A linha do tempo de Exterminador do Futuro

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Você é fã da franquia Exterminador do Futuro e assim como eu, fica meio perdido nesta salada que fizeram com a cronologia? É hora de entender todos os acontecimentos desse universo e como eles podem coexistir (OU NÃO), tudo é uma questão paradoxal.

Viajar no tempo não é fácil.  A viagem cronológica na ficção já é por si só um fumo imenso, por conta da dor de cabeça e os furos que isso pode gerar no melhor dos roteiros. Normalmente, roteiristas e diretores criam certas regras da forma como isso vai acontecer em um filme, buscando facilitar as coisas, mas ninguém vai lá e escreve essas diretrizes em algum lugar — é algo que fica nas entrelinhas, pra ser sacado pelo espectador. Mas, e quando uma franquia chega ao seu QUINTO filme, o QUARTO com viagens no tempo?

Fica uma bela duma confusão pra quem não estiver muito atento, ou no caso, se faz tempo que não assiste aos filmes.

Primeira coisa: viagens no tempo tem tudo a ver com algo chamado paradoxo de predestinação, algo que domina os dois primeiros longas desses robôs que viajam por aí pra matar todo mundo da família Connor — e é onde fica toda a beleza desses filmes.

Mas que porra é essa de paradoxo de predestinação? Basicamente, é quando o viajante no tempo não pode influenciar o passado. Ao tentar mudá-lo, o que ele faz é apenas cumprir o seu papel na criação da história como a conhecemos. Em O Exterminador do Futuro, a Skynet manda o T-800 modelo 101 pro passado para matar Sarah Connor antes dela dar à luz ao cara que vai salvar a resistência humana, John Connor. Ao mesmo tempo, é enviado Kyle Reese para protegê-la. Só que Reese acaba se tornando justamente o pai de John, dando origem ao herói humano que as máquinas queriam evitar. Ou seja: ao tentar mudar a história, as máquinas criaram seu maior inimigo. Esse era o seu destino.

Ao mesmo tempo, o chip e a mão que sobraram do T-800 são a faísca de tecnologia que tornaria possível, na década seguinte, que a empresa Cyberdyne criasse a Skynet – o que fica claro em O Exterminador do Futuro 2: O Dia do Julgamento Final. Resumindo: ao tentar proteger o seu líder, a Resistência apenas dá aos homens o caminho para criar seu maior inimigo. Esse era o seu destino. Loucura né?

No primeiro filme, Reese diz pra Sarah (que, depois, fica repetindo) que “não há destino além daquele que fazemos”. Porém, o que o próprio enredo do filme revela é que não importa o quanto saibamos sobre o futuro, o que fazemos com ele é exatamente cumprir o nosso papel para que ele aconteça.

Ou deveria ser assim.

Acontece que, como você sabe, eventualmente essa regra foi quebrada – afinal, a saga do Exterminador precisava continuar. Em O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, descobrimos que o Dia do Julgamento Final original foi evitado pelos acontecimentos do final do segundo filme. E é aí que é introduzido um novo conceito de viagens no tempo, que tem toda a importância para Gênesis: o MULTIVERSO. E que, nesse caso, anda de mãos dadas com o destino.

O Dia do Julgamento Final foi evitado em 1997 para eventualmente acontecer no final de Exterminador do Futuro 3, em 2004, já que era o destino do planeta. Só que, a cada mudança, um futuro diferente surge, que pode ter pequenas ou grandes mudanças em relação ao destino original, ainda que guarde algumas semelhanças com ele — isso tudo sem afetar a existência das outras realidades.

De forma direta: não importa o que você faça pra evitar, as coisas ainda vão acontecer — só que não necessariamente da mesma forma. O destino, no final das contas, só pode ser adiado. E o futuro de onde você veio vai continuar existindo, nem que seja só pra você.

Por isso as ações no passado não afetam os viajantes do tempo antecessores ou o próprio agente do futuro que está fazendo essas mudanças, já que todos os futuros alternativos continuam existindo como parte de um intrincado multiverso. Um exemplo? O T-800 do O Exterminador do Futuro 2 possui todos os dados do Dia do Julgamento Final acontecendo em 1997, o que é verdadeiro para a realidade de onde ele veio. Os eventos do final do filme não alteram, retroativamente, esses dados.

O que isso tudo quer dizer sobre O Exterminador do Futuro? Que a franquia tem, antes do início de Gênesis, dois futuros paralelos. O primeiro é aquele mostrado em algumas cenas de T1 e T2, que envia os dois primeiros T-800 e o T-1000 para 1984 e 1995. O segundo é o que é gerado a partir do final de T2, com o Dia do Julgamento Final acontecendo durante o T3 e visto em O Exterminador do Futuro 4: A Salvação – filme que, inclusive, em certo momento traz John Connor espantado com a evolução mais rápida dos Exterminadores do que ele esperava (ou, ao menos, das informações que ele tinha).

Mas aí vem Gênesis e volta pra linha do tempo original, lá de 1984… E onde a merda começa a feder.

O Exterminador do Futuro e O Exterminador do Futuro 2

12 de maio de 1984 – Em uma última alternativa, a Skynet envia ao passado um Exterminador T-800 modelo 101 para matar Sarah Connor antes que ela dê a luz ao filho, John Connor, o líder da Resistência Humana. O soldado Kyle Reese volta ao passado para proteger Sarah – e acaba ele sendo o próprio pai do John.

1995 – Após a primeira tentativa fracassar, a Skynet envia um Exterminador mais avançado, o T-1000, para matar John Connor com 10 anos de idade. A Resistência envia um novo protetor, agora o Exterminador reprogramado T-800. No processo, descobrimos que o chip e um braço do primeiro Exterminador foram parar nas mãos da Cyberdyne, que os está usando como base para criar justamente a Skynet. John, Sarah e o T-800 explodem tudo na sede da empresa, buscando evitar o destino apocalíptico.

4 de Agosto de 1997 – Após uma lei especial ser aprovada, a Skynet é ativada, passando a comandar as decisões do Departamento de Defesa dos EUA sem a interferência humana.

29 de agosto de 1997 – Aprendendo em escala geométrica, a Skynet se torna autoconsciente às 2h14 da manhã, hora da Costa Leste dos EUA (ou 3h14, horário de Brasília). Em desespero, tentam desligá-la, mas é impossível. Pra se defender, a Skynet inicia um ataque nuclear contra a Rússia, que contra-ataca. É o Dia do Julgamento Final.

2029 – Após anos de luta, a guerra entre as máquinas e a Resistência chega ao seu limite. Como última cartada, a Skynet envia um robô T-800 para 1984. Kyle Reese, um soldado da Resistência, viaja no tempo para evitar que o robô evite o nascimento de John Connor.

O Exterminador do Futuro 3 e O Exterminador do Futuro: A Salvação

Até 1997, segue a mesma linha do tempo dos outros filmes, com a diferença de que o Dia do Julgamento Final é adiado.

2003 – Um criminoso setenciado à pena de morte, Marcus Wright, faz um acordo doando seu corpo para que a Cyberdyne faça pesquisas após a execução. Em algum momento do mesmo ano, o Exército dos EUA encampa o programa de desenvolvimento da Cyberdyne, assumindo a Skynet.

24 de julho de 2004 – Sem conseguir localizar o paradeiro de John Connor antes do Dia do Julgamento Final, a Skynet envia um novo modelo de Exterminador, a T-X, para matar os tenentes da Resistência – mas, eventualmente, a T-X encontra Connor, que é protegido por um T-850 também enviado do futuro. Apesar de tentar, o futuro líder humano não consegue evitar um novo Dia do Julgamento Final, que acontece após o Departamento de Defesa dos EUA acionar a Skynet.

