Ainda é um filme muito bom, mas acho muito difícil ver aqui a estatura pretendida. Não tem como ser colocado junto com os outros dois e isso para mim é tão claro, que eu meio que não entendo como alguém ainda pode insistir nessa "equiparação".
Para início de conversa, mesmo que o filme estivesse no mesmo nível de lógica e de encenação dos outros dois - e infelizmente eu tenho que insistir que não está - já seria muito difícil de ele se posicionar junto ao primeiro e ao segundo, pelo simples fato de que você não tem como repetir um momento histórico... Se os Rolling Stones tivessem lançado nos anos 1990, um disco com canções tão boas quanto as que eles lançavam entre 1966 e 1972, não teria como você dizer que esse hipotético disco estaria no mesmo nível de Aftermath, Beggars Banquet ou Exile on Main Street.
Mas para além disso, o terceiro episódio do Poderoso Chefão é mesmo um trabalho que deixa a desejar, se comparado com os episódios anteriores, senão vejamos. The Godfather, esses filmes, eles são Hollywood e muito da importância e do impacto que eles tem, eu acho que vem do fato de que, a um só tempo, eles colocam em perspectiva o cinemão americano, mas, concomitantemente, fazem isso de uma maneira que tem muito de uma reverência e que se recusa a abandonar a sua nobre (?) linhagem. Muito pelo contrário, o desejo é continuar aquilo que já foi feito, ou melhor, abraçar o que se ama e realizar dentro dessa tradição, os sonhos, as visões que ainda não tinham sido postas para fora.
Eles agregam novas sensibilidades e outras camadas de profundidade, mas tudo sem abandonar (e mesmo com muito amor) a uma técnica e, principalmente, a um senso estético que são intrínsecos ao que foi construído ao longo do século na Califórnia e que se materializa como sendo aquele estilo de produção, que não tem como deixar de ser a referência.
Assim, para além do óbvio de que eles não são um retrato fiel - e talvez nem verossímil - do universo que eles retratam, a própria busca por outras dimensões mais profundas se vê em confronto com a necessidade irresistível de carisma, de identificação, de glamour. É por esse motivo que no primeiro filme você tem mais um grande filme americano e, no segundo, as fronteiras são maravilhosamente empurradas até perto do insustentável, para satisfazer a ambição trágica desta grande "ópera".
Desse modo, eu creio que a maneira mais viável de se construir um terceiro episódio que ficasse mais próximo dos dois primeiros, seria tentar forçar ainda mais essas fronteiras. De fato, algo nesse sentido talvez pudesse ter sido esboçado, uma vez que o trabalho tem algumas premissas brilhantes, notadamente a abordagem que expõe a tendência de o crime organizado tentar se legitimar, ao tornar-se grande demais, fora o grande ponto certo do filme, que é o papel que a igreja tem na história. Mas no balanço, o filme em sua totalidade faz justamente o contrário, ou seja, ele retrocede, ao ficar comodamente perto demais da tradição e, assim, de maneira quase que obrigatória, tentar criar vínculos emocionais equivocados entre o espectador e o personagem principal.
E para além disso tudo, a fita retrocede mais ainda, quando você percebe que ela é menor em todos os aspectos mesmo, inclusive no escopo, o que, a meu ver, é mais uma grande falta de lógica. Explico: enquanto o segundo filme "expande" a narrativa com o relação ao primeiro, esse aqui parece que a atrofia.
Acho que poderia haver muitas maneiras de contar um capítulo final, onde um Michael arrependido - ou tão apenas inteligente, ainda que também lamentoso - tentasse levar os afazeres da família para mais longe das trevas e mais perto da luz. Poderia haver opções mais nobres e de maior amplitude para fechar essa história, mas na minha humilde opinião, acho que deve ter faltado coragem, ambição, talvez até recursos ou mesmo entendimento para que se trilhasse esse caminho.
Achei o melhor trabalho do Tarantino desde o Kill Bill, embora para mim haja alguns problemas.
É um trabalho muito bem sucedido ao demonstrar que o diretor é capaz de evoluir e aprender com seus erros. Diminuiu a quantidade de diálogos supérfluos que não levavam a lugar nenhum e que, em si, já eram um pastiche dos diálogos dos primeiros filmes do diretor. Também, a narrativa é primorosa e de uma linearidade sem firulas, exceto por um ou outro flashback muito bem colocado, se não me falha a memória. Além disso, é realmente uma bela homenagem, que consegue ser bem poética. Não é ao cinema em si, de uma forma mais completa, mas sim talvez a um ramo do cinema, que mais tem a ver com produções baratas e televisivas de Hollywood e com o cinema mundial que emula o cinema americano.
Entretanto, acho que o trabalho acaba sendo um pouco prejudicado pela maneira pueril com a qual ele retrata algumas coisas e pessoas. Não que tais coisas ou pessoas mereçam mais respeito ou mais piedade, aliás, eu nem vou entrar nesse mérito. Agora o lance é que, se você pinta o diabo como sendo um pateta completo, você não transmite a fração necessária da gravidade da coisa e ainda deixa de lado o mínimo de elemento humano que levou àquele fato. Nesse sentido, não só achei certas personagens excessivamente idiotizadas, como a própria encenação da violência no final ficou meio boba e careceu de inteligência.
Ademais, no geral, o ponto de vista adotado no filme é o daqueles que pertencem ao passado. Assim, os “protagonistas” são dois machões conservadores que vêem com desconfiança o movimento hippie, mesmo que eles mesmos curtam uma viagem de vez em quando. Nesse sentido, acho que dá para compreender o fato
de o personagem mais fodão da história ser famoso por supostamente ter matado a própria esposa, dizer “não chore na frente dos mexicanos” e, ainda – no lance que mais chamou a atenção - ser retratado como uma espécie de John Wayne, que seria capaz de mostrar ao oriental Bruce Lee, o seu lugar em Hollywood
... Vá lá, é Hollywood (como diz no título) e Tarantino tem que mostrar como se pensava (e se sonhava) naquela época, além do que, em todo curso da fita, permanece clara e cristalina toda a imperfeição daquela era e de seus tipos.
No mais, outra coisa que eu vi ser comentada, mas nesse caso achei bem mais injustificada, é a alegação de que o filme faria um retrato negativo demais dos hippies. Ora, pelo que eu percebi, acho que fica evidente que o filme não acusa os hippies, mas sim um certo grupo que tem características hippies, mas que, segundo a própria fita, não tem muita comunicação com grupos exteriores, quiçá outras comunidades ditas hippies. Assim, Tarantino não tem obrigação de esclarecer que os hippies da história na verdade seriam supremacistas brancos (ou algo do tipo) e não hippies de verdade. Além do que, apesar de os "heróis" do filme verem os hippies daquele jeito bem desconfiado, em princípio nem eles mesmos imaginam que
os caras daquele grupo seriam capazes de tanta barbaridade
.
Quanto aos desempenhos, sinceramente, exceto talvez no longínquo Gilbert Grape, eu nunca vi Di Caprio tão bem em um papel. Já Brad Pitt tem uma atuação mais comedida, mas de uma aura quase impecável e consegue construir um desses personagens indestrutíveis, nesse caso aqui, talvez uma espécie de mistura de Redford, Coburn e Lee Marvin.
