Se você misturar Ryan Reynolds, Will Ferrel e um musical, o que você tem? Exatamente isso: Ryan Reynolds, Will Ferrel e um musical.
Parece uma brincadeira besta, mas não é: o diretor Sean Anders, que já trabalhou com Will Ferrel em “Pai em Dose Dupla” chamou Ryan Reynolds (“Projeto Adam”) e decidiu que cada um iria fazer o seu próprio estilo de comédia e daí ter um filme que fosse híbrido, mas ao mesmo tempo que rolasse a química entre seus personagens. Ah, e que ainda fosse um musical. E deu certo, mesmo sendo a enésima adaptação de “Um Conto de Natal” de Charles Dickens, aquele em que o avarento Ebenezer Scrooge é visitado por três fantasmas, o dos Natais Passados, o do Natal Presente e o dos Natais Futuros.
Ferrel é o do Natal Presente e então o espectador entende que ele trabalha numa espécie de empresa no mundo dos mortos que mexe com o gerenciamento da mudança da personalidade das pessoas. Ver o mecanismo em ação foi uma ótima sacada.
A bola da vez, ou melhor, a nova pessoa a ser mudada é Clint (Reynolds), advogado sem escrúpulos que ganha a vida assassinando reputações. Quando os fantasmas começam o “processo” com Clint, ele é mais inteligente e acaba invertendo as regras do jogo.
O destaque do roteiro é justamente subverter a história e sua abordagem, inclusive repensar os papéis dos fantasmas e o que eles realmente transformam. Ambos os protagonistas tem uma jornada bem mais interessante que a maioria das adaptações, e até mesmo há uma boa surpresa sobre a identidade de um dele.
Da mesma forma, subvertem o gênero musical onde há números muito bem coreografados, mas também outros feitos para serem interrompidos, como uma gag narrativa. O musical e os coadjuvantes, até mesmo a sempre competente Octavia Spencer de “Esquadrão Trovão”, apenas compõe a paisagem para Reynolds e Ferrel. Eles, inclusive, não mudam em nada o seu jeito de fazer humor, mas de uma estranha e inexplicável forma, com um bom roteiro, funciona que é uma maravilha.
Menção especial para uma ótima crítica social ao politicamente correto com um número chamado “Boa Tarde” totalmente dedicado a isso. O desfecho ainda foge do lugar comum sem forçar a barra e há ótimas cenas musicais nos créditos finais.
“Spirited” mostra que pode repetir histórias e ao mesmo tempo ser inédito em quase tudo. Ótimo programa de Natal.
Curiosidades:
- Na cena do cemitério do futuro, a maioria dos rostos não são de pessoas de verdade, mas sim gerados através de Inteligência Artificial, baseado nas fotos da equipe da companhia de efeitos especiais do filme, a Mels VFX.
- O nome do hotel em que algumas cenas se passam é The Copperfield, nome de outra história de Charles Dickens.
- Os cachês de Will Ferrel e Ryan Reynolds foram de U$ 20 milhões cada um, 40% do orçamento total do filme.
- Na festa a fantasia de comemoração de Natal da empresa, todo mundo está vestido com fantasias de filmes com temas natalinos.
- A letra do último número musical aparece no letreiro do ônibus.
Ficha Técnica:
Elenco:
Will Ferrell
Ryan Reynolds
Octavia Spencer
Patrick Page
Sunita Mani
Loren G. Woods
Tracy Morgan
Joe Tippett
Marlow Barkley
Aimee Carrero
Andrea Anders
Jen Tullock
Adam Grupper
Rose Byrne
Direção:
Sean Anders
História e Roteiro:
Sean Anders
John Morris
Produção:
Sean Anders
George Dewey
Jessica Elbaum
Will Ferrell
David Koplan
John Morris
Fotografia:
Kramer Morgenthau
Trilha Sonora:
Dominic Lewis