Esse filme é muito cafona, alguns diálogos beiram o ridiculo de tão forçados que são, mas ate que me diverti assistindo. Ri demais da protagonista mais monga que a bella e dos atores e efeitos horriveis, mas fiquei curioso para o que virá a acontecer nos proximos (se é que vai ter continuação). Gritei com o crepusculo com anjos hahaha.
Filme bem mediano, atuações pessimas e com dialogos risonhos que beiram o ridiculo. Além disso, enrola demais e nao chega em lugar nenhum, so fica querendo ter algo a mais e no fim das contas nao entrega nada, pois nao tem conteudo. Decepcionante.
Filme insano. Mistura sci-fi com vingança, violência, crítica social e extinção da raça humana de uma forma muito inteligente. Gostei muito da direção e do rumo cada vez mais louco que o filme foi tomando lá pros minutos finais, acho que quem conhece um pouco do cinema coreano vai entender bem o que o filme quis passar - apesar de ter muitos aspectos americanizados. Só achei o final um pouco "exagerado" comparado as proporções do que aconteceu, mas isso não prejudica muito a experiência como um todo. Filme muito bom mesmo, recomendo a todos aqueles que curtem ou não ficção, por ser um filme que define bem essa linha tênue da ação com um conteúdo mais sério.
Não entendo o porquê das pessoas se chocarem tanto com conteúdo sexual em filmes sendo que o sexo em si é banalizado em todo tipo de mídia e a maioria das pessoas consomem e "engolem" esse tipo de conteúdo sem se importar muito com o que lhes é apresentado. Mas por se tratar de um filme digamos, polêmico, logo começam a atirar pedras e dizerem que é sexo por sexo, pornô cult e etc.
Digamos que o sexo presta lá muita importância dentro do filme - até porquê é uma história sobre uma ninfomaníaca e seria meio ingênuo alguém pensar que não existiria sexo dentro do contexto de uma história que é baseada (não só nisso, óbvio), mas com grande destaque para o sexo. Porém, além do sexo o filme oferece algo a mais, um conteúdo artistico mais aprofundado, metáforas que se entrelaçam dentro da história e comparativos com a natureza, a arte e o universo. Muito me surpreendeu o jeito que tudo foi montado e como o sexo contextualizado (pelo menos pra mim) ficou em "segundo plano" dentro das possibilidades da história que me foi apresentada.
Foi uma ótima experiência assisti-lo na tela grande e só fiquei meio decepcionado ao saber que praticamente mutilaram o filme, o jeito é esperar a versão sem cortes e ter a experiência completa. Esperando ansiosamente a parte 2.
O que mais irrita em Spring Breakers é o uso constante de cenas em câmera lenta, pois se torna um recurso bastante cansativo em alguns pontos, além do uso excessivo de imagens desconexas, viagens alucinantes e paisagens "paradisíacas" que nada mais é do que uma forma de mascarar a falta de conteúdo do filme. Tudo bem que ele tenta passar uma mensagem meio que sem jeito do: aproveite "a vida sem se importar com as consequências", mas através disso apela pra um tipo de drama meio bobo que nao se encaixa com essa proposta "transgressora" do filme, afinal. A polemica em torno das atrizes é desnecessária e acho que nem vale muito a pena ser discutida. No mais, é um filme que tem seu estilo, mas que se perde demais devido a grandes extensões de cenas lentas, monótonas e cheias de violência que não chegam a lugar algum. Parece um clipe em slow-motion de 90 minutos e nada mais.
Obviamente que ninguém irá assistir a esse filme esperando um roteiro mirabolante, uma história bem desenvolvida ou algo do tipo. Dito isso, sinto que Magic Mike é um filme que mal consegue alcançar seu objetivos primários: ser um filme que expõe um drama de situação exemplificando os lados bons e ruins de ser um stripper através de um discurso bastante introspectivo sem qualquer exploração mais profunda do tema em que foi baseado, pois investe muito mais em aspectos visuais para tentar desviar a atenção do que realmente poderia ser mais importante. No mais, é um filme que diverte, mas que não consegue ser inesquecível porque simplesmente parece batido, clichê e desperdiçado pela falta de consistência e extrema superficialidade.
Sem dúvida alguma um dos filmes mais decepcionantes que já tive o (des)prazer de assistir. Transformaram a história do Homem-Aranha num draminha adolescente bobo, insosso, com um romance que não convence ninguém, um vilão extremamente mal desenvolvido - secundário ao ponto de não fazer qualquer diferença dentro da história - e com uma falta de criatividade extrema, pois absorve diversas idéias recicladas dos filmes anteriores que não acrescentam absolutamente nada para o desenvolvimento ou construção de um personagem icônico que foi tratado de uma forma distorcida e depreciativa ao ponto de se tornar chato e desinteressante.
“Busca Implacável” é o tipo de filme de ação vazio que não consegue sustentar seu estilo improdutivo devido a uma carência de originalidade que manipula a ação de uma forma intencional para tentar se passar por algo surpreendente, mas falha inteiramente, pois não passa de um filme genérico, sem graça e completamente previsível.
A história é desenvolvida de uma forma ágil e em alguns momentos até consegue ser eficiente, mas sofre de uma carga de previsibilidade extrema e não possui qualquer aspecto surpreendente que realmente faça qualquer diferença. O protagonista – Liam Neeson está ótimo, por sinal – se encaixa nos velhos clichês padrões de personagens sem passado, que buscam se redimir com atitudes paternalistas de autoproteção nas atitudes com a filha mimada e irritante que não reconhece o pai pelo fato do mesmo não ter participado integralmente de sua criação. Nesse sentido o filme explora muito pouco os relacionamentos familiares, pois prefere distanciar as situações da família sem criar qualquer vínculo necessário com o espectador, e, sobretudo, nas atitudes e tentativas de busca pela redenção por parte do pai, mas nada é levado em consideração e somente em um momento chave tal atitude é reconhecida de uma forma um tanto quanto fria e sem qualquer vínculo emocional.
O principal tema supostamente tratado dentro da história – o tráfico e a prostituição internacional de mulheres – é completamente subaproveitado e não serve nem como crítica de uma situação pré-estabelecida pelo roteiro – até tenta através disso denunciar com urgência esse tipo de ação criminosa –, mas falha totalmente na tentativa de questionar e levantar um tema interessante que poderia render algo mais concreto, mas que infelizmente é tratado com indiferença de uma forma extremamente banalizada e inconclusiva.
A ação é eficiente, mas rapidamente se torna repetitiva e entediante através de sequências de lutas e perseguições previsíveis e uma tentativa desesperada de criar um clima de tensão e suspense inexistentes. Não existe qualquer inovação nesse quesito e mesmo que o filme tente se aproximar de uma estética mais realista, falha em querer transmitir um tipo de ação manipulativa que não funciona como deveria e nem se auto-reconhece como algo derivativo, fraco e chato.
Por mais que seja um filme interessante e que promova a ação a um nível elevado, “Busca Implacável” entra facilmente naquela categoria de filmes superestimados que não possuem nada a acrescentar além de uma história reciclada, personagens vazios e situações extremamente previsíveis.
Com um ótimo trabalho de direção e interpretação Selton Mello conseguiu transmitir através de O Palhaço – um filme extremamente sensível e tocante – uma mensagem positiva sobre as escolhas e as dificuldades de encontrar um caminho na carreira artística quando a alegria é substituída pela tristeza e melancolia. Mas apesar de ser um filme triste que emociona facilmente, alguns de seus problemas são bastante difíceis de serem ignorados; dificultando assim, a experiência conectiva que o mesmo tenta proporcionar principalmente pela forma com que seu desenvolvimento é conduzido por motivações superficiais muito pouco exploradas.
O desenvolvimento da história é feito de uma forme simples e sutil, mas bastante eficaz no que diz respeito à construção das situações dramáticas e o estudo do cotidiano dos personagens, pois incorpora dentro da narrativa aspectos artísticos remetentes do circo e exalta de uma forma bastante original (fazendo menção e homenagem) o tipo de espetáculo que essa arte proporciona. A forma minimalista como tudo é mostrado é um grande acerto da direção – que mostra os bastidores do circo de uma forma despretensiosa introduzindo diversos personagens carismáticos que formam uma equipe divertida e bem entrosada, que sofrem com seus dramas particulares e vivem cada dia com a esperança – que também é o nome do circo – de que ocorra em suas vidas alguma mudança que favoreça positivamente o grupo, mas infelizmente esses aspectos são muito pouco aprofundados dentro de uma narrativa fechada e pouco dinâmica.
Os dramas vividos pelo protagonista são muito superficiais e o filme raramente abre espaço para o espectador se importar com seus conflitos – às vezes parece que o filme tenta ser um drama mais consistente e insiste um pouco em repetir e impor suas motivações de uma forma quase melodramática, mas no fim das contas é algo que funciona, pois transmite um ar carregado de melancolia momentânea e certa identificação pelo fato da dúvida e do cansaço serem aspectos constantes em seu cotidiano. Apesar disso, o filme até consegue passar sua mensagem e a faz com bastante eficiência – afinal, tentar fugir de sua vocação é algo complicado quando isso já faz parte de sua vida desde sempre – e o roteiro faz questão de enfatizar que quando existe vocação nem o tempo nem qualquer interferência corriqueira consegue separar o artista de sua produção e do prazer de proporcionar o espetáculo e a alegria de ver as pessoas sorrindo.
Por fim, O Palhaço cumpre muito bem seu papel, pois consegue ser um filme sensível sem apelar demais para artifícios melodramáticos e se destaca como uma produção nacional de alto nível por ser um filme que evoca beleza dentro um universo melancólico carregado de incertezas e insatisfações.
Em Moonrise Kingdom o fantástico diretor Wes Anderson conseguiu manter o mesmo estilo excêntrico (característica presente desde sempre em suas obras remanescentes) com uma pequena adição de elementos nostálgicos identificáveis dentro de uma narrativa simples, que exalta o descobrimento do amor e suas interferências de uma forma sincera e peculiarmente positiva, e não se limita apenas nisso, pois consegue desenvolver dentro de variações de intensidade narrativa temas introspectivos sem parecer meloso ou melodramático demais, tornando-se assim, uma bela surpresa e um filme que atinge seus objetivos sem grandes esforços.
