Não espere batalhas com armas de última geração, blaters ou um enorme raio azul ao fim do filme. A Chegada é um filme sobre comunicação e como ela é essencial – ou uma arma, citado em um dos diálogos. Não que isso deixe o longa de Denis Villeneuve menos excitante. As traduções e o desfecho de Louise (Amy Adams) são mais interessantes que vários filmes recentes sobre alienígenas. Uma dica é assistir, analisando como resolver situações de forma diplomática (e como a falta dela é extremamente burra).
Imagino que a maioria de quem ouvir falar sobre esse filme está esperando muita coisa, mas sabe com certeza que será um musical. Não sei ao certo porque as pessoas não gostam tanto de um gênero que normalmente opta por contar uma história usando várias referencias de sua época e envolvendo uma critica neste mesmo período.
Com este longa isso não é diferente, afinal fatalmente você está ou conhece alguém que está passando por alguma crise existencial, principalmente voltada ao profissional. Nesse caso, temos os dois aspectos: quem ganha muito dinheiro fazendo algo que não gosta e não está feliz, e quem investiu em seu sonho e também está infeliz.
Com Emma Stone (Mia) sendo o poço de carisma que a história precisa e Ryan Gosling (Sebastian) com um tempo cômico funcionando bem, temos uma história muito verdadeira, real, e que pode trazer um desfecho que você não irá gostar. Isso se você for um sonhador, assim como eu.
Bombar em um filme depois de uma trilogia nunca é fácil; Pensar em uma teoria de paraíso em que ele está presente no lugar onde você vive: é ainda mais difícil; Criar elementos bizarros que ao mesmo que norteiam a personalidade do filme, não precisam ser explicados: é muito criativo; Fazer um filme em que o protagonista não é o personagem-título: é ainda mais legal.
Como o próprio título pode ser interpretado (homem-pavão?! why not), tratar sobre celebridades, indústria cenografia e vaidade é o tema central desta trama muito bem construída. Seu(s) plano(s)-sequência tomam lugar de nosso olhar sobre os famosos, ilustrando nosso lado voyer para com estes. Somando isso a diálogos muito bons, um alter-ego com viés de superego, ótimas escolhas para interpretar os personagens (Michael Keaton dando voz a alguém que interpretou um super-herói e depois disso não obteve o mesmo destaque midiático), este filme pode ser apreciado de muitas formas. Inclusive por trazer algumas noções interessantes sobre críticos e a maioria de nós, expressadas por pessoas bêbadas/drogadas.
Todo o trailer levanta expectativas. Podem ser correspondidas para o bem ou para o mal. Se unirmos isso, a uma indicação ao Oscar, certamente essa sensação é ampliada. No caso de "A Teoria de Tudo", isso tudo é ampliado pelo fato de ser uma história baseada em um livro escrito por alguém que é personagem da história. E que personagem foi construída... Com o cuidado de não endeusar Jane (Felicity Jones), conhecemos um lado divertido e carismático de alguém que tem viés e mente robóticas (e que interpretação segura e nada caricata de Eddie Redmayne). Na parte técnica, destaco os planos-detalhe do filme são trabalhados em cima das mãos e pés de Stephen no início, e conforme a doença vai avançando, a câmera se desloca para bocas e olhos. Um threesome entre os dois e o tempo. Assim como no filme do Tim Maia, mostrou fatos reais romantizados e suavizados. Muito bonito
Não faço parte daqueles que exalta o complexo de vagabundo ao falar do país. Sei que o Brasil possui inúmeros problemas, mas sei que muitos deles, não são, exclusivamente, nossos. Um bom exemplo disso é a violência. Em um futuro utópico apresentado pelo filme, os EUA criaram um recurso para conter a tão citada violência no país: durante uma noite inúmeros crimes, inclusive assassinato, estão permitidos para purgar as almas, desabafar o ódio, enfim, fazer o que quiser durante 12 horas (exceto governantes -,-). Mesmo utilizando de um artifício eficaz em seus primeiros takes, para ilustrar como a violência pode ser facilmente controversa, "Uma Noite de Crime" é mais interessante por possíveis questões morais do que por seu ar de suspense. Não cito isso como demérito, afinal em (fim de) tempos de eleições, vale prestar bastante atenção em quais são as medidas tomadas em prol da sociedade e quais são tomadas a favor dos números.
Quem nunca conheceu um ateu? Ou melhor, quem nunca conversou sobre a "culpa" das coisas aconteceram?! Alguns acreditam em sorte, outros em destino, porém a mais rica discussão acaba sendo "na vontade de Deus" e quanto ela influência o que ocorre no mundo e em nossas vidas. E que forma mais interessante de trazer este tema a tona, usando como plano de fundo alguém que crê ser correto e merecedor de melhor sorte na vida. E é ai que vem o grande mantra trazido por Um Homem Serio: mas eu não fiz nada. Este, com certeza, é o maior erro que podemos cometer ao nós depararmos com dificuldades, ao invés de olhar o problema em si. Engraçado pensar que a resposta que Lawrance (Michael Stuhlbarg) tanto procurou estava presente no assunto que tanto conhecia: Matemática. Carregado de sarcasmo e com um final subjetivo, é interessante ver o filme e analisar as visões e seus problemas, porém sabendo que o filme não tem nada de auto ajuda. À começar pelo protagonista ...
Em um universo de animações mais divulgadas do quê desenhos, sempre é uma grata surpresa conhecer uma história contada através de bonecos. Se ela vier acompanhada de reflexões subjetivas, melhor ainda. E é neste quesito que Os Boxtrolls tem seu maior triunfo, pois as maiores reflexões partem dos antagonistas, sobretudo dos ajudantes de Surrupião, representando o autoconvencimento, a auto reflexão e a ganância. Misturando noções de Mogli, com o cenário da Revolução Industrial Européia - vide o Lorde Roquefort preferir gastar em queijo do em hospitais - a sequência do filme consegue trazer situações bem fortes, inclusive não aparentando ser para crianças tão novas. É costumeiro das animações, transformarem os créditos em algo mais atrativo, praticamente um poslúdio, o que ocorre também em Os Boxtrolls, porém de uma forma muito mais "subjetiva", assim como todo o filme.