Em suma, tirando uns detalhes pueris, um belíssimo filme, para mim o melhor que o diretor fez na última década e meia.
Muito ruim. Abrupto, burocrático, ilógico, covarde e antidemocrático.
Ouvi dizer que fizeram essa bagaça pensando nos fãs que não gostaram dos desenvolvimentos ocorridos no Episódio VIII. Seja como for, pegaram tudo o que a franquia conseguiu avançar em termos de qualidade artística - a muito custo e depois da horrenda trilogia prequel - e jogaram fora pela janela.
Não desceu legal. Achei praticamente uma aula histriônica de como ser canalha, onde o mestre e o aluno superaram um ao outro. Apenas táticas de choque, para desembocar naquele final sem vergonha.
A série fecha com esse filme maluco e digo maluco no mau sentido mesmo, pois existem filmes malucos maravilhosos, o que não é o caso deste aqui, de jeito nenhum. Uma história mirabolante, doida e até mesmo perdida no tempo e no espaço, usada como desculpa para dar um final "apoteótico" para esta "trilogia".
É também o filme em que o diretor revela de forma mais explícita - e básica - os seus conceitos sócio econômicos.
Disparado, o melhor dos três filmes dessa série do cruzado encapuzado e um dos 2 ou 3 melhores filmes desse famigerado subgênero. Aqui realmente o diretor construiu mais um grande filme americano e, provavelmente, fez também seu melhor trabalho como realizador.
Curiosamente, este não é um filme síntese do trabalho de Nolan, mas um no qual o diretor foi inusitadamente feliz, utilizando apenas parte da parafernália e da temática que seriam identificadas como sendo suas. E, mesmo tendo alguns probleminhas de localização, Nolan constrói uma metáfora da violência urbana contemporânea e faz sua propaganda para o rearmamento da população.
O bonito na fita, é como Nolan consegue utilizar de maneira quase poética o que tem nas mãos, para deixar seu comentário, goste-se ou não de sua mensagem. Enquanto o intenso Heath Ledger encarna o caráter aterrorizante e alienador dessa violência, a própria cadeia de eventos da trama do filme encarna a conclusão inequívoca de que a população civil deve ir atrás de suas armas. E passou (e ainda passa) despercebido por muito gente, inclusive, muita gente boa. Fica a questão se Nolan teve inteligência consciente para construir esse monstro ou se foi intuitivo. O fato é que, alguém na produção devia saber disso... e não fez nada, hahaha...
O pontapé inicial, no qual o diretor Christopher Nolan procurou "curar" os "problemas" que até então haviam assolado todas as produções para a tela - inclusive as televisivas - do cruzado encapuzado. Para tanto, Nolan usa e abusa da dose permitida de realismo e deixa para trás até mesmo o paradigma anti-camp construído em Superman, de Richard Donner. O resultado? O Batman heterossexual, solitário, sem Robin, com seus próprios conflitos interiores de família, propriedade privada, nação (Gotham City) e religião (interior). O Batman tão "limpo" em suas linhas visuais, que acaba sendo uma criação em si mesma, distante até mesmo dos quadrinhos, provavelmente de quaisquer épocas, embora eu não possa afirmar isso com certeza. E é só, pois o filme em si é simples. A tarefa principal é ressuscitar o super-herói, com uma história básica, carregada em um roteiro que nem mesmo força a barra para ter algum sentido maior . Na guia, uma direção pouco imaginativa de Nolan. De fato, se vale, é mesmo pelo tom sóbrio particular criado no filme e por aquele tema da trilha sonora que só tem duas notas.
Tarantino pode saber como construir um pequeno universo, mas ele não parece mais capaz de sentir muito daquilo em que está tocando. E, do pouco que ele sente, ele mal consegue transmitir.
Com uma exibição cinematográfica cada vez mais paquidérmica, o diretor não tem mais noção da profundidade do buraco em que está pisando, ao mesmo tempo em que se enrosca em desenvolvimentos que cada vez mais parecem fazer sentido apenas para ele mesmo. A edição de seus filmes sempre foi um dos fatores principais, funcionando como corte e costura/ dosagem de ingredientes, para a sua verborragia e o seu grafismo. Entretanto, quanto mais ambicioso e mais pretensioso ele vai se tornando, mais raros são os seus freios. Caro lhe saiu seu excesso de confiança neste trabalho, onde saltam aos olhos as escolhas questionáveis em termos de tom e, possivelmente, até em termos de técnica.
Western individualista, escrito pelo direitista John Millius, diretor de Conan, o Bárbaro e Amanhecer Violento. Contemplativo e naturalista, traz um Robert Redford encarnando à perfeição um homem da montanha. O visual do filme consegue aproveitar a beleza viril do ator e integrá-la à fotografia e à direção de arte, que fazem um apanhado da natureza selvagem dos EUA. É um excelente exemplar cinematográfico da "filosofia do faça você mesmo", a civilização não é boa o suficiente para te dizer como viver.
É um filme bem feito, bem atuado e sensível, mas a posição ética e moral é problemática.
O filme humaniza todo mundo realmente, só que ele não para por aí, ele vai além da humanização, demonstrando empatia real, por certos tipos. A desculpa que o trabalho dá a entender, é que as falhas dessas pessoas seriam oriundas de seu ambiente cultural e de sua formação, ou seja, que essas pessoas são produtos do meio.
Nesse sentido, se o filme funciona, é por ser um conto moral simples, que apela para o sentimento, sem exagerar e, no fundo, é otimista. Mas, independentemente de qualquer coisa, fica claro também, que a dose de compaixão sobrepujou a responsabilidade. Os eventos do roteiro e a abordagem da direção, pelo menos em parte, foram colocados ali para "aliviar a barra" dos personagens preconceituosos e mandões, para lhes amenizar as condenações. Isso é um artifício não muito honesto, que sim, compromete o filme, independentemente de todo o resto e contexto.
É um filme engajado e bem intencionado, mas que segue um caminho que o compromete.
O diretor escolheu mostrar esse engajamento fazendo uma espécie de "Titanic underground", para os excluídos, os que sofrem preconceito. E sendo coerente com sua escolha, ele utiliza uma fórmula para conseguir esse efeito "hollywoodiano", manipulando inclusão social, um suposto "bom gosto" e romantismo "cult" contrabalançado com "gore".
Assim, a fita acaba trazendo uma história previsível ( no mau sentido), com personagens estereotipados e a mensagem em si também acaba sendo comprometida, pois o filme parece dar a impressão de que privilegia a separação, em detrimento da auto afirmação.
Além disso, as homenagens ao cinema são óbvias e, para completar, a história de monstro e mocinha como é trazida nesse trabalho, mesmo com o engajamento, não tem originalidade suficiente, sendo importante notar que sofreu um processo por plagiar uma peça de teatro dos anos 1960.
Acho que de tudo, sobra apenas o mérito de Del Toro para saber conduzir, sem deixar a maioria dos espectadores terem muito tempo para pensar além do impacto emocional imediato. O numerário de Oscars e de faturamento confirmam o que a obra pretende ser.
Muito interessante, mais um filme dos anos oitenta sobre adolescentes, só que ficou meio esquecido. Injustamente, pois é um trabalho bonito, com diferenciais.