Tecnicamente e visualmente é um filme extremamente criativo, que sabe manipular calculadamente seu aprimoramento técnico de uma forma que complemente os elementos narrativos. Seja no uso de uma linguagem simples através de diálogos atenciosos e sensíveis, os ângulos simétricos e edição de imagens que utiliza bastante as cores pálidas (principalmente o amarelo) como forma simbológica e convidativa para embarcar na aventura que o filme propõe. A boa técnica em conjunto a uma narrativa menos arriscada – sobretudo porque não se preocupa muito em desenvolver com profundidade certos temas importantes ou situações de personagens específicos – é o que torna o filme uma verdadeira obra artística, mas que às vezes (infelizmente) não encontra seu lugar comum dentro de algumas idéias pouco aproveitadas.
O estilo narrativo segue um pouco fora de foco e tem o objetivo principal de humanizar e analisar sem muitos artifícios inventivos os conflitos e relacionamento familiar presente na vida de personagens inexperientes, mas que buscam demonstrar seus sentimentos como forma de escape das dificuldades e responsabilidades de viver em um mundo onde o sentido do amor é pouco valorizado. O relacionamento entre Suzy e Sam é de longe o ponto mais alto do filme, pois exemplifica com clareza todos esses conflitos envolvendo principalmente a personalidade dos dois sem se esquecer de construir através desse relacionamento uma conexão direta com o espectador – pois afinal, o descobrimento do primeiro amor sempre foi e sempre será algo que define bastante a personalidade e desejo de cada um em uma fase tão conturbada e conflituosa como a transição de criança para adolescente.
A história em si busca retratar de uma forma sincera e objetiva diversos conflitos que envolvem a formação e evolução da personalidade, e o que torna mais intenso essa exemplificação são as atuações e o trabalho brilhante de condução do elenco – que apesar de ofuscar algum ou outro personagem pela falta de desenvolvimento de suas motivações – consegue fazer com que cada um tenha seu papel na história sem ser algo que prejudique demais a conexão que cada um oferece através de seus dramas particulares.
No geral, Moonrise Kingdom tem alguns momentos que brilham mais do que outros, vários personagens pouco desenvolvidos e algumas escolhas dispensáveis, mas de uma forma geral consegue entregar mais do que o esperado e passar uma mensagem positiva de uma forma criativa e contagiante.
Filmes de terror geralmente são feitos de uma forma com que utilize elementos recorrentes e repetitivos dentro de uma atmosfera constante de tensão para em algum momento inesperado entregar algo que realmente seja assustador. Em Drag Me To Hell que é explicitamente um filme que não se leva a sério, sua proposta diferente e às vezes ousada demais pode causar certa estranheza ao espectador desavisado por se tratar de um filme que busca em sua própria originalidade retratar com um humor carregado situações surpreendentes e despretensiosamente divertidas – e não somente por isso – merece ser apreciado como um filme que renova o significado da palavra “clichê” sem necessariamente se tornar algo negativo ou entediante.
A história em si não apresenta muitas novidades – temos aqui o velho uso da temática da maldição que acompanha a protagonista e através disso a mesma se envolve em diversas situações estranhas e sobrenaturais de uma forma bastante atípica e fora dos padrões previsíveis que o gênero carrega desde sempre. Apesar de sua história não buscar inovar muito e parecer algo genérico (pelo menos inicialmente essa é a impressão que fica), existe uma grande preocupação em utilizar esses elementos caricatos e exagerados de uma forma com que complementem a historia com certo dinamismo (bastante convincente, por sinal) sem precisar que isso se torne algo extremamente forçado ou inventivo demais. O filme segue por uma linha tênue onde o terror acentuado em conjunto a um suspense bem montado transmite ao espectador a experiência correta ao que o mesmo se propôs desde o princípio – e sem dúvida alguma é algo que funciona com bastante propriedade – mesmo sofrendo de algumas limitações que às vezes o tornam bizarro e exagerado demais.
Nota-se o cuidado no uso de referências a grandes clássicos do gênero – que ficam bastante claras em cenas extremamente remetentes, como a cena da possessão que é claramente inspirada em Evil Dead ou a cena do bolo que é uma referência direta a Eraserhead, só pra citar algumas –, e com isso o filme se torna cada vez mais interessante, pois transforma algumas de suas idéias em algo bastante criativo e com uma visão interessante sem parecer algo paliativo ou indiferente.
Obviamente o filme possui alguns problemas (uns mais difíceis de resolver do que outros), mas que apesar de tudo não comprometem muito o estilo de narrativa fechada e conclusiva que o mesmo possui – o quesito mais interessante e que movimenta o ritmo do filme é sua história, que sempre se resolve e não abre espaços para dúvidas ou situações mal resolvidas. O desfecho apesar de ser algo esperado e previsível ainda sim surpreende por se resolver de uma forma satisfatória e eficiente que funciona muito bem dentro das propostas caóticas e transgressoras do filme.
Só por ser um filme que arrisca buscar humor dentro de um gênero sufocado pela falta de criatividade, Drag Me to Hell merece ter seu destaque por ser um filme divertido, bizarro e criativo.
OSS 117: Le Caire, nid d'espions busca desconstruir certos estereótipos egocêntricos dos padrões da espionagem através de um humor diferente e original e através disso consegue definir muito bem sua proposta utilizando um tipo de humor dinâmico despretensioso que funciona deliberadamente por ser identificável, bem articulado e, sobretudo, eficiente como comédia sem muitos exageros inventivos.
Ainda sim, existem alguns problemas difíceis de contornar dentro de sua narrativa ágil e dinâmica. Alguns elementos são jogados aleatoriamente e só funcionam momentaneamente - como a própria sequencia inicial que é vagamente utilizada em uma possível resolução de idéias recorrentes, algumas piadas que envolvem nacionalidade e política ou até mesmo algumas repetições de situações que sofrem de um problema sério de ritmo – que ora busca dentro do humor uma grande preocupação em se manter sempre alerta e engraçado, ou até mesmo cria diversas situações com reviravoltas constantes para por fim, tentar se passar por algo surpreendente, mas que infelizmente não funciona como deveria.
Os personagens são extremamente carismáticos. O agente Hubert (vivido pelo incrível Jean Dujardin) é sem dúvida o ponto alto do filme. Sua interpretação é o que mantém o filme em um ritmo sempre elevado e que nunca se perde devido ao carisma e expressividade que o mesmo transmite por meio de situações engraçadas, exageradas e irônicas. Algumas dessas situações envolvendo suas motivações e busca por resoluções de problemas causam um efeito extremamente positivo e com isso uma grande identificação com o personagem e com sua personalidade desajeitada e atrapalhada. O uso de piadas baseadas na nacionalidade, política e estilo religioso que se encaixa no tipo de contexto que o mesmo se encontra, no geral funcionam muito bem, mas existe um fator predominante que sempre transforma isso em algo quase pejorativo e preconceituoso – não chega a ser algo ofensivo, até porque são situações que beiram a infantilidade e o exagero e, portanto, algo que definitivamente não compromete o tipo de humor utilizado no filme.
Por mais que seja um filme bastante cativante e original, o mesmo sofre de uma carência e estilo que poderia ser melhor trabalhado e com isso, as vezes se torna um pouco cansativo e repetitivo, mas suas escolhas e ousadia em proporcionar algo que fuja dos estereótipos e clichês reutilizados em diversas produções o tornam um filme obrigatório para quem busca um tipo de humor que não se encaixa nos padrões genéricos de tantos outros filmes que banalizam a comédia sem qualquer senso de originalidade.
Singin’ in the rain é sem duvida um clássico inspirador. Filme que exemplifica com perfeição o momento dramático de transição e mudança do cinema mudo para o falado, situação essa que acarretou em vários momentos difíceis para atores, diretores e produtores que compartilhavam do mesmo sentimento de insegurança e medo de investir em algo diferente do que estavam acostumados a fazer desde sempre. Fato esse que redirecionou a indústria cinematográfica para um momento onde o sentimento glorioso da ausência do som foi substituído pela mágica entonação das palavras através da beleza da música e do espetáculo visual que acompanhou essa mudança.
Além de incorporar dentro de sua narrativa elementos que exaltam o espetáculo tanto musical quanto da arte de interpretar, temos aqui uma visão bastante ampla sobre as produções cinematográficas do final dos anos vinte e como esse tipo de arte era considerada importante pelo público e pela mídia em geral que valorizava os atores com status de grandeza. Fato evidenciado logo nos primeiros minutos através de uma bonita e singela apresentação de personagens por meio de um depoimento super cativante por parte de Don Lockwood (vivido brilhantemente pelo charmoso Gene Kelly) que exemplifica muito bem como era difícil buscar um caminho inicial para ingressar na arte do cinema, o que o levou a se tornar um dublê casual, para por fim, através de uma oportunidade que o mesmo não deixou passar, se tornar um ator de sucesso.
A carga dramática que o filme carrega é desenvolvida de uma forma bastante sutil e sem grandes exageros, pois não entrega ao público um tipo de drama melodramático característico de filmes do mesmo estilo, ao invés disso, o enredo incorpora diversos elementos temáticos, e com isso transparece de uma forma nostálgica e sincera o drama vivido por cada personagem (mesmo estando presente por meio de uma situação difícil) e através disso contorna tal situação complicada mostrando a dedicação e o amor que cada um sentia pelo que fazia e sobretudo, o amor pela arte do cinema que os mesmos compartilhavam. Algumas situações são incrivelmente bem conduzidas por números musicais cativantes que transmitem uma alegria sem igual – tal situação não seria possível se não fosse pela brilhante condução do elenco que é basicamente o que torna o filme mais expressivo, divertido engraçado e dinâmico.
Desde sua cena inicial até seu desfecho o filme mantém um nível elevado que nunca se perde. O ritmo é sempre constante e tudo é desenvolvido de uma forma com que todos os elementos tenham realmente importância dentro da narrativa – seja na cena mais clássica onde o número musical na chuva ainda surpreende mesmo depois de tanto tempo, até o seu brilhante desfecho onde a emoção se sobressai diante das diferenças e do conflito de interesses.
Além de ser um filme brilhante que dignifica diferentes formas de arte Singin’ in the rain é um clássico definitivo, e, sobretudo, um filme emocionante que sabe definir muito bem o significado do que era fazer arte em tempos de glória.
Desde sua sequencia inicial Resident Evil: Retribution se assume descaradamente como o típico filme que investe em efeitos visuais, para assim, tentar mascarar suas falhas de direção, concepção, desenvolvimento e montagem. Porém, nem sua parte técnica em conjunto a uma estética diretamente associada aos videogames é suficiente para suprir sua carência criativa em relação à sua fraca e irregular história (?), que se sustenta basicamente em um show de sequências em câmera lenta, explosões e muito tédio.
