MELHOR FILME

“Close” coloca o espectador em estado de arrebatamento

Dirigido pelo belga Lukas Dhont, longa é uma impecável análise sobre as armadilhas da masculinidade


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Sempre que escrevo sobre um filme não me preocupo em poupar o leitor de alguns spoilers que solto durante a minha análise da obra. No caso de “Close” tomarei esse cuidado pois acredito que a imprevisibilidade é fundamental para a experiência sensível do espectador frente ao filme.

Dirigido por Lukas Dhont, “Close” acompanha a amizade de Leo e Remi, garotos de uma pequena cidade da Bélgica. Como irmãos, os dois brincam juntos, vão para a escola juntos, até dormem juntos. Trata-se de uma relação profunda construída ao longo do tempo.

Quando o ano letivo se inicia e Leo e Remi ingressam na nova turma, a relação íntima dos dois chama a atenção da classe, e uma colega pergunta aos dois se eles são namorados. Leo prontamente nega, e preocupado com o que os colegas pensam sobre ele, começa a se afastar de Remi. O distanciamento dos dois se inicia com Leo evitando o contato físico mais próximo de Remi, depois passa a não compartilhar mais de seu tempo com ele, investindo mais na amizade com outros colegas. O abismo vai crescendo até que acontece um rompimento. É uma progressão triste e angustiante.

Belíssimo do início ao fim, a obra vai tratar com uma sensibilidade arrebatadora as consequências do machismo na vida também dos homens. Leo gosta da companhia de Remi, mas decide se distanciar para evitar que os colegas pensem coisas ao seu respeito que ele não quer. Ele causa o distanciamento mesmo não querendo, apenas para se encaixar no comportamento que é esperado de um garoto.

A obra é provocativa porque até mesmo nós espectadores lemos Leo e Remi como dois garotos apaixonados um pelo outro, apenas porque eles são sensíveis e se gostam. Ou seja, o que “Close” explora ultrapassa a sua história e chega diretamente a quem está assistindo.

“Close”, Lukas Dhont.

Onde assistir: MUBI

Avaliação: 5 de 5.

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