Fassbinder me faz lembrar o quanto amo o teatro. De resto, o amor ou qualquer outro sentimento passa longe do filme... É frio. Mais frio. Os atores encenam, te olham de frente, olhos nos olhos e não dizem nada, indiferentes. Uma hora e meia me corroendo por não sentir. Bela e fria experiência.
"O encontro de três vidas arruinadas pela vida no limitado de um barco perdido no mar. Duas mulheres e um homem, três destinos que a vida, depois de ter limitado constantemente nos seus desejos e possibilidades, reúne enfim no mais limitado dos espaços. Tudo é limite. No filme, a cada momento, tudo procura transbordar dos limites. A máquina foge com os personagens em direção à natureza, atravessa mares e céus, persegue nuvens, voa com as aves, corre com os homens alucinados, segue os movimentos dos galhos das árvores que o desespero da natureza parece estar chamando, cai com os corpos desanimados dos homens, avança dez vezes sobre a fonte que jorra, foge, corre, perde-se perseguindo o horizonte, caminhadas sem fim – mas quando volta é a mesma terra que encontra, o chão que é superfície e fim de toda visão, a cerca que delimita, o limite que prende, limites de todas as espécies. Mesmo no ilimitado da natureza, tudo é limite."
Traduzir, reproduzir, fazer com que o original tenha sentido. A narrativa proposta é de puro casamento entre real e ficcional. Tudo ocorre numa infindