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Nascido no mesmo dia que O Bebê de Rosemary!
Quando eu morrer eu vou levar em minhas mãos uma cópia de O Exterminador do Futuro 2!
Até hoje ainda me emociono assistindo Titanic!
Todas as noite eu sonho com a Angela de Beleza Americana!
Nunca dormi direito depois que vi a garotinha de vermelho em A Lista de Schindler!
Nunca mais tive estruturas emocionais para voltar a assistir À Espera de um Milagre!
Dr. Hannibal Lecter foi meu professor na faculdade!
Já tive um cachorro que se chamava Dadinho. Dadinho é o caralho! O nome dele era Zé Pequeno porra!!!
Também vejo gente morta!
Regan McNeil era minha amiga na infância!
Já tive um caso com Carrie White!
Pretendo me casar com a Bella Baxter!
Quero que toque a trilha sonora de Dança com Lobos em meu velório!
Só quando perdermos tudo que ficamos livre para fazer qualquer coisa!
Só espero que minha morte faça mais sentido do que minha vida!
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Eu sofro de CINEFILIA e não tenho cura!!!!

"Os mortos recebem mais flores do que os vivos, porque o remorso é mais forte que a gratidão."
Anne Frank

Últimas opiniões enviadas

  • Adriano Silva 🎬

    ⚠ TEM SPOILERS ⚠

    O Exorcista (The Exorcist) 2ª Temporada - 2017

    Esta foi uma série que realmente eu tinha uma certa expectativa positiva, justamente por ser fã de uma das maiores obras literárias de terror da história - o livro de 1971 de William Peter Blatty. E o clássico de William Friedkin de 1973 - simplesmente o maior filme de terror da história do cinema.

    O inicio da primeira temporada de "O Exorcista" é muito promissora, pois a série começa justamente com uma semi-continuação do filme clássico, nos posicionando na história central que gira em torno de uma família com uma filha possuída. Porém, quando descobrimos que a mãe dessa família é na verdade a Regan MacNeil e a avó é a Chris MacNeil, a série perde qualidade e tem uma queda de rendimento absurda.

    Com a chegada da segunda temporada, inocentemente eu acreditava que a história fosse seguir dentro da proposta anterior, que era justamente no mesmo molde de semi-continuação do filme clássico, e que assim a série pudesse voltar a ter um certo nível de qualidade e relevância. Mas não foi isso que aconteceu, pois nesta segunda temporada a série muda completamente a chave de toda a sua história inicial e parte para uma espécie de antologia. Ou seja, a série iniciou com os dois Padres enfrentando casos de possessão demoníaca em uma família, e agora segue com o mesmo rumo em um lar adotivo.

    A segunda temporada de "O Exorcista" segue o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e Marcus Keane (Ben Daniels) 6 meses após os eventos da primeira temporada, onde ambos saíram de Chicago e estão em uma espécie de viagem em busca do mal, com mais casos de possessões demoníacas. O Padre Tomas continua seu treinamento para se tornar um exorcista sob a orientação do Padre Marcus (conforme o seu pedido ao final da primeira temporada). Nessa altura começam a aparecer as desavenças entre os Padres, até pelo fato de Tomas achar que o Marcus ainda o considera como seu aluno, por mais que o Tomas já tenha evoluído e aprendido muito, e já tenha até demonstrado parte desse aprendizado.

    A viagem dos Padres os levam até um caso de uma jovem que apresenta sintomas de possessão - o caso da garota possuída Cindy (Zibby Allen). A partir desse ponto que o Padre Marcus começa a se preocupar com os riscos que o Padre Tomas corre à medida que suas habilidades de exorcismo aumentam. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tenta eliminar aqueles dentro do Vaticano que se voltaram contra Deus. E aqui temos o novo contexto que dará forma para toda a história dessa segunda temporada, o lar adotivo que é administrado por Andrew Kim (John Cho), um ex-psicólogo infantil.

    O lar adotivo inicialmente é composto por cinco crianças e fica em uma ilha privada isolada na costa de Seattle. Logo após a chegada de Rose Cooper (Li Jun Li), que se junta ao Andrew com uma parceira do orfanato, uma das crianças é atacada por uma força sobrenatural maligna, onde justamente entra em cena os dois sacerdotes travando uma luta entre o bem e o mal mergulhando diretamente no inferno. Um ponto que eu preciso destacar: o primeiro episódio termina igual o primeiro episódio da primeira temporada, ao som da trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield. No final dos créditos temos uma citação ao William Peter Blatty, que havia falecido em 12 de janeiro de 2017.

    A série segue com uma cena em que o Padre Bennett explica o processo de possessão para integração, que foi o ocorrido com a Angela/Regan no final da temporada anterior. Bennett explica que todos eles conhecem a possessão mas não sabem identificar a segunda fase da possessão. Uma fase irreversível chamada integração, a fusão permanente do demônio com a alma humana. O Padre Bennett diz que acredita que os integrados sempre se infiltraram em todos os níveis da Igreja, inclusive em Roma. Esta é a história paralela que vem desde a primeira temporada, onde nos mostra mais sobre essa difícil e arriscada tarefa que o Padre Bennett enfrenta no Vaticano, arriscando a sua própria vida contra os corruptos da Igreja. Logo o Padre Bennet rastreia uma solitária agente da Igreja chamada Mouse (Zuleikha Robinson), que a princípio não parece que iria colaborar com as investigações do Padre, mas logo eles formam uma improvável dupla.

