Quase um ano depois de ter sido apresentado a série Black Mirror assistindo as duas primeiras temporadas e mais um especial de 1 hora, estava contando os dias para que fizessem uma terceira temporada. Foi um impacto muito grande quando assisti sem saber muito bem o que era a série na época.  Eis que nosso Santo Netflix assumiu os direitos, e tornou a série um produto original de seu catálogo de produções e novamente nos deparamos com o “lado negro do reflexo do espelho”.

Muito difícil quando lança uma série justo no dia pegar para assistir, mas eis que dia 21 de Outubro recebo um e-mail logo pela manhã que finalmente ia estrear no Netflix. Não teve como na sexta feira mesmo já vesti minha melhor roupa, penteei o cabelo, passei meu perfume mais cheiroso e me preparei para a temporada, afinal são “apenas” 6 episódios.

Talvez este seja o grande mérito da série, mesmo não gostando de ser cada episódio uma história, no caso de Black Mirror fica interessante principalmente por causa do tema, além do que, com menos episódios é possível fazer uma série com qualidade impecável. As temporadas anteriores eram 3 episódios cada, neste tivemos um avanço e tanto com 6, e mesmo assim a qualidade é inquestionável. Vou aqui dissertar episódio por episódio evitando ao máximo spoilers. Antes, fazendo um resumão, a série não perdeu sua essência, aquilo que a tornou tão cultuada está lá, a diferença é que deram uma suavizada nos impactos de alguns episódios e adicionaram um maior destaque as mulheres.

Black Mirror S03E01 – Perdedor | Nosedive

Este talvez tenha sido o episódio mais clássico, pois fala de redes sociais e como isso influência o relacionamento das pessoas. E atualmente como estamos tão envolvidos diretamente com seguidores em Facebook, Twitter e Instagram, caiu como uma luva. No episódio nos deparamos com uma pessoa que até então está bem com sua nota digamos que ótima diante de todos na rede social começa a decair por vários motivos até chegar ao ápice da decadência. Algumas passagens são um tapa na cara de muita gente que via rede social tem uma vida inacreditavelmente, mas na realidade é algo totalmente contrário e triste, sem uma interação real e verdadeira, sequer por exemplo com o irmão, pai ou mãe.

Black Mirror S03E02 – Versão de testes| Playtest

Um dos que mais gostei. O inicio estava achando meio forçado, o cara brigar com a mãe e simplesmente fugir para viajar o mundo, típico de playboy. Mas depois a gente compreende, e o mais incrível e assustador é quando ele precisa de dinheiro e se oferece como cobaia a uma empresa de jogos para testar um novo jogo. O jogo utiliza-se da dita tecnologia neural, onde implantam uma espécie de plugue no seu pescoço (gente para quem já assistiu impossível não comparar com o filme ExistenZ do Cronenberg) e este plugue(Implante) baixa todas suas informações neurais (Do cérebro) e monta um cenário de terror baseado em seus medos. Assim como o dono do jogo explana, o jogo de terror você fica com medo mas sente-se seguro pois o jogador sabe que está em casa seguro, mas e a partir do momento que você não consegue voltar pra casa quando quer? Que tudo aquilo parece muito real? Justamente por isso que o personagem deste episódio passa. Cara é tensão do começo ao fim, você não sabe o que fazer, fica desesperado querendo ajudar, é perturbador.

Black Mirror S03E03 – Cala a boca e dança| Shut Up and Dance

Este para mim o melhor episódio da antagônica série. Foi moldado muito na vibe de Mr. Robot. Onde uma hacker anônimo invade e vigia algumas pessoas e descobre certos podres delas e com isso chantageia-as a realizar várias tarefas que até então para elas seriam inimagináveis fazer, principalmente para Kenny um garoto que trabalha em uma rede de Fast Food em algum lugar do interior londrino e que nunca pensou que iria passar por isso, entretanto o medo de que seu vídeo caia na rede, começa a obedecer o que o Hacker pede.

Acho que o que mais me impressionou neste episódio é que poderia facilmente ser um filme, as cenas de ação são muito boas. A parceria entre Kenny e Hector (Que surge no episódio com o mesmo “problema”) são tensas e desesperadoras, você fica angustiado querendo saber o desfecho só que você sabe que ainda tem muito mais coisa a acontecer, você está literalmente no escuro vendo este episódio não sabe o que vai acontecer na cena seguinte, incrível.

Black Mirror S03E04 – San Junipero| San Junipero

Foi de difícil entendimento, pelo menos o começo. O relacionamento lésbico que rola é o ponto menos importante deste episódio, eu estava mais interessado na história quando estava pensando que fossem viajantes no tempo (Tema que amo e exige que ainda mais em Black Mirror o máximo de atenção), porém não tem nada haver com viagem no tempo. É um tema deveras preocupante, porém satisfatório a muita gente que encontra-se na situação que o episódio retrata e que ao meu ver seria uma saída alternativa para que elas possam simplesmente viver, tudo uma questão de como utilizar a tecnologia e até onde poder utilizá-la, quais os limites. O que eu vi neste episódio me deixou cabreiro sobre nosso futuro e como podemos simplesmente fugir da morte.

Black Mirror S03E05 – Engenharia Reversa| Men Against Fire

E voltando às tecnologias neurais, desta vez no exército. Uma forma eficaz de como transformar os soldados em verdadeiras máquinas de matar e não contar com o fator e sentimento humano tratado no episódio. Onde o exército caça as baratas (Alguns humanos que tem DNA menos privilegiado). Temos como psicólogo do exército o eterno Doug de House of Cards, adoro este ator e sua interpretação aqui é chave para o desfecho do episódio. Sensacional.

Black Mirror S03E06 – Odiados pela nação| Hated in the Nation

Este episódio volta a ser um tapa na cara de muita gente espalhado pelo mundo que dissemina o ódio por redes sociais, os famosos haters. Poderia facilmente ser um filme de suspense, terror ou ação tranquilo. Acho que desde os pássaros de Hitchcock não sentia certo medinho por filmes ou série que retratam animais como principal, a maioria acaba resultando em uma obra bizarra, não é o casa de Odiados pela Nação.

Um episódio de presente as feministas mas isso não tira a qualidade, pois não é aquele feminismo descarado, é algo bem equilibrado como tem que ser tudo nessa vida. Uma trama de suspense em busca para saber quem está por trás dos assassinatos das pessoas mais odiadas das redes sociais.

Nesta temporada enfatizaram ainda mais sobre o uso da tecnologia neural, ou seja, o uso de tecnologia em nosso cérebro como um complemento para nos aperfeiçoar e as consequências que isso pode trazer a nós mesmo. Eu e os demais profissionais da T.I, sempre falamos aos quatro cantos que a tecnologia vem para solucionar os problemas da atualidade, entretanto cria outros novos e mais complexos problemas para o futuro. E a série bate justamente nessa tecla, desde sua criação, onde o “reflexo negro” da tecnologia são pessoas infelizes, muitos traumas e podendo causar mortes.

E você já conhecia a série? Já assistiu a terceira temporada ou ficou curioso? Comente, o seu comentário é a alma d Blog.

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