudaram a construir sua assinatura nos cinemas, além de contar uma história apaixonante cheia de risadas e ação.
A trama se desenvolve em três tempos diferentes: 1985, 1965, e 1932, sendo que a maior parte, e a que recebe maior importância, é a de 1932. M. Gustave (Ralph Fiennes) administra o Hotel e o faz funcionar como um relógio. Trata bem e tem intimidade com os hóspedes e funcionários. Quando Madame D. (Tilda Swinton), uma senhora com 88 anos morre, M. Gustave e seu recém contratado lobby boy Zero (Tony Revolori) vão até o funeral. Ao chegarem lá, Gustave descobre que herdou um quadro valioso, mas o filho de Madame D., Dmitri (Adrien Brody), e outros familiares e amigos, não permitirão que ele receba a herança que lhe é por direito. Dessa forma, uma série de aventuras envolvendo criminosos, e até uma espécie de exército Nazista, se desenrolam durante o filme.
Desde o início, Anderson utiliza as técnicas que o fazem se destacar entre os diretores atuais. Seu trabalho de movimentação de câmera é preciso e simétrico, criando composições extremamente meticulosas. Sua câmera parece que se movimenta apenas em ângulos perfeitos de 90 graus. O diretor ainda tem o trabalho de utilizar razões de aspecto diferentes para cada época em que o filme se passa. A paleta de cores em tom pastel preenche a tela o tempo inteiro, combinando perfeitamente com os figurinos rebuscados e os cenários exagerados repletos de detalhes. Como de costume, algumas animações e o uso de letreiros são vistos durante o filme.
O humor e o cinismo presente nas comédias do diretor se repetem em O Grande Hotel Budapeste. Com falas rápidas e várias piadas em seqüência, temos que prestar atenção e tomar um fôlego para não deixarmos nada passar despercebido. A relação de companheirismo e amizade que se desenvolve entre Gustave e seu Lobby Boy nos conquista em poucas cenas. Ralph Fiennes faz um papel incrível como o administrador do hotel. Seus trejeitos e elegância ao falar são interrompidos com palavrões e alguns momentos de descontrole, tornando-o um personagem bem engraçado e um pouco imprevisível. O elenco também é formado por várias estrelas que fazem pequenas participações, como Jeff Goldblum, Edward Norton, Harvey Keitel, Bill Murray, Léa Seydoux, entre outros.
Apesar de O Grande Hotel Budapeste não ter tanto apelo emocional como o seu antecessor, Moonrise Kingdom, ele ainda consegue apresentar uma história envolvente, com personagens dinâmicos e um trabalho técnico primoroso. Assistir a um filme do Wes Anderson é como entrar em uma fábula e não querer sair mais.