    A partir desse ponto a série foca inteiramente nos casos sobrenaturais que acontecem com mais frequência no orfanato, e a situação só piora na medida que os acontecimentos avançam. Andrew é uma espécie de paizão naquele orfanato, já que é um cenário muito difícil para ele, que vive de luto pelo falecimento de sua esposa Nicole. A casa é composta por Caleb (Hunter Dillon), um adolescente cego. Shelby (Alex Barima), um rapaz religioso. Verity (Brianna Hildebrand), um jovem rebelde homossexual. Truck (Cyrus Arnold), o garoto com problemas psicológicos. E Grace (Amélie Eve), uma garotinha com 6 anos que sofre de agorafobia. Depois temos a chegada da nova moradora do abrigo de adoção, que é a Harper (Beatrice Kitsos). A garota Harper conhece as crianças que moram naquele local, inclusive a Verity, na qual ela dividirá o quarto. A pequena Grace não gosta da presença da Harper, pois a Grace armazena (ou senti a presença) de alguma força sobrenatural.

    O segredo por trás daquele orfanato é aquela mística lenda da bruxa da ilha, que atacava as crianças envenenando elas e jogando elas naquele misterioso poço. Tanto que aquele poço possui uma espécie de poder sombrio oculto que atrai as crianças do orfanato para lá, acredito que o caso esteja ligado com uma espécie de sacrifício das criança. Por si só aquele ambiente do orfanato já é muito sombrio e carregado com forças sobrenaturais, tanto que assim que os Padres começam a vasculhar mais profundamente os segredos do local, o Padre Tomas logo entra em um transe psicológico. Às partes que envolve o Padre Bennett e a Mouse é interessante, até por mostrar que os integrados estão cada vez mais infiltrados no Vaticano com mais e mais poderes sobre a Igreja. Aquela cena dos sacerdotes vomitando sangue na mesa e morrendo um por um, é uma cena bem elaborada e casa bem com o contexto daquela história paralela na trama central da série.

    O elenco dessa segunda temporada é apenas ok, todos cumprem os seus papeis e nada além disso. O destaque maior fica à cargo de Alfonso Herrera e Ben Daniels. Acredito que os dois Padres são os maiores destaques da série, até por estarem diretamente ligados com todos os acontecimentos que sempre os envolvem em cada história (isso contando a primeira e a segunda temporada). O elenco que compõem o orfanato é bem mediano, típico elenco que não agrega em praticamente nada. Talvez o John Cho e a Li Jun Li que se destaquem um pouco mais, principalmente o John com sua possessão que está diretamente ligada com o final da temporada (que é bem questionável, por sinal). Porém, aidna assim devo mencionar a Alicia Witt, que fez a Nicole, esposa falecida de Andrew, que teve uma ótima performance passando aquele ar de maligna.

    Eu vejo a série de "O Exorcista" como uma tentativa até válida de construir novas histórias e novos rumos a partir desse rico material (o livro e o filme clássico) que estava armazenado no passado. Esta segunda temporada até funciona melhor em sua proposta, sem querer se apegar o tempo todo em pontas do filme clássico, como a primeira temporada fez, ao reviver a Regan e a Chris MacNeil. Acredito que se pegarmos unicamente esta temporada livre de amarras, ela pode até em partes funcionar melhor que a primeira. Mas como um todo realmente é complicado preferir uma ou outra temporada, ou até mesmo apontar qual foi melhor, qual funcionou melhor dentro do que se esperava. Eu acredito que inicialmente a ideia dos produtores da série seria criar algum tipo de história que pegasse um gancho do filme clássico, algo como uma releitura modernizada a partir de uma nova história que se interligasse com personagens clássicos, e foi exatamente isso que aconteceu na primeira temporada.

    Já esta segunda temporada continua na linha da primeira, confrontando os dois Padres com casos de possessões e integrações, porém aqui já vamos por um outro caminho que se afasta de vez da família MacNeil e cria sua identidade própria na série. No entanto, este caminho que a série tomou levou a história junto com seus personagens para algo mais mitológico do que precisamente demoníaco, que eu acredito que era o intuito do roteiro. Aqui a série deixa de lado o exorcismo e embarca praticamente na série "Supernatural" (2005), o que eu já acho bem discutível. A forma como os Padres agem quando chegam para explorar novos locais; como por exemplo naquela cena onde ambos chegam pela primeira vez no lar de adoção, logo que eles saem do carro eles começam a analisar o local sempre desconfiados. Pode parecer besteira mas esta cena imediatamente me remeteu aos irmãos Winchester de "Supernatural".

    Outro ponto, aqui eu já acho muito "Supernatural":
    Especificamente falando do final da temporada, onde a série simplesmente abandona o ato do exorcismo para expulsar o demônio do corpo do Andrew e decide resolver na bala. Até podemos considerar que esta temporada faz algumas referências ao "O Exorcista 3"(1990), como a cena do Padre Tomas em transe dentro do confessionário, mas daí decidir que o Padre Marcus acerte uma bala na cabeça do Andrew para finalizar toda a história foi uma escolha simplesmente ridícula. E vou além, o fato dessa decisão de matar o hospedeiro do demônio para que ele não se apossasse do corpo do Padre Tomas é uma escolha muito ruim.
    Aquela história paralela envolvendo o Padre Bennett na sua caçada contra os dissidentes do Vaticano eu esperava um desenvolvimento muito maior do que foi entregue. No fim ficamos nos perguntando o que de fato aconteceu, qual foi a resolução daquele caso, onde fica uma clara oportunidade subaproveitada. Outro ponto polêmico e muito discutível, é a cena do beijo do Padre Marcus, onde eu achei um contexto desnecessário, totalmente gratuito, onde claramente ficou apenas como opção para causar, força a barra, gerar polêmicas, e no fim eu acho que conseguiu.

    A primeira temporada de "O Exorcista" estreou na Fox em 23 de setembro de 2016, em 12 de maio de 2017 a Fox renovou a série para uma segunda temporada, que estreou em 29 de Setembro de 2017. Em 11 de maio de 2018, a Fox cancelou a série após duas temporadas. Segunda as matérias da época, a série teve um boa recepção crítica em sua primeira temporada e a segunda seguiu com o mesmo bom desempenho. Porém, a série foi alvo de algumas polêmicas, gerou algumas discursões, tanto que o próprio criador da série Jeremy Slater já havia manifestado insegurança quanto ao futuro do seriado pela compra da Fox pela Disney na época. Dizem que apesar da série ter recebido uma boa recepção crítica em suas duas temporadas, a série foi cancelada devido às baixas classificações. Por outro lado também dizem que a série de "O Exorcista" foi mais uma vítima da reorganização da Fox pela Disney, onde levou outros cancelamentos de séries como "Lucifer", "Brooklyn Nine-Nine", "The Last Man on Earth" e "The Mick".

    Por fim: "O Exorcista" foi uma série com um grande potencial, com grande ideias, com um material muito rico, que iniciou muito bem mas foi se perdendo pelo caminho, e muito por escolhas erradas e desnecessárias durante todo o seu percurso. O que fica é um sentimento vazio de decepção, de acreditar que a série deveria ter ido além, ter sido muito melhor do que de fato foi, pois tinha muito potencial para isso, porém foi totalmente subaproveitado. Por mais que esta série carregue o nome do maior filme de terror de todos os tempos, mas infelizmente eu também optaria pelo seu cancelamento. Uma pena!

    - 14/04/2024

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  • Adriano Silva 🎬

    ⚠ TEM SPOILERS ⚠

    O Exorcista (The Exorcist) 1ª Temporada - 2016

    "O Exorcista" é uma série de televisão americana criada por Jeremy Slater (roteirista das séries "The Umbrella Academy" e "Cavaleiro da Lua") para a Fox, onde teve a sua estreia em 23 de setembro de 2016. A série é inspirada (baseada) de forma vaga na obra-prima literária de William Peter Blatty, e funciona como uma possível continuação do clássico "O Exorcista" (1973), do saudoso e eterno William Friedkin, além de ignorar as várias sequências do filme. A série é estrelada por Alfonso Herrera e Ben Daniels como uma dupla de exorcistas que investigam casos de possessão demoníaca.

    Sobre o livro:
    Em outubro do ano passado eu li pela primeira vez o icônico livro de 1971, "O Exorcista". Foi uma experiência sombria, incomoda, obscura, tenebrosa, diferente de tudo que eu já vivi literariamente. O livro "O Exorcista" é uma obra que mexe com a nossa mente, que mescla o sagrado, o profano, o ceticismo, a fé, a crença, juntamente com o investigativo e um estudo das camadas do ser humano ao ser exposto ao seu limite mental e espiritual. Uma obra completamente imersa no terror psicológico, no terror sobrenatural, onde temos um embate entre a ciência e a fé, além de sermos confrontados com o ocultismo, o mistério, o suspense e obviamente o terror. Definitivamente o livro é uma obra sombria, macabra, soturna, um terror sobre o bem e o mau, Deus e o demônio, e principalmente sobre a renovação e o poder da fé. Posso afirmar com 100% de certeza que a obra de William Peter Blatty está simplesmente entre os maiores livros de terror de todos os tempos.

    Sobre o clássico:
    "O Exorcista" é um filme completamente fiel com a obra literária, muito bem adaptado, que consegue nos inserir com bastante propriedade no terror sobrenatural, psicológico, sombrio, nos causando um certo nível de tensão, desconforto, medo e repulsa. "O Exorcista" é mundialmente conhecido como o maior filme de terror do século XX, cuja influência foi extremamente significativa na cultura pop e diversas publicações o consideram um dos maiores filmes de terror já feitos. Uma obra categórica, apoteótica, pioneira, influente, revolucionária, um verdadeiro marco na história do cinema, que virou referência sobre o gênero terror e possessão. Dentro do meu conceito cinematográfico, "O Exorcista" é simplesmente o MAIOR filme de terror da história do cinema.

    Sobre a série:
    Confesso que na época em que a série foi divulgada eu fiquei muito curioso em como iriam retratar uma história tirada do clássico "O Exorcista". Logo eu fiquei com um pé atrás, pois sinceramente eu nunca confiei em seriados de obras clássicas, em que na sua grande maioria por si só elas já são irretocáveis e autossuficientes. Porém, antes de conferir a série eu queria ler o livro e revisitar o clássico, coisa que eu fui postergando até este momento, e que de fato aconteceu.

    Realmente a série tem uma premissa muito interessante, já que no início conhecemos toda ambientação soturna e sombria, juntamente com uma fotografia que traz um foco ambientado em um cenário acinzentado, macabro, com um tom morto, denso, obscuro, que logo casa com uma trilha sonora potente, estridente, incomoda, que logo dita o ritmo exato que foi projetado pelo roteiro. É um início bastante motivador!

    Destacando cada episódio:
    O primeiro episódio se encarrega em apresentar cada personagem da história, onde logo conhecemos o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e o Padre Marcus Keane (Ben Daniels). Logo após conhecemos a família da Angela Rance (Geena Davis), que é composta por suas duas filhas, Casey Rance (Hannah Kasulka) e Katherine "Kat" Rance (Brianne Howey), e seu marido Henry Rance (Alan Ruck). Nesse episódio temos uma cena marcante da série, que é a cena do exorcismo do garoto Gabriel que está sendo executada pelo Padre Marcus - de fato é uma cena tecnicamente muito bem feita. Logo em seguida vamos conhecendo mais a respeito dos dois Padres em questão, já que temos um grande embate de ideias e opiniões entre eles, onde o Padre Marcus se mostra extremamente perturbado e traumatizado com o trágico exorcismo do garoto Gabriel. Por outro lado já observamos que o Padre Tomas se mostra inexperiente e assustado com tudo que começa a acontecer com a garota Casey. O primeiro episódio termina ao som da icônica e lendária trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield.

    No segundo episódio já temos o início de todas as suspeitas envolvendo a garota Casey, em ela estar realmente possuída ou não. Tanto que o Padre Tomas vai em busca da Igreja com auxílio de vídeos para estudar a possibilidade de um exorcismo. Novamente estamos diante de uma caso de possessão, mas que a indicação inicial não é um exorcismo e sim uma sessão se terapia, ou algo do tipo. É nesse episódio que conhecemos aquela espécie de seita que fazem chacina e roubam os órgãos das vítimas. A partir daí a série segue nos mostrando mais a respeito da história do Padre Marcus, onde ele mostra ter uma personalidade muito forte, já que ele é muito enfático em seus objetivos de conseguir algo e provar algo. Como na cena em que ele consegue arrancar de dentro da Casey a presença do demônio. Por outro lado ele é visto como impostor pela diocese, o que culmina com a sua excomunhão vindo direto de Roma, por ele ter apontado uma arma para um colega Padre e conduzir um exorcismo que resultou na morte de uma criança. Já o Padre Tomas só observa tudo acontecer de fora, como se não entendesse a gravidade dos fatos, ou não soubesse como agir por inexperiência. No terceiro episódio que temos aquelas revelações sobre o passado de Kat envolvendo a Julia e o acidente de carro. Nesse mesmo episódio temos aquela cena no metrô, onde a Casey tem uma performance que me remete a Carrie (da lendária franquia de filmes baseado no icônico livro do mestre King).

    No quarto episódio é onde estamos diante da Angela pedindo por um exorcismo em sua filha para o Padre Tomas, o que já me soava bastante estranho essa sua atitude. Já o Padre Tomas inicialmente recusa o pedido da Angela, mesmo com a já autorização do Bispo. Enquanto isso a Casey é submetida à inúmeros exames médicos desnecessários, já que ela está piorando cada vez mais e o seu problema não é médico. O Padre Marcus busca mais informações com a Freira chefe do convento, e ele passa por uma espécie de treinamento de exorcismo, para que ele entenda mais sobre como lidar corretamente com o caso, sem forçar a vítima até a morte, como aconteceu com o garoto Gabriel. No fim, ele consegue realizar o exorcismo do rapaz corretamente. A partir daí, o Padre Tomas solicita a ajuda do Padre Marcus no exorcismo da garota Casey, e logo eles começam a preparar o local do exorcismo na casa da família Rance.

    No quinto episódio é onde temos a primeira tentativa de exorcismo na Casey. É uma cena muito boa, até por destacar aquela maquiagem pesada na Hannah Kasulka durante a possessão, e a sua performance também se destaca nessa cena. Como sempre acontece em sessões de exorcismo, o demônio se utiliza da vítima para relembrar os traumas e o ponto fraco do Padre Tomas, como no caso da Jessica (Mouzam Makkar). Já com o Padre Marcus o demônio ataca revivendo a figura de sua mãe, que diz que deveria ter abordado ele enquanto teve chances. Nesse episódio temos aquela cena da Casey na ambulância, que é bizarra. E possivelmente a maior revelação da série; quando a Angela revela para o Padre Tomas, durante uma conversa, que ela é a lendária Regan MacNeil do clássico. Ao mesmo tempo que temos uma espécie de homenagem da icônica cena de "O Exorcista", quando o Padre desce do Táxi e se porta bem na frente da casa, dessa vez é a Chris MacNeil (Sharon Gless), a mãe da Regan, que faz exatamente esta cena ao chegar na casa da filha.

    A partir do sexto episódio é onde temos a dimensão de uma provável continuação da história do clássico "O Exorcista", já que o episódio se inicia nos mostrando os flashbacks de quando a mãe da Regan usava o caso de possessão da filha para lucrar um dinheiro, sendo com livros, entrevistas de Tvs, onde claramente a Regan não se sentia a vontade, pelo contrário, ela ficava visivelmente incomodada com esta situação imposta pela mãe. Esta é uma parte da série extremamente curiosa, já que nós da velha guarda não tivemos o conhecimento desses acontecimentos após o término da possessão da Regan, até porque são fatos novos criados exclusivamente para a série. E todos esses novos acontecimentos com relação ao passado da Regan e da Chris é criado para dar o contexto do atual relacionamento entre mãe e filha, já que a Regan tem uma relação muito difícil com sua mãe, ao ponto de ter falado para sua família que ela estava morta há muito tempo, pois a Regan senti um profundo ressentimento da mãe por tê-la usada com seu caso de possessão para alavancar sua carreira de atriz e ganhar dinheiro. Diante desses novos fatos fica muito claro o porque que a Angela (Regan) acreditava que sua filha estava realmente possuída desde o início, e que não era uma problema médico, já que ela sempre foi a Regan MacNeil e já havia passado por tudo que sua filha estava passando.

    No sétimo episódio temos o destaque da grande repercussão midiática que deu esse caso de possessão da Casey, onde seus familiares foram encarados quase como celebridades, ainda mais com a volta do caso Chris e Regan. Nesse episódio o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tem uma bom destaque. Já o Padre Tomas resolve se entregar para a Jessica, enquanto a Casey está extremamente debilitada e é finalmente exorcizada pelo Padre Marcus dentro do lago.

    No oitavo episódio temos mais revelações envolvendo aquela seita demoníaca, que acaba tomando uma vaga proporção dentro da série (muito questionável, por sinal). O episódio segue com a Casey já exorcizada e se recuperando no hospital. O padre Tomas é punido e afastado pela igreja por cometer adultério, enquanto o padre Bennett cai em uma emboscada. No final desse episódio é quando, no meu ponto de vista, as coisas começam a desandar dentro da série; quando temos a cena com a Angela/Regan torcendo o pescoço de sua mãe e ela caindo da escada.

    O nono episódio da série é onde temos mais dúvidas e questionamentos em relação a Angela/Regan. Ela apresenta comportamentos cada vez mais estranhos e suspeitos, na medida que ela ataca sua família fazendo todos de reféns em sua casa, e logo após ela mata a Abadessa no convento. Estaria Regan MacNeil novamente possuída pelo demônio Pazuzu? O ponto mais questionável e curioso, é quando ela afirma que dessa vez não se trata de uma possessão e sim de uma integração entre ela e o demônio. A partir daí a Regan age inteiramente como se ela e o demônio tivessem se integrado e se tornado um só - Bizarro!

    O último episódio é bem fraco, a começar por aquela espécie de reunião familiar destrutiva imposta pela Regan. Acredito que a parte positiva desse episódio é unicamente com a parte final do Padre Tomas e o Padre Marcus, pois eles foram os únicos que seguraram bem o último episódio. Estou curioso para saber como será este treinamento que o Padre Marcus fará com o Padre Tomas, para que ele vire um exorcista, já que foi um pedido do próprio Padre Tomas e o Padre Marcus aceitou ficar.

    Pontos positivos dessa primeira temporada:
    A ideia de composição da série é boa, pois podemos perceber que inicialmente a série consegue demonstrar aquela essência que vem diretamente da franquia de "O Exorcista". Querendo ou não, ao assistir a série a gente se pega revivendo acontecimentos ligados ao filme clássico ou até a obra literária - isso é um ponto muito positivo! incluindo as partes técnicas dessa primeira temporada, que eu já destaquei anteriormente, como ambientação, fotografia, enredo e trilha sonora.

    Pontos negativos dessa primeira temporada:
    Começando pelo roteiro, que obviamente se divide em dois pontos, um bom e outro péssimo. O acerto inicial do roteiro está justamente em criar uma temática para a série que está diretamente inserida dentro do universo de "O Exorcista", incluindo a sua atmosfera sombria e macabra. Acredito que se a primeira temporada tivesse seguido unicamente por este caminho, que engloba uma família que teve a sua filha possuída pelo demônio nos mesmos moldes do que aconteceu com a história original, ficaria uma história muito boa e muito mais relevante e aceitável. O maior erro do roteiro, que eu considero uma péssima escolha, é o fato de optarem por construir uma ligação verdadeira com a história original e não ficar somente no terreno do inspirado/baseado, que na minha opinião seria o certo.

    A partir do momento que temos a revelação de que a Angela é a verdadeira Regan MacNeil, é onde a série despenca, cai completamente de produção e relevância. Pois a partir daí, nós que conhecemos a história original vamos buscar coerência em praticamente tudo. Sem falar que apresentação da atriz Geena Davis enquanto Angela é aceitável, dentro da questão de mãe desesperada por não saber o que de fato está acontecendo com sua filha. Porém, a partir do momento que ela revela ser a Regan, ela fica péssima, com uma atuação caricata demais, canastrona demais, grotesca demais, querendo se impor, com um ar de poderosa, de soberana, que ficou absurdamente péssimo. Sem falar que essa história de integração com o demônio (ao invés de possessão) é muito ruim, mal interpretada, onde a atriz está nitidamente sofrível para conseguir se impor como um ser soberano sobre os humanos.