O roteiro (que roteiro?) rebusca constantemente informações dos seus antecessores (principalmente do primeiro e quarto filme) para recontar a história do Projeto Alice novamente de uma forma extremamente desnecessária – esse tipo de didatismo que acompanha a franquia desde sempre, nada mais é do que uma forma desesperada de tentar destacar a protagonista sem que qualquer outro aspecto de sua personalidade seja desenvolvido; recontar sua história diversas vezes acarreta em problemas de repetição difíceis de resolver e o tédio recorrente que acompanha seu desenvolvimento repetitivo é algo extremamente frustrante e entediante. Como se trata de uma sequência direta de uma franquia que já completou dez anos (entre irregularidades e falta de resolução de idéias desperdiçadas) é completamente dispensável e desnecessário reapresentar certos personagens por qualquer motivo que seja.
Nesse filme em questão a ameaça é ainda mais subdesenvolvida e a montagem da história abre muito pouco espaço para explicar qualquer coisa – apesar de render alguns momentos interessantes, como quando é revelado o propósito do uso de clones da Alice ou até mesmo algumas poucas explicações sobres os acontecimentos anteriores da Umbrella – e consequentemente a sensação aleatória e desorganizada que a história proporciona é algo extremamente desanimador para quem procura encontrar respostas onde não existem nem perguntas. Alguma sequências empolgam (não muito) e são assumidamente montadas de uma forma que remeta diretamente ao estilo de um jogo onde se passa de fase para na próxima enfrentar um desafio mais difícil, mas até essas idéias são reutilizadas e derivadas dos seus antecessores com o uso de “monstros” remanescentes adicionados dentro da ação apenas para marcar presença. Os personagens em si são produtos e vítimas de um roteiro apressado, mal-escrito e são (obviamente) ofuscados pela protagonista que exaustivamente chama mais atenção por ser a única que possui algum carisma entre diversos personagens apáticos e fracamente desenvolvidos.
O fator previsibilidade presta um grande papel dentro da história, e até cenas com um grau maior de tensão elevado a um patamar de grandes proporções são facilmente dedutíveis, pois não apresentam qualquer novidade ou surpresa que complemente a ação desenfreada de uma forma surpreendente. Apesar de tudo, o filme funciona como um simples entretenimento sem grandes pretensões, mas é sem dúvida algo que não justifica ou atribui ao filme características positivas que se destaquem entre tantos erros e escolhas mal direcionadas.
Entre repetições de fórmulas e reutilização de elementos distribuídos em um desenvolvimento automático, Resident Evil: Retribution até cumpre seu papel como um filme de ação vazio e sem propósitos, pois não se preocupa em nenhum momento em renovar suas idéias e cai naquela categoria de filmes que não causam impacto algum por ser genérico, entediante e dispensável.
Prometheus marca o retorno de Ridley Scott ao gênero que o consagrou em Alien – O Oitavo Passageiro e busca renovar um pouco as idéias de criação e concepção de um universo conhecido por muitos. Porém, apesar de Prometheus ter grandes acertos em sua proposta ousada, sua credibilidade se perde rapidamente quando suas teorias superficiais (extremamente mal explicadas, por sinal) são apresentadas de uma forma com que nada faça sentido, tornando-se assim uma grande decepção.
Apesar de ser um filme que constrói com perfeição uma atmosfera de suspense constante – principalmente pelo fator do desconhecido ser algo a ser explorado – a forma com que a história é desenvolvida se mostra bastante irregular devido a um mau aproveitamento de quase todos os personagens e também uma má construção de um roteiro mais consistente e convincente, que basicamente não se preocupa em explicar suas teorias sobre, evolução, criação e destruição, etc., pois investe em questionamentos sem sentido, para assim, se passar como algo baseado em suposições de interpretação que são desvendadas sem o menor nível de complexidade possível. Prefiro não acreditar que seja um filme predestinado a ser um prelúdio definitivo de Alien – apesar de ser carregado de referências remetentes sobre o universo da franquia, dá pra perceber facilmente que a história se passa em paralelo aos acontecimentos do seu “antecessor”. Obviamente é algo questionável, mas escolhi acreditar nisso.
Em questões de produção e direção de efeitos o filme não decepciona. É notável o cuidado na concepção dos cenários, ambientação e detalhes que podem passar despercebido para os menos atentos – principalmente nas referências sobre o Space Jockey e algumas teorias sobre suas motivações e evolução de sua espécie – mas sua parte técnica apesar de ser extremamente bem feita e criada não consegue sustentar outras tantas escolhas erradas e subaproveitadas em situações sem graça. Os personagens são extremamente subdesenvolvidos e não causam qualquer tipo de empatia com o espectador – destacaria apenas o David (vivido pelo incrível Fassbender) como o personagem mais carismático. E o irônico disso tudo é ver que o andróide consegue transmitir muito mais emoção e admiração do que todo o grupo de exploradores. – isso é algo que compromete bastante, pois não existe um grande cuidado em desenvolver suas motivações e questionamentos sobre a "ameaça" desconhecida. Cada um presta um papel dentro da história, mas a maioria está ali apenas para se envolver em situações estúpidas – afinal, encontrar um tipo de vida alienígena em um planeta desconhecido e sabendo que é algo perigoso, ainda sim arriscar um contato direto é algo bastante inteligente.
Apesar disso tudo Prometheus tem seus acertos, pois até consegue surpreender em alguns momentos – como a cena do parto, por exemplo, que pode ser considerada de longe a parte mais tensa do filme todo – e deixa algumas questões em aberto que talvez possam ser resolvidas em alguma possível seqüência. Mas no geral é decepcionante ver que uma história que tinha tudo pra dar certo se tornou apenas mais um filme esquecível e frustrante.
O estilo de filmagens chamadas found-footage nunca foi tão utilizado em produções que necessitam de uma desculpa para justificar seu baixo orçamento ou até mesmo certas limitações técnicas que as envolvem. Em V/H/S, que reutiliza esse tipo de fórmula saturada e cansativa encontrada em diversas outras produções do mesmo gênero, sua falta de originalidade e excesso de estereótipos diluídos em um amontoado de clichês preocupantes o tornam ainda pior do que pode ser considerado aceitável através de um desenvolvimento patético, anticlimático e previsível.
Ainda sim o filme consegue – pelo menos inicialmente – ser um pouco interessante, pois desenvolve lentamente suas situações sem entregar muito e instiga o espectador a procurar soluções e questionamentos sobre os mistérios que cercam as filmagens. Sobretudo na primeira história, que apesar der ser bastante exagerada e apelativa, consegue ser o momento mais interessante se comparada às outras, que não passam de idéias reutilizadas de outros filmes com adição de algumas idéias mal utilizadas e sem qualquer eficiência. Como a própria fita que se passa na floresta, que mais parece uma refilmagem da Bruxa de Blair, “pioneiro” do gênero e antecessor de produções remanescentes que futuramente utilizariam sua fórmula sem qualquer tipo de preocupação em buscar um sentido ou originalidade que pudessem fazer qualquer diferença.
Mas o aspecto definitivo que separa VHS dos outros é a forma como sua história (?) é montada. O desenvolvimento desconexo entre uma fita e outra é um elemento que de certa forma aproxima o espectador – apesar de ter um desenvolvimento extremamente forçado e cansativo que manipula as situações para em um momento súbito entregar algo chato e previsível.
Falha como terror, pois é algo inexistente, não funciona como expoente do gênero simplesmente porque não inova em nada e, sobretudo, demonstra ser apenas mais um filme inexpressivo dentro de um gênero batido, saturado e com carência de criatividade.
É notável que o cinema nacional vem evoluindo de uns tempos pra cá e adquirindo cada vez mais qualidade em suas produções. Em Heleno – que pode ser considerado um projeto arriscado se comparado a filmes com temáticas sempre parecidas e que não fogem muito do drama social e político – o tipo de temática e investimento em uma quase análise psicológica de personagem é o que o diferencia de demais produções padronizadas e quase sempre esquecíveis com o passar do tempo.
Alternando entre diferentes passagens na vida do personagem e desenvolvido através de uma narrativa dessincronizada – com um tipo de cronologia pouco exata, que expõe tanto o passado quanto o “presente” do personagem – temos aqui o que pode ser considerado um drama psicológico envolvendo situações onde a carreira e o status do jogador Heleno de Freitas ambiguamente o revelou como um grande sucesso no mundo do esporte e como a falta de cuidado em sua vida pessoal/profissional o prejudicou tanto fisicamente quanto psicologicamente. Através desse tipo de situação, o filme expõe de diferentes formas os dramas vividos por ele, e, sobretudo, mostra com clareza seu amor e paixão pelo futebol que o acompanhou até seus últimos dias. Tudo isso não seria possível se não fosse pela grande e forte atuação de Rodrigo Santoro, que demonstra uma firmeza em sua interpretação e conduz os delírios e impulsos do personagem com grande eficácia.
Apesar de o filme ter um enredo bem montado e eficiente como material biográfico, a narrativa se perde um pouco em detalhes pouco importantes que o tornam pouco dinâmico e, consequentemente, cansativo. Em alguns momentos a prolongação dessas situações caracterizam o enredo de uma forma estranha e irregular, como se a fusão de gêneros e transtornos envolvendo a psicologia do personagem fosse mal trabalhada e pouco aproveitada, pois envolve-se muito mais em diluir os problemas com um certo tipo de calma aparente e sofrimento vivido pelo mesmo, ao invés de administrar com maior eficiência suas idéias e emoções com um cuidado maior. Mas no geral não é algo que comprometa demais, pois o filme tenta contornar seus problemas com artifícios que (às vezes) funcionam dentro de sua proposta corajosa.
No mais, Heleno deve ser visto e apreciado como um grande filme que é. Apesar de ser um pouco rebuscado e visivelmente mal trabalhado em alguns aspectos, sua bela homenagem ao amor pelo futebol e estudo da vida de um personagem problemático, polêmico e intenso já merecem ter um destaque diante das produções nacionais que não arriscam sair do lugar comum nos dias de hoje.
O que atrapalha muito Dark Shadows de se tornar um filme inesquecível é essa fusão estranha de gêneros; que ora flerta demais com um tipo de humor carregado de referências – que funcionam até certo ponto -, um tipo de drama inconsistente, uma atmosfera de suspense previsível e um excesso de elementos fantasiosos mal trabalhados; aspectos decisivos que comprometem demais a obra e a transformam rapidamente em um produto mal aproveitado e decepcionante.