Sempre me perguntei com seria para um cego dormir, já que esta acostumado a escuridão. Ainda mais no caso de Leo (Ghirlerme Lobo) isto fica ainda mais curioso, por se tratar de alguém que nunca enxergou. Estendendo o curta "Eu não quero voltar sozinho", esta versão em longa-metragem traz novamente takes bem caprichados, planos detalhe na parte mais sensorial dos cegos e claro, toda a sensibilidade da adolescência (algo que fica ilustrado na cena em que Leo treina o beijo no espelho. Contudo, novas faces dos personagens são trabalhadas como o carinho com os pais, explorado como bom e mal policiais, além do contato com outras pessoas e possibilidades, vividas por qualquer um nesta fase da vida. E que melhor objeto para retratar uma fase em que a inocência e os desejos vão indo de encontro as ansiedades de crescer?! Talvez por isso o filme seja tão cuidadoso em tratar do impossível sendo possível. Afinal, aquele troço com duas rodas já fez muita gente ter medo de ir em frente.
Certa vez escutei de um editor que futebol, era o esporte mais complicado de ser traduzido para o cinema. Não é igual ao boxe que já é algo "cinematográfico", com dois personagens definidos em embate, um universo menor de batalha, um narrador-oculto que por fim torna-se personagem... Concordando ou não com todas estas afirmações, julgo como mais complicado nas adaptações sobre futebol, a tentativa de representar algo que tem pouca lógica e muito improviso. Por exemplo, é lógico que para que um jogador tenha bom desempenho, precise treinar. Entretanto Romário e Heleno, mostraram que alguns não lidam com isso desta forma (claro que hoje sabemos que isso não da muito certo). Desde os créditos a atmosfera já é saudosista, utilizando do preto e branco como artifício. Outro elemento interessante da narrativa são as palavras hiperbólicas porém antagônicas, joia rara e descontrolado; o contato misterioso com a mãe, e claro, os comediantes (Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, etc) como repórteres. Na parte técnica, as transposições são muito boas, pegando elementos das lembranças de Heleno (Rodrigo Santoro) com o presente. Contudo, a maior transição abordada é a do próprio protagonista, que surge como um sedutor que por fim não consegue nem convencer um louco a aceitar um cigarro. E o mais grave é que o causador de destruir Heleno de Freitas, foi seu próprio amuleto da sorte/azar. Ás vezes, tais amuletos podem estar dentro de nós.
Mesmo sendo considerado por muito tempo como o país de melhor trabalho de dublagem no mundo, nós brasileiros insistimos em rotular filmes dublados como ruins. Ok, também prefiro assistir a filmes com sua linguagem original, porém com certos filmes admito que o trabalho de dublagem me encanta, me provocando inclusive nuances saudosistas, como no caso deste "Os Fantasmas se Divertem". Apesar de já ter assistido ao filme diversas vezes, esta última foi observada de forma diferente. Repleto de simbolismo - como a placa Come Back Soon na ponte; Barbara (Genna Davis) ser estéril, Charles (Jeffrey Jones) tentar relaxar de forma pífia, e claro, a importância do número 3 - logo na primeira parte o filme já demonstra o fascínio de Adam (Alec Balwin) pelo estranho, uma vez que até mesmo uma aranha é tratada com muito carinho. Encarnada por uma Winona Ryder super nova, Lydia, que não teme se intitular como estranha oferece duas belas cenas com dizeres totalmente diferentes: - no momento em que chega a casa dos Maitland, a menina nem chega a sair do sofá durante a mudança, mostrando com não tem domínio e até mesmo interesse pela própria vida; - Quando Lydia sobe ao sótão, o vapor revela que algo assustador a persegue. Este último alias, é possível graças a grande capacidade de Tim Burton e sua equipe, de demonstrarem como um trabalho de produção consegue gerar quase que um subtexto nas imagens. Afinal, jogos de luz são o que mais machucam e impressionam no longa. Ainda falando sobre direção de arte vale notar a perfeição dos detalhes, como cavar e ver papelão, aliado é claro a premiada (Oscar 89) maquiagem imposta nos personagens. Falando em personagens, como não citar Michael Keaton (Beetlejuice) que consegue transmitir de forma cômica, uma maldade e perversão inquietantes. Em Beetlejuice fica clara a utilização do subtexto em formas de efeitos, como na cena em que uma luz é fixada no rosto de Juno (Sylvia Sidney) ao falar dele, fazendo referência a uma lenda de escoteiro com a lanterna no rosto. O tema trabalho também é abordado no filme como ao citar que pessoas que se suicidam viram escravos civis. Duro ter que pensar em trabalhar depois de morto, porém é claro que existem aqueles que não conseguiriam fazer outra coisa, mesmo depois de desencarnados. Há se a vida tivesse um manual...
Há algum tempo atrás, convidei alguém muito especial para ir ao cinema: minha mãe. Foi uma experiência muito bacana, conseguindo partilhar com ela de uma das atividades que mais gosto. Com nuances de roadmovie, A Busca não lida com temas ou fatos tão sutis como este, entretanto aborda de uma forma um tanto lúdica, o valor que a experiência paternal gera nos envolvidos, sobretudo em alguém que cumpre os dois papéis da relação. Utilizando de uma fotografia bem desenhada com direito a contraposições de luz revelando a distância entre os personagens, o maior trunfo do filme esta em nos fazer por muitas vezes achar que tudo esta perdido, e também por muitas vezes, perceber que o objetivo de Theo (Wagner Moura) será alcançado. Que bom o desfecho é muito mais significativo do que estas possibilidades.
Pensar em analisar (e muitas vezes entender) uma história dividida em duas partes é sempre difícil. No caso de Ninfomaníaca isto não é diferente, por mais que a historia seja claramente interrompida em sua primeira parte sendo necessária sua segunda para a conclusão, aqui temos um Volume II como outro filme completamente diferente. Algo que é reforçado através da mudança completamente brusca das atrizes que interpretam Joe (aqui Charlotte Gainsbourg) e também pela mudança no ritmo das menções históricas que Seligman (Stellan Skarsgård) que claramente não busca mais combater de forma positiva as ações de Joe. Ações estas que valem a principal nota sobre o(s) filme(s), pois nos fazem enxergar o sexo da mesma forma que a protagonista, como algo que se apresenta de forma tão trivial como pescar (não a toa esta prática é tão repercutida durante o filme). Com Joe e Seligman tão distintos, pode-se chegar a conclusão que o filme trata sobre hipocrisia, uma vez que até mesmo o tema pedofilia é tratado pelo molde da razão e não somente do instinto (digo instinto pois somente este tema já traz uma repulsa que bane o senso da razão, elucidado por Joe, em uma rara troca de posição entre os personagens). Outro elemento que pode representar esta hipocrisia é pensarmos que toda a discussão ganha mais força por ser uma protagonista feminina, o que sugere que se fosse um homem viciado em sexo, tal discussão não seria tão condenada pela sociedade ou pelo próprio personagem. Contudo o que mais me chamou a atenção foi Seligman, um ser aparentemente raro, contendo "qualidades notáveis", ser destruído em um único ato falho - ser dominado pelo instinto.
