Troca de gênero e alguns demônios em “Dustin”

Curta-metragem de Naïla Guiguet sai do nada e chega até lugar nenhum, mas apresenta um contexto muito interessante no meio do caminho


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Num galpão abandonado, em meio a uma festa tecno 145 BPM, conhecemos Dustin, uma jovem transgênero, e sua turma Felix, Raya e Juan. Conforme a noite avança, uma melancolia vai surgindo em meio à histeria, uso de drogas e música bate-estaca.

Ainda na festa, mas muito mais no day after dela, vamos entendendo um pouco mais do relacionamento daquele grupo de amigos. Dustin e Felix parecem ser namorados há bastante tempo, inclusive antes de Dustin fazer a transição de gênero. Ou seja, eles começaram o namoro quando Dustin ainda se identificava como um garoto gay. A transição mexe com o relacionamento, pois a protagonista passa a se identificar como mulher, mas seu namorado continua sentindo atração apenas por homens.

Por mais que o ideal seja que Felix continue no relacionamento com Dustin, pois mesmo com a transição de gênero ela continue sendo a mesma pessoa pela qual ele se apaixonou, isso é fácil quando se está apenas no discurso, pois na prática Dustin já não o satisfaz, e continuar com ela é reprimir o seu desejo.

A mudança na forma de se relacionar também afeta a protagonista. Antes, quando era um menino, Dustin se relacionava com homens gays. Mas agora que é uma mulher, ela precisa aprender a se relacionar com homens héteros – e muitas vezes tentar escapar de ser apenas um fetiche para eles.

“Dustin” começa e termina do nada, mas dá ao expectador a sensação de que a sua ideia poderia produzir um grande filme.

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