Maurício Mendonça Moraes

Confesso que o primeiro pensamento ao ler a sinopse no Prime Video desse filme foi:
"Hummm, acho que deve ter situações potencialmente racista"

Porém, fui surpreendido positivamente pela narrativa realista de um filme de espionagem mais pé no chão, mesmo envolvendo assuntos mais complexos como o ambiente politico da guerra fria e a própria situação imperialista na África.

Na sua direção, achei um filme que tem pouco a cara de Preminger, sendo tímido nas movimentações de câmera e na encenação (muito das vezes com coreografias de movimentação dos atores). Bom filme!

a narrativa montada nos dois núcleos de personagens me despertou os olhos, assim como as eventuais aproximações dos personagens. a busca por algo que nunca é o suficiente perante ao mundo atificial/pulsante fez eu refletir bastante. Ótimo filme, daqueles que a gente indica!

Encantando e impactado com esse filme!
A dualidade das famílias representa bem os processos sobre território que a região passou ao longo da segunda metade do século XX, o tradicional e a tentativa de novo governo, pautado no autoritarismo. Um cinema que o próprio Cisse fala que é comprometido e esse é um ótimo exemplo. Refleti muito nessa parte. Em contrapartida a nova geração dessas famílias também representam novas perspectivas em relação as suas famílias, sendo verdadeiramente fluxos capazes de transformar uma sociedade que já apresenta sérios problemas e isso também mecheu muito comigo.
Fora isso, o diretor tem um talento extraordinário em como contar essa histórias, me chama muita atenção seus enquadramentos no qual posicionam uma grande quantidade de atores no quadro, trabalha muito a encenação dentro do quadro e com movimentação de câmera, uma verdadeira aula!