O termo capitão é algo que dispõe de simbolismo e mistica atrelados a coragem, comando, inteligência, força... Lembro que ao assistir "Titanic" pela primeira vez, não entendi porquê o capitão se trancou na sala e esperou pacificamente sua morte (mesmo meus pais dizendo que "um capitão deve sempre afundar com seu barco/navio"). Hoje percebo que esta relação também simboliza uma paternidade, algo ilustrado em muitos momentos, como na cena em que Phillips (Tom Hanks) "acaba" com o café da manhã. Um artificio interessante foi mostrar como as pessoas se comportam diferente, mesmo estando nas mesmas posições - no caso capitão. Norteado pela tensão desde sua primeira cena, o filme consegue fazer com que criemos uma relação com muitos personagens, porém com os piratas temos a chance de entende-los (da mesma forma que torcemos para Phillips e sentimos muito o seu "minha família sabe que estou bem?!) Apesar de ser sutil, um dos maiores méritos de "Capitão Phillips" esta em demonstrar a razão pela qual Muse (Barkhad Abdi) se envolveu nesta empreitada, trazendo a tona quem realmente é o vilão da história. Afinal, mesmo que sempre tenhamos escolhas, nem sempre estas escolhas ligam o certo com sobreviver.
Porque fazer um filme em "preto e branco"? Trabalhei certo ano com fotógrafos e um deles me disse que foto em PB é pra esconder erros. Outros me diziam que a técnica é usada para destacar detalhes. Na história do cinema temos esta relação com a ausência de cor de várias formas, seja com "Sobre café e cigarros" (2002) trazendo o estado de neutralidade entre os viciados, ou ainda com "O Artista" (2011) nos colocando no mesmo habitat que os espectadores de anos atrás. Entretanto em "Nebraska" este artificio vem para representar a monotonia geral da vida, algo que pode ser exemplificado na cena em que os homens da família Grant estão vendo TV. Esta cena aliás, ilustra como em pouco tempo alguém pode ser contagiado pela tal monotonia. Outro elemento que reforça esta chatice, é o fato do primeiro sorriso aparecer somente com 30 minutos de filme. É importante lembrar que este estilo de vida esta presente em toda a Hawthorne, haja vista como a história de Woody (Bruce Dern), se tornou a noticia mais emocionante da cidade - em muito tempo. Dos habitantes destaco Ed Pegram (Stacy Gram), os dois primos burros, a tia de David (Will Forte) e a simpática jornalista Peg (Angela McEwan). Claro que não pode ser deixada de lado, até porque ela brigaria muito comigo, a esposa de Woody, Kate (June Squibb), responsável por momentos muito divertidos. Em um filme que conta logo em sua primeira cena (muito bonita, por sinal) como conduzirá a situação-problema, "Nebraska" nos traz elementos conflitantes, como assistir a uma cirurgia em preto e branco, nos mostrando que esta, não é menos forte sem o vermelho. Contudo, a melhor de todas foi trazer Woody com o boné "prize winner". Muito por conta de remeter a uma importante indagação: A vida é o que a gente acha dela ou o que outros vêem. Vale lembrar que muitas vezes, temos a chance de manipular o que mostramos, e o fazemos com maestra. Para ter certeza disto basta acessar ao perfil de seus amigos em uma famosa rede social.
Não se engane em pensar que o filme tem como principal função discutir a "bondade" das freiras, ou provocar qualquer tipo de polêmica neste sentido. O que podemos levar de "Philomena" é a discussão da bondade das pessoas. Philomena (Judi Dench), aliás, consegue conduzir o arco dramático de uma forma muito interessante, conseguindo mudar a primeira impressão que temos dela em pouco tempo. Suas frases rendem alguns dos melhores momentos da trama, sendo: - Não é porque as pessoas estão na primeira classe que elas são de primeira;
- Trate as pessoas bem pois você pode precisar delas;
- Meu estômago acorda antes do que mim. Com relação a edição, destaco os planos-detalhe utilizados em momentos aleatórios, muitas vezes "sem expressões" dos atores. Outro detalhe são os vídeos caseiros usados como metáfora, e fazendo relação com o ditado "a mãe vê a vida através dos olhos do filho" Um dos mais bem humorados (ao estilo britânico, claro) concorrentes a Melhor Filme, "Philomena" cativa principalmente por apresentar uma bondade em alguém que teria muitos motivos para ser amarga. E é justamente ai, que a protagonista consegue cativar a todos com que se relaciona. Basta percebemos como Martin (Steve Coogan) gostava de escutar as histórias pela ótica positiva dela. Ser uma pessoa positiva não tem haver com gostar de tudo, mas sim com não odiar tudo.
Desde o dia em que vi um documentário chamado "Unforgettable Evil" que fortaleci minha opinião sobre nosso interesse e fascínio em vilões. Quando este vem em forma de protagonista e é encarnado com perfeição (desta vez Leonardo Di Caprio), então... Jordan (Di Caprio) aparece praticamente em todos os momentos das 3h horas que passamos vendo a evolução de um homem que aprendeu a convencer pessoas de todas as formas (com uma participação ótima de Matthew McConaughey), seja no lado pessoal (o fascínio dos funcionários da Stratton me lembrou os fãs da Apple com Steve Jobs), quanto no profissional. Entretanto, o próprio filme faz questão de mostrar que Jordan é um ser deplorável, chegando não somente a caçoar das pessoas ao seu redor, mas do próprio espectador. Com uma trilha sonora que intensifica cada cena, a edição é outro ponto que chama atenção por deificar a ostentação dos momentos mais bizarros. Para quem gostou por conta da incrível habilidade de convencimento e noção de negócios do filme, recomendo Super Lobista. Para quem gostou por conta da "beleza das drogas" e luxúria, recomendo refletir pois tudo foi feito com o dinheiro de quem acreditou em promessas de gente vestida de terno. Talvez seja melhor pensar nisso em outubro, quando sua TV estiver recheada de "Mestres do Universo".
