Gunday (2014)

País: Índia

Duração: 2 h e 32 min

Gêneros: Ação, drama, romance

Diretor: Ali Abbas Zafar

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2574698/


Produzir cinema na Índia é uma atividade que requer bastante cuidado em relação às temáticas escolhidas e à maneira como as cenas são mostradas, pois indianos mais radicais, principalmente aqueles hindus mais fervorosos, sentem-se bastante incomodados se algo fere suas crenças, tradições, costumes e história. Vimos um caso recentemente, já em 2018, com o filme “Padmaavat”, que teve repercussão mundial por conta de diversos atos de vandalismo, os quais se espalharam em profusão pelo país, e ameaças à atriz que interpretou a protagonista, por uma presumida cena de amor entre personagens de religiões diferentes. O filme em tela, “Gunday”, segundo historiadores, possui imprecisões quanto à origem de Bangladesh – país vizinho da Índia. Isso não foi digerido pela população em geral e gerou bastante polêmica. A nota do IMDB não nega o grande descontentamento. Apesar de ser um filme bastante apreciável, ele possui nota 2.1 no site, baseada em mais de 60 mil votos. Pelo visto, o entretenimento proporcionado pelo cinema é facilmente suplantado se alguém mexe no vespeiro cultural/religioso do país. Por ser brasileiro, e, portanto, alheio a tudo isso, não entro no mérito da questão e só posso afirmar que gostei bastante do filme. Por isso, teço abaixo meus comentários sobre ele.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Passado em Calcutá, durante seus momentos mais instáveis na década de 1970, o filme trata da inseparável vida de Bikram e Bala. A história de dois meninos que se tornaram refugiados. Refugiados que se tornaram mensageiros. Corretores de armas que se tornaram bandidos de carvão. Bandidos de carvão que se tornaram os mais amados, célebres, imprudentes, destemidos e poderosos de Calcutá. A história de dois renegados felizes, que vieram a ser conhecidos como GUNDAY, que, traduzindo para o português, significa fora da lei.

Lá ao longe, meu subconsciente pensou automaticamente em “Butch Cassidy e Sundance Kid“, um famoso western americano, e em “Sholay“, o mais famoso curry western indiano, apesar de o filme não ser do gênero faroeste. Dois bandidos simpáticos, amigos desde criança, que entram no mundo do crime para sobreviver e crescem dentro dele. Nessa convivência diária com a contravenção, tornam-se os maiores criminosos da Índia. Ao melhor estilo western spaghetti quanto à composição dos personagens, conhecemos Bikram e Bala, dois bandidos perigosos e sentimentais. É nesta última característica que mora o perigo! O diretor ainda hiperboliza esse sentimento ao inserir entre eles uma personagem interpretada pela mais bela atriz indiana, para não correr risco algum de não despertar paixões. Pryianka Chopra interpreta Nandita e acende fogueiras infinitas de paixão nos dois amigos – um fogo que apaixona, mas também destrói. Convenhamos que não há maior fonte de discórdia do que essa. Nandita, na verdade, é uma personagem-chave e fonte de diversas reviravoltas ao longo da narrativa, portanto, olho nela – não só por sua beleza.

Temos mais um roteiro ao estilo indiano, ou seja, uma história envolvente e surpreendente, que prende a atenção do espectador o tempo todo. Protagonistas musculosos, “oleosos”, ou seja, sempre com seus corpos brilhando, com uma força mais do que sobrenatural, a qual podemos contemplar em cada cena de luta, e, como não poderia deixar de ser, com uma veia romântica lá no fundo de seus âmagos. Além disso, temos uma trilha sonora harmônica, belas coreografias, fotografia impecável. “Gunday” é o típico filme indiano de ação, pois possui todas as características inerentes à produção de filmes desse gênero no país dos elefantes. É até um crime negativar um filme desses por conta de uma imprecisão histórica, pois proporciona um ótimo divertimento.

Com um elenco estrelado que conta com Pryianka Chopra, que dispensa comentários – mais por sua beleza do que por seu talento -, Irrfan Khan, Ranveer Singh e Arjun Kapoor – todos artistas famosíssimos em Bollywood -, “Gunday” transporta o espectador para o submundo do crime, porém, o contexto da história tira o viés underground que poderíamos esperar de um filme dessa natureza. É um filme de superação e sobrevivência no início, que, aos poucos, transforma-se num filme de amor e ódio e, ao fim, transforma-se em …

… prefiro não comentar para não dar spoillers. 🙂

Mais um masala de qualidade na Índia do cinema espetacular. Valem a pena as quase 3 horas à frente da telinha.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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