Cultuado diretor de cinema Wes Anderson; vencedor de 4º Oscars para o filme ‘O Grande Hotel Budapeste (2014)’ traz seu segundo longa animado depois de ‘O Fantástico Sr. Raposo (2009)’. A ‘Ilha dos Cachorros (2018)’ vem dando um show nos festivais, disputando a categoria de ‘Melhor Animação’ pelo 46º Annie Awards e sendo pré-indicado ao 91º Oscar Awards que ocorre em 2019.
O longa vai abordar uma historia que se passa no Japão na cidade fictícia Megazaki, Atari (Koyu Rankin) vai em busca de seu cão, Spots ( Liev Schreiber ) que foi exilado para a ‘Ilha do Lixo’ após uma nova lei ser entrada em vigor pelo prefeito Kobayashi (Kunichi Nomura) devido a uma epidemia relacionada aos cachorros. Com outros 5 cães, Atari vai enfrentar grandes obstáculos para ir atrás do que acredita.
Porém os efeitos do presente se resulta de séculos atrás, quando a dinastia Kobayashi, que ama gatos, declarou guerra contra os cachorros. Na véspera da aniquilação total dos caninos, um guerreiro que simpatizava com o sofrimento dos cachorros, traiu o seus semelhantes, e decapitou a cabeça do clã Kobayashi. No final das sangrentas guerras de cães, os vira-latas vencidos tornaram-se animais de estimação sem poder: domados, dominados, desprezados. Mas eles sobreviveram e se multiplicaram. Os Kobayashis, no entanto, nunca perdoaram seu inimigo conquistado.
Com isso fio condutor da narrativa é visto no Spots pois as ações de Atari são voltadas a ele. Os outros cãs – Chief, Rex, King, Duke e Boss – dão um suporte ao garoto nessa aventura. Quero ressaltar aqui a importância do Chief (Bryan Cranston); um cão de rua que demonstra ser relutante em aceitar o garoto, por ter vivido a maior parte de sua vida longe de caridade humana. E uma sacada muito interessante do diretor, foi, deixar ambos a sós, dos outros cães – em determinada sequência – para dar um desenvolvimento mais aprofundado na relação dos dois, e o resultado é encantador.
Portanto as coisas em Megazaki anda de mal a pior. O prefeito tirano está prestes a ser reeleito devido a manipulações e censura de seu governo. Os cientistas sofre consequências graves devido ao regime totalitário. Porem Atari é visto como um simbolo de força para um seleto grupo de pessoas que se tornam oposição e buscam mudar as repressões atuais.
O longa satiriza muito em alguns momentos para quebrar o clima tenso que plana sobre ele, por mais que seja emocionante ver a aventura, existe alguns diálogos dos cães que dão um soco no estômago pois contrasta muito com a realidade de ‘humanos’ que vivem em uma situação tão precária e indigna, livre de diretos básicos. O curta do brasileiro Jorge Furtado ‘Ilha das Flores (1989) mostra a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos. Wes Anderson aqui usa, não um tomate, mas sim cachorros; seres fiéis, amáveis ao homens para representar a pobreza das relações humanas. Porem no filme ‘Ilha dos Cachorros’ embora traga esse cunho politico e social, ele vai ser capaz de aquecer seu coração mesmo em um ambiente tão hostil.
Já no elenco temos vozes de Cranston, Norton, Murray, Goldblum, McDormand, Scarlett Johanson, Swinton, Yoko Ono e muitos outros. Ainda sobre a dublagem, cabe salientar que por pedido do diretor as falas japonesas não são traduzidas, nem legendas, no próprio longa ele usa interpretes em algumas cenas para passar para o inglês. Porém isso causou polêmica apontando apropriação cultural do Wes Anderson e insensibilidade quanto a língua nativa do Japão segundo o critico Justin Chang.
Ademais o estilo do diretor é curioso, é tudo muito reto, geométrico pois sua câmera não faz ornamentos no plano da imagem, de começo eu estranhei mas fui acostumando. Esse foi meu primeiro contato com sua estética e achei única, não dá para dizer que stop-motion seja simples, mas ele consegue passar essa ideia de controle extremo.
No entanto ainda que o filme seja espetacular, o desenvolvimento do desfecho do Spots foi wft? Tá, desculpem minha ignorância, deve ter algo estruturado nisso, pois sua lealdade antes de tudo foi pautada primeiramente em uma disciplina militar, de ordem. Já com Chief partiu de sentimento genuíno, e emocionante de se ver. Fica a recomendação do filme, se permitem!!
Nota: 4,0/5
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