Os educadores (2004)

Título original: Die fetten Jahre sind vorbei

Título em inglês: The edukators

Países: Alemanha, Áustria

Duração: 2 h e 07 min

Gêneros: Drama, policial, romance

Elenco Principal: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg

Diretor: Hans Weingartner

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0408777/


Citações:

  • “Com o seu salário anual, você evita que 1.000 pessoas morram de fome.”
  • “Você faz dívidas, trabalha pra pagá-las e age como os demais. Até que numa eleição,
    pra sua surpresa, seu voto é conservador.”
  • Meu pai dizia: ”Menos de 30 sem ser de esquerda: desalmado, mais de 30 e ainda de esquerda: burro.”
  • “…o idealismo de vocês tem o meu respeito.”
  • “Não importa quem inventou a arma e sim quem puxa o gatilho.”
  • “A maioria só fica feliz quando compra algo novo.”
  • “É a regra básica do sistema: exaurir todos até o limite, para que não possam reagir.”

Opinião: “Um choque inteligente de realidades e ideologias.”


Enredo: Jan e Peter são dois jovens revolucionários que invadem casas, normalmente mansões, das pessoas mais abastadas para desorganizar os móveis e deixar mensagens como: “seus dias de fartura estão contados”. Eles são os tais educadores que dão nome ao filme e, com seus atos, acabam praticando algo semelhante ao terrorismo, por espalharem o medo entre as pessoas. Peter gosta de Jule, sua namorada, e Jan só pensa em seus ideais. Após uma viagem de Peter, Jule é inserida no contexto revolucionário e afetivo da vida de Jan, um triângulo amoroso é construído, e, após mais uma invasão, um celular é deixado para trás. Ao voltar para buscá-lo, a vida dos três muda bruscamente, pois são surpreendidos pelo proprietario da casa, o qual tem uma ligação com Jule por um motivo pretérito que prejudica sobremaneira a vida da jovem.


Filmes com tendências esquerdistas fazem muito sucesso entre os militantes da ideologia socialista, porém não restringem seu público, pois compelem a todos, independente de quaisquer características ou pensamentos, questionarem-se quanto a diversos assuntos e mostram uma série de anomalias do mundo eminentemente capitalista em que estamos inseridos atualmente. Dito isto, percebe-se que “Os educadores” proporciona situações e desenvolve argumentos que poderiam, sem problema algum, serem objetos de boas discussões em qualquer aula de sociologia ou filosofia. É um filme deveras reflexivo.

A principal mensagem do filme faz alusão ao capital, que é mostrado como o “artefato” mais poderoso do mundo, pois seduz de forma permanente e infinita. Pelo capital, em um processo indolor, paulatino e automático, qualquer ideologia é desfeita e esquecida aos poucos, sem perceber. O dinheiro constrói uma fábrica de pessoas sem coração, transformando homens em robôs que enxergam apenas seus próprios umbigos e deixam para trás quaisquer valores humanos formadores de caráter. Tal fábrica, em sua linha de produção, monta apenas um pequeno percentual da população que detém a maioria dos recursos financeiros do planeta e exaure, até a última gota, a força produtiva dos demais, em nome apenas de uma acumulação de capital e bens que é mostrada como sem sentido, pois, na maioria das vezes, não há nem tempo para que tais bens sejam usufruídos por seus proprietários.

A interação entre os três jovens revolucionários e o homem rico é interessantíssima. Pontos de vista antagônicos são confrontados fazendo com que as duas ideologias envolvidas sejam desnudadas. Os diálogos inteligentes entre eles são o ápice do filme e trazem à tona constatações infelizmente reais. Ao contrário do que aprendemos, o movimento de translação da Terra não acontece em torno do astro-rei, o sol, e sim em torno de uma estrela cujo brilho reluz através de suas abundantes riquezas. Este “centro do universo”, chamado capital, com uma força inesgotável , acarreta exploração e desigualdades sociais para a alegria de alguns poucos que, quem sabe um dia, também nutriram ideais humanistas, mas tiveram seus valores corroídos por um ácido chamado dinheiro – a força-motriz do mundo.

Além do roteiro, outro ponto forte do filme é a trilha sonora que engloba bastante rock n’ roll que ficou marcado como um ritmo irreverente, sinônimo de liberdade de pensamento, como marca de uma geração de jovens idealistas, ávidos por mudar o mundo e transformá-lo em um ambiente melhor para todos. Em uma das músicas, ouvimos a todo momento a palavra “aleluia” entoada como um mantra, como um desejo de mudança, de igualdade entre as pessoas, como um pedido a Deus por dias melhores.

Ademais, “Os educadores” foi produzido para mostrar o mundo como um animal leal e domesticável, mas que possui uma violência pujante pois é irracional: o cão. Este é o dito “mundo cão”. A lealdade existe em relação ao poder que o dinheiro proporciona e a violência possui alvo certo e determinado, a população. Nenhum regime de governo é perfeito e nenhuma ideologia é livre de falhas em sua concepção e aplicação. Quem sabe um dia vivamos num meio que una a igualdade do socialismo e as oportunidades do capitalismo, sem maniqueísmos e polarizações. Só nos resta sonhar e nos adaptarmos na medida do possível, mas, por enquanto, à realidade de nosso mundo é absolutamente cruel – e piorando.

Viva la revolución!

O trailer com legendas em português segue abaixo.

Adriano Zumba


TRAILER

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