Após o anúncio dos indicados à Melhor Filme deste ano, encontrei um tumblr que citava qual deveria ser o verdadeiro nome destes filmes. No caso de "Gravidade" a sugestão era O Espaço é aterrorizante. Muito honesto. Mantendo a característica dos nomeados a trazer a situação-problema logo no inicio, Gravidade consegue te conquistar e brincar com as noções de espaço populares, trazendo divertimentos com a ausência de gravidade, beleza em ver a Terra por outro ângulo, paz e silêncio causados pela ausência de som... E é ai que os roteiristas utilizam do principio básico do suspense para criar um arco dramático simples mas bastante tenso. Mas não é somente por estas questões que a(o) (d)trama são dignas de nota. Alguns elementos como renascimento (ilustrado pela posição fetal de Ryan e depois o andar com as próprias pernas), personagens possuírem e escolherem a própria trilha sonora, e claro, a posição de oração são unidas a um plano de fundo religioso sutil mas intrigante: talvez porque a maioria das religiões indique que ao fim da vida vamos encontrar Deus no céu. Porém se Ele criou o universo, não será este tal paraíso localizado no espaço?!
OK OK, admito que a participação de Jared Leto foi muito boa mesmo, diminuindo significamente a minha implicância com ele. Nem preciso citar o papel de Matthew McConaughey, que mostrou novamente que é um grande ator. Vemos novamente uma tendencia em alguns dos filmes concorrentes ao Oscar de Melhor Filme: a situação-problema ocorre logo nos primeiros instantes, abordando assim como lidar com o problema ao invés de como se chegou a ele. De fato, estes momentos em que sentimos a contagem regressiva da vida de Ron (Matthew) são os mais interessantes, pois lidamos com suas medidas e sentimos (principalmente pelo belo trabalho de áudio realizado) a agonia de querer lutar contra um inimigo, que possui aliados tão fortes e da mesma especie que nós.
No mesmo dia em que vi o filme, coincidentemente estava zappeando e assisti a Django Livre. O plano de fundo é diferente mas o tema em questão é o mesmo (como o ser humano pode se apoiar a ideais tão falsos). Trazendo de forma veemente a figura dos adeptos da escravidão sempre apoiados em ideais (e ai o filme se torna muito interessante ao se preocupar em não trazer estes adeptos como odiadores de negros, justificando sempre suas ações), "12 anos de Escravidão" consegue ilustrar como a escravidão era tratada com naturalidade, haja vista a cena de enforcamento. Como era de se esperar, o filme traz uma carga emocional muito forte, sobretudo na última cena. Aliás, esta última traz a palavra que sintetiza os sentimentos de nós, que temos invariavelmente um parentesco com alguém que participou na vida real como um dos personagens apresentados no filme, seja de qualquer um dos lados.
Porque assistir: você poderá entrar em catarse com Solomon, independente de sua etnia, afinal todos somos seres livres... até a segunda ordem.
Certa vez conheci alguém que me perguntou porquê no (falecido) Orkut eu não citava nada no campo Paixões. Na época eu namorava - esta que perguntou inclusive - e só lembrei dela e da minha família como resposta. Engraçado ela ter respondido tantas coisas como Verde ou sotaque gaúcho atrelado a este sentimento de paixão. Ao passo que fui ficando mais velho percebi que isto realmente acontece, e que é possível sim apaixonar-se por uma cor, uma camisa e até um Sistema Operacional.
Lidando com cores incrivelmente expressivas e ao mesmo tempo claras e chapadas (como a maioria das marcas de tecnologia esta adotando como Google, Microsoft e Apple), o filme apresenta uma beleza fotográfica muito interessante, usando tons laranja em Theodore quando lida com as pessoas e o azul claro/cinza quando esta realmente sozinho.
Talvez o mais interessante é perceber algo que sempre foi uma das maiores razões por gostar de me relacionar com as pessoas: o quão crescemos com as experiencias em conjunto. Haja vista a frase inicial deste comentário.
Nos primeiros instantes do filme minha primeira lembrança foi a de quando ia na casa do meu bisavó, e brincamos com a coleção dele. Certo de que tentava buscar realizar algo presente nas instruções atrelado a algo totalmente desorientado, como publicitário é engraçado pensar que a dúvida (seguir instruções ou totalmente criativo) sempre me ocorre. Pra variar o Batman é o personagem mais legal, inclusive trazendo uma dose de humor ao filme, algo que poderia ter sido mais utilizado, pois senti o mesmo que senti em Detona Ralph - filme bom (neste caso bem melhor do que Detona Ralph) porém sem gerar muitas risadas. De resto a moral do filme é muito bem exposta, sendo inclusive recomendada para muitos adultos ou jovens/idosos. Não é possível deixar de citar o belo ponto de virada, contando com metáforas interessantes.
Divertido x Ritmo Grandes personagens em um filme com ritmo muito acelerado e com mais de duas horas de duração. 1º filme dos indicados que eu assisti e espero que os outros me encantem mais, afinal se você não é capaz de contar uma boa história em um tempo curto é porque ela não é tão boa assim.
Não lembro da última palavra que aprendi. Talvez seja resiliência, que é a capacidade de capitarmos energia em momentos de estresse, o que eventualmente gera deformações na matéria. Esta na verdade é uma boa palavra para representar como um ato de aprendizado pode gerar mudanças drásticas na personalidade de alguém. Com uma cenografia muito interessante, o filme consegue em grande parte nos fazer esquecer que A guerra esta acontecendo, transformando-a num plano de fundo. Com um casting carismático em todos os sentidos da palavra,incluindo é claro seu narrador oculto, gostaria apenas que o filme encerrasse na hora que deveria ser a única em que todos estão exatamente iguais, sendo realizado o sonho e ideal do personagem mais comentado no filme: Hitler.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraNão espere batalhas com armas de última geração, blaters ou um enorme raio azul ao fim do filme. A Chegada é um filme sobre comunicação e como ela é essencial – ou uma arma, citado em um dos diálogos. Não que isso deixe o longa de Denis Villeneuve menos excitante. As traduções e o desfecho de Louise (Amy Adams) são mais interessantes que vários filmes recentes sobre alienígenas. Uma dica é assistir, analisando como resolver situações de forma diplomática (e como a falta dela é extremamente burra).
