Rafaela Guarnier

Roteiro sem pé nem cabeça, situações completamente absurdas, forçadas e inverossímeis até pra padrão de comédia, visão totalmente esteriotipada de outras culturas e efeitos especiais bem toscos. Mas, se você estiver disposto a relevar tudo isso, até dá pra dar umas boas risadas, afinal, o Dany Bloon sempre é ótimo daquele jeito bobão dele.

Normalmente não gosto muito de finais "em aberto", mas achei esse genial. Uns dois dias depois ainda me pegava pensando nas várias possibilidades do que poderia ter acontecido, e acho que a magia do cinema é essa. Em meio a tantos filmes "esquecíveis", que não nos tocam, quando um nos deixa pensando por vários dias seguidos é porque tem o seu valor.

A gente sabe que não dá pra comparar livro e filme, por serem linguagens totalmentes diferentes, mas nesse caso é impossível não notar que o filme foi totalmente desastroso. Não captou a essência do livro, a mordacidade, a raiva, a ironia do Roth. O fato de ter omitido situações e relacionamentos do livro faz TODA a diferença. No filme, o personagem do escritor é aleatório, é um narrador que não acrescenta nada, enquanto no livro eles se encontram na vida adulta. O Sueco procura o escritor pra escrever a biografia do seu pai e passa a impressão de ser um cara superficial, alienado, eternamente feliz e bem sucedido. E o livro é todo sobre a desconstrução dessa fachada, que não é só a do Sueco, mas de toda a sociedade americana no auge do pós guerra e "american way of life". Nada disso foi transmitido pra tela, na minha opinião. Não houve desenvolvimento dos personagens(inclusive, alguns foram totalmente desvirtuados, como o do irmão Jerry) nem das questões políticas (o extremismo da esquerda, por exemplo) e a história foi reduzida a um dramalhão mexicano.