Num contexto mais geral o filme tem lá seus acertos, sobretudo quando sabe construir um clima misterioso conduzido lentamente através de uma atmosfera sombria, melancólica e densa (pelo menos inicialmente). Tais aspectos são bem trabalhados e mostram que a direção reciclada e excêntrica de Tim Burton se foca bastante em questões visuais para tentar mascarar de alguma forma o enredo batido e sem graça que se desenvolve em subsequencia. A história é bastante problemática – apesar de ser bastante explicadinha, minimamente detalhista e pouco didática – pois envolve em seu desenvolvimento um excesso de personagens caricatos mal trabalhados, o que resulta inevitavelmente na perda de foco e profundidade de alguns – como a personagem Carolyn vivida por Chloe Moretz, que é extremamente subdesenvolvida, mal aproveitada e vítima de uma situação para criar uma possível reviravolta – é algo que compromete bastante esse tipo de escolha narrativa pouco dinâmica.
Em questões de interpretações e caracterizações o filme não decepciona. Johnny Depp apesar de estar no seu lugar comum de personagens excêntricos parecidos, aqui sabe lidar muito bem com a personalidade de Barnabas Collins, e mesmo que seja um tipo de interpretação automática e pouco exigente, ele definitivamente sabe conduzir o personagem com eficiência. O elenco feminino também é muito consistente. Eva Green está ótima no papel de Angelique – uma típica vilã forte, divertida e sensual. Helena Bonham Carter é a que menos se destaca, juntamente com Michelle Pfeiffer que pouco aparece além dos momentos iniciais. No mais, outros personagens como a Victoria – que é utilizada como um avanço na história e uma desculpa meio óbvia para as motivações de Barnabas – e David que também presta um papel pequeno dentro da história estão ali apenas explicar situações pré-determinadas e anteriormente mencionadas.
Talvez o elemento mais legal de Dark Shadows seja o contexto da época setentista em que a história é desenvolvida. A cultura dos anos 70 empregada dentro da narrativa através de uma trilha sonora inspiradora, o uso de cores vibrantes que predominavam nessa época, algumas situações referentes ao estilo e tipos de comportamento vividos pelas pessoas da época, é sem duvida o ponto mais interessante a ser considerável. Elementos remetentes divertidos e eficientes para a proposta do filme e que foram trabalhados com cuidado, apesar de não ser marcante o suficiente.
Apesar de tudo Dark Shadows tem seus momentos que funcionam, algumas escolhas são óbvias demais e visivelmente recicladas, algumas outras até funcionam como deveriam, mas no geral é uma decepção ver que a falta de criatividade atingiu em cheio as produções de um diretor conhecido pela originalidade e personalidade própria em seus filmes, e isso é algo bastante desanimador.
Com sua originalidade e firmeza de idéias The Cabin in The Woods é simplesmente um deconstrutor de clichês do gênero terror/suspense, e, sobretudo, uma homenagem a tudo que envolve produções nesse estilo, e só por isso já merece ter seu destaque entre os filmes do ano, pois arrisca em mostrar diferentes situações com um tipo de humor espontâneo sem forçar demais e com isso consegue ser extremamente eficiente em sua proposta bizarra e original.
Enganam-se aqueles que procuram aqui um filme de terror padrão. O filme envolve sim alguns aspectos clichês típicos de filmes do mesmo gênero, mas incorpora alguns elementos muito mais interessantes e bizarros dentro de uma narrativa ágil e divertida. Inclusive abre espaço para satirizar ironicamente a manipulação de situações aterrorizantes em forma de espetáculo, o que nos leva a uma quase crítica sobre o que pode ser considerado “real” ou “manipulado” nos diferentes tipos de mídia em geral. Junte a isso situações imprevisíveis, personagens intencionalmente estereotipados e pronto: temos a formula quase perfeita para um filme funcionar. E se a proposta – por mais bizarra e estranha que seja ainda consegue ser extremamente divertida e original –, questionar a qualidade do filme em si apenas por ser diferente do comum, é algo que não se aplica muito bem, pois o filme em nenhum momento se leva a sério, e é isso que o faz ser tão interessante dentro desses padrões de filmes iguais e repetitivos.
Tanto estruturalmente quanto tecnicamente o filme não decepciona. O uso de referências remetentes a clássicos do gênero como: Evil Dead, O Iluminado, It e Hellraiser só pra citar alguns, é um que o categoriza como filme homenagem e o uso dessas referências – às vezes sutis outras vezes escancaradas – é sem duvida alguma um grande acerto e agrado para os fãs. O elenco também está muito bem, apesar de ter alguns personagens menos carismáticos do que outros, nenhum deles parece extremamente desfocado. E mesmo que o desenvolvimento dos mesmos seja apenas baseado em uma situação rápida que não remete a qualquer tipo de profundidade, não há uma necessidade maior em desenvolvê-los, pois o conceito é pré-programado e essas questões são indiferentes.
Por mais que seja um filme estranho, bizarro e um pouco pretensioso demais The Cabin in The Woods acerta muito por ser ousado, dinâmico e original e se destaca como uma grande surpresa diante de um gênero saturado carente de criatividade nos dias de hoje.
Filmes de baixo orçamento geralmente necessitam de artifícios que vão além de suas limitações orçamentárias para tentar conquistar o espectador de alguma forma, e através disso tentar se sobressair diante de um estilo de produção limitada que é um fator prejudicialmente definitivo se cair em mãos erradas. Em Kingdom of Gladiators nem a intenção de fazer algo nesse estilo é um fator a ser considerável, pois além de ser um filme que se leva a sério demais (não deveria), suas incapacidades e limitações são aspectos unânimes para defini-lo como uma tortura visual em forma de filme.
O roteiro (que roteiro?) se propõe em mostrar de uma forma extremamente didática e caricata uma estória batida sobre um rei que faz um pacto com o demônio em busca de poder, mas que precisa abdicar de sua descendência para que tal acordo se cumpra. Em conjunto a esse enredo (mais clichê impossível) algumas escolhas equivocadas acontecem com frequência e são definitivamente o que tornam o filme ainda mais patético e sem sentido. O forte uso de elementos sombrios – que definitivamente não funcionam como deveria – um tipo de suspense inexistente que é carregado por uma trilha sonora exagerada, constante, excessiva e irritante, e, sobretudo, uma gama de personagens inexpressivos - acompanhados de um elenco visivelmente deslocado e amador -, que assim como a estória, não procuram buscar um sentido ou respostas para suas motivações pessoais (se é que podem ser chamadas disso) e que prestam um papel mínimo e ineficiente dentro do enredo.
Tecnicamente o filme é um show de bizarrices, com direito a muitos efeitos de sangue artificial produzidos digitalmente, uma câmera instável e sem foco que nunca fica parada, cenas de luta patéticas sem sincronia ou emoção alguma e planos sequência visivelmente mal produzidos, longos demais e sem qualquer tipo de impacto visual ou audiovisual. É ainda notável ver que a repetição desses fatores citados tentam de alguma forma justificar a falta de criatividade dos produtores em construir algo mais palpável que seja minimamente convincente, mas são aspectos de qualidade duvidosa que o tornam ainda pior pelo forte conteúdo amador que exemplifica com clareza sua proposta entediante e patética.
Fica um pouco difícil definir em poucas palavras o que esse show de horror em forma de filme significa, pois além de ser algo extremamente mal feito e visivelmente mal produzido o tédio inevitável que acompanha toda sua execução é um fator definitivo para categorizá-lo como um filme péssimo, patético e sem sentido. Terrível.
Psicologicamente, Dead Ringers é um desafio ameaçador, pois envolve dentro de sua exploração temática perturbadora um grande conflito psicológico sobre a conexão entre dois irmãos caracteristicamente complexos e diferentes entre si - com personalidades distintas -, e dentro desse ambiente cirúrgico carregado de tensão e mistério transferir para o filme o tom psicológico necessário que o mesmo necessita, tornando-se assim, uma obra extremamente controversa, envolvente e agonizante.
A história em si se desenvolve muito lentamente, pois foca-se quase inteiramente em construir a personalidade dos gêmeos exemplificando o comportamento dos mesmos através de uma divisão de etapas entre: ascensão e construção de uma carreira sólida, romance compartilhado e obsessão pelo vício em drogas, que é essencialmente o elemento chave que unifica os personagens em uma jornada de autodestruição e abstinência. Em meio à exploração desses temas pesados – que são muito bem desenvolvidos e certamente relevantes de serem abordados – a forma com que os personagens lidam com suas limitações e incapacidade de autocontrole.
A personalidade distinta dos gêmeos incorporada a um tipo de narrativa extremamente analítica ajuda muito a entender os conflitos dos mesmos – Bervely que basicamente é o irmão inseguro, com um tipo de personalidade frágil remetente a um comportamento infantil destoa bastante do seu irmão Elliot, que é claramente o irmão protetor e seguro de si (aquele quem faz os discursos, como o próprio Bervely diz em um momento) agressivo e sedutor. Não é muito difícil identificar esses elementos da personalidade dos dois, pois o roteiro deixa bem claro (sem abrir muito espaço para dúvidas ou questionamentos) o tipo de papel que cada um exerce dentro da história e, sobretudo, a conexão que os dois possuem desde sempre. E mesmo que o relacionamento entre os dois seja algo bem explorado, o tipo de escolhas em mostrá-los apenas como parceiros unidos acima de qualquer situação ou circunstância, ainda sim é um pouco decepcionante enxergá-los apenas como protetores entre si.
Cronenberg realmente sabe como montar e conduzir um tipo de suspense/terror psicológico com elementos bizarros que inclusive estão presentes em várias outras obras de sua filmografia. E, (não somente) por isso, Dead Ringers merece ter seu destaque não por ser apenas mais um filme bizarro e controverso, mas principalmente por ser uma obra bastante original, carregada de psicologia, surtos e bizarrices.
Glen ou Glenda?
3.0 74 Assista Agorade longe o pior filme que eu ja vi na vida
Fallen: O Filme
2.1 522 Assista AgoraEsse filme é muito cafona, alguns diálogos beiram o ridiculo de tão forçados que são, mas ate que me diverti assistindo. Ri demais da protagonista mais monga que a bella e dos atores e efeitos horriveis, mas fiquei curioso para o que virá a acontecer nos proximos (se é que vai ter continuação). Gritei com o crepusculo com anjos hahaha.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraFilme bem mediano, atuações pessimas e com dialogos risonhos que beiram o ridiculo. Além disso, enrola demais e nao chega em lugar nenhum, so fica querendo ter algo a mais e no fim das contas nao entrega nada, pois nao tem conteudo. Decepcionante.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista Agoravocê quer sentir o gosto da manteiga?
