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Algumas pessoas reclamam do filme focar mais na relação entre os protagonistas do que em como Stephen desenvolveu suas brilhantes teorias. Entretanto, tendo em vista que o filme foi baseado na obra Travelling to Infinity: My Life with Stephen, onde Jane descreve seu relacionamento com o Stephen, acredito que ele foca exatamente onde deveria.
Já como esse relacionamento é mostrado ao longo do filme é que me desaponta. O filme não deixa de ser um bom romance, mas é genérico. Além de se acovardar em momentos chaves da trama onde poderia se destacar. Como quando entram em cena os personagens Elaine Mason eJonathan Jones, vividos por Maxine Peake e Charlie Cox, respectivamente. Eles representam uma espécie de desejo natural de "traição" nos protagonistas que não são bem desenvolvidos. Fica implícito que pode ter acontecido algo a mais ali mas o filme não quis polemizar.
As atuações do Eddie Redmayne e da Felicity Jones merecem todas ovações que tiveram. Eddie simplesmente é o Stephen e a Felicity trouxa uma força à personagem Jane que me cativou ao extremo. Agora eu quero um filme sobre a Jane e seu PhD em poesia Espanhola Medieval!
A Teoria de Tudo é um filme que não correu riscos porque escolheu não desenvolver alguns temas que poderiam ser polêmicos e que poderiam desconstruir o gênero, por isso é um romance genérico. Mas ele triunfa nas agrandes interpretações de Eddie Redmayne e Felicity Jones e no difícil relacionamento deles. Nota: 7.4/10
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"A velhice não é uma batalha, é um massacre."
8.2/10
O Desejo do Morto é um curta-metragem brasileiro que conta a história de um velho carismático cujos desejos pós-morte são negados. Dentre os desejos, estão: As pessoas que deveriam ir ao seu velório. O cemitério que ele gostaria de ser enterrado. O caixão que ele queria descansar e, o mais importante, ser enterrado ao lado de sua esposa que havia falecido anos antes.
O curta é dividido em três atos clássicos: Apresentação, desenvolvimento e conclusão. Nos dois primeiros atos a direção é precisa. A narrativa e construção de personagens é auxiliada pelo bom roteiro e boa direção de atores, o que nos induz a gostar do personagem principal e ter sentimentos mistos pela filha dele. A única falha aqui é a neta do morto, ela é supérflua. Mas o fato de gostarmos do morto e sentir certa empatia pela filha dele é essencial para o último ato. Por isso o filme funciona bem.
Já cinematografia não é perfeita nas cenas escuras e o filme peca em ser perfeitamente audível em um ou outro cochicho, mas isso não tira o brilho da direção do Ramon Porto Mota. É verdade que falta algumas movimentações de câmera nos primeiros atos, mas os planos realizados pelo diretor e o trabalho de edição do filme são extremamente enaltecedores. Isso dá a energia ideal para os dois terços iniciais do filme e nos prepara para o terceiro ato.
E é onde chegamos a conclusão - e que conclusão, amigos! Com direito a uma ótima sequência sem diálogos e com trilha sonora que deixaria Carpenter orgulhoso, O Desejo do Morto traz à tona sentimentos estabelecidos nos dois primeiros atos do filme e nos entrega um final de horror prazeroso ao extremo. Que deixa nosso instinto sádico à flor da pele!
"ELE TEM OS OLHOS DO PAI."
Uma atmosfera de horror focada no puro thriller e na dualidade de uma mulher que, pouco a pouco, perde sua sanidade. E o resultado é impressionante. Estou atordoado.
O casal Rosemarey (Mia Farrow) e Guy Woodhouse (John Cassavetes) se mudam para um prédio que os vizinhos são estranhos e coisas estranhas acontecem. Quando grávida, Rosemary começa a ter estranhas alucinações e percebe que há uma conspiração contra ela para seqüestrar seu bebê. Ou essa conspiração seria resultado de sua insanidade?
O roteiro de Roman Polanski não apressa o desenvolvimento da trama. O que pode ser um problema para alguns por deixar o ritmo do filme lento, mas eu considero ideal. Porque a direção ligada ao projeto de produção, cinematografia, trilha sonora e performances, geram uma sensação de perigo constante e crescente. Isso é incrivelmente assustador.
Por causa disto, o arco de Rosemary saindo da lucidez e indo para uma provável insanidade é intenso e perturbador. A atriz Mia Farrow expressou inocência e insegurança, mas com absurdo cuidado parental. A transição entre sanidade e loucura é orgânica. O elenco de apoio, especialmente Ruth Gordon (que dá vida à vizinha Minnie Castevet), dá um show real. Minnie com sua personalidade irritante, intrometida e aparentemente cuidadosa, nos deixa sempre questionando sobre o que realmente está acontecendo.
E indo em contrapartida a sustos, sangue e exposição de monstros bizarros que vemos na maioria dos filmes de terror, Polanski constrói o horror baseado em detalhes. Cada diálogo, uma pista. Cada plano, uma metáfora visual. Em cada cena, a loucura de Rosemary é maior.
E ainda no primeiro terço do filme, quando finalmente mostra algo que não é um detalhe, a nuance entre a realidade e o estado de sonho do protagonista nos deixam confusos.
E isso só funciona porque vemos o filme do ponto de vista de Rosemary. Num momento do filme, pensamos: "Isto é definitivamente real." Mas como dizer isso se nós apenas observamos o ponto de vista de Rose? Ela poderia estar perfeitamente alucinando.
Rosemary's Baby é um filme que transcende o gênero, a sutileza e a dualidade empregada aqui por Polanski eleva o filme para um nível artístico raro em filmes de terror. Um filme que deve ser visto por todo cinéfilo.