    Continuando com os pontos negativos:
    Aquela cena com a Regan integrada com o demônio se exibindo para sua família, é bizarramente ruim, desnecessária, mal planejada, mal trabalhada, com atuações sofridas e um desfecho final inteiramente questionável. Sem falar que a forçação de barra nessa cena é ainda maior quando decidem que a Regan integrada obteve poderes no maior estilo X-Men. O CGI é um ponto técnico completamente negativo. Outro ponto: tentaram elaborar algumas histórias paralelas para dar mais contexto para a temporada, que no fim ficou com desfechos rasos e perdidos; como no caso daquele grupo, que mais parece uma seita demoníaca, que ainda não mostrou a que veio, talvez na próxima temporada.

    Sobre o elenco:
    Alfonso Herrera (protagonista da telenovela mexicana "Rebelde") está muito bem como o Padre Tomas, pois ele conseguiu expor aquela veia de personagem inexperiente, indeciso, confuso, muita das vezes até perdido em sua própria história. Todavia, seu personagem vai em uma crescente dentro da temporada, e no fim ele se torna bastante convincente.
    Ben Daniels ("House of Cards") é outro que conseguiu compor muito bem o seu personagem Padre Marcus. O Padre Marcus foi o contraponto do Padre Tomas, e ambos funcionaram perfeitamente dentro das suas proporções de roteiro. Ben Daniels conseguiu demonstrar a figura daquele Padre incisivo, categórico, enfático, que nunca se dava por vencido, que não se vendia e sempre acreditava em seus princípios. Alfonso Herrera e Ben Daniels para mim foram os dois melhores de todo o elenco da série nessa primeira temporada.

    Hannah Kasulka ("The Rookie") faz um trabalho modesto que até se destaca em algumas cenas. Acredito que ela compôs bem a figura da Casey, a garota possuída, e conseguiu uma atuação convincente, principalmente nas cenas de possessão.
    Brianne Howey ("Ginny e Georgia") traz uma personagem que mostrou ter bastante potencial, mas foi completamente subaproveitada. A personagem Kat se destaca apenas por ser a irmã da filha possuída da Regan MacNeil, pois ela apenas compõe o elenco, quando na verdade eu achei que ela fosse ter mais destaque baseado naquele acidente de carro.
    Alan Ruck ("Succession") traz seu personagem na mesma linha da Brianne Howey, ou seja, compor o elenco familiar como o pai de família. Seu personagem Henry Rance até mostra um certo destaque, principalmente nos embates com sua esposa Angela, mas como um todo é bem vago e sem grande influência.
    Sharon Gless ("Burn Notice") faz a Chris MacNeil, que na minha opinião é a personagem mais sem sentido de toda temporada. Ela chega na série com um pé na porta, ao reviver uma cena icônica do filme clássico, mas também é só. De resto ela serve como bode expiatório da Regan, troca algumas farpas com a filha, revive o passado e tem uma morte absurdamente ridícula.
    Geena Davis ("Grey's Anatomy") eu já destaquei perfeitamente o que ela representa para essa temporada. Como Angela Rance ela convence e vai muito bem, como Regan MacNeil é simplesmente péssima.

    Considerações finais:
    Esta primeira temporada de "O Exorcista" tem seus altos e baixos, pois a série inicia dentro de uma proposta, que é reviver um universo extremamente cultuado e glorificado do maior filme de terror de todos os tempos. E até a metade da temporada a série vai muito bem dentro dessa proposta. Porém, a partir do sexto episódio a série toma um outro rumo, deixa de lado a essência e a atmosfera do filme original para embarcar em uma espécie de mitologia, indo para o campo das seitas demoníacas, saindo da possessão para a integração, e com representações de forças sobrenaturais exageradas.

    Não classifico a série como desnecessária (como muitas pessoas classificaram), acho que a série tinha muito potencial, porém foi mal utilizado nessa temporada. Acredito que a série inicia dentro da proposta mas encerra como algo que nunca foi e sequer precisava seguir por este caminho. É uma boa série em que a primeira temporada consegue honrar o nome do maior filme de terror da história até os cincos primeiros episódios, pois a partir daí a série perde completamente a mão, beirando o grotesco nos dois últimos episódios. Uma pena que a série foi cancelada pela Fox em sua segunda temporada, pois eu realmente acreditava que a série poderia melhorar ainda mais. O que me resta é conferir os 10 episódios da segunda e última temporada.

    - 29/03/2024

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  • Adriano Silva 🎬

    A Sociedade da Neve (Inglês: Society of the Snow / Espanhol: La Sociedad de la Nieve) 2023

    "A Sociedade da Neve" é dirigido por JA Bayona e baseado no livro de mesmo nome de Pablo Vierci de 2009, que detalha a verdadeira história do trágico acontecimento da seleção uruguaia de Rugby.
    Em 13 de outubro de 1972, o Voo 571 da Força Aérea Uruguaia, fretado por um time uruguaio de futebol de Rugby e seus torcedores para levá-los a um jogo em Santiago, no Chile, cai em uma geleira no coração da Cordilheira dos Andes. Dos 45 passageiros a bordo, 29 sobreviveram ao acidente inicial, embora mais morressem devido a ferimentos, doenças e uma avalanche nas semanas seguintes. Presos num dos ambientes mais inacessíveis e hostis do planeta, os sobreviventes são obrigados a recorrer ao canibalismo de sobrevivência daqueles que já morreram para se manterem vivos. No entanto, em vez de se voltarem uns contra os outros, os sobreviventes recorrem ao trabalho cooperativo em equipe que aprenderam através do rugby e da fé espiritual, para escapar das montanhas.

