Juventude efervescente entra em conflito com o seu compromisso materno em “Wasp”

Curta metragem é mais uma grande obra do realismo social de Andrea Arnold


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Zoë é uma mãe solteira que vive com seus quatro filhos em Dartford, Inglaterra. Esgotada pelas dificuldades financeiras que passa, pelo trabalho que enfrenta ao cuidar de quatro crianças e por todas as coisas que abriu mão para ficar com os filhos, um dia Zoë reencontra um conhecido que a convida para sair, e então decide dar um jeito das crianças não atrapalharem o seu encontro. Esse será o seu primeiro encontro em anos.

“Wasp” é mais uma obra de Andrea Arnold que incorpora o realismo social de forma sublime. No decorrer do curta é possível se irritar com Zoë, que parece não cuidar direito de seus filhos, os deixando sem tomar banho, em uma casa suja e sem comida. Ao mesmo tempo, é possível também sentir pena dessa mulher jovem que precisa dar conta de tudo sozinha.

Quando Dave a convida para sair, Zoë se reascende, e vê naquele encontro até como uma forma de escapismo. Não conseguindo encontrar alguém para ficar com seus quatro filhos, Zoë os deixa no estacionamento do pub que acontecerá o encontro com Dave. A filha mais velha, Kelly, fica encarregada de cuidar dos três irmãos mais velhos.

Kelly é um estudo à parte, uma criança madura. Em certo momento ela até pergunta à mãe se ela vai transar com Dave. A mãe fica assustada e a repreende, dizendo que aquele não é um assunto para a idade dela. Kelly fala sobre essa assunto porque ela já cresceu, como irmã mais velha ela precisou se adultizar para cuidar dos mais novos e para ser a melhor amiga de sua mãe.

Ao longo do encontro o expectador vai sentindo uma angústia e apreensão pelas crianças estarem escondidas no estacionamento, sujas e com fome, e com Zoë dentro do bar querendo curtir aquele momento, mas também preocupada com seus filhos que estão lá fora.

E mesmo estando na flor da idade e no tesão daquele momento em que finalmente está com um parceiro, Zoë larga tudo e vai correndo atrás dos seus filhos quando sente que eles estão em perigo.

Andrea Arnold conseguiu retratar de forma crua a vida de uma mãe solteira que vive uma vida sem prazeres, em que tudo gira ao redor da maternidade.

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