É um filme com um tom mais para baixo. Acho que se destaca por esse tom mais pesado e por ser praticamente um filme sobre homens. Não há romances juvenis na história e as duas figuras femininas que aparecem na fita, são dois representações do desejo masculino pelo afeto de uma mãe e de uma mulher.
Claro, tem problemas, escorrega em alguns lugares comuns típicos e situações óbvias. Mas é um filme bonito, melancólico e com um andamento deliberado que só contribui.
Trilha sonora muito bem escolhida, melhor do que a média, nesse tipo de filme, nessa época.
É uma experiência e tanto, uma imersão que, a princípio, te apresenta à sensação daquela jornada, mas na verdade tem um olhar profundo sobre uma condição humana primordial.
A exploração, a descoberta e a perplexidade que a personagem experimenta, são como um sombrio poema narrativo, que substitui com perfeição e beleza, qualquer outra forma de condução que a fita poderia ter.
Para isso, a fotografia é excelente, a textura da película tem uma claridade e uma definição que identificam o filme como só podendo ser dos anos 2010s. A trilha sonora é simples e fantástica e funciona maravilhosamente, conseguindo até mesmo resgatar do fundo da sua memória, uma indelével impressão Sci-Fi, coisa que pode tocar principalmente quem tem paixão pelo gênero.
As atuações são naturalísticas e, pesquisando, descobri que muitas dos caras que aparecem no filme, são pessoas que estavam andando pela rua e foram filmadas com uma câmera escondida; o motociclista é um velocista campeão; o rapaz com neurofibromatose não está usando prótese.
Para completar, a Johansson tem um desempenho formidável, diferente de tudo que já se viu dela, conseguindo transmitir o deslocamento de seu personagem, ora com expressões vazias, ora com uma estranheza impactante, isso tudo sem falar na naturalidade com que ela fica nua, exibindo um corpo voluptuoso e de uma plasticidade luminosa e que, muito felizmente, não se coaduna tanto com certos padrões de beleza impostos.
Eu não vi tantos filmes assim do Kurosawa, devo ter assistido a uns 10 no máximo, mas a impressão que fica é a de que Ran é quase que uma síntese da obra do diretor, que potencializa suas características mais marcantes, só talvez não conseguindo o ser plenamente, porque o trabalho do Kurosawa deve ser muito grande, com tantas “variáveis” possíveis, que ficaria difícil para essa “pá de cal” assumir tal função. Mas, em todo caso, acho que há uma certa uniformidade em muito do estilo e da temática desse realizador japonês, pelo menos que eu perceba.
Kurosawa sempre me pareceu ser um artista cuja temática se encontrava mais próxima daquilo que às vezes nós chamamos de “preocupações universais”. Para completar, ele escolheu filmar muita coisa ambientada em épocas de espadas e castelos. Ran parece seguir por esse caminho, temos aqui uma peça de Shakespeare, o “senhor da universalidade”, adaptada para o Japão feudal, em um aparente anacronismo com relação à modernidade. Acho que há também, um distanciamento das próprias tendências da indústria do cinema, já que o prospecto de lucros ao se bancar mais uma extravagância áudio visual de um velho samurai - ainda por cima adaptando um dos mais famosos textos de Shakespeare – talvez não fosse exatamente o projeto de um blockbuster.
Mas felizmente, o diretor conseguiu realizar mais esse trabalho e, já perto do final da carreira, ele nos deu mais um obra em que nos apresenta uma história com muitas armaduras, batalhas a cavalo, golpes de espada e coloridos trajes de época, juntamente a crises de consciência, loucura e desilusão por parte de reis e senhores da guerra de uma época longínqua. Ou seja, me parece que esse realmente foi o testamento do diretor nesse estilo que ele tanto parecia amar.
Como sabido, o filme é uma adaptação do Rei Lear de Shakespeare, uma obra que trata, entre outras coisas, da destruição de todo um mundo - que fora cuidadosa e arduamente criado - por causa de uma falha moral. A temática encontra eco fácil na obra do Kurosawa e o diretor consegue mesmo pegar a história e dela fazer uma declaração pessoal e intransferível, .
Em Ran, a universalidade de Lear e Shakespeare se transforma ou dá lugar à universalidade de Kurosawa e vai além. Embora estejam presentes no filme, o velho conhecido drama de consciência e falha moral, o sangue para todo lado e as consequências catastróficas, Ran passa longe de ser um trabalho convencional e, em verdade, assume dimensões que põem em evidência o que há de mais forte na personalidade de seu realizador. De fato, trata-se mesmo de um filme maníaco, obsessivo e até mesmo distorcido, que compõe uma paisagem do ser humano, suas ambições e sentimentos, de maneira a levar às últimas consequências o que fora iniciado na peça de Shakespeare, para, ao final, se transformar numa poderosa exibição do que há de mais visceral e transformador na arte de Kurosawa.
Ran, o filme, é uma obra de extravagâncias, de extrapolações, que leva a já imensa carga emocional e psicológica da obra original, para um universo ultra saturado. Mas o grande diferencial é que toda aquela exuberância e exagero, na verdade funcionam maravilhosamente bem, tanto para o cinema quanto para a própria arte, sendo uma auto afirmação em ambos.
Como já dito por muitos, Kurosawa parece ter tido um espírito razoavelmente conservador em certos aspectos, preferindo contar suas histórias no passado, de uma maneira que causa no espectador a sensação de que ele está ouvindo um ancião de alguma aldeia japonesa, relatar sagas de grandes guerreiros e reis caídos. De fato é isso que Ran faz, mas o filme tem a incrível capacidade de levar a própria arte ao questionamento e à inevitável conclusão de que a força de uma obra pode estar também em sua loucura, em sua demência e de que, a despeito de sua ambientação superficial, essa “anormalidade” reflete a respeito do caos que são a própria humanidade e suas criações.
Trocando em miúdos, Ran é um filme tão louco, tão desvairado, mas feito com tanta autoridade com tanta propriedade, que consegue ser psicopaticamente preciso, levando o espectador atento a perceber que tamanha loucura, tamanho devaneio, só poderia ser fruto daquele ano de 1985, quando o cinema já contava 90 anos de idade e Shakespeare, este já estava morto há mais de três séculos e meio.
É certo que a arte pode clamar pela verdade e que, em fazendo isso, procure formas e conceitos que reflitam o tempo em que se vive, para que se evolua e se abandone aquilo o que parece nos prender ao ranço do passado. Mas o que é o novo? Quem pode responder a essa pergunta? E quem pode negar a força da insanidade, especialmente quando essa insanidade te faz esquecer tudo e que está a sua volta e te mergulha dentro de uma tela de cinema, dentro da alma de um velho japonês, dentro da pessoa que está do teu lado na cadeira de cinema, quando você percebe que ela está vendo e sentindo o mesmo que você?
Quem pode negar a força da insanidade que – exibindo cores luminosas e brilhos de lâminas de espadas do século XV – reflita toda a exuberância e toda a desconexão de um simples passeio em uma metrópole dos séculos XX e XXI, com todo que de mais bizarro se encontra pelas ruas?
