O novo filme do diretor Matt Reeves conseguiu fazer algo que está sendo raro nos cinemas: uma continuação que realmente importa para a franquia e para os fãs, com conteúdo relevante e que não serve apenas para faturar com a venda de ingressos. Com roteiro escrito por Amanda Silver, Pierre Boulle, Mark Bomback e Rick Jaffa o longa tem uma narrativa interessante e atual que coloca fatos históricos e sociais em debate.
A trama se passa dez anos após Planeta dos Macacos: A Origem, podemos observar nitidamente a evolução dos animais em relação ao seu antecessor. O protagonista Cesar (Andy Serkis), além de mais inteligente, mostrou ter um melhor desenvolvimento de seus sentimentos e emoções – crédito dado ao ator e a captura de movimentos. Diante disso, os macacos demonstram grandes referências aos indígenas, com um modo de vida mais simples, porém, com uma cultura bem desenvolvida. Parte dessa ligação é mostrada quando eles se pintam em momentos de perigo ou pela maneira de como as fêmeas se enfeitam com colares e outros objetos. E tudo isso é baseado em uma hierarquia liderada por Cesar.
Enquanto os macacos estão evoluindo em seu modo de viver, pensar e agir, os humanos tiveram que retroceder involuntariamente e passaram a morar como tribos. Durante o primeiro ato, nota-se que nenhuma pessoa teme os macacos, e sim a gripe símia, doença no qual eles acreditam que vieram deles. Desta forma, os macacos superestimam os humanos – por conta de todos os maltratos que eles já passaram –, e povo subestima a inteligência dos animais, criando um desentendimento entre e os dois povos. Onde caberá ao líder Cesar controlar os símios e negociar uma trégua com Malcolm (Jason Clarke).
O filme gira em torno de duas causas: na primeira, os símios buscam criar sua própria sociedade e correr atrás de vingança pela liberdade que lhes foi tirada no passado. Na segunda, os indivíduos que querem reerguer a civilização depois da quase extinção da humanidade. A partir disso, a política interna dos grupos vai se disseminando e trazendo referências dos tempos atuais e históricos, como a destruição do Império Romano, a Segunda Guerra Mundial e as ditaduras militares, onde pessoas e macacos usam das falhas do passado para justificar os erros do presente. Apesar dessas ótimas relações, o filme peca no erro de forçar o estereótipo de que sempre há um cara bom no grupo dos maus e vice-versa.
Além disso, os roteiristas conseguiram introduzir os novos personagens, como Malcolm, Comelia (Judy Greer) e Deryfus (Gary Oldman), sem complicações ao entendimento do público. O ciclo do primeiro elenco foi completamente fechado sem deixar buracos, como por exemplo, ao relembrar a relação entre Cesar e Will Rodman (James Franco), algo que se tornou extremamente positivo para a narrativa.
Com muito mais animais do que no primeiro filme, a continuação apresenta uma clara melhoria nos efeitos visuais. A realidade apresentada nas telas dos cinemas é algo que realmente impressiona a quem está assistindo. Apesar do 3D não “funcionar” muito bem, toda a trama é retratada com belos planos e efeitos, principalmente nas cenas de ação. A utilização de motion capture, foi o um dos itens que mais valorizou o longa, ao transparecer uma realidade tão grande que dava a impressão de serem macacos reais atuando. Sem contar os olhares tocados por Cesar e Koba (Toby Kebbell), que passaram mais emoções do que o próprio elenco real.
Mesmo Planeta dos Macacos: O Confronto sendo um pouco mais longo do que deveria e autoexplicativo além da conta, o filme se diferencia dos demais, pois ele une a ação em conjunto com a reflexão política e sociológica da sociedade. E com isso, podemos ver que a ficção está mais realista do que imaginamos.
Por: Caroline Venco