Caramelo (2007)

Título original: Sukkar banat

Título em inglês: Caramel

País: França, Líbano

Duração: 1 h e 35 min

Gêneros: Comédia, drama, romance

Elenco principal: Nadine Labaki, Yasmine al Massri, Joanna Moukarzel

Diretora: Nadine Labaki

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0825236/


Um filme sensível, delicado, sutil e, sobretudo, honesto e verdadeiro. Em alusão a um produto utilizado em depilações – e não ao doce propriamente dito -, o título apresenta um filme saboroso como um caramelo, o qual mostra um universo feminino particular, desnudado através dos dramas das protagonistas da história, que se baseiam principalmente nas relações delas com outras pessoas, que, de certa forma, preenchem as suas vidas das mais diferentes formas. A leitura da sinopse mostra com mais detalhes os argumentos que são desenvolvidos para cada uma delas. Segue abaixo.

“Beirute. Cinco mulheres costumam se encontrar regularmente no salão de beleza Sibelle: Layale, amante de um homem casado e que sonha com o dia em que ele se separará; Nisrine, que está prestes a se casar, mas não é mais virgem e não sabe como contar isso ao noivo; Rima, que sente atração por mulheres; Jamale, que tem medo de envelhecer; e Rose, que abre mão de sua vida para cuidar da irmã mais velha. No salão, os temas prediletos do quinteto são o amor, o sexo e os homens.”

O roteiro sugere que as mulheres carregam um grande fardo em suas vidas, pois problemas sentimentais e/ou existenciais normalmente as levam ao fundo do poço, diferentemente da maioria dos homens, que adentram em suas “cavernas psicológicas” através de problemas financeiros. Além dos vários papéis que elas interpretam em suas vidas – mães, esposas, donas de casa, trabalhadoras, etc. -, o simples fato de serem do sexo feminino e, por conseguinte, possuírem um conjunto de hormônios que altera seus comportamentos e suas visões quanto à vida, rende preocupações extras – às vezes com dores silenciosas e privações -, pela cobrança social que recebem e os vários sacrifícios a que acabam se submetendo em nome de seus sonhos mais íntimos. É bom lembrar que o filme em tela conta uma história ficcional passada no Líbano, um país oriental, que, tradicionalmente e religiosamente, sujeita as filhas de sua terra a diversas provações e repressões, apesar de a sociedade moderna se mostrar até bastante evoluída no filme pela aceitação de alguns comportamentos ditos ocidentais.

É interessantíssimo acompanhar a história de cada personagem: mesmo algumas delas sendo menos exploradas do que outras, todas são acompanhadas de uma carga dramática que por vezes dói profundamente. A maioria delas passam por situações difíceis, cujos julgamentos pela sociedade patriarcalista do país são revestidos de um rigor extremo e grandes doses de preconceito: a condição de amante, o homossexualismo, o envelhecimento e a perda da virgindade antes do casamento. A misoginia está presente a todo momento, fazendo com que as personagens prefiram enganar a si próprias e aos outros pelas causas – ou sonhos – que abraçam. São mostrados pequenos e complexos mundos, que são revestidos de grandes dilemas e conflitos internos. Em todos eles, há obstáculos a serem superados e/ou assimilados ao longo dos 90 minutos de narrativa. Saliento que as 5 histórias são abordadas com muito cuidado, mas com detalhes dilacerantes, e possuem cenas fortes, que provocam um certo abalo espiritual no espectador. São apenas histórias da vida real, contadas por uma mulher, a diretora Nadine Labaki, que também interpreta Layale no filme. Nada melhor que a sensibilidade feminina para mostrar uma narrativa dessa natureza, ou seja, uma história composta por histórias de mulheres.

A beleza da diretora foi transferida para sua obra. É realmente um filme muito bonito, apesar de ser tão inquietante para o público, principalmente para as mulheres. Muito fácil que o enredo seja revelador ou surpreendente para o sexo masculino, e apenas mais um sonho – ou um pesadelo – numa noite de verão, com cara de realidade, para o sexo feminino. Metaforicamente, temos o sabor do caramelo que adocica os paladares das pessoas e proporciona muito prazer ao ser degustado, e também a sensação de dor, causada pelo ato de arrancar pela raiz os pelos do corpo, que o mesmo doce provoca nos salões de beleza de todo o mundo. Tenho certeza de que a maioria esmagadora dos homens não sabia dessa peculiaridade do caramelo. É isso mesmo! É coisa de mulher! Esse é o sentido do filme; só que a dor não é física, é da alma!

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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