Cada cena, cada sequência do filme, é um momento de luz e de loucura, de uma loucura que não apenas tenta fazer uma visão majestosa de um passado em cores vivas, mas de uma loucura que se choca com a contemporaneidade, ao mesmo tempo em que só pode existir dentro dela e que a questiona, para dobrá-la e pô-la de quatro. Tudo é um exagero nesse filme, mas ainda assim, todo o exagero dessa obra tem sua razão de ser, ou melhor, todo o exagero dessa obra é tão poderosamente convincente, que a própria arte passa a amá-la. A técnica e a criatividade são aqui um veículo para construir momentos que hão de ficar instalados na memória, tal como a loucura da própria contemporaneidade se instala em nossa mente em incontáveis deslumbramentos e assombros de nosso dia a dia.
Ran, o filme de Kurosawa, é uma afirmação da personalidade - da personagem mesmo - do próprio realizador, uma obra que tenta resumir tanto suas preocupações humanas quanto a beleza e a loucura de sua imagens e que, por via de uma força descomunal, sucede em seu objetivo, sobrepondo-se às críticas e neutralizando a modernidade. Ran transporta o espectador para um reino de dimensões humanas e estéticas de uma monumentalidade tão distópica e tão impossível em outros tempos, que apenas pode ser fruto da contemporaneidade, vindo então a questioná-la e fazendo-a ajoelhar-se diante do passado filtrado pelos olhos de um um homem velho, de um ancião japonês contador de histórias, que nasceu no século XX, viu dois cogumelos gigantes crescerem em seu país e morreu às portas de nosso século XXI.
Dos filmes que vi desse mais famoso dos cineastas orientais, esse é o de que mais gostei e creio que não esteja sozinho nesta opinião. É perceptível que Ran, além de tudo isso, ainda seja uma obra de considerável influência no cinema mundial, tendo inspirado, desde que foi lançado, principalmente a estética de filmes sobre a guerra – tanto a guerra antiga, pré-industrial, como a moderna - e até mesmo em trabalhos mais “tarantinescos”. Acho que é impossível não encontrar pelo menos um eco de Ran e suas magníficas cenas, na plasticidade de filmes como “Coração Valente”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “300” ou mesmo “Kill Bill”. Por mais que tudo seja um grande cadinho cultural, Ran já estava lá em 1985, com aquelas sequências assombrosas de carnificina edificadas em sons, silêncios e velocidades.
Imaginava que o filme fosse diferente, não sabia que era do Ron Howard. Quando vi o nome do diretor nos créditos, minha expectativa logo mudou.
De fato, esse é um filme incrivelmente "formulático".
O que temos aqui é a velha história já contada várias vezes do mesmo modo: um cara desacreditado, que tem que dar a volta por cima e escolhe para isso uma empreitada que ninguém imaginaria que ele fizesse.
Ninguém leva fé nele, a não ser um grupo de leais companheiros, todos bem arquetípicos. De quebra, ele ainda conhece uma mocinha no meio da história e o seu oponente nessa aventura é o velho "vilão", simpático e bonachão.
derrota nas primeiras batalhas, grande esforço quando tudo parece perdido e finalmente a vitória no último ruond.
É incrível como Roward, apesar de ser um diretor competente, que sabe prender atenção, repete exatamente a mesma coisa de sempre.
Mesmo que fatos dessa história correspondam à realidade, é incrível como deve ser lucrativo fazer com que a vida real se "encaixe" em um "passo a asso" hollywoodiano.
A melhor coisa do filme é o desempenho do Frank Langella, que apesar de compor um tipo já bem batido, consegue conferir nuances e certo mistério em torno de seu Richard Nixon.
Uma pena. Se fosse uma produção com mais visão e interesse artístico, essa história - que, diga-se, é DU KARA... - poderia ter um resultado muito melhor.
Uma pérola extraída de uma premissa diferente, feita originalmente para a TV soviética no meio da década de 1970.
Uma historinha bacana, contada com um humor saudável, inocente até, de maneira simples, despretensiosa, mas sempre cativante, mesmo em suas 3 horas de projeção.
O casal de protagonistas funciona bem e a beleza da atriz principal, a linda e desconhecida Barbara Brylska, é marcante.
Muito bonito em muitos aspectos, mas meio problemático também.
Idéia muito boa e um punhado de cenas sensíveis e instigantes. Mas no todo, a abordagem dilui muito e acaba levando o filme para aquela velha história da moça pobre que se apega ao patrão, com direito até mesmo a que a mocinha seja salva da injustiça, pelo seu mestre!
Mas não há como negar que o visual é um espetáculo à parte, aliás, o visual é o espetáculo do filme.
Essa é mais uma película que recria muito bem a atmosfera de um século emulando as pinturas que eram produzidas na época e tudo vai muito bem nesse quesito, mas muito bem mesmo.
Scarlett Johanson aparece aqui muita linda mesmo, de uma maneira diferente.
Infelizmente e injustamente, este filme ficou esquecido, mas é um trabalho especialmente notável dentro do gênero.
O roteiro pode não ser brilhante, mas é bom. O tom não é sério demais, mas tão pouco é uma bobeirada com doses de sentimentalismo.
Na verdade, mesmo despretensioso, o filme tem mesmo uns "insights" bem legais, notoriamente o lance da loteria e o final, onde se disputa a "autoria da façanha".
Destaque ainda para a direção de arte, que é precursora do Senhor dos Anéis, para a trilha sonora áspera do veterano Alex North (de Spartacus e Cleópatra) e, sobretudo, para o fantástico stop motion do dragão do filme.
Sinceramente, esse é o melhor trabalho de stop motion que eu já vi, superando mesmo muitas criaturas concebidas com CGI nos anos 90 e 2000.
Com certeza um referencial indispensável para o gênero no cinema. Grande, merecia melhor reconhecimento.
Não é apenas uma deliciosa aventura, mas uma peça na qual todos os elementos da produção são bem sucedidos.
Efeitos especiais lindos e criativos, criaturas de "design" fantástico e uma direção de arte sem surpresas, mas esplendorosa.
Fora isso, elenco pouco expressivo, mas convincente, na medida em que o que mais importa é a aparência dos personagens, quase como se fosse HQ. E que aparência tem a Caroline Munro!
Pra completar, acima de tudo o próprio estilo visual do início dos 70s, saído da contra-cultura, se encaixa perfeitamente na fantasia orientalista do filme.
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraAinda é um filme muito bom, mas acho muito difícil ver aqui a estatura pretendida. Não tem como ser colocado junto com os outros dois e isso para mim é tão claro, que eu meio que não entendo como alguém ainda pode insistir nessa "equiparação".
Para início de conversa, mesmo que o filme estivesse no mesmo nível de lógica e de encenação dos outros dois - e infelizmente eu tenho que insistir que não está - já seria muito difícil de ele se posicionar junto ao primeiro e ao segundo, pelo simples fato de que você não tem como repetir um momento histórico... Se os Rolling Stones tivessem lançado nos anos 1990, um disco com canções tão boas quanto as que eles lançavam entre 1966 e 1972, não teria como você dizer que esse hipotético disco estaria no mesmo nível de Aftermath, Beggars Banquet ou Exile on Main Street.