2018 – John Connor encontra Kyle Reese pela primeira vez. Além disso, é neste ano que a liderança da Resistência é morta pela Skynet, abrindo espaço para que John Connor se torne o líder deles. Ao mesmo tempo, a mesma Skynet avança com seus experimentos para combinar a fisiologia humana com as máquinas. Wright surge como o primeiro ciborgue, criado para se infiltrar na Resistência enquanto acredita que ainda é humano. Ao mesmo tempo, o primeiro T-800 é ativado.

2029 – Após anos de luta, a guerra entre as máquinas e a Resistência chega ao seu limite. Como última cartada, a Skynet envia um T-800 para 1984. Kyle Reese, um soldado da Resistência, viaja no tempo para evitar que o robô evite o nascimento de John Connor.

2032 – A Skynet continua ativa, enviando um T-850 com uma programação próxima a do Exterminador que viajou até 1995 para encontrar John Connor. Enganado pela máquina por conta do seu sentimento com o Exterminador, Connor é morto. Porém, a Resistência, por meio de seus tenentes e os filhos de John Connor, continua sendo uma pedra no sapato da Skynet. As máquinas enviam a T-X até 2004 para matar todos eles antes do Dia do Julgamento Final. Para protegê-los, a Resistência reprograma e envia ao passado o T-850 que matou John Connor.

O Exterminador do Futuro: Gênesis

1973 – Após o insucesso das tentativas anteriores, a Skynet envia um T-800 para matar Sarah Connor na raiz, quando ela ainda era criança. Um outro T-800, enviado por alguém desconhecido, não chega a tempo o suficiente para salvar seus pais e, após destruir o inimigo, passa a proteger Sarah.

12 de maio de 1984 – Kyle Reese é enviado para proteger Sarah Connor e, sem saber, ser o pai do futuro líder da Resistência. Ao chegar ao passado, se depara com uma Sarah (e uma realidade) bem diferente, que os fazem pular direto pra 2017 e evitar o Julgamento Final.

1997 e 2004 – O Dia do Julgamento Final não acontece, já que não foram deixadas partes do T-800 em 1984, o que não deu à Cyberdyne a tecnologia para criar a Skynet até essas datas; isso porque toda a treta do primeiro filme é eliminada logo nos primeiros minutos. Cria-se uma outra realidade.

2004 – Nasce Kyle Reese.

2014 – Um novo modelo de Exterminador é enviado do futuro pra garantir que a Skynet exista, numa linha do tempo alternativa criada depois que o Dia do Julgamento Final é evitado. É John Connor, que teve seu DNA alterado e agora é parte humano, parte máquina. A Gênesis começa a ser desenvolvida pela Cyberdyne (Tinha tudo para ser um Plot Twist épico e inesquecível, se não tivessem soltado nos trailers, sem escrúpulo algum).

Outubro de 2017 – A Gênesis entra em operação, revelando ser a Skynet. O Dia do Julgamento Final deveria ocorrer, mas não acontece. Kyle, Sarah e Papi (Ai meu saco) vivem felizes até um pouco depois dos créditos, quando descobrimos que a Skynet ainda vive (e é quem provavelmente decide matar Sarah Connor criança)

2029 – Após anos de luta, as máquinas e a Resistência chegam ao seu confronto final. Como última cartada, a Skynet envia um T-800 para 1984. Kyle Reese, um soldado da Resistência, viaja no tempo para evitar que o robô evite o nascimento de John Connor – só que, enquanto isso, o próprio Connor é atacado em 2029. Com a mudança cronológica acontecendo durante o salto temporal de Reese, o soldado passa a ter conhecimento de duas linhas temporais distintas: a do filme original e aquela gerada a partir da chegada dos T-800 em 1973 — uma timeline onde John Connor não existe.

Agora, respire um pouco, conte até dez e pense, precisamos de um Exterminador do Futuro 6, para apagar o fiasco do último, e que feche de uma vez o cerco, vai doer o coração deste fã da franquia? VAI, mas é melhor assim do que a cada sequência acabarem com a moral dos três primeiros. E que de preferência seja James Cameron o diretor, se não, alguém de pujância e saco roxo que faça algo decente. Pronto, falei!

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