    O diretor espanhol JA Bayona, que recentemente dirigiu episódios da série "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder", ficou conhecido cinematograficamente pelos seus dois primeiros trabalhos: "O Orfanato" (2007), um bom filme espanhol que mistura elementos de fantasia e terror, e "O Impossível" (2012), um drama baseado em uma história real comovente, tocante e profundo. Dessa vez Bayona traz "A Sociedade da Neve", uma produção espanhola original Netflix, que conta com um elenco que na sua grande maioria é composto por atores novatos argentinos e uruguaios. Um ponto muito curioso, é o fato do autor uruguaio Pablo Vierci conhecer alguns dos 16 sobreviventes reais do caso, o que o motivou ainda mais para escrever o livro documentando os relatos ocorridos.

    Ao longo dos anos esta história real do trágico voo 571 já foi adaptada em outras produções, como "Sobreviventes dos Andes" (1976), "Vivos" (1993) e "I Am Alive: Surviving the Andes Plane Crash" (2010). Em "A Sociedade da Neve", Bayona optou por relatar os acontecimentos fazendo uma mescla como um documentário inserido em um filme. Tanto que toda a equipe de produção gravaram mais de 100 horas de entrevistas com todos os sobreviventes ainda vivos. Por outro lado, os atores do longa tiveram contato direto com os sobreviventes e as famílias das vítimas. A produção teve todo um estudo sobre o local do acidente, realizando parte das filmagens exatamente no local.

    "A Sociedade da Neve" se destaca pela excelente direção de Bayona, que soube extrair os detalhes mais minuciosos e profundos do caso e nos passar com uma veracidade impecável. Sem falar que todo o seu trabalho de câmeras é muito bem executado, onde ele sempre buscava o foco nos rostos e nas expressões do elenco em cena, aliado com os mais variados diálogos e monólogos, que nos dava a dimensão e a profundidade daqueles acontecimentos. O trabalho de maquiagem é completamente absurdo e corrobora com toda a grandeza da direção, já que ao longo da trama somos impactados pela degradação física dos personagens, o que vai de encontro com uma aparência desgastada, maltratada, judiada, onde todos ali iam definhando com o passar do tempo, e tudo que víamos acontecer era grande parte por méritos da direção de maquiagem e dos efeitos especiais. E com um destaque muito justo para David Martí e Montse Ribé, maquiadores de efeitos especiais vencedores do Oscar por "O Labirinto do Fauno" (2006). Juntos eles criaram próteses de cadáveres, cortes, feridas, tudo que nos dava a dimensão e a proporção do que estava ocorrendo com cada um presente naquele local.

    Aliado com todas essas qualidades técnicas que eu já destaquei, temos uma fotografia que é absurda, com uma qualidade extremamente profissional e que destacava em cada cena apresentada. O interessante aqui é o fato da fotografia fazer um contraponto entre o colorido e o cinza; sendo o colorido destacando os momentos de competividade do time, onde podíamos notar um sentimento de felicidade e esperança nos rostos de cada um. Por outro lado temos o cinza, que se destaca justamente a partir do momento da queda do avião, onde transcendia o sofrimento e o limite da fé, e mais uma vez de esperança. A direção de arte também merece ser enaltecida, pois é a partir dela que temos aqueles gigantescos cenários de neves, onde nos abalava profundamente quando a câmera ia se distanciando e íamos tomando conhecimento do local em que eles estavam. A trilha sonora é bem pontual com cada cenário e cada acontecimento, sempre diversificando a melodia de acordo com a situação que o grupo estava enfrentando. A trilha sonora é a grande responsável em unir ali lado a lado a fé e o desespero.

    Falando sobre o filme:
    Temos aqui um dos filmes dramáticos de sobrevivência que mais me impactou nos últimos anos. O diretor Bayona já conseguiu este mesmo feito com "O Impossível", que foi um filme que me deixou profundamente impactado, entristecido, chateado, comovido, que me deixou uma semana pensando e refletindo sobre tudo que eu havia presenciado. Em "A Sociedade da Neve" Bayona põe em pauta novamente o poder da fé, da esperança, da motivação, da luta pela sobrevivência, da crença, da determinação, da coragem, fazendo um contraponto com o desespero, a agonia, a desolação, a crueldade, a tristeza, a comoção, nos despertando os mais profundos sentimentos de compaixão, empatia, carinho, amor pelo próximo, nos fazendo sentir na pele a dor excessiva da extremidade enfrentada por cada um dos sobreviventes.

    "A Sociedade da Neve" é aquele típico caso do filme documentário que você já conhece a história, já sabe como tudo terminou, já que houve sobreviventes, mas mesmo assim você se impressiona, pois o nível de adrenalina é muito alto de acordo com cada acontecimento. Eu não conhecia a história real à fundo, só tinha ouvido alguns relatos a respeito do caso, e o filme conseguiu me deixar muito mal, mexeu muito com meus sentimentos, me despertou um profundo sentimento de tristeza, compaixão, agonia, tensão, dor, por presenciar cenas tão cruéis, tão deploráveis, tão bárbaras, tão brutais, tão excessivas, com uma extremidade dolorida, daquelas que parte o seu coração e te faz refletir por dias.