Mas para além disso, o terceiro episódio do Poderoso Chefão é mesmo um trabalho que deixa a desejar, se comparado com os episódios anteriores, senão vejamos. The Godfather, esses filmes, eles são Hollywood e muito da importância e do impacto que eles tem, eu acho que vem do fato de que, a um só tempo, eles colocam em perspectiva o cinemão americano, mas, concomitantemente, fazem isso de uma maneira que tem muito de uma reverência e que se recusa a abandonar a sua nobre (?) linhagem. Muito pelo contrário, o desejo é continuar aquilo que já foi feito, ou melhor, abraçar o que se ama e realizar dentro dessa tradição, os sonhos, as visões que ainda não tinham sido postas para fora.
Eles agregam novas sensibilidades e outras camadas de profundidade, mas tudo sem abandonar (e mesmo com muito amor) a uma técnica e, principalmente, a um senso estético que são intrínsecos ao que foi construído ao longo do século na Califórnia e que se materializa como sendo aquele estilo de produção, que não tem como deixar de ser a referência.
Assim, para além do óbvio de que eles não são um retrato fiel - e talvez nem verossímil - do universo que eles retratam, a própria busca por outras dimensões mais profundas se vê em confronto com a necessidade irresistível de carisma, de identificação, de glamour. É por esse motivo que no primeiro filme você tem mais um grande filme americano e, no segundo, as fronteiras são maravilhosamente empurradas até perto do insustentável, para satisfazer a ambição trágica desta grande "ópera".
Desse modo, eu creio que a maneira mais viável de se construir um terceiro episódio que ficasse mais próximo dos dois primeiros, seria tentar forçar ainda mais essas fronteiras. De fato, algo nesse sentido talvez pudesse ter sido esboçado, uma vez que o trabalho tem algumas premissas brilhantes, notadamente a abordagem que expõe a tendência de o crime organizado tentar se legitimar, ao tornar-se grande demais, fora o grande ponto certo do filme, que é o papel que a igreja tem na história. Mas no balanço, o filme em sua totalidade faz justamente o contrário, ou seja, ele retrocede, ao ficar comodamente perto demais da tradição e, assim, de maneira quase que obrigatória, tentar criar vínculos emocionais equivocados entre o espectador e o personagem principal.
E para além disso tudo, a fita retrocede mais ainda, quando você percebe que ela é menor em todos os aspectos mesmo, inclusive no escopo, o que, a meu ver, é mais uma grande falta de lógica. Explico: enquanto o segundo filme "expande" a narrativa com o relação ao primeiro, esse aqui parece que a atrofia.
Acho que poderia haver muitas maneiras de contar um capítulo final, onde um Michael arrependido - ou tão apenas inteligente, ainda que também lamentoso - tentasse levar os afazeres da família para mais longe das trevas e mais perto da luz. Poderia haver opções mais nobres e de maior amplitude para fechar essa história, mas na minha humilde opinião, acho que deve ter faltado coragem, ambição, talvez até recursos ou mesmo entendimento para que se trilhasse esse caminho.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraAchei o melhor trabalho do Tarantino desde o Kill Bill, embora para mim haja alguns problemas.
É um trabalho muito bem sucedido ao demonstrar que o diretor é capaz de evoluir e aprender com seus erros. Diminuiu a quantidade de diálogos supérfluos que não levavam a lugar nenhum e que, em si, já eram um pastiche dos diálogos dos primeiros filmes do diretor. Também, a narrativa é primorosa e de uma linearidade sem firulas, exceto por um ou outro flashback muito bem colocado, se não me falha a memória. Além disso, é realmente uma bela homenagem, que consegue ser bem poética. Não é ao cinema em si, de uma forma mais completa, mas sim talvez a um ramo do cinema, que mais tem a ver com produções baratas e televisivas de Hollywood e com o cinema mundial que emula o cinema americano.
Entretanto, acho que o trabalho acaba sendo um pouco prejudicado pela maneira pueril com a qual ele retrata algumas coisas e pessoas. Não que tais coisas ou pessoas mereçam mais respeito ou mais piedade, aliás, eu nem vou entrar nesse mérito. Agora o lance é que, se você pinta o diabo como sendo um pateta completo, você não transmite a fração necessária da gravidade da coisa e ainda deixa de lado o mínimo de elemento humano que levou àquele fato. Nesse sentido, não só achei certas personagens excessivamente idiotizadas, como a própria encenação da violência no final ficou meio boba e careceu de inteligência.
Ademais, no geral, o ponto de vista adotado no filme é o daqueles que pertencem ao passado. Assim, os “protagonistas” são dois machões conservadores que vêem com desconfiança o movimento hippie, mesmo que eles mesmos curtam uma viagem de vez em quando. Nesse sentido, acho que dá para compreender o fato
de o personagem mais fodão da história ser famoso por supostamente ter matado a própria esposa, dizer “não chore na frente dos mexicanos” e, ainda – no lance que mais chamou a atenção - ser retratado como uma espécie de John Wayne, que seria capaz de mostrar ao oriental Bruce Lee, o seu lugar em Hollywood
No mais, outra coisa que eu vi ser comentada, mas nesse caso achei bem mais injustificada, é a alegação de que o filme faria um retrato negativo demais dos hippies. Ora, pelo que eu percebi, acho que fica evidente que o filme não acusa os hippies, mas sim um certo grupo que tem características hippies, mas que, segundo a própria fita, não tem muita comunicação com grupos exteriores, quiçá outras comunidades ditas hippies. Assim, Tarantino não tem obrigação de esclarecer que os hippies da história na verdade seriam supremacistas brancos (ou algo do tipo) e não hippies de verdade. Além do que, apesar de os "heróis" do filme verem os hippies daquele jeito bem desconfiado, em princípio nem eles mesmos imaginam que
os caras daquele grupo seriam capazes de tanta barbaridade
Quanto aos desempenhos, sinceramente, exceto talvez no longínquo Gilbert Grape, eu nunca vi Di Caprio tão bem em um papel. Já Brad Pitt tem uma atuação mais comedida, mas de uma aura quase impecável e consegue construir um desses personagens indestrutíveis, nesse caso aqui, talvez uma espécie de mistura de Redford, Coburn e Lee Marvin.
Em suma, tirando uns detalhes pueris, um belíssimo filme, para mim o melhor que o diretor fez na última década e meia.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraMuito ruim. Abrupto, burocrático, ilógico, covarde e antidemocrático.
Ouvi dizer que fizeram essa bagaça pensando nos fãs que não gostaram dos desenvolvimentos ocorridos no Episódio VIII. Seja como for, pegaram tudo o que a franquia conseguiu avançar em termos de qualidade artística - a muito custo e depois da horrenda trilogia prequel - e jogaram fora pela janela.
BIZONHO
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraNão desceu legal. Achei praticamente uma aula histriônica de como ser canalha, onde o mestre e o aluno superaram um ao outro. Apenas táticas de choque, para desembocar naquele final sem vergonha.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraA série fecha com esse filme maluco e digo maluco no mau sentido mesmo, pois existem filmes malucos maravilhosos, o que não é o caso deste aqui, de jeito nenhum. Uma história mirabolante, doida e até mesmo perdida no tempo e no espaço, usada como desculpa para dar um final "apoteótico" para esta "trilogia".
É também o filme em que o diretor revela de forma mais explícita - e básica - os seus conceitos sócio econômicos.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraDisparado, o melhor dos três filmes dessa série do cruzado encapuzado e um dos 2 ou 3 melhores filmes desse famigerado subgênero. Aqui realmente o diretor construiu mais um grande filme americano e, provavelmente, fez também seu melhor trabalho como realizador.