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraImagino que a maioria de quem ouvir falar sobre esse filme está esperando muita coisa, mas sabe com certeza que será um musical. Não sei ao certo porque as pessoas não gostam tanto de um gênero que normalmente opta por contar uma história usando várias referencias de sua época e envolvendo uma critica neste mesmo período.
Com este longa isso não é diferente, afinal fatalmente você está ou conhece alguém que está passando por alguma crise existencial, principalmente voltada ao profissional. Nesse caso, temos os dois aspectos: quem ganha muito dinheiro fazendo algo que não gosta e não está feliz, e quem investiu em seu sonho e também está infeliz.
Com Emma Stone (Mia) sendo o poço de carisma que a história precisa e Ryan Gosling (Sebastian) com um tempo cômico funcionando bem, temos uma história muito verdadeira, real, e que pode trazer um desfecho que você não irá gostar. Isso se você for um sonhador, assim como eu.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraBombar em um filme depois de uma trilogia nunca é fácil;
Pensar em uma teoria de paraíso em que ele está presente no lugar onde você vive: é ainda mais difícil;
Criar elementos bizarros que ao mesmo que norteiam a personalidade do filme, não precisam ser explicados: é muito criativo;
Fazer um filme em que o protagonista não é o personagem-título: é ainda mais legal.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraComo o próprio título pode ser interpretado (homem-pavão?! why not), tratar sobre celebridades, indústria cenografia e vaidade é o tema central desta trama muito bem construída. Seu(s) plano(s)-sequência tomam lugar de nosso olhar sobre os famosos, ilustrando nosso lado voyer para com estes.
Somando isso a diálogos muito bons, um alter-ego com viés de superego, ótimas escolhas para interpretar os personagens (Michael Keaton dando voz a alguém que interpretou um super-herói e depois disso não obteve o mesmo destaque midiático), este filme pode ser apreciado de muitas formas. Inclusive por trazer algumas noções interessantes sobre críticos e a maioria de nós, expressadas por pessoas bêbadas/drogadas.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraTodo o trailer levanta expectativas. Podem ser correspondidas para o bem ou para o mal. Se unirmos isso, a uma indicação ao Oscar, certamente essa sensação é ampliada.
No caso de "A Teoria de Tudo", isso tudo é ampliado pelo fato de ser uma história baseada em um livro escrito por alguém que é personagem da história. E que personagem foi construída...
Com o cuidado de não endeusar Jane (Felicity Jones), conhecemos um lado divertido e carismático de alguém que tem viés e mente robóticas (e que interpretação segura e nada caricata de Eddie Redmayne).
Na parte técnica, destaco os planos-detalhe do filme são trabalhados em cima das mãos e pés de Stephen no início, e conforme a doença vai avançando, a câmera se desloca para bocas e olhos.
Um threesome entre os dois e o tempo. Assim como no filme do Tim Maia, mostrou fatos reais romantizados e suavizados. Muito bonito
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraNão faço parte daqueles que exalta o complexo de vagabundo ao falar do país. Sei que o Brasil possui inúmeros problemas, mas sei que muitos deles, não são, exclusivamente, nossos. Um bom exemplo disso é a violência.
Em um futuro utópico apresentado pelo filme, os EUA criaram um recurso para conter a tão citada violência no país: durante uma noite inúmeros crimes, inclusive assassinato, estão permitidos para purgar as almas, desabafar o ódio, enfim, fazer o que quiser durante 12 horas (exceto governantes -,-).
Mesmo utilizando de um artifício eficaz em seus primeiros takes, para ilustrar como a violência pode ser facilmente controversa, "Uma Noite de Crime" é mais interessante por possíveis questões morais do que por seu ar de suspense. Não cito isso como demérito, afinal em (fim de) tempos de eleições, vale prestar bastante atenção em quais são as medidas tomadas em prol da sociedade e quais são tomadas a favor dos números.
Um Homem Sério
3.5 574 Assista AgoraQuem nunca conheceu um ateu? Ou melhor, quem nunca conversou sobre a "culpa" das coisas aconteceram?! Alguns acreditam em sorte, outros em destino, porém a mais rica discussão acaba sendo "na vontade de Deus" e quanto ela influência o que ocorre no mundo e em nossas vidas.
E que forma mais interessante de trazer este tema a tona, usando como plano de fundo alguém que crê ser correto e merecedor de melhor sorte na vida.
E é ai que vem o grande mantra trazido por Um Homem Serio: mas eu não fiz nada. Este, com certeza, é o maior erro que podemos cometer ao nós depararmos com dificuldades, ao invés de olhar o problema em si. Engraçado pensar que a resposta que Lawrance (Michael Stuhlbarg) tanto procurou estava presente no assunto que tanto conhecia: Matemática.
Carregado de sarcasmo e com um final subjetivo, é interessante ver o filme e analisar as visões e seus problemas, porém sabendo que o filme não tem nada de auto ajuda. À começar pelo protagonista ...
Os Boxtrolls
3.6 296 Assista AgoraEm um universo de animações mais divulgadas do quê desenhos, sempre é uma grata surpresa conhecer uma história contada através de bonecos. Se ela vier acompanhada de reflexões subjetivas, melhor ainda.
E é neste quesito que Os Boxtrolls tem seu maior triunfo, pois as maiores reflexões partem dos antagonistas, sobretudo dos ajudantes de Surrupião, representando o autoconvencimento, a auto reflexão e a ganância.
Misturando noções de Mogli, com o cenário da Revolução Industrial Européia - vide o Lorde Roquefort preferir gastar em queijo do em hospitais - a sequência do filme consegue trazer situações bem fortes, inclusive não aparentando ser para crianças tão novas.
É costumeiro das animações, transformarem os créditos em algo mais atrativo, praticamente um poslúdio, o que ocorre também em Os Boxtrolls, porém de uma forma muito mais "subjetiva", assim como todo o filme.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraSempre me perguntei com seria para um cego dormir, já que esta acostumado a escuridão. Ainda mais no caso de Leo (Ghirlerme Lobo) isto fica ainda mais curioso, por se tratar de alguém que nunca enxergou.
