Hoje em dia, não é segredo para ninguém que o conceito de video on demand, capitaneado pelo Netflix, transformou o mercado de home vídeo. Ao apresentar um novo modo do público assistir a filmes em casa, o sistema não apenas propiciou mais conforto ao público como obrigou todo o mercado – com destaque especial para os grandes estúdios – a se adaptarem à nova tendência.
Mesmo com sua história recente, o Netflix também liderou outra pequena revolução ao deixar de ser simplesmente uma “loja de filmes” e começar a produzir seu conteúdo próprio. Com o sucesso de House of Cards, o Netflix não apenas criou um produto de qualidade – como as indicações do Emmy, divulgadas recentemente, comprovaram – mas causou uma nova revolução no mercado.
Com um elenco de peso e um roteiro de qualidade, o conteúdo on demand conseguiu, em pouco tempo, encontrar uma possível resposta a um problema que a indústria enfrentava há anos: a pirataria. E isso graças a uma solução simples: ao colocar no ar todos os episódios ao mesmo tempo, o Netflix disponibiliza todo o conteúdo referente ao seriado, sem que o consumidor precise fazer downloads de episódios que já foram exibidos nos Estados Unidos mais ainda não chegaram ao país.
Não é à toa que diversos outros players de vídeo on demand, como a Amazon, também estão investindo na produção de conteúdo próprio. Isso abre um canal também para produtores, que ganham um novo meio de exibir séries canceladas anos atrás e que voltam a ver a luz do dia graças a este novo formato. É o caso de Arrested Development, que ganhou novos episódios no próprio Netflix, e de Star Trek – Enterprise, que neste momento passa por uma grande campanha para ser “incorporado” ao Netflix e ganhar uma quinta temporada.
Assim, o público pode esperar cada vez mais por empresas como Netflix e Amazon apresentando conteúdo próprio. Hoje, a tendência é que esta iniciativa cresça cada vez mais, tornando-se até mesmo regionalizada.
A prova disso é que foi anunciada a produção de novos episódios de A Toca, que marcará o primeiro conteúdo nacional exclusivo da Netflix, de acordo com notícia veiculada no jornal O Globo. Estrelada por Felipe Neto e contando com três episódios de 30 minutos cada, a série mostrará o cotidiano da Parafernalha, produtora de conteúdo online, num esquema parecido com The Office.
Goste-se ou não de Felipe Neto, a iniciativa é marcante. Não importa se o seriado será ótimo ou péssimo, mas sim a ousadia da Netflix em começar a regionalizar sua produção de conteúdo.
Aproveitando que as comédias estão em alta no Brasil – seja nos cinemas, seja na internet – a Netflix dá um passo além, mostrando que o consumidor não apenas pode escolher o que ou quando assistir, mas também contar com conteúdo exclusivo e inédito feito no seu próprio país. Pois certamente a iniciativa renderá novos frutos, dos mais diferentes gêneros e associados a produtoras menores.
Assim, todos ganham. A Netflix tem novas atrações exclusivas, o público ganha novas séries e produtoras encontram um parceiro disposto a auxiliar na produção e com sistema de distribuição próprio.
Anotem aí: a Netflix já transformou o mercado de home vídeo. Agora, ela está começando a modificar as regras do mercado de séries de TV. Aparentemente, é apenas uma questão de tempo.