Curiosamente, este não é um filme síntese do trabalho de Nolan, mas um no qual o diretor foi inusitadamente feliz, utilizando apenas parte da parafernália e da temática que seriam identificadas como sendo suas. E, mesmo tendo alguns probleminhas de localização, Nolan constrói uma metáfora da violência urbana contemporânea e faz sua propaganda para o rearmamento da população.
O bonito na fita, é como Nolan consegue utilizar de maneira quase poética o que tem nas mãos, para deixar seu comentário, goste-se ou não de sua mensagem. Enquanto o intenso Heath Ledger encarna o caráter aterrorizante e alienador dessa violência, a própria cadeia de eventos da trama do filme encarna a conclusão inequívoca de que a população civil deve ir atrás de suas armas. E passou (e ainda passa) despercebido por muito gente, inclusive, muita gente boa. Fica a questão se Nolan teve inteligência consciente para construir esse monstro ou se foi intuitivo. O fato é que, alguém na produção devia saber disso... e não fez nada, hahaha...
Belo filme, de qualquer modo.
Batman Begins
4.0 1,4K Assista AgoraO pontapé inicial, no qual o diretor Christopher Nolan procurou "curar" os "problemas" que até então haviam assolado todas as produções para a tela - inclusive as televisivas - do cruzado encapuzado. Para tanto, Nolan usa e abusa da dose permitida de realismo e deixa para trás até mesmo o paradigma anti-camp construído em Superman, de Richard Donner. O resultado? O Batman heterossexual, solitário, sem Robin, com seus próprios conflitos interiores de família, propriedade privada, nação (Gotham City) e religião (interior). O Batman tão "limpo" em suas linhas visuais, que acaba sendo uma criação em si mesma, distante até mesmo dos quadrinhos, provavelmente de quaisquer épocas, embora eu não possa afirmar isso com certeza. E é só, pois o filme em si é simples. A tarefa principal é ressuscitar o super-herói, com uma história básica, carregada em um roteiro que nem mesmo força a barra para ter algum sentido maior . Na guia, uma direção pouco imaginativa de Nolan. De fato, se vale, é mesmo pelo tom sóbrio particular criado no filme e por aquele tema da trilha sonora que só tem duas notas.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraTarantino pode saber como construir um pequeno universo, mas ele não parece mais capaz de sentir muito daquilo em que está tocando. E, do pouco que ele sente, ele mal consegue transmitir.
Com uma exibição cinematográfica cada vez mais paquidérmica, o diretor não tem mais noção da profundidade do buraco em que está pisando, ao mesmo tempo em que se enrosca em desenvolvimentos que cada vez mais parecem fazer sentido apenas para ele mesmo. A edição de seus filmes sempre foi um dos fatores principais, funcionando como corte e costura/ dosagem de ingredientes, para a sua verborragia e o seu grafismo. Entretanto, quanto mais ambicioso e mais pretensioso ele vai se tornando, mais raros são os seus freios. Caro lhe saiu seu excesso de confiança neste trabalho, onde saltam aos olhos as escolhas questionáveis em termos de tom e, possivelmente, até em termos de técnica.
Mais Forte que a Vingança
4.0 53 Assista AgoraWestern individualista, escrito pelo direitista John Millius, diretor de Conan, o Bárbaro e Amanhecer Violento. Contemplativo e naturalista, traz um Robert Redford encarnando à perfeição um homem da montanha. O visual do filme consegue aproveitar a beleza viril do ator e integrá-la à fotografia e à direção de arte, que fazem um apanhado da natureza selvagem dos EUA. É um excelente exemplar cinematográfico da "filosofia do faça você mesmo", a civilização não é boa o suficiente para te dizer como viver.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraÉ um filme bem feito, bem atuado e sensível, mas a posição ética e moral é problemática.
O filme humaniza todo mundo realmente, só que ele não para por aí, ele vai além da humanização, demonstrando empatia real, por certos tipos. A desculpa que o trabalho dá a entender, é que as falhas dessas pessoas seriam oriundas de seu ambiente cultural e de sua formação, ou seja, que essas pessoas são produtos do meio.
Nesse sentido, se o filme funciona, é por ser um conto moral simples, que apela para o sentimento, sem exagerar e, no fundo, é otimista. Mas, independentemente de qualquer coisa, fica claro também, que a dose de compaixão sobrepujou a responsabilidade. Os eventos do roteiro e a abordagem da direção, pelo menos em parte, foram colocados ali para "aliviar a barra" dos personagens preconceituosos e mandões, para lhes amenizar as condenações. Isso é um artifício não muito honesto, que sim, compromete o filme, independentemente de todo o resto e contexto.
A Forma da Água
3.9 2,7KÉ um filme engajado e bem intencionado, mas que segue um caminho que o compromete.
O diretor escolheu mostrar esse engajamento fazendo uma espécie de "Titanic underground", para os excluídos, os que sofrem preconceito. E sendo coerente com sua escolha, ele utiliza uma fórmula para conseguir esse efeito "hollywoodiano", manipulando inclusão social, um suposto "bom gosto" e romantismo "cult" contrabalançado com "gore".
Assim, a fita acaba trazendo uma história previsível ( no mau sentido), com personagens estereotipados e a mensagem em si também acaba sendo comprometida, pois o filme parece dar a impressão de que privilegia a separação, em detrimento da auto afirmação.
Além disso, as homenagens ao cinema são óbvias e, para completar, a história de monstro e mocinha como é trazida nesse trabalho, mesmo com o engajamento, não tem originalidade suficiente, sendo importante notar que sofreu um processo por plagiar uma peça de teatro dos anos 1960.
Acho que de tudo, sobra apenas o mérito de Del Toro para saber conduzir, sem deixar a maioria dos espectadores terem muito tempo para pensar além do impacto emocional imediato. O numerário de Oscars e de faturamento confirmam o que a obra pretende ser.
A Guerra do Chocolate
2.9 3Muito interessante, mais um filme dos anos oitenta sobre adolescentes, só que ficou meio esquecido. Injustamente, pois é um trabalho bonito, com diferenciais.
É um filme com um tom mais para baixo. Acho que se destaca por esse tom mais pesado e por ser praticamente um filme sobre homens. Não há romances juvenis na história e as duas figuras femininas que aparecem na fita, são dois representações do desejo masculino pelo afeto de uma mãe e de uma mulher.
Claro, tem problemas, escorrega em alguns lugares comuns típicos e situações óbvias. Mas é um filme bonito, melancólico e com um andamento deliberado que só contribui.
Trilha sonora muito bem escolhida, melhor do que a média, nesse tipo de filme, nessa época.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraGostei muito.
É uma experiência e tanto, uma imersão que, a princípio, te apresenta à sensação daquela jornada, mas na verdade tem um olhar profundo sobre uma condição humana primordial.
A exploração, a descoberta e a perplexidade que a personagem experimenta, são como um sombrio poema narrativo, que substitui com perfeição e beleza, qualquer outra forma de condução que a fita poderia ter.
Para isso, a fotografia é excelente, a textura da película tem uma claridade e uma definição que identificam o filme como só podendo ser dos anos 2010s. A trilha sonora é simples e fantástica e funciona maravilhosamente, conseguindo até mesmo resgatar do fundo da sua memória, uma indelével impressão Sci-Fi, coisa que pode tocar principalmente quem tem paixão pelo gênero.