Estendendo o curta "Eu não quero voltar sozinho", esta versão em longa-metragem traz novamente takes bem caprichados, planos detalhe na parte mais sensorial dos cegos e claro, toda a sensibilidade da adolescência (algo que fica ilustrado na cena em que Leo treina o beijo no espelho.
Contudo, novas faces dos personagens são trabalhadas como o carinho com os pais, explorado como bom e mal policiais, além do contato com outras pessoas e possibilidades, vividas por qualquer um nesta fase da vida.
E que melhor objeto para retratar uma fase em que a inocência e os desejos vão indo de encontro as ansiedades de crescer?! Talvez por isso o filme seja tão cuidadoso em tratar do impossível sendo possível. Afinal, aquele troço com duas rodas já fez muita gente ter medo de ir em frente.
Heleno
3.6 431 Assista AgoraCerta vez escutei de um editor que futebol, era o esporte mais complicado de ser traduzido para o cinema. Não é igual ao boxe que já é algo "cinematográfico", com dois personagens definidos em embate, um universo menor de batalha, um narrador-oculto que por fim torna-se personagem...
Concordando ou não com todas estas afirmações, julgo como mais complicado nas adaptações sobre futebol, a tentativa de representar algo que tem pouca lógica e muito improviso. Por exemplo, é lógico que para que um jogador tenha bom desempenho, precise treinar. Entretanto Romário e Heleno, mostraram que alguns não lidam com isso desta forma (claro que hoje sabemos que isso não da muito certo).
Desde os créditos a atmosfera já é saudosista, utilizando do preto e branco como artifício. Outro elemento interessante da narrativa são as palavras hiperbólicas porém antagônicas, joia rara e descontrolado; o contato misterioso com a mãe, e claro, os comediantes (Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, etc) como repórteres.
Na parte técnica, as transposições são muito boas, pegando elementos das lembranças de Heleno (Rodrigo Santoro) com o presente. Contudo, a maior transição abordada é a do próprio protagonista, que surge como um sedutor que por fim não consegue nem convencer um louco a aceitar um cigarro. E o mais grave é que o causador de destruir Heleno de Freitas, foi seu próprio amuleto da sorte/azar.
Ás vezes, tais amuletos podem estar dentro de nós.
Os Fantasmas Se Divertem
3.9 1,7K Assista AgoraMesmo sendo considerado por muito tempo como o país de melhor trabalho de dublagem no mundo, nós brasileiros insistimos em rotular filmes dublados como ruins. Ok, também prefiro assistir a filmes com sua linguagem original, porém com certos filmes admito que o trabalho de dublagem me encanta, me provocando inclusive nuances saudosistas, como no caso deste "Os Fantasmas se Divertem".
Apesar de já ter assistido ao filme diversas vezes, esta última foi observada de forma diferente.
Repleto de simbolismo - como a placa Come Back Soon na ponte; Barbara (Genna Davis) ser estéril, Charles (Jeffrey Jones) tentar relaxar de forma pífia, e claro, a importância do número 3 - logo na primeira parte o filme já demonstra o fascínio de Adam (Alec Balwin) pelo estranho, uma vez que até mesmo uma aranha é tratada com muito carinho.
Encarnada por uma Winona Ryder super nova, Lydia, que não teme se intitular como estranha oferece duas belas cenas com dizeres totalmente diferentes:
- no momento em que chega a casa dos Maitland, a menina nem chega a sair do sofá durante a mudança, mostrando com não tem domínio e até mesmo interesse pela própria vida;
- Quando Lydia sobe ao sótão, o vapor revela que algo assustador a persegue.
Este último alias, é possível graças a grande capacidade de Tim Burton e sua equipe, de demonstrarem como um trabalho de produção consegue gerar quase que um subtexto nas imagens. Afinal, jogos de luz são o que mais machucam e impressionam no longa.
Ainda falando sobre direção de arte vale notar a perfeição dos detalhes, como cavar e ver papelão, aliado é claro a premiada (Oscar 89) maquiagem imposta nos personagens.
Falando em personagens, como não citar Michael Keaton (Beetlejuice) que consegue transmitir de forma cômica, uma maldade e perversão inquietantes. Em Beetlejuice fica clara a utilização do subtexto em formas de efeitos, como na cena em que uma luz é fixada no rosto de Juno (Sylvia Sidney) ao falar dele, fazendo referência a uma lenda de escoteiro com a lanterna no rosto.
O tema trabalho também é abordado no filme como ao citar que pessoas que se suicidam viram escravos civis. Duro ter que pensar em trabalhar depois de morto, porém é claro que existem aqueles que não conseguiriam fazer outra coisa, mesmo depois de desencarnados.
Há se a vida tivesse um manual...
A Busca
3.4 714 Assista AgoraHá algum tempo atrás, convidei alguém muito especial para ir ao cinema: minha mãe. Foi uma experiência muito bacana, conseguindo partilhar com ela de uma das atividades que mais gosto.
Com nuances de roadmovie, A Busca não lida com temas ou fatos tão sutis como este, entretanto aborda de uma forma um tanto lúdica, o valor que a experiência paternal gera nos envolvidos, sobretudo em alguém que cumpre os dois papéis da relação.
Utilizando de uma fotografia bem desenhada com direito a contraposições de luz revelando a distância entre os personagens, o maior trunfo do filme esta em nos fazer por muitas vezes achar que tudo esta perdido, e também por muitas vezes, perceber que o objetivo de Theo (Wagner Moura) será alcançado. Que bom o desfecho é muito mais significativo do que estas possibilidades.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraPensar em analisar (e muitas vezes entender) uma história dividida em duas partes é sempre difícil. No caso de Ninfomaníaca isto não é diferente, por mais que a historia seja claramente interrompida em sua primeira parte sendo necessária sua segunda para a conclusão, aqui temos um Volume II como outro filme completamente diferente. Algo que é reforçado através da mudança completamente brusca das atrizes que interpretam Joe (aqui Charlotte Gainsbourg) e também pela mudança no ritmo das menções históricas que Seligman (Stellan Skarsgård) que claramente não busca mais combater de forma positiva as ações de Joe.
Ações estas que valem a principal nota sobre o(s) filme(s), pois nos fazem enxergar o sexo da mesma forma que a protagonista, como algo que se apresenta de forma tão trivial como pescar (não a toa esta prática é tão repercutida durante o filme).