    O longa-metragem trabalha muito bem a mente humana e seus extremos quando exigida, pois estamos diante de um cenário completamente inóspito, cruel, sem qualquer possibilidade de sobrevivência, e ao longo dos dias eles vão sendo confrontados com as consequências desse local, que é o frio, a fome, a sede, o medo da morte, o desespero pela sobrevivência e a agonia pelo resgate. Nesse ponto temos um estudo sobre o poder da fé, da esperança, da misericórdia, a crença em um Deus, os limites do corpo humano. Até que ponto o seu corpo pode suportar a fome, a sede e o frio? Até que ponto você consegue manter a sua mente saudável e lúcida para não mergulhar na loucura e no extremismo? Quais os limites que você consegue enfrentar para se manter vivo na esperança por sobrevivência? Até que ponto você consegue pensar sobre a prática do canibalismo para se manter vivo e resistente? Já que seu corpo vai acabar exigindo esses nutrientes para sobreviver. São perguntas que em todos os momentos estão vagando pela mente de cada um ali, na medida que nós espectadores também estamos nos fazendo essas mesmas perguntas se nós estivéssemos diante daquela situação.

    Todos esses sentimentos citados são despertados a partir da composição de cenas absurdamente bem feitas e bem elaboradas. Pois as cenas de "A Sociedade da Neve" foram feitas com um alto nível de qualidade, onde nos proporcionava sentir a dor, o desespero e a agonia de tal acontecimento.
    - Vou começar citando a cena da queda do avião, que pra mim já é uma das grandes cenas de todo o filme. A partir do momento em que o avião se choca com a montanha de gelo, onde temos o impacto com o bico do avião, que logo ele vai se destroçando e rompendo o solo em uma altíssima velocidade. Nessa cena eu fiquei em choque e boquiaberto, ao observar aquele impacto dos restos do avião com a neve, fazendo uma pressão para frente onde o impacto vinha de trás para frente fazendo as pessoas serem esmagadas uma pelas outras com os bancos do avião.
    - Temos aquela cena em que os sobreviventes vão retirando os corpos de dentro dos restos do avião, e ao lado da tela vai aparecendo o nome e a idade de cada um.
    - A cena em que eles discutem a possibilidade da prática do canibalismo, que por si só já é uma cena controversa e reflexiva, de acordo com a crença de cada um, é claro. Especificamente nessa cena temos um dos melhores diálogos de todo o filme, quando o grupo discute sobre praticar o canibalismo ou não, já que ali era um caso de extremismo pela sobrevivência. Muitos ali tinham a dificuldade em aceitar a prática pela falta da liberação do dono do corpo, onde mais tarde temos a cena onde cada um diz liberar o seu corpo para alimentar os sobreviventes - que cena pesada e incomoda!
    - Outra cena que me impactou bastante, foi a cena da tempestade de neve, onde soterrou todos os sobreviventes, obrigando eles a passarem 4 dias soterrados pela neve - outra cena absurda!
    - E não posso deixar de mencionar aquela cena onde eles conseguem fazer funcionar um rádio, quando eles tem a notícia que as buscas pelos os sobreviventes do desastre foram encerradas. É uma cena impressionante, que dilacera o seu coração, pois você vê aquelas pessoas entrando em um estado de completa loucura e desespero - mais uma cena que me deu um nó na garganta.

    Sobre o elenco:
    O elenco de "A Sociedade da Neve" é muito bom, muito competente, onde cada um entregou atuações certeiras, condizentes com o personagem e as situações, mesmo que em grande maioria o elenco era composto por novatos.
    Os maiores destaques foram Enzo Vogrincic Roldán que fez o Numa Turcatti, Matías Recalt que fez o Roberto Canessa e o Agustín Pardella que fez o Nando Parrado.
    Nem preciso destacar todo o elenco, pois cada um fez muito bem a sua parte, onde contribuíram muito bem com a representação daquele momento desesperador e aterrorizante.

    "A Sociedade da Neve" ganhou 12 prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor no Prêmio Goya. No Oscar, foi indicado para Melhor Longa-Metragem Internacional, representando a Espanha, e Melhor Maquiagem e Penteado.

    O longa alcançou a lista dos 10 melhores filmes não ingleses da Netflix, sendo que nos primeiros dias, teve 51 milhões de visualizações no streaming.

    No Rotten Tomatoes, 90% das 151 resenhas dos críticos são positivas, com uma classificação média de 7,8/10. Já no Metacritic, que usa uma média ponderada, atribuiu ao filme uma pontuação de 72 em 100, com base em 33 críticos.

    Por fim: "A Sociedade da Neve" é um belíssimo trabalho de JA Bayona, que traz uma habilidade técnica magistral para apoiar sua história de tragédia da vida real. É um filme triste, tocante, profundo, desconfortante, incomodo, comovente, que vai mexer com a sua mente e principalmente com o seu coração. Mas por outro lado é também um filme muito reflexivo, preponderante, contundente, importante, que nos exemplifica o poder da fé, da força, da resistência, da perseverança, da esperança, do equilíbrio da mente, da busca incansável pela sobrevivência, que nos mostra que basicamente não somos nada diante de situações extremas e desoladoras.
    [16/03/2024]

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