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraSem duvidas um dos melhores filmes que eu ja vi e que trilha sonora maravilhosa!!
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisFilme insano. Mistura sci-fi com vingança, violência, crítica social e extinção da raça humana de uma forma muito inteligente. Gostei muito da direção e do rumo cada vez mais louco que o filme foi tomando lá pros minutos finais, acho que quem conhece um pouco do cinema coreano vai entender bem o que o filme quis passar - apesar de ter muitos aspectos americanizados. Só achei o final um pouco "exagerado" comparado as proporções do que aconteceu, mas isso não prejudica muito a experiência como um todo. Filme muito bom mesmo, recomendo a todos aqueles que curtem ou não ficção, por ser um filme que define bem essa linha tênue da ação com um conteúdo mais sério.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraNão entendo o porquê das pessoas se chocarem tanto com conteúdo sexual em filmes sendo que o sexo em si é banalizado em todo tipo de mídia e a maioria das pessoas consomem e "engolem" esse tipo de conteúdo sem se importar muito com o que lhes é apresentado. Mas por se tratar de um filme digamos, polêmico, logo começam a atirar pedras e dizerem que é sexo por sexo, pornô cult e etc.
Digamos que o sexo presta lá muita importância dentro do filme - até porquê é uma história sobre uma ninfomaníaca e seria meio ingênuo alguém pensar que não existiria sexo dentro do contexto de uma história que é baseada (não só nisso, óbvio), mas com grande destaque para o sexo. Porém, além do sexo o filme oferece algo a mais, um conteúdo artistico mais aprofundado, metáforas que se entrelaçam dentro da história e comparativos com a natureza, a arte e o universo. Muito me surpreendeu o jeito que tudo foi montado e como o sexo contextualizado (pelo menos pra mim) ficou em "segundo plano" dentro das possibilidades da história que me foi apresentada.
Foi uma ótima experiência assisti-lo na tela grande e só fiquei meio decepcionado ao saber que praticamente mutilaram o filme, o jeito é esperar a versão sem cortes e ter a experiência completa. Esperando ansiosamente a parte 2.
Spring Breakers: Garotas Perigosas
2.4 2,0K Assista AgoraO que mais irrita em Spring Breakers é o uso constante de cenas em câmera lenta, pois se torna um recurso bastante cansativo em alguns pontos, além do uso excessivo de imagens desconexas, viagens alucinantes e paisagens "paradisíacas" que nada mais é do que uma forma de mascarar a falta de conteúdo do filme. Tudo bem que ele tenta passar uma mensagem meio que sem jeito do: aproveite "a vida sem se importar com as consequências", mas através disso apela pra um tipo de drama meio bobo que nao se encaixa com essa proposta "transgressora" do filme, afinal. A polemica em torno das atrizes é desnecessária e acho que nem vale muito a pena ser discutida. No mais, é um filme que tem seu estilo, mas que se perde demais devido a grandes extensões de cenas lentas, monótonas e cheias de violência que não chegam a lugar algum. Parece um clipe em slow-motion de 90 minutos e nada mais.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraObviamente que ninguém irá assistir a esse filme esperando um roteiro mirabolante, uma história bem desenvolvida ou algo do tipo. Dito isso, sinto que Magic Mike é um filme que mal consegue alcançar seu objetivos primários: ser um filme que expõe um drama de situação exemplificando os lados bons e ruins de ser um stripper através de um discurso bastante introspectivo sem qualquer exploração mais profunda do tema em que foi baseado, pois investe muito mais em aspectos visuais para tentar desviar a atenção do que realmente poderia ser mais importante. No mais, é um filme que diverte, mas que não consegue ser inesquecível porque simplesmente parece batido, clichê e desperdiçado pela falta de consistência e extrema superficialidade.
O Espetacular Homem-Aranha
3.4 4,9K Assista AgoraSem dúvida alguma um dos filmes mais decepcionantes que já tive o (des)prazer de assistir. Transformaram a história do Homem-Aranha num draminha adolescente bobo, insosso, com um romance que não convence ninguém, um vilão extremamente mal desenvolvido - secundário ao ponto de não fazer qualquer diferença dentro da história - e com uma falta de criatividade extrema, pois absorve diversas idéias recicladas dos filmes anteriores que não acrescentam absolutamente nada para o desenvolvimento ou construção de um personagem icônico que foi tratado de uma forma distorcida e depreciativa ao ponto de se tornar chato e desinteressante.
Busca Implacável
4.0 1,3K Assista Agora“Busca Implacável” é o tipo de filme de ação vazio que não consegue sustentar seu estilo improdutivo devido a uma carência de originalidade que manipula a ação de uma forma intencional para tentar se passar por algo surpreendente, mas falha inteiramente, pois não passa de um filme genérico, sem graça e completamente previsível.
A história é desenvolvida de uma forma ágil e em alguns momentos até consegue ser eficiente, mas sofre de uma carga de previsibilidade extrema e não possui qualquer aspecto surpreendente que realmente faça qualquer diferença. O protagonista – Liam Neeson está ótimo, por sinal – se encaixa nos velhos clichês padrões de personagens sem passado, que buscam se redimir com atitudes paternalistas de autoproteção nas atitudes com a filha mimada e irritante que não reconhece o pai pelo fato do mesmo não ter participado integralmente de sua criação. Nesse sentido o filme explora muito pouco os relacionamentos familiares, pois prefere distanciar as situações da família sem criar qualquer vínculo necessário com o espectador, e, sobretudo, nas atitudes e tentativas de busca pela redenção por parte do pai, mas nada é levado em consideração e somente em um momento chave tal atitude é reconhecida de uma forma um tanto quanto fria e sem qualquer vínculo emocional.
O principal tema supostamente tratado dentro da história – o tráfico e a prostituição internacional de mulheres – é completamente subaproveitado e não serve nem como crítica de uma situação pré-estabelecida pelo roteiro – até tenta através disso denunciar com urgência esse tipo de ação criminosa –, mas falha totalmente na tentativa de questionar e levantar um tema interessante que poderia render algo mais concreto, mas que infelizmente é tratado com indiferença de uma forma extremamente banalizada e inconclusiva.
A ação é eficiente, mas rapidamente se torna repetitiva e entediante através de sequências de lutas e perseguições previsíveis e uma tentativa desesperada de criar um clima de tensão e suspense inexistentes. Não existe qualquer inovação nesse quesito e mesmo que o filme tente se aproximar de uma estética mais realista, falha em querer transmitir um tipo de ação manipulativa que não funciona como deveria e nem se auto-reconhece como algo derivativo, fraco e chato.
Por mais que seja um filme interessante e que promova a ação a um nível elevado, “Busca Implacável” entra facilmente naquela categoria de filmes superestimados que não possuem nada a acrescentar além de uma história reciclada, personagens vazios e situações extremamente previsíveis.
O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraCom um ótimo trabalho de direção e interpretação Selton Mello conseguiu transmitir através de O Palhaço – um filme extremamente sensível e tocante – uma mensagem positiva sobre as escolhas e as dificuldades de encontrar um caminho na carreira artística quando a alegria é substituída pela tristeza e melancolia. Mas apesar de ser um filme triste que emociona facilmente, alguns de seus problemas são bastante difíceis de serem ignorados; dificultando assim, a experiência conectiva que o mesmo tenta proporcionar principalmente pela forma com que seu desenvolvimento é conduzido por motivações superficiais muito pouco exploradas.
O desenvolvimento da história é feito de uma forme simples e sutil, mas bastante eficaz no que diz respeito à construção das situações dramáticas e o estudo do cotidiano dos personagens, pois incorpora dentro da narrativa aspectos artísticos remetentes do circo e exalta de uma forma bastante original (fazendo menção e homenagem) o tipo de espetáculo que essa arte proporciona. A forma minimalista como tudo é mostrado é um grande acerto da direção – que mostra os bastidores do circo de uma forma despretensiosa introduzindo diversos personagens carismáticos que formam uma equipe divertida e bem entrosada, que sofrem com seus dramas particulares e vivem cada dia com a esperança – que também é o nome do circo – de que ocorra em suas vidas alguma mudança que favoreça positivamente o grupo, mas infelizmente esses aspectos são muito pouco aprofundados dentro de uma narrativa fechada e pouco dinâmica.
Os dramas vividos pelo protagonista são muito superficiais e o filme raramente abre espaço para o espectador se importar com seus conflitos – às vezes parece que o filme tenta ser um drama mais consistente e insiste um pouco em repetir e impor suas motivações de uma forma quase melodramática, mas no fim das contas é algo que funciona, pois transmite um ar carregado de melancolia momentânea e certa identificação pelo fato da dúvida e do cansaço serem aspectos constantes em seu cotidiano.
Apesar disso, o filme até consegue passar sua mensagem e a faz com bastante eficiência – afinal, tentar fugir de sua vocação é algo complicado quando isso já faz parte de sua vida desde sempre – e o roteiro faz questão de enfatizar que quando existe vocação nem o tempo nem qualquer interferência corriqueira consegue separar o artista de sua produção e do prazer de proporcionar o espetáculo e a alegria de ver as pessoas sorrindo.
Por fim, O Palhaço cumpre muito bem seu papel, pois consegue ser um filme sensível sem apelar demais para artifícios melodramáticos e se destaca como uma produção nacional de alto nível por ser um filme que evoca beleza dentro um universo melancólico carregado de incertezas e insatisfações.
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraEm Moonrise Kingdom o fantástico diretor Wes Anderson conseguiu manter o mesmo estilo excêntrico (característica presente desde sempre em suas obras remanescentes) com uma pequena adição de elementos nostálgicos identificáveis dentro de uma narrativa simples, que exalta o descobrimento do amor e suas interferências de uma forma sincera e peculiarmente positiva, e não se limita apenas nisso, pois consegue desenvolver dentro de variações de intensidade narrativa temas introspectivos sem parecer meloso ou melodramático demais, tornando-se assim, uma bela surpresa e um filme que atinge seus objetivos sem grandes esforços.
