Nascimento: (66)
Minas Gerais - Brasil
Antônio Gabriel Santana Villela (Carmo do Rio Claro MG 1958). Diretor, cenógrafo e figurinista. Um dos talentosos e requisitados diretores que surgem na década de 1990, dotado de uma teatralidade barroca, vigorosa, com frequentes apelos ao imaginário brasileiro.
Após formar-se como diretor teatral pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), estreia, em 1989, com o espetáculo Você Vai Ver o Que Você Vai Ver, de Raymond Queneau, primeira produção do grupo Circo Grafitti. Em seguida, dirige O Concílio do Amor, de Oscar Panizza, uma produção do grupo Boi Voador. Ainda em 1989, cria o espetáculo Relações Perigosas, uma adaptação teatral de Heiner Müller para a obra de Chordellos de Laclos, com atuação da atriz Ruth Escobar.
Com Vem Buscar-Me que Ainda Sou Teu, 1990, de Carlos Alberto Soffredini, recebe Apetesp de melhor cenografia e Molière e Shell de melhor diretor, a peça é uma dramatização da célebre canção O Ébrio, de Vicente Celestino. No mesmo ano, cria A Vida É Sonho, de Calderón de la Barca, em que a atriz Regina Duarte interpreta o príncipe Segismundo.
A partir de 1992, inicia uma profícua relação com o grupo mineiro Galpão, encenando uma adaptação para a rua de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, empreendimento bem-sucedido que culmina em muitas viagens pelo Brasil e Europa, arrebatando diversos prêmios, considerado um marco da década de 1990.
Dirige A Guerra Santa, em 1993, uma versão brasileira de A Divina Comédia realizada por Luís Alberto de Abreu, tendo Beatriz Segall à frente do elenco e em 1994, A Falecida, de Nelson Rodrigues, com Maria Padilha. No ano seguinte cria, com o Galpão, A Rua da Amargura, texto de Eduardo Garrido que explora os ritos da Semana Santa nos circos-teatros, ganhando os prêmios Molière e Shell de melhor direção. Em 1995, dirige Marieta Severo, no espetáculo A Torre de Babel, de Fernando Arrabal.
Em 1996, dirigindo Renata Sorrah e Xuxa Lopes, realiza espetáculo a partir do texto Mary Stuart, de Schiller. No mesmo ano, estréia O Mambembe, de Artur Azevedo, uma produção do Teatro Popular do Sesi (TPS), encena Ventania, de Alcides Nogueira, e A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza. E, com os atores do Teatro Castro Alves, na Bahia, cria uma versão multicultural para O Sonho, obra de August Strindberg.
Com atores do núcleo Glória, em 1997, no Rio de Janeiro, encena dois espetáculos polêmicos: Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, e A Vida É Sonho, de Calderón de la Barca.
Em 1999 monta Replay, de Max Miller, e, em 2000, inaugura um série de retomadas da obra do dramaturgo e compositor Chico Buarque, com a montagem de Ópera do Malandro. Em 2001, seguem-se mais duas realizações com texto de Chico Buarque, os musicais Os Saltimbancos e Gota d'Água, uma transposição de Medéia para o universo dos morros cariocas. Em 2002, lança A Ponte e a Água da Piscina, de Alcides Nogueira, onde J. C. Serroni desenha uma cenografia que sugere um espaço bombardeado, cercado por muros com cacos de vidro.