Com Joe e Seligman tão distintos, pode-se chegar a conclusão que o filme trata sobre hipocrisia, uma vez que até mesmo o tema pedofilia é tratado pelo molde da razão e não somente do instinto (digo instinto pois somente este tema já traz uma repulsa que bane o senso da razão, elucidado por Joe, em uma rara troca de posição entre os personagens). Outro elemento que pode representar esta hipocrisia é pensarmos que toda a discussão ganha mais força por ser uma protagonista feminina, o que sugere que se fosse um homem viciado em sexo, tal discussão não seria tão condenada pela sociedade ou pelo próprio personagem.
Contudo o que mais me chamou a atenção foi Seligman, um ser aparentemente raro, contendo "qualidades notáveis", ser destruído em um único ato falho - ser dominado pelo instinto.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraO termo capitão é algo que dispõe de simbolismo e mistica atrelados a coragem, comando, inteligência, força...
Lembro que ao assistir "Titanic" pela primeira vez, não entendi porquê o capitão se trancou na sala e esperou pacificamente sua morte (mesmo meus pais dizendo que "um capitão deve sempre afundar com seu barco/navio"). Hoje percebo que esta relação também simboliza uma paternidade, algo ilustrado em muitos momentos, como na cena em que Phillips (Tom Hanks) "acaba" com o café da manhã.
Um artificio interessante foi mostrar como as pessoas se comportam diferente, mesmo estando nas mesmas posições - no caso capitão.
Norteado pela tensão desde sua primeira cena, o filme consegue fazer com que criemos uma relação com muitos personagens, porém com os piratas temos a chance de entende-los (da mesma forma que torcemos para Phillips e sentimos muito o seu "minha família sabe que estou bem?!)
Apesar de ser sutil, um dos maiores méritos de "Capitão Phillips" esta em demonstrar a razão pela qual Muse (Barkhad Abdi) se envolveu nesta empreitada, trazendo a tona quem realmente é o vilão da história. Afinal, mesmo que sempre tenhamos escolhas, nem sempre estas escolhas ligam o certo com sobreviver.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraPorque fazer um filme em "preto e branco"?
Trabalhei certo ano com fotógrafos e um deles me disse que foto em PB é pra esconder erros. Outros me diziam que a técnica é usada para destacar detalhes. Na história do cinema temos esta relação com a ausência de cor de várias formas, seja com "Sobre café e cigarros" (2002) trazendo o estado de neutralidade entre os viciados, ou ainda com "O Artista" (2011) nos colocando no mesmo habitat que os espectadores de anos atrás.
Entretanto em "Nebraska" este artificio vem para representar a monotonia geral da vida, algo que pode ser exemplificado na cena em que os homens da família Grant estão vendo TV. Esta cena aliás, ilustra como em pouco tempo alguém pode ser contagiado pela tal monotonia. Outro elemento que reforça esta chatice, é o fato do primeiro sorriso aparecer somente com 30 minutos de filme.
É importante lembrar que este estilo de vida esta presente em toda a Hawthorne, haja vista como a história de Woody (Bruce Dern), se tornou a noticia mais emocionante da cidade - em muito tempo. Dos habitantes destaco Ed Pegram (Stacy Gram), os dois primos burros, a tia de David (Will Forte) e a simpática jornalista Peg (Angela McEwan). Claro que não pode ser deixada de lado, até porque ela brigaria muito comigo, a esposa de Woody, Kate (June Squibb), responsável por momentos muito divertidos.
Em um filme que conta logo em sua primeira cena (muito bonita, por sinal) como conduzirá a situação-problema, "Nebraska" nos traz elementos conflitantes, como assistir a uma cirurgia em preto e branco, nos mostrando que esta, não é menos forte sem o vermelho.
Contudo, a melhor de todas foi trazer Woody com o boné "prize winner". Muito por conta de remeter a uma importante indagação: A vida é o que a gente acha dela ou o que outros vêem. Vale lembrar que muitas vezes, temos a chance de manipular o que mostramos, e o fazemos com maestra. Para ter certeza disto basta acessar ao perfil de seus amigos em uma famosa rede social.
Philomena
4.0 920 Assista AgoraNão se engane em pensar que o filme tem como principal função discutir a "bondade" das freiras, ou provocar qualquer tipo de polêmica neste sentido. O que podemos levar de "Philomena" é a discussão da bondade das pessoas.
Philomena (Judi Dench), aliás, consegue conduzir o arco dramático de uma forma muito interessante, conseguindo mudar a primeira impressão que temos dela em pouco tempo. Suas frases rendem alguns dos melhores momentos da trama, sendo:
- Não é porque as pessoas estão na primeira classe que elas são de primeira;
- Trate as pessoas bem pois você pode precisar delas;
- Meu estômago acorda antes do que mim.
Com relação a edição, destaco os planos-detalhe utilizados em momentos aleatórios, muitas vezes "sem expressões" dos atores. Outro detalhe são os vídeos caseiros usados como metáfora, e fazendo relação com o ditado "a mãe vê a vida através dos olhos do filho"
Um dos mais bem humorados (ao estilo britânico, claro) concorrentes a Melhor Filme, "Philomena" cativa principalmente por apresentar uma bondade em alguém que teria muitos motivos para ser amarga. E é justamente ai, que a protagonista consegue cativar a todos com que se relaciona.
Basta percebemos como Martin (Steve Coogan) gostava de escutar as histórias pela ótica positiva dela. Ser uma pessoa positiva não tem haver com gostar de tudo, mas sim com não odiar tudo.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraDesde o dia em que vi um documentário chamado "Unforgettable Evil" que fortaleci minha opinião sobre nosso interesse e fascínio em vilões. Quando este vem em forma de protagonista e é encarnado com perfeição (desta vez Leonardo Di Caprio), então...
Jordan (Di Caprio) aparece praticamente em todos os momentos das 3h horas que passamos vendo a evolução de um homem que aprendeu a convencer pessoas de todas as formas (com uma participação ótima de Matthew McConaughey), seja no lado pessoal (o fascínio dos funcionários da Stratton me lembrou os fãs da Apple com Steve Jobs), quanto no profissional.
Entretanto, o próprio filme faz questão de mostrar que Jordan é um ser deplorável, chegando não somente a caçoar das pessoas ao seu redor, mas do próprio espectador.
Com uma trilha sonora que intensifica cada cena, a edição é outro ponto que chama atenção por deificar a ostentação dos momentos mais bizarros.