Tecnicamente e visualmente é um filme extremamente criativo, que sabe manipular calculadamente seu aprimoramento técnico de uma forma que complemente os elementos narrativos. Seja no uso de uma linguagem simples através de diálogos atenciosos e sensíveis, os ângulos simétricos e edição de imagens que utiliza bastante as cores pálidas (principalmente o amarelo) como forma simbológica e convidativa para embarcar na aventura que o filme propõe. A boa técnica em conjunto a uma narrativa menos arriscada – sobretudo porque não se preocupa muito em desenvolver com profundidade certos temas importantes ou situações de personagens específicos – é o que torna o filme uma verdadeira obra artística, mas que às vezes (infelizmente) não encontra seu lugar comum dentro de algumas idéias pouco aproveitadas.
O estilo narrativo segue um pouco fora de foco e tem o objetivo principal de humanizar e analisar sem muitos artifícios inventivos os conflitos e relacionamento familiar presente na vida de personagens inexperientes, mas que buscam demonstrar seus sentimentos como forma de escape das dificuldades e responsabilidades de viver em um mundo onde o sentido do amor é pouco valorizado. O relacionamento entre Suzy e Sam é de longe o ponto mais alto do filme, pois exemplifica com clareza todos esses conflitos envolvendo principalmente a personalidade dos dois sem se esquecer de construir através desse relacionamento uma conexão direta com o espectador – pois afinal, o descobrimento do primeiro amor sempre foi e sempre será algo que define bastante a personalidade e desejo de cada um em uma fase tão conturbada e conflituosa como a transição de criança para adolescente.
A história em si busca retratar de uma forma sincera e objetiva diversos conflitos que envolvem a formação e evolução da personalidade, e o que torna mais intenso essa exemplificação são as atuações e o trabalho brilhante de condução do elenco – que apesar de ofuscar algum ou outro personagem pela falta de desenvolvimento de suas motivações – consegue fazer com que cada um tenha seu papel na história sem ser algo que prejudique demais a conexão que cada um oferece através de seus dramas particulares.
No geral, Moonrise Kingdom tem alguns momentos que brilham mais do que outros, vários personagens pouco desenvolvidos e algumas escolhas dispensáveis, mas de uma forma geral consegue entregar mais do que o esperado e passar uma mensagem positiva de uma forma criativa e contagiante.
Arraste-me para o Inferno
2.8 2,8K Assista AgoraFilmes de terror geralmente são feitos de uma forma com que utilize elementos recorrentes e repetitivos dentro de uma atmosfera constante de tensão para em algum momento inesperado entregar algo que realmente seja assustador. Em Drag Me To Hell que é explicitamente um filme que não se leva a sério, sua proposta diferente e às vezes ousada demais pode causar certa estranheza ao espectador desavisado por se tratar de um filme que busca em sua própria originalidade retratar com um humor carregado situações surpreendentes e despretensiosamente divertidas – e não somente por isso – merece ser apreciado como um filme que renova o significado da palavra “clichê” sem necessariamente se tornar algo negativo ou entediante.
A história em si não apresenta muitas novidades – temos aqui o velho uso da temática da maldição que acompanha a protagonista e através disso a mesma se envolve em diversas situações estranhas e sobrenaturais de uma forma bastante atípica e fora dos padrões previsíveis que o gênero carrega desde sempre. Apesar de sua história não buscar inovar muito e parecer algo genérico (pelo menos inicialmente essa é a impressão que fica), existe uma grande preocupação em utilizar esses elementos caricatos e exagerados de uma forma com que complementem a historia com certo dinamismo (bastante convincente, por sinal) sem precisar que isso se torne algo extremamente forçado ou inventivo demais. O filme segue por uma linha tênue onde o terror acentuado em conjunto a um suspense bem montado transmite ao espectador a experiência correta ao que o mesmo se propôs desde o princípio – e sem dúvida alguma é algo que funciona com bastante propriedade – mesmo sofrendo de algumas limitações que às vezes o tornam bizarro e exagerado demais.
Nota-se o cuidado no uso de referências a grandes clássicos do gênero – que ficam bastante claras em cenas extremamente remetentes, como a cena da possessão que é claramente inspirada em Evil Dead ou a cena do bolo que é uma referência direta a Eraserhead, só pra citar algumas –, e com isso o filme se torna cada vez mais interessante, pois transforma algumas de suas idéias em algo bastante criativo e com uma visão interessante sem parecer algo paliativo ou indiferente.
Obviamente o filme possui alguns problemas (uns mais difíceis de resolver do que outros), mas que apesar de tudo não comprometem muito o estilo de narrativa fechada e conclusiva que o mesmo possui – o quesito mais interessante e que movimenta o ritmo do filme é sua história, que sempre se resolve e não abre espaços para dúvidas ou situações mal resolvidas. O desfecho apesar de ser algo esperado e previsível ainda sim surpreende por se resolver de uma forma satisfatória e eficiente que funciona muito bem dentro das propostas caóticas e transgressoras do filme.
Só por ser um filme que arrisca buscar humor dentro de um gênero sufocado pela falta de criatividade, Drag Me to Hell merece ter seu destaque por ser um filme divertido, bizarro e criativo.
Agente 117: Uma Aventura no Cairo
3.5 11OSS 117: Le Caire, nid d'espions busca desconstruir certos estereótipos egocêntricos dos padrões da espionagem através de um humor diferente e original e através disso consegue definir muito bem sua proposta utilizando um tipo de humor dinâmico despretensioso que funciona deliberadamente por ser identificável, bem articulado e, sobretudo, eficiente como comédia sem muitos exageros inventivos.
Ainda sim, existem alguns problemas difíceis de contornar dentro de sua narrativa ágil e dinâmica. Alguns elementos são jogados aleatoriamente e só funcionam momentaneamente - como a própria sequencia inicial que é vagamente utilizada em uma possível resolução de idéias recorrentes, algumas piadas que envolvem nacionalidade e política ou até mesmo algumas repetições de situações que sofrem de um problema sério de ritmo – que ora busca dentro do humor uma grande preocupação em se manter sempre alerta e engraçado, ou até mesmo cria diversas situações com reviravoltas constantes para por fim, tentar se passar por algo surpreendente, mas que infelizmente não funciona como deveria.
Os personagens são extremamente carismáticos. O agente Hubert (vivido pelo incrível Jean Dujardin) é sem dúvida o ponto alto do filme. Sua interpretação é o que mantém o filme em um ritmo sempre elevado e que nunca se perde devido ao carisma e expressividade que o mesmo transmite por meio de situações engraçadas, exageradas e irônicas. Algumas dessas situações envolvendo suas motivações e busca por resoluções de problemas causam um efeito extremamente positivo e com isso uma grande identificação com o personagem e com sua personalidade desajeitada e atrapalhada. O uso de piadas baseadas na nacionalidade, política e estilo religioso que se encaixa no tipo de contexto que o mesmo se encontra, no geral funcionam muito bem, mas existe um fator predominante que sempre transforma isso em algo quase pejorativo e preconceituoso – não chega a ser algo ofensivo, até porque são situações que beiram a infantilidade e o exagero e, portanto, algo que definitivamente não compromete o tipo de humor utilizado no filme.
Por mais que seja um filme bastante cativante e original, o mesmo sofre de uma carência e estilo que poderia ser melhor trabalhado e com isso, as vezes se torna um pouco cansativo e repetitivo, mas suas escolhas e ousadia em proporcionar algo que fuja dos estereótipos e clichês reutilizados em diversas produções o tornam um filme obrigatório para quem busca um tipo de humor que não se encaixa nos padrões genéricos de tantos outros filmes que banalizam a comédia sem qualquer senso de originalidade.
Cantando na Chuva
4.4 1,1K Assista AgoraSingin’ in the rain é sem duvida um clássico inspirador. Filme que exemplifica com perfeição o momento dramático de transição e mudança do cinema mudo para o falado, situação essa que acarretou em vários momentos difíceis para atores, diretores e produtores que compartilhavam do mesmo sentimento de insegurança e medo de investir em algo diferente do que estavam acostumados a fazer desde sempre. Fato esse que redirecionou a indústria cinematográfica para um momento onde o sentimento glorioso da ausência do som foi substituído pela mágica entonação das palavras através da beleza da música e do espetáculo visual que acompanhou essa mudança.
Além de incorporar dentro de sua narrativa elementos que exaltam o espetáculo tanto musical quanto da arte de interpretar, temos aqui uma visão bastante ampla sobre as produções cinematográficas do final dos anos vinte e como esse tipo de arte era considerada importante pelo público e pela mídia em geral que valorizava os atores com status de grandeza. Fato evidenciado logo nos primeiros minutos através de uma bonita e singela apresentação de personagens por meio de um depoimento super cativante por parte de Don Lockwood (vivido brilhantemente pelo charmoso Gene Kelly) que exemplifica muito bem como era difícil buscar um caminho inicial para ingressar na arte do cinema, o que o levou a se tornar um dublê casual, para por fim, através de uma oportunidade que o mesmo não deixou passar, se tornar um ator de sucesso.
A carga dramática que o filme carrega é desenvolvida de uma forma bastante sutil e sem grandes exageros, pois não entrega ao público um tipo de drama melodramático característico de filmes do mesmo estilo, ao invés disso, o enredo incorpora diversos elementos temáticos, e com isso transparece de uma forma nostálgica e sincera o drama vivido por cada personagem (mesmo estando presente por meio de uma situação difícil) e através disso contorna tal situação complicada mostrando a dedicação e o amor que cada um sentia pelo que fazia e sobretudo, o amor pela arte do cinema que os mesmos compartilhavam. Algumas situações são incrivelmente bem conduzidas por números musicais cativantes que transmitem uma alegria sem igual – tal situação não seria possível se não fosse pela brilhante condução do elenco que é basicamente o que torna o filme mais expressivo, divertido engraçado e dinâmico.
Desde sua cena inicial até seu desfecho o filme mantém um nível elevado que nunca se perde. O ritmo é sempre constante e tudo é desenvolvido de uma forma com que todos os elementos tenham realmente importância dentro da narrativa – seja na cena mais clássica onde o número musical na chuva ainda surpreende mesmo depois de tanto tempo, até o seu brilhante desfecho onde a emoção se sobressai diante das diferenças e do conflito de interesses.
Além de ser um filme brilhante que dignifica diferentes formas de arte Singin’ in the rain é um clássico definitivo, e, sobretudo, um filme emocionante que sabe definir muito bem o significado do que era fazer arte em tempos de glória.
