Rezenha Crítica El Topo 1970 de Alejandro Jodorowsky

Wallpaper El Topo

Jodorowsky ou você ama ou você odeia, assim já começa minha “rezenha”. Com um faroeste surrealista mesclado com uma crítica feroz e mística a religião católica e aos illuminatis, El Topo marca presença com sua fotografia impactante e efeitos práticos na história do cinema. Confiram a “rezenha” crítica de El Topo.

“El Topo” é um pistoleiro todo vestido de preto que vaga pelo mundo sem motivo aparente, ajudando as pessoas em seu caminho. O filme apresenta um mundo deserto e sádico onde predomina a cultura mexicana, o culto às armas e ao fanatismo seja ele qual viés seja. Uma jornada pelo surreal repleta de simbolismos e imagens, com frases marcantes que alguma delas servirá para você cinéfilo.

Um dos filmes que melhor trabalhou de forma evidente a desconstrução de um protagonista e sua redenção no segundo ato. El Topo é apresentado como um justiceiro e defensor dos oprimidos, vide o garoto que carrega consigo no começo, mas que como um ser humano rendeu-se às tentações carnais e da ambição pelo poder. Nessa transição do primeiro para o segundo ato temos a total desconstrução do homem bom em alguém que faz de tudo para se dar bem na vida. Um filme quase mudo que fala mais do que se tivessem infinitas falas.

Um faroeste de excelente qualidade , fugindo de alguns clichês e acrescentando cenas aparentemente sem nexo, aparentemente. Quando o pistoleiro parte contra os melhores pistoleiros do deserto, e lá apesar dos métodos que utiliza para vencer descobre no final que é um nada, essa frustração interior é deveras surpreendente naquele momento.

El Topo é a ejaculação interminável da metáfora. Tinha tudo para ser ruim, mas sua contra cultura o torna no mínimo inesquecível. Chacinas, um estupro real, alejados sendo alvejados sem dó e nem piedade, uma roleta russa sendo feita em uma igreja católica com uma pegada illuminati, um garoto de no máximo oito anos andando nu em um cavalo com El Topo, muitos seios e sexo entre uma anã e El Topo, hoje essa obra jamais teria saído do papel, mas estas alegorias chocantes são apenas um chamariz a proposta que El Topo transmite aos mais atentos.

O justiceiro viajante nada mais é que um Jesus Cristo cético sem grife, que mesmo após seus sacrifícios a humanidade não se conscientiza do que é certo ou errado, apenas segue o que a sociedade impõe. Mostra o narcisismo, o sacrifício, a vingança, o arrependimento e por fim a auto-imolação como protesto.

A fotografia é algo que vem do artista plástico (mesmo caso de David Lynch) e no mínimo duas ou três cenas permearão para sempre na cabeça de quem assistir, a lagoa com sangue envolta a centenas de coelhos mortos, a mulher enforcada em uma árvore gigante, a cabra estripada e crucificada em um edifício que está em ruínas, dentre muitas outras cenas que não estão lá de graça.

Pontos negativos apenas para alguns efeitos práticos e cortes propositais mal executados,  mas não menos importante em uma época que não existiam efeitos especiais.

Em sua viagem pelo deserto o Pistoleiro procura sua iluminação, e cabe ao espectador, em meio a tantos simbolismos, encontrar algo de edificante para si, todos nós pelo menos uma vez na vida deveríamos fazer alguma peregrinação.

O homem que sai de um estado de virgindade espiritual para um mundo brutal e desumano onde prevalece a cegueira de regimes ditatoriais e religiosos, de misticismos, onde não existe unidade familiar e compaixão.

Iria assistir de novo? Sim, com certeza!

Minha nota é 3/5.

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