O banquete de casamento (1993)

Título original: Xi yan

Título em inglês: The wedding banquet

Países: Taiwan, Estados Unidos

Duração: 1 h e 46 min

Gêneros: Comédia, drama, romance

Elenco Principal: Winston Chao, May Chin, Ah-Lei Gua

Diretor: Ang Lee

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0107156/


“O banquete de casamento” parece possuir uma temática clichê, que mostra uma pessoa que não assume sua sexualidade para a família e que, por isso, tem que passar por inúmeras situações inusitadas, entretanto, algumas dessas situações revelam outros aspectos interessantes que geram conflitos, tensões e que fazem parte da vida das pessoas. É um filme que não envelhece, apesar de ter sido produzido em 1993, pelo preconceito referente à diversidade sexual que ainda persiste nos dias de hoje, apesar de uma visível mudança de conjuntura quanto ao assunto.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Wai-Tung é um chinês radicado nos Estados Unidos que leva uma vida exemplar. Como já não é mais um garoto, seus pais começam a se preocupar com o fato dele ainda ser solteiro e tratam de arranjar uma noiva. Só há probleminha… Wai-Tung é gay e tem um relacionamento estável com Simon. Sem coragem de contar aos pais a verdade, o jovem chinês tenta criar empecilhos para a escolha da noiva. Quando suas desculpas não funcionam mais, ele apela para a jovem Wei-Wei, sua amiga, e pede para ela fingir ser sua pretendente. Como ela está devendo vários meses de aluguel para o próprio Wai-Tung e precisa de um green card para continuar nos Estados Unidos – que poderia ser conseguido através do casamento -, ela entra no jogo. A partir daí, tem início uma série de mal-entendidos e acontecimentos embaraçosos.”

Como sempre comento em relação a filmes indianos, as tradições e culturas de alguns países atrapalham sobremaneira a vida das pessoas e impõem a elas determinados padrões de comportamento que entram em choque com os pensamentos e preferências de cada um. A China também é um país bastante peculiar no tocante às suas tradições, e, portanto, essa analogia à situação da Índia é bastante pertinente em relação à narrativa do filme em tela. Saliento que os principais temas dessa obra são os conflito culturais e geracionais a que os personagens são submetidos, que deixam a homossexualidade até como uma temática acessória, mas importante. Não há como negar que países orientais e ocidentais possuem diversas diferenças de costumes, mesmo com a globalização pungente da atualidade. Por exemplo, há países em que a homossexualidade é considerada crime e em outros não, mas é vista com maus olhos pela sociedade. Nesse contexto, Wai-Tung deve por em risco a felicidade junto a seu companheiro para seguir o hábito local de seus compatriotas, diga-se, sua família, mesmo vivendo na América. Em virtude disso, a comédia é construída magistralmente através de constrangimentos bombásticos e a implementação de uma farsa que mexe profundamente no âmago dos envolvidos. Tudo isso desemboca no tal banquete de casamento, organizado seguindo as tradições chinesas, tanto na parte gastronômica quanto em relação às festividades matrimoniais. É simplesmente divertidíssimo, mesmo tendo como pano de fundo uma situação deveras dramática.

Há uma temática acessória que merece destaque: às vezes, o amor foge da governabilidade das pessoas, ou seja, ele pode acontecer quando menos se espera e em relação a pessoas inimagináveis. Wai-Tung é chinês, e, portanto, “doutrinado” pelos costumes machistas do país a constituir uma família com uma mulher, a qual gerará filhos, entretanto, mesmo com essa “amarra” ele se apaixona por Simon. Wei-Wei é uma personagem chave da história, mesmo aparentando estar lá por uma mera conveniência. Essa aludida temática acessória se aplica bastante a ela e gerará enormes focos de tensão na narrativa – regadas, é claro, a muita comicidade. A família de Wai-Tung, principalmente o seu pai, também merece receber uma atenção especial, pois reserva uma grande surpresa ao apagar das luzes.

No fim das contas, o que parece ser mais um cântico ao preconceito, ganha estrofes de tolerância, numa despedida digna e surpreendente para esse grande filme. Várias feridas são abertas durante a narrativa, contudo todas são fechadas com o melhor dos remédios: o amor. “O banquete de casamento” é um filme especialíssimo, sem cenas explícitas, com muita comédia e mensagens bastante pertinentes, principalmente no contexto de mudança de comportamento que o mundo está se submetendo nos dias atuais. O diretor Ang Lee é realmente um visionário!

O trailer narrado em inglês segue abaixo.

Adriano Zumba

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