As atuações são naturalísticas e, pesquisando, descobri que muitas dos caras que aparecem no filme, são pessoas que estavam andando pela rua e foram filmadas com uma câmera escondida; o motociclista é um velocista campeão; o rapaz com neurofibromatose não está usando prótese.
Para completar, a Johansson tem um desempenho formidável, diferente de tudo que já se viu dela, conseguindo transmitir o deslocamento de seu personagem, ora com expressões vazias, ora com uma estranheza impactante, isso tudo sem falar na naturalidade com que ela fica nua, exibindo um corpo voluptuoso e de uma plasticidade luminosa e que, muito felizmente, não se coaduna tanto com certos padrões de beleza impostos.
Enfim: um filmaço. Mesmo.
Ran
4.5 265 Assista AgoraEu não vi tantos filmes assim do
Kurosawa, devo ter assistido a uns 10 no máximo, mas a impressão
que fica é a de que Ran é quase que uma síntese da obra do
diretor, que potencializa suas características mais marcantes, só
talvez não conseguindo o ser plenamente, porque o trabalho do
Kurosawa deve ser muito grande, com tantas “variáveis”
possíveis, que ficaria difícil para essa “pá de cal” assumir
tal função. Mas, em todo caso, acho que há uma certa uniformidade
em muito do estilo e da temática desse realizador japonês, pelo
menos que eu perceba.
Kurosawa sempre me pareceu ser um
artista cuja temática se encontrava mais próxima daquilo que às
vezes nós chamamos de “preocupações universais”. Para
completar, ele escolheu filmar muita coisa ambientada em épocas de
espadas e castelos. Ran parece seguir por esse caminho, temos aqui
uma peça de Shakespeare, o “senhor da universalidade”, adaptada
para o Japão feudal, em um aparente anacronismo com relação à
modernidade. Acho que há também, um distanciamento das próprias
tendências da indústria do cinema, já que o prospecto de lucros ao
se bancar mais uma extravagância áudio visual de um velho samurai -
ainda por cima adaptando um dos mais famosos textos de Shakespeare –
talvez não fosse exatamente o projeto de um blockbuster.
Mas felizmente, o diretor conseguiu
realizar mais esse trabalho e, já perto do final da carreira, ele
nos deu mais um obra em que nos apresenta uma história com muitas
armaduras, batalhas a cavalo, golpes de espada e coloridos trajes de
época, juntamente a crises de consciência, loucura e desilusão por
parte de reis e senhores da guerra de uma época longínqua. Ou seja,
me parece que esse realmente foi o testamento do diretor nesse estilo
que ele tanto parecia amar.
Como sabido, o filme é uma adaptação
do Rei Lear de Shakespeare, uma obra que trata, entre outras coisas,
da destruição de todo um mundo - que fora cuidadosa e arduamente
criado - por causa de uma falha moral. A temática encontra eco fácil
na obra do Kurosawa e o diretor consegue mesmo pegar a história e
dela fazer uma declaração pessoal e intransferível, .
Em Ran, a universalidade de Lear e
Shakespeare se transforma ou dá lugar à universalidade de Kurosawa
e vai além. Embora estejam presentes no filme, o velho conhecido
drama de consciência e falha moral, o sangue para todo lado e as
consequências catastróficas, Ran passa longe de ser um trabalho
convencional e, em verdade, assume dimensões que põem em evidência
o que há de mais forte na personalidade de seu realizador. De fato,
trata-se mesmo de um filme maníaco, obsessivo e até mesmo
distorcido, que compõe uma paisagem do ser humano, suas ambições e
sentimentos, de maneira a levar às últimas consequências o que
fora iniciado na peça de Shakespeare, para, ao final, se transformar
numa poderosa exibição do que há de mais visceral e transformador
na arte de Kurosawa.
Ran, o filme, é uma obra de
extravagâncias, de extrapolações, que leva a já imensa carga
emocional e psicológica da obra original, para um universo ultra
saturado. Mas o grande diferencial é que toda aquela exuberância e
exagero, na verdade funcionam maravilhosamente bem, tanto para o
cinema quanto para a própria arte, sendo uma auto afirmação em
ambos.
Como já dito por muitos, Kurosawa
parece ter tido um espírito razoavelmente conservador em certos
aspectos, preferindo contar suas histórias no passado, de uma
maneira que causa no espectador a sensação de que ele está ouvindo
um ancião de alguma aldeia japonesa, relatar sagas de grandes
guerreiros e reis caídos. De fato é isso que Ran faz, mas o filme
tem a incrível capacidade de levar a própria arte ao questionamento
e à inevitável conclusão de que a força de uma obra pode estar
também em sua loucura, em sua demência e de que, a despeito de sua
ambientação superficial, essa “anormalidade” reflete a respeito
do caos que são a própria humanidade e suas criações.
Trocando em miúdos, Ran é um filme
tão louco, tão desvairado, mas feito com tanta autoridade com tanta
propriedade, que consegue ser psicopaticamente preciso, levando o
espectador atento a perceber que tamanha loucura, tamanho devaneio,
só poderia ser fruto daquele ano de 1985, quando o cinema já
contava 90 anos de idade e Shakespeare, este já estava morto há
mais de três séculos e meio.
É certo que a arte pode clamar pela
verdade e que, em fazendo isso, procure formas e conceitos que
reflitam o tempo em que se vive, para que se evolua e se abandone
aquilo o que parece nos prender ao ranço do passado. Mas o que é o
novo? Quem pode responder a essa pergunta? E quem pode negar a força
da insanidade, especialmente quando essa insanidade te faz esquecer
tudo e que está a sua volta e te mergulha dentro de uma tela de
cinema, dentro da alma de um velho japonês, dentro da pessoa que
está do teu lado na cadeira de cinema, quando você percebe que ela
está vendo e sentindo o mesmo que você?
Quem pode negar a força da insanidade
que – exibindo cores luminosas e brilhos de lâminas de espadas do
século XV – reflita toda a exuberância e toda a desconexão de um
simples passeio em uma metrópole dos séculos XX e XXI, com todo que
de mais bizarro se encontra pelas ruas?
Cada cena, cada sequência do filme, é
um momento de luz e de loucura, de uma loucura que não apenas tenta
fazer uma visão majestosa de um passado em cores vivas, mas de uma
loucura que se choca com a contemporaneidade, ao mesmo tempo em que
só pode existir dentro dela e que a questiona, para dobrá-la e
pô-la de quatro. Tudo é um exagero nesse filme, mas ainda assim,
todo o exagero dessa obra tem sua razão de ser, ou melhor, todo o
exagero dessa obra é tão poderosamente convincente, que a própria
arte passa a amá-la. A técnica e a criatividade são aqui um
veículo para construir momentos que hão de ficar instalados na
memória, tal como a loucura da própria contemporaneidade se instala
em nossa mente em incontáveis deslumbramentos e assombros de nosso
dia a dia.
