REVIEW – MUTE

Hoje foi disponibilizado para streaming na queridíssima Netflix o filme Mute (Mudo), dirigido e roteirizado por Duncan Jones (Moon – 2009) que é filho do ícone David Bowie, estrelado pelo ator Sueco Alexander Skarsgård juntamente com Paul RuddJustin Theroux.

Sinopse: Berlim. Quarenta anos a partir de hoje. Uma cidade turbulenta de imigrantes, onde o Oriente cai contra o Ocidente em um Casablanca de ficção científica. Leo Beiler (Skarsgard), um barman mudo tem uma razão e apenas uma razão para viver aqui, e ela desapareceu. Mas, quando a busca de Leo o leva mais profundamente ao baixo ventre da cidade, uma estranha dupla de cirurgiões americanos (liderados por Rudd) parecem ser a única pista recorrente, e Leo não sabe dizer se eles podem ajudar, ou quem ele deveria ter mais medo.

A cinematografia é de Gary Shaw, a trilha sonora fica por conta de Clint Mansell que também compôs a trilha de outro filme de Jones, o aclamado Moon (Lunar). Descrito pelo próprio Duncan, o filme Mute é um “sucessor espiritual” do longa de 2009 que também confirmou que o filme ocorre na mesma linha do tempo “Moon” e tem um epílogo para o personagem de Sam Rockwell, que reaparece como Sam Bell nesta trama cyberpunk.

Classificado como Thriller/Sci-Fi com uma pegada Cyberpunk, a produção é de origem Alemã/Britânica, tem o roteiro co-escrito por Michael Robert Johnson, gravado na Alemanha e é inteiramente original Netflix.

Dando início ao meu review eu reitero que não assisti a Blade Runner e Lunar até o momento desta postagem, embora já existam comparações do filme com a obra mainstream de 1982 e sua sequência de 2017 levando em conta que a data de estréia de Mute é hoje 13.02.2018.

Embora os efeitos especiais não sejam satisfatórios em alguns momentos e a ambientação seja parecida com a de Altered Carbon, levo em consideração outros quesitos que me fizeram gostar do filme e que não desmerecem a qualidade da trama.

Brevemente falando o filme tem uma trilha sonora bem cativante que prende sua atenção desde a introdução do filme, que já começa com uma citação de provérbio bem interessante, como obviamente o protagonista é mudo o ritmo do plot é ditado o tempo todo pela trama, tem alguns momentos bem melancólicos que a música pega a cena de jeito, literalmente traduzindo tudo o que Leo não é capaz de expressar em palavras. Já que a presença de trilha é constante, não tem muita coisa a se notar de desenho de som, alguns folleys são um pouco artificiais ou fora de sincronização, por assim dizer.

A fotografia é bem suja, tem muita informação, tudo bem típico de cenários cyberpunks com muito neon/cores secundárias dualidade de constrastes, tudo muito colorido/brilhoso ao mesmo tempo que é punk/gótico/escuro. A direção de arte trabalhou bastante nos detalhes e easter eggs e você precisa voltar algumas cenas pra prestar atenção em detalhes que deixa passar despercebido, gostei das ambientações, principalmente os cenários que se relacionam a personalidade/rotina do Leo e já dizem muito sobre ele. Algumas caracterizações/figurinos são razoáveis ou não tão legais, principalmente a dos figurantes que parecem uma mistura de habitantes de Panem (Jogos Vorazes) com personagens dos livros de Instrumentos Mortais. 

É difícil opinar sobre o roteiro porque existem alguns furos entretanto o filme não é exatamente o que pretende, mas parece ser intencional. Meio que toda essa camada de ficção científica futurista é uma sub camada de abordagem a outros assuntos e que não fica muito claro porque alguns diálogos são um pouco soltos, talvez seja preciso assistir o filme uma segunda vez ou talvez seja porque eu não conheço as outras produções do Duncan Jones. No geral o filme é cativante pelas interpretações e a trilha sonora, tem uns momentos dramáticos muito bons,  não é o que você espera mas é muito bom mesmo assim. 

Ele não precisa de palavras.

Eu posso estar sendo tendenciosa porque eu sou fã do Paul Rudd e do Alexander Skarsgård e estava muito ansiosa pra ver esse filme, porém, na minha opinião as atuações em meio a essa confusão foram o ponto alto junto com a trilha. Eu gosto muito da variedade nas atuações do Alexander e como ele consegue ser tão expressivo com o olhar mesmo sem falar nada, assim como a Sally Hawkings em A Forma da Água a atuação dele foi esplêndida, além da caracterização Amish dele ter caído como uma luva, o personagem é estremamente cativante e a história dele só contribui pra isso. A interação dele com a atriz Seyneb Saleh tem muita química, ela também é muito cativante e eles dois são fofíssimos. 

Paul Rudd dá um show de diversidade aqui, diferente da maioria dos personagens cômicos ou bonzinhos ele interpreta o antagonista Cactus Bill em parceria com Justin Theroux interpretando Duck Teddington que dão uma enganada a primeira vista, parecem atrapalhados e fazem parecer que algumas de suas ações são subordinações e que apesar de tudo ambos tem “boas intenções” mas ao decorrer do plot a personalidade e o caráter de cada um vai sendo exposta, camada por camada e até existem pequenos “alívios cômicos” entre eles. Cactus Bill me impressionou como vilão justamente por nunca ter visto Paul Rudd interpretar esse tipo de personagem antes, foi sensacional e  completamente verossímil. 

Pode até ser por conta da personalidade do personagem mas a atuação do Justin Theroux não foi convincente, algumas cenas são aceitáveis e outras são muito ruins, ele até tenta entrar no personagem mas não parece ser o suficiente, bem distante do nível de qualidade na atuação de Kevin Garvey Jr em The Leftovers

Mais do que qualquer coisa Mute aborda assuntos além de uma confusão entre gângsters em meio a tecnologia. Temos exemplos de, tolerância religiosa, fanatismo religioso, responsabilidade parental, aceitação, valores morais e éticos e sobretudo amor. 

 

Autoria de Dany Poynter

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