Monsieur & Madame Adelman (2017)

Título original: Mr & Mme Adelman

Título em inglês: Mr & Mrs Adelman

Países: França, Bélgica

Duração: 2 h e 00 min

Gêneros: Comédia, romance

Elenco Principal: Doria Tillier, Nicolas Bedos, Denis Podalydès

Diretor: Nicolas Bedos

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6095616/


Opinião: “Desenvolvido com a profundidade necessária para apaixonar seus espectadores.”


Citação: “Os leitores. Nós não dormimos com eles. Já tive um leitor. Era o homem que eu amava.”


Entre elegantes taças de vinho, inebriantes copos de whisky e a obscurecente fumaça advinda de incontáveis cigarros, os jovens profissionais de cinema Nicolas Bedos e Doria Tillier, que acumulam funções no filme em tela, e, dentre elas, a de protagonistas, introduzem-nos dentro de um universo conjugal que não raro nos faz imaginar estar assistindo a uma obra assinada por Woody Allen, abençoada pelo saudoso François Truffaut e com personagens a la Amélie Poulain. Um filme que exala honestidade ou realismo na maioria de seus momentos, mas também abre espaço para o não convencional em outros. Um filme frenético que desnuda a história de um casal apaixonado e apaixonante; que agrada a gregos e troianos por sua complexidade inteligível; que é alicerçado em diálogos rebuscados, sarcásticos e, por vezes, eróticos;  e, para finalizar, que permite mais de uma interpretação para o seu final. Em resumo, “Monsieur e Madame Adelman” é um filme que vale a pena ser assistido, pois proporciona uma fantástica experiência cinematográfica, regada à muita diversão e reflexões, e atingirá em cheio o coração de seus espectadores. Seguem abaixo minhas impressões sobre essa pérola do cinema francês contemporâneo.

Eis a sinopse: “Sarah e Victor estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar os pormenores do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.”

Filmes sobre relacionamentos já foram produzidos aos milhares, principalmente comédias românticas, as quais possuem fãs cativos em todo lugar. Na cinematografia mundial, há obras enquadradas nesse gênero que abordam todos os tipos de situação, o que acaba por requerer de uma nova produção – em nome do sucesso – grande excelência em seu roteiro sob os mais diversos aspectos: fluência, clareza, desenvolvimento, capacidade de obter atenção, etc. “Monsieur e Madame Adelman“, com um roteiro que flerta na maioria de sua exibição com a excelência ora citada, supera as expectativas simplesmente por se tratar de uma narrativa naturalmente bem contada, sem “furos”, sem “pontas soltas”, desenvolvida com o toque de elegância e a inteligência do cinema francês e com uma pujante facilidade de transposição de suas nuances para a vida privada de cada um, afinal, em obras desse tipo, não é raro a imersão do espectador dentro da história pela similaridade com a realidade. Entretanto, Sarah e Victor definitivamente não formam um casal padrão, pois ambos são personagens pitorescos, e a simples observação da interação entre os dois talvez seja o principal ponto de interesse do filme, juntamente com o grande destaque dado à protagonista feminina, Sarah, que é uma personagem forte e merecedora de um olhar especial por parte do público.

Como Victor é escritor, a divisão do filme em capítulos é muito pertinente pela relação direta que guarda com a profissão do mesmo e pelo fato de que a narrativa percorre uma linha temporal extensa. Convenhamos que 45 anos de convivência entre duas pessoas produz muita história, que é a principal matéria-prima de um filme com essa pegada. Por conta disso, considero que a capitulação citada tem uma função organizadora importante dada a grande quantidade de fatos a que se quer aludir, pois a subdivide em temáticas e isso contribui sobremaneira para a compreensão global da obra. A grande variedade de temas cotidianos que advém de uma grande jornada permite até mesmo que a narrativa fique cansativa em meados da exibição – assim como em um relacionamento hipotético e duradouro, que é repleto de altos e baixos. Nada a criticar sobre isso, pois está totalmente dentro do contexto.

O certo é que, na conjuntura proposta, o jovem diretor é muito intenso em todos os momentos, pois absolutamente nada é superficial no que concerne aos protagonistas, nem suas atuações, nem os detalhes que compõem o roteiro seguido por eles, que acerta em cheio ao apostar em um humor ácido e sarcástico em detrimento de situações construídas com ares muito dramáticos – até mesmo as mortes que acontecem são modeladas em busca da leveza. Deve-se destacar também a excelente maquiagem, que é um aspecto muitas vezes secundário, mas que, num filme no qual os personagens envelhecem, tem um papel bastante relevante. São utilizados os mesmo atores ao longo dos 45 anos de narrativa e eles envelhecem de forma bastante gradual e natural. Ao fim, cabe ressaltar o desfecho, que é dúbio e permite que o espectador faça a sua escolha. Considero que essa estratégia é uma saída inteligente para uma obra cinematográfica. Mesmo plantando dúvidas em seu final, “Monsieur e Madame Adelman” é um filme que  denota completude e gera interesse, pois, como pode se ver no trailer mais abaixo, é uma história de amor do início ao fim.

Quem sabe Sarah e Victor entrem para o rol de casais mais amados da sétima arte?

O filme em que eles desfilam permite – e muito – que brilhem intensamente.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Obs.: Disponível na Netflix.

Adriano Zumba


2 comentários Adicione o seu

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.