Ran, o filme de Kurosawa, é uma
afirmação da personalidade - da personagem mesmo - do próprio
realizador, uma obra que tenta resumir tanto suas preocupações
humanas quanto a beleza e a loucura de sua imagens e que, por via de
uma força descomunal, sucede em seu objetivo, sobrepondo-se às
críticas e neutralizando a modernidade. Ran transporta o espectador para um
reino de dimensões humanas e estéticas de uma monumentalidade tão
distópica e tão impossível em outros tempos, que apenas pode ser
fruto da contemporaneidade, vindo então a questioná-la e fazendo-a
ajoelhar-se diante do passado filtrado pelos olhos de um um homem
velho, de um ancião japonês contador de histórias, que nasceu no
século XX, viu dois cogumelos gigantes crescerem em seu país e
morreu às portas de nosso século XXI.
Dos filmes que vi desse mais famoso dos
cineastas orientais, esse é o de que mais gostei e creio que não
esteja sozinho nesta opinião. É perceptível que Ran, além de tudo
isso, ainda seja uma obra de considerável influência no cinema
mundial, tendo inspirado, desde que foi lançado, principalmente a
estética de filmes sobre a guerra – tanto a guerra antiga,
pré-industrial, como a moderna - e até mesmo em trabalhos mais
“tarantinescos”. Acho que é impossível não encontrar pelo
menos um eco de Ran e suas magníficas cenas, na plasticidade de
filmes como “Coração Valente”, “O Resgate do Soldado Ryan”,
“300” ou mesmo “Kill Bill”. Por mais que tudo seja um grande
cadinho cultural, Ran já estava lá em 1985, com aquelas sequências
assombrosas de carnificina edificadas em sons, silêncios e
velocidades.
A Marca da Corrupção
3.2 11 Assista AgoraBom filme de ação, com conteúdo e ótimas atuações.
Yellow Submarine
4.2 224 Assista AgoraO filme é muito bom, bonito, divertido, além de ser uma amostragem autêntica - sem intermediários - da psicodelia da época.
Vi quando criança, pois minha mãe sempre foi fã dos Beatles.
Já vi muita gente fazer uma idéia errada sobre esse filme, antes de vê-lo, muita pensando que vai ser uma coisa "melosa".
Nada mais equivocado, o filme passa bem longe de qualquer sentimentalismo, às vezes chega a surpreender a ausência de coisas nesse aspecto.
Impressionante em suas imagens e em seu conteúdo, uma verdadeira "alucinação".
A Pirâmide de Cristal
3.5 12Vi esse filme algumas vezes, na sessão da tarde há uns 30 anos.
Me lembro de que era divertido e me dá uma nostalgia danada. Só por essas memórias, acho que merece três estrelas e meia, pelo menos.
Digby: O Maior Cão do Mundo
3.2 27Outro que merece pelo menos três estrelas e meia, só pela nostalgia e pela lembrnaça de algumas tardes muito legais, há uns 30 anos.
Frost/Nixon
3.9 246 Assista AgoraImaginava que o filme fosse diferente, não sabia que era do Ron Howard. Quando vi o nome do diretor nos créditos, minha expectativa logo mudou.
De fato, esse é um filme incrivelmente "formulático".
O que temos aqui é a velha história já contada várias vezes do mesmo modo: um cara desacreditado, que tem que dar a volta por cima e escolhe para isso uma empreitada que ninguém imaginaria que ele fizesse.
Ninguém leva fé nele, a não ser um grupo de leais companheiros, todos bem arquetípicos. De quebra, ele ainda conhece uma mocinha no meio da história e o seu oponente nessa aventura é o velho "vilão", simpático e bonachão.
A "luta" também segue o mesmo esquema de sempre:
derrota nas primeiras batalhas, grande esforço quando tudo parece perdido e finalmente a vitória no último ruond.
É incrível como Roward, apesar de ser um diretor competente, que sabe prender atenção, repete exatamente a mesma coisa de sempre.
Mesmo que fatos dessa história correspondam à realidade, é incrível como deve ser lucrativo fazer com que a vida real se "encaixe" em um "passo a asso" hollywoodiano.
A melhor coisa do filme é o desempenho do Frank Langella, que apesar de compor um tipo já bem batido, consegue conferir nuances e certo mistério em torno de seu Richard Nixon.
Uma pena. Se fosse uma produção com mais visão e interesse artístico, essa história - que, diga-se, é DU KARA... - poderia ter um resultado muito melhor.
Ironia do Destino
3.9 3Uma pérola extraída de uma premissa diferente, feita originalmente para a TV soviética no meio da década de 1970.
Uma historinha bacana, contada com um humor saudável, inocente até, de maneira simples, despretensiosa, mas sempre cativante, mesmo em suas 3 horas de projeção.
O casal de protagonistas funciona bem e a beleza da atriz principal, a linda e desconhecida Barbara Brylska, é marcante.
Moça com Brinco de Pérola
3.6 428Muito bonito em muitos aspectos, mas meio problemático também.
Idéia muito boa e um punhado de cenas sensíveis e instigantes. Mas no todo, a abordagem dilui muito e acaba levando o filme para aquela velha história da moça pobre que se apega ao patrão, com direito até mesmo a que a mocinha seja salva da injustiça, pelo seu mestre!
Mas não há como negar que o visual é um espetáculo à parte, aliás, o visual é o espetáculo do filme.
Essa é mais uma película que recria muito bem a atmosfera de um século emulando as pinturas que eram produzidas na época e tudo vai muito bem nesse quesito, mas muito bem mesmo.
Scarlett Johanson aparece aqui muita linda mesmo, de uma maneira diferente.
O Dragão e o Feiticeiro
3.5 53Infelizmente e injustamente, este filme ficou esquecido, mas é um trabalho especialmente notável dentro do gênero.
O roteiro pode não ser brilhante, mas é bom. O tom não é sério demais, mas tão pouco é uma bobeirada com doses de sentimentalismo.
Na verdade, mesmo despretensioso, o filme tem mesmo uns "insights" bem legais, notoriamente o lance da loteria e o final, onde se disputa a "autoria da façanha".
Destaque ainda para a direção de arte, que é precursora do Senhor dos Anéis, para a trilha sonora áspera do veterano Alex North (de Spartacus e Cleópatra) e, sobretudo, para o fantástico stop motion do dragão do filme.
Sinceramente, esse é o melhor trabalho de stop motion que eu já vi, superando mesmo muitas criaturas concebidas com CGI nos anos 90 e 2000.
Com certeza um referencial indispensável para o gênero no cinema. Grande, merecia melhor reconhecimento.
A Nova Viagem de Sinbad
3.7 40 Assista AgoraClássico, infelizmente subestimado.
Não é apenas uma deliciosa aventura, mas uma peça na qual todos os elementos da produção são bem sucedidos.
Efeitos especiais lindos e criativos, criaturas de "design" fantástico e uma direção de arte sem surpresas, mas esplendorosa.
Fora isso, elenco pouco expressivo, mas convincente, na medida em que o que mais importa é a aparência dos personagens, quase como se fosse HQ. E que aparência tem a Caroline Munro!
Pra completar, acima de tudo o próprio estilo visual do início dos 70s, saído da contra-cultura, se encaixa perfeitamente na fantasia orientalista do filme.
Grande, merecia maior reconhecimento!
Conduta de Risco
3.5 195 Assista AgoraIncrível como ainda insistem nesse erro.
O final simplesmente acaba com o filme...