Para quem gostou por conta da incrível habilidade de convencimento e noção de negócios do filme, recomendo Super Lobista.
Para quem gostou por conta da "beleza das drogas" e luxúria, recomendo refletir pois tudo foi feito com o dinheiro de quem acreditou em promessas de gente vestida de terno. Talvez seja melhor pensar nisso em outubro, quando sua TV estiver recheada de "Mestres do Universo".
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraApós o anúncio dos indicados à Melhor Filme deste ano, encontrei um tumblr que citava qual deveria ser o verdadeiro nome destes filmes. No caso de "Gravidade" a sugestão era O Espaço é aterrorizante. Muito honesto.
Mantendo a característica dos nomeados a trazer a situação-problema logo no inicio, Gravidade consegue te conquistar e brincar com as noções de espaço populares, trazendo divertimentos com a ausência de gravidade, beleza em ver a Terra por outro ângulo, paz e silêncio causados pela ausência de som...
E é ai que os roteiristas utilizam do principio básico do suspense para criar um arco dramático simples mas bastante tenso.
Mas não é somente por estas questões que a(o) (d)trama são dignas de nota. Alguns elementos como renascimento (ilustrado pela posição fetal de Ryan e depois o andar com as próprias pernas), personagens possuírem e escolherem a própria trilha sonora, e claro, a posição de oração são unidas a um plano de fundo religioso sutil mas intrigante: talvez porque a maioria das religiões indique que ao fim da vida vamos encontrar Deus no céu. Porém se Ele criou o universo, não será este tal paraíso localizado no espaço?!
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraOK OK, admito que a participação de Jared Leto foi muito boa mesmo, diminuindo significamente a minha implicância com ele. Nem preciso citar o papel de Matthew McConaughey, que mostrou novamente que é um grande ator.
Vemos novamente uma tendencia em alguns dos filmes concorrentes ao Oscar de Melhor Filme: a situação-problema ocorre logo nos primeiros instantes, abordando assim como lidar com o problema ao invés de como se chegou a ele.
De fato, estes momentos em que sentimos a contagem regressiva da vida de Ron (Matthew) são os mais interessantes, pois lidamos com suas medidas e sentimos (principalmente pelo belo trabalho de áudio realizado) a agonia de querer lutar contra um inimigo, que possui aliados tão fortes e da mesma especie que nós.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KNo mesmo dia em que vi o filme, coincidentemente estava zappeando e assisti a Django Livre. O plano de fundo é diferente mas o tema em questão é o mesmo (como o ser humano pode se apoiar a ideais tão falsos).
Trazendo de forma veemente a figura dos adeptos da escravidão sempre apoiados em ideais (e ai o filme se torna muito interessante ao se preocupar em não trazer estes adeptos como odiadores de negros, justificando sempre suas ações), "12 anos de Escravidão" consegue ilustrar como a escravidão era tratada com naturalidade, haja vista a cena de enforcamento.
Como era de se esperar, o filme traz uma carga emocional muito forte, sobretudo na última cena. Aliás, esta última traz a palavra que sintetiza os sentimentos de nós, que temos invariavelmente um parentesco com alguém que participou na vida real como um dos personagens apresentados no filme, seja de qualquer um dos lados.
Porque assistir: você poderá entrar em catarse com Solomon, independente de sua etnia, afinal todos somos seres livres... até a segunda ordem.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraCerta vez conheci alguém que me perguntou porquê no (falecido) Orkut eu não citava nada no campo Paixões. Na época eu namorava - esta que perguntou inclusive - e só lembrei dela e da minha família como resposta. Engraçado ela ter respondido tantas coisas como Verde ou sotaque gaúcho atrelado a este sentimento de paixão.
Ao passo que fui ficando mais velho percebi que isto realmente acontece, e que é possível sim apaixonar-se por uma cor, uma camisa e até um Sistema Operacional.
Lidando com cores incrivelmente expressivas e ao mesmo tempo claras e chapadas (como a maioria das marcas de tecnologia esta adotando como Google, Microsoft e Apple), o filme apresenta uma beleza fotográfica muito interessante, usando tons laranja em Theodore quando lida com as pessoas e o azul claro/cinza quando esta realmente sozinho.
Talvez o mais interessante é perceber algo que sempre foi uma das maiores razões por gostar de me relacionar com as pessoas: o quão crescemos com as experiencias em conjunto. Haja vista a frase inicial deste comentário.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraNos primeiros instantes do filme minha primeira lembrança foi a de quando ia na casa do meu bisavó, e brincamos com a coleção dele. Certo de que tentava buscar realizar algo presente nas instruções atrelado a algo totalmente desorientado, como publicitário é engraçado pensar que a dúvida (seguir instruções ou totalmente criativo) sempre me ocorre.
Pra variar o Batman é o personagem mais legal, inclusive trazendo uma dose de humor ao filme, algo que poderia ter sido mais utilizado, pois senti o mesmo que senti em Detona Ralph - filme bom (neste caso bem melhor do que Detona Ralph) porém sem gerar muitas risadas.
De resto a moral do filme é muito bem exposta, sendo inclusive recomendada para muitos adultos ou jovens/idosos. Não é possível deixar de citar o belo ponto de virada, contando com metáforas interessantes.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraDivertido x Ritmo
Grandes personagens em um filme com ritmo muito acelerado e com mais de duas horas de duração.
1º filme dos indicados que eu assisti e espero que os outros me encantem mais, afinal se você não é capaz de contar uma boa história em um tempo curto é porque ela não é tão boa assim.
A Menina que Roubava Livros
4.0 3,4K Assista AgoraNão lembro da última palavra que aprendi. Talvez seja resiliência, que é a capacidade de capitarmos energia em momentos de estresse, o que eventualmente gera deformações na matéria.
Esta na verdade é uma boa palavra para representar como um ato de aprendizado pode gerar mudanças drásticas na personalidade de alguém.
Com uma cenografia muito interessante, o filme consegue em grande parte nos fazer esquecer que A guerra esta acontecendo, transformando-a num plano de fundo.
Com um casting carismático em todos os sentidos da palavra,incluindo é claro seu narrador oculto, gostaria apenas que o filme encerrasse na hora que deveria ser a única em que todos estão exatamente iguais, sendo realizado o sonho e ideal do personagem mais comentado no filme: Hitler.