Resident Evil 5: Retribuição
2.9 3,0K Assista AgoraDesde sua sequencia inicial Resident Evil: Retribution se assume descaradamente como o típico filme que investe em efeitos visuais, para assim, tentar mascarar suas falhas de direção, concepção, desenvolvimento e montagem. Porém, nem sua parte técnica em conjunto a uma estética diretamente associada aos videogames é suficiente para suprir sua carência criativa em relação à sua fraca e irregular história (?), que se sustenta basicamente em um show de sequências em câmera lenta, explosões e muito tédio.
O roteiro (que roteiro?) rebusca constantemente informações dos seus antecessores (principalmente do primeiro e quarto filme) para recontar a história do Projeto Alice novamente de uma forma extremamente desnecessária – esse tipo de didatismo que acompanha a franquia desde sempre, nada mais é do que uma forma desesperada de tentar destacar a protagonista sem que qualquer outro aspecto de sua personalidade seja desenvolvido; recontar sua história diversas vezes acarreta em problemas de repetição difíceis de resolver e o tédio recorrente que acompanha seu desenvolvimento repetitivo é algo extremamente frustrante e entediante. Como se trata de uma sequência direta de uma franquia que já completou dez anos (entre irregularidades e falta de resolução de idéias desperdiçadas) é completamente dispensável e desnecessário reapresentar certos personagens por qualquer motivo que seja.
Nesse filme em questão a ameaça é ainda mais subdesenvolvida e a montagem da história abre muito pouco espaço para explicar qualquer coisa – apesar de render alguns momentos interessantes, como quando é revelado o propósito do uso de clones da Alice ou até mesmo algumas poucas explicações sobres os acontecimentos anteriores da Umbrella – e consequentemente a sensação aleatória e desorganizada que a história proporciona é algo extremamente desanimador para quem procura encontrar respostas onde não existem nem perguntas. Alguma sequências empolgam (não muito) e são assumidamente montadas de uma forma que remeta diretamente ao estilo de um jogo onde se passa de fase para na próxima enfrentar um desafio mais difícil, mas até essas idéias são reutilizadas e derivadas dos seus antecessores com o uso de “monstros” remanescentes adicionados dentro da ação apenas para marcar presença. Os personagens em si são produtos e vítimas de um roteiro apressado, mal-escrito e são (obviamente) ofuscados pela protagonista que exaustivamente chama mais atenção por ser a única que possui algum carisma entre diversos personagens apáticos e fracamente desenvolvidos.
O fator previsibilidade presta um grande papel dentro da história, e até cenas com um grau maior de tensão elevado a um patamar de grandes proporções são facilmente dedutíveis, pois não apresentam qualquer novidade ou surpresa que complemente a ação desenfreada de uma forma surpreendente. Apesar de tudo, o filme funciona como um simples entretenimento sem grandes pretensões, mas é sem dúvida algo que não justifica ou atribui ao filme características positivas que se destaquem entre tantos erros e escolhas mal direcionadas.
Entre repetições de fórmulas e reutilização de elementos distribuídos em um desenvolvimento automático, Resident Evil: Retribution até cumpre seu papel como um filme de ação vazio e sem propósitos, pois não se preocupa em nenhum momento em renovar suas idéias e cai naquela categoria de filmes que não causam impacto algum por ser genérico, entediante e dispensável.
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraPrometheus marca o retorno de Ridley Scott ao gênero que o consagrou em Alien – O Oitavo Passageiro e busca renovar um pouco as idéias de criação e concepção de um universo conhecido por muitos. Porém, apesar de Prometheus ter grandes acertos em sua proposta ousada, sua credibilidade se perde rapidamente quando suas teorias superficiais (extremamente mal explicadas, por sinal) são apresentadas de uma forma com que nada faça sentido, tornando-se assim uma grande decepção.
Apesar de ser um filme que constrói com perfeição uma atmosfera de suspense constante – principalmente pelo fator do desconhecido ser algo a ser explorado – a forma com que a história é desenvolvida se mostra bastante irregular devido a um mau aproveitamento de quase todos os personagens e também uma má construção de um roteiro mais consistente e convincente, que basicamente não se preocupa em explicar suas teorias sobre, evolução, criação e destruição, etc., pois investe em questionamentos sem sentido, para assim, se passar como algo baseado em suposições de interpretação que são desvendadas sem o menor nível de complexidade possível. Prefiro não acreditar que seja um filme predestinado a ser um prelúdio definitivo de Alien – apesar de ser carregado de referências remetentes sobre o universo da franquia, dá pra perceber facilmente que a história se passa em paralelo aos acontecimentos do seu “antecessor”. Obviamente é algo questionável, mas escolhi acreditar nisso.
Em questões de produção e direção de efeitos o filme não decepciona. É notável o cuidado na concepção dos cenários, ambientação e detalhes que podem passar despercebido para os menos atentos – principalmente nas referências sobre o Space Jockey e algumas teorias sobre suas motivações e evolução de sua espécie – mas sua parte técnica apesar de ser extremamente bem feita e criada não consegue sustentar outras tantas escolhas erradas e subaproveitadas em situações sem graça. Os personagens são extremamente subdesenvolvidos e não causam qualquer tipo de empatia com o espectador – destacaria apenas o David (vivido pelo incrível Fassbender) como o personagem mais carismático. E o irônico disso tudo é ver que o andróide consegue transmitir muito mais emoção e admiração do que todo o grupo de exploradores. – isso é algo que compromete bastante, pois não existe um grande cuidado em desenvolver suas motivações e questionamentos sobre a "ameaça" desconhecida. Cada um presta um papel dentro da história, mas a maioria está ali apenas para se envolver em situações estúpidas – afinal, encontrar um tipo de vida alienígena em um planeta desconhecido e sabendo que é algo perigoso, ainda sim arriscar um contato direto é algo bastante inteligente.
Apesar disso tudo Prometheus tem seus acertos, pois até consegue surpreender em alguns momentos – como a cena do parto, por exemplo, que pode ser considerada de longe a parte mais tensa do filme todo – e deixa algumas questões em aberto que talvez possam ser resolvidas em alguma possível seqüência. Mas no geral é decepcionante ver que uma história que tinha tudo pra dar certo se tornou apenas mais um filme esquecível e frustrante.
V/H/S
3.0 748 Assista AgoraO estilo de filmagens chamadas found-footage nunca foi tão utilizado em produções que necessitam de uma desculpa para justificar seu baixo orçamento ou até mesmo certas limitações técnicas que as envolvem. Em V/H/S, que reutiliza esse tipo de fórmula saturada e cansativa encontrada em diversas outras produções do mesmo gênero, sua falta de originalidade e excesso de estereótipos diluídos em um amontoado de clichês preocupantes o tornam ainda pior do que pode ser considerado aceitável através de um desenvolvimento patético, anticlimático e previsível.
Ainda sim o filme consegue – pelo menos inicialmente – ser um pouco interessante, pois desenvolve lentamente suas situações sem entregar muito e instiga o espectador a procurar soluções e questionamentos sobre os mistérios que cercam as filmagens. Sobretudo na primeira história, que apesar der ser bastante exagerada e apelativa, consegue ser o momento mais interessante se comparada às outras, que não passam de idéias reutilizadas de outros filmes com adição de algumas idéias mal utilizadas e sem qualquer eficiência. Como a própria fita que se passa na floresta, que mais parece uma refilmagem da Bruxa de Blair, “pioneiro” do gênero e antecessor de produções remanescentes que futuramente utilizariam sua fórmula sem qualquer tipo de preocupação em buscar um sentido ou originalidade que pudessem fazer qualquer diferença.
Mas o aspecto definitivo que separa VHS dos outros é a forma como sua história (?) é montada. O desenvolvimento desconexo entre uma fita e outra é um elemento que de certa forma aproxima o espectador – apesar de ter um desenvolvimento extremamente forçado e cansativo que manipula as situações para em um momento súbito entregar algo chato e previsível.
Falha como terror, pois é algo inexistente, não funciona como expoente do gênero simplesmente porque não inova em nada e, sobretudo, demonstra ser apenas mais um filme inexpressivo dentro de um gênero batido, saturado e com carência de criatividade.
Heleno
3.6 431 Assista AgoraÉ notável que o cinema nacional vem evoluindo de uns tempos pra cá e adquirindo cada vez mais qualidade em suas produções. Em Heleno – que pode ser considerado um projeto arriscado se comparado a filmes com temáticas sempre parecidas e que não fogem muito do drama social e político – o tipo de temática e investimento em uma quase análise psicológica de personagem é o que o diferencia de demais produções padronizadas e quase sempre esquecíveis com o passar do tempo.
Alternando entre diferentes passagens na vida do personagem e desenvolvido através de uma narrativa dessincronizada – com um tipo de cronologia pouco exata, que expõe tanto o passado quanto o “presente” do personagem – temos aqui o que pode ser considerado um drama psicológico envolvendo situações onde a carreira e o status do jogador Heleno de Freitas ambiguamente o revelou como um grande sucesso no mundo do esporte e como a falta de cuidado em sua vida pessoal/profissional o prejudicou tanto fisicamente quanto psicologicamente. Através desse tipo de situação, o filme expõe de diferentes formas os dramas vividos por ele, e, sobretudo, mostra com clareza seu amor e paixão pelo futebol que o acompanhou até seus últimos dias. Tudo isso não seria possível se não fosse pela grande e forte atuação de Rodrigo Santoro, que demonstra uma firmeza em sua interpretação e conduz os delírios e impulsos do personagem com grande eficácia.
Apesar de o filme ter um enredo bem montado e eficiente como material biográfico, a narrativa se perde um pouco em detalhes pouco importantes que o tornam pouco dinâmico e, consequentemente, cansativo. Em alguns momentos a prolongação dessas situações caracterizam o enredo de uma forma estranha e irregular, como se a fusão de gêneros e transtornos envolvendo a psicologia do personagem fosse mal trabalhada e pouco aproveitada, pois envolve-se muito mais em diluir os problemas com um certo tipo de calma aparente e sofrimento vivido pelo mesmo, ao invés de administrar com maior eficiência suas idéias e emoções com um cuidado maior. Mas no geral não é algo que comprometa demais, pois o filme tenta contornar seus problemas com artifícios que (às vezes) funcionam dentro de sua proposta corajosa.
No mais, Heleno deve ser visto e apreciado como um grande filme que é. Apesar de ser um pouco rebuscado e visivelmente mal trabalhado em alguns aspectos, sua bela homenagem ao amor pelo futebol e estudo da vida de um personagem problemático, polêmico e intenso já merecem ter um destaque diante das produções nacionais que não arriscam sair do lugar comum nos dias de hoje.
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraO que atrapalha muito Dark Shadows de se tornar um filme inesquecível é essa fusão estranha de gêneros; que ora flerta demais com um tipo de humor carregado de referências – que funcionam até certo ponto -, um tipo de drama inconsistente, uma atmosfera de suspense previsível e um excesso de elementos fantasiosos mal trabalhados; aspectos decisivos que comprometem demais a obra e a transformam rapidamente em um produto mal aproveitado e decepcionante.
Num contexto mais geral o filme tem lá seus acertos, sobretudo quando sabe construir um clima misterioso conduzido lentamente através de uma atmosfera sombria, melancólica e densa (pelo menos inicialmente). Tais aspectos são bem trabalhados e mostram que a direção reciclada e excêntrica de Tim Burton se foca bastante em questões visuais para tentar mascarar de alguma forma o enredo batido e sem graça que se desenvolve em subsequencia. A história é bastante problemática – apesar de ser bastante explicadinha, minimamente detalhista e pouco didática – pois envolve em seu desenvolvimento um excesso de personagens caricatos mal trabalhados, o que resulta inevitavelmente na perda de foco e profundidade de alguns – como a personagem Carolyn vivida por Chloe Moretz, que é extremamente subdesenvolvida, mal aproveitada e vítima de uma situação para criar uma possível reviravolta – é algo que compromete bastante esse tipo de escolha narrativa pouco dinâmica.
Em questões de interpretações e caracterizações o filme não decepciona. Johnny Depp apesar de estar no seu lugar comum de personagens excêntricos parecidos, aqui sabe lidar muito bem com a personalidade de Barnabas Collins, e mesmo que seja um tipo de interpretação automática e pouco exigente, ele definitivamente sabe conduzir o personagem com eficiência. O elenco feminino também é muito consistente. Eva Green está ótima no papel de Angelique – uma típica vilã forte, divertida e sensual. Helena Bonham Carter é a que menos se destaca, juntamente com Michelle Pfeiffer que pouco aparece além dos momentos iniciais. No mais, outros personagens como a Victoria – que é utilizada como um avanço na história e uma desculpa meio óbvia para as motivações de Barnabas – e David que também presta um papel pequeno dentro da história estão ali apenas explicar situações pré-determinadas e anteriormente mencionadas.
Talvez o elemento mais legal de Dark Shadows seja o contexto da época setentista em que a história é desenvolvida. A cultura dos anos 70 empregada dentro da narrativa através de uma trilha sonora inspiradora, o uso de cores vibrantes que predominavam nessa época, algumas situações referentes ao estilo e tipos de comportamento vividos pelas pessoas da época, é sem duvida o ponto mais interessante a ser considerável. Elementos remetentes divertidos e eficientes para a proposta do filme e que foram trabalhados com cuidado, apesar de não ser marcante o suficiente.
Apesar de tudo Dark Shadows tem seus momentos que funcionam, algumas escolhas são óbvias demais e visivelmente recicladas, algumas outras até funcionam como deveriam, mas no geral é uma decepção ver que a falta de criatividade atingiu em cheio as produções de um diretor conhecido pela originalidade e personalidade própria em seus filmes, e isso é algo bastante desanimador.
O Segredo da Cabana
3.0 3,2K Assista AgoraCom sua originalidade e firmeza de idéias The Cabin in The Woods é simplesmente um deconstrutor de clichês do gênero terror/suspense, e, sobretudo, uma homenagem a tudo que envolve produções nesse estilo, e só por isso já merece ter seu destaque entre os filmes do ano, pois arrisca em mostrar diferentes situações com um tipo de humor espontâneo sem forçar demais e com isso consegue ser extremamente eficiente em sua proposta bizarra e original.
Enganam-se aqueles que procuram aqui um filme de terror padrão. O filme envolve sim alguns aspectos clichês típicos de filmes do mesmo gênero, mas incorpora alguns elementos muito mais interessantes e bizarros dentro de uma narrativa ágil e divertida. Inclusive abre espaço para satirizar ironicamente a manipulação de situações aterrorizantes em forma de espetáculo, o que nos leva a uma quase crítica sobre o que pode ser considerado “real” ou “manipulado” nos diferentes tipos de mídia em geral. Junte a isso situações imprevisíveis, personagens intencionalmente estereotipados e pronto: temos a formula quase perfeita para um filme funcionar. E se a proposta – por mais bizarra e estranha que seja ainda consegue ser extremamente divertida e original –, questionar a qualidade do filme em si apenas por ser diferente do comum, é algo que não se aplica muito bem, pois o filme em nenhum momento se leva a sério, e é isso que o faz ser tão interessante dentro desses padrões de filmes iguais e repetitivos.
Tanto estruturalmente quanto tecnicamente o filme não decepciona. O uso de referências remetentes a clássicos do gênero como: Evil Dead, O Iluminado, It e Hellraiser só pra citar alguns, é um que o categoriza como filme homenagem e o uso dessas referências – às vezes sutis outras vezes escancaradas – é sem duvida alguma um grande acerto e agrado para os fãs. O elenco também está muito bem, apesar de ter alguns personagens menos carismáticos do que outros, nenhum deles parece extremamente desfocado. E mesmo que o desenvolvimento dos mesmos seja apenas baseado em uma situação rápida que não remete a qualquer tipo de profundidade, não há uma necessidade maior em desenvolvê-los, pois o conceito é pré-programado e essas questões são indiferentes.
Por mais que seja um filme estranho, bizarro e um pouco pretensioso demais The Cabin in The Woods acerta muito por ser ousado, dinâmico e original e se destaca como uma grande surpresa diante de um gênero saturado carente de criatividade nos dias de hoje.
Reino dos Gladiadores
0.8 5Filmes de baixo orçamento geralmente necessitam de artifícios que vão além de suas limitações orçamentárias para tentar conquistar o espectador de alguma forma, e através disso tentar se sobressair diante de um estilo de produção limitada que é um fator prejudicialmente definitivo se cair em mãos erradas. Em Kingdom of Gladiators nem a intenção de fazer algo nesse estilo é um fator a ser considerável, pois além de ser um filme que se leva a sério demais (não deveria), suas incapacidades e limitações são aspectos unânimes para defini-lo como uma tortura visual em forma de filme.
O roteiro (que roteiro?) se propõe em mostrar de uma forma extremamente didática e caricata uma estória batida sobre um rei que faz um pacto com o demônio em busca de poder, mas que precisa abdicar de sua descendência para que tal acordo se cumpra. Em conjunto a esse enredo (mais clichê impossível) algumas escolhas equivocadas acontecem com frequência e são definitivamente o que tornam o filme ainda mais patético e sem sentido. O forte uso de elementos sombrios – que definitivamente não funcionam como deveria – um tipo de suspense inexistente que é carregado por uma trilha sonora exagerada, constante, excessiva e irritante, e, sobretudo, uma gama de personagens inexpressivos - acompanhados de um elenco visivelmente deslocado e amador -, que assim como a estória, não procuram buscar um sentido ou respostas para suas motivações pessoais (se é que podem ser chamadas disso) e que prestam um papel mínimo e ineficiente dentro do enredo.
Tecnicamente o filme é um show de bizarrices, com direito a muitos efeitos de sangue artificial produzidos digitalmente, uma câmera instável e sem foco que nunca fica parada, cenas de luta patéticas sem sincronia ou emoção alguma e planos sequência visivelmente mal produzidos, longos demais e sem qualquer tipo de impacto visual ou audiovisual. É ainda notável ver que a repetição desses fatores citados tentam de alguma forma justificar a falta de criatividade dos produtores em construir algo mais palpável que seja minimamente convincente, mas são aspectos de qualidade duvidosa que o tornam ainda pior pelo forte conteúdo amador que exemplifica com clareza sua proposta entediante e patética.
Fica um pouco difícil definir em poucas palavras o que esse show de horror em forma de filme significa, pois além de ser algo extremamente mal feito e visivelmente mal produzido o tédio inevitável que acompanha toda sua execução é um fator definitivo para categorizá-lo como um filme péssimo, patético e sem sentido. Terrível.
Gêmeos: Mórbida Semelhança
3.7 193Psicologicamente, Dead Ringers é um desafio ameaçador, pois envolve dentro de sua exploração temática perturbadora um grande conflito psicológico sobre a conexão entre dois irmãos caracteristicamente complexos e diferentes entre si - com personalidades distintas -, e dentro desse ambiente cirúrgico carregado de tensão e mistério transferir para o filme o tom psicológico necessário que o mesmo necessita, tornando-se assim, uma obra extremamente controversa, envolvente e agonizante.
A história em si se desenvolve muito lentamente, pois foca-se quase inteiramente em construir a personalidade dos gêmeos exemplificando o comportamento dos mesmos através de uma divisão de etapas entre: ascensão e construção de uma carreira sólida, romance compartilhado e obsessão pelo vício em drogas, que é essencialmente o elemento chave que unifica os personagens em uma jornada de autodestruição e abstinência. Em meio à exploração desses temas pesados – que são muito bem desenvolvidos e certamente relevantes de serem abordados – a forma com que os personagens lidam com suas limitações e incapacidade de autocontrole.
A personalidade distinta dos gêmeos incorporada a um tipo de narrativa extremamente analítica ajuda muito a entender os conflitos dos mesmos – Bervely que basicamente é o irmão inseguro, com um tipo de personalidade frágil remetente a um comportamento infantil destoa bastante do seu irmão Elliot, que é claramente o irmão protetor e seguro de si (aquele quem faz os discursos, como o próprio Bervely diz em um momento) agressivo e sedutor. Não é muito difícil identificar esses elementos da personalidade dos dois, pois o roteiro deixa bem claro (sem abrir muito espaço para dúvidas ou questionamentos) o tipo de papel que cada um exerce dentro da história e, sobretudo, a conexão que os dois possuem desde sempre. E mesmo que o relacionamento entre os dois seja algo bem explorado, o tipo de escolhas em mostrá-los apenas como parceiros unidos acima de qualquer situação ou circunstância, ainda sim é um pouco decepcionante enxergá-los apenas como protetores entre si.
Cronenberg realmente sabe como montar e conduzir um tipo de suspense/terror psicológico com elementos bizarros que inclusive estão presentes em várias outras obras de sua filmografia. E, (não somente) por isso, Dead Ringers merece ter seu destaque não por ser apenas mais um filme bizarro e controverso, mas principalmente por ser uma obra bastante original, carregada de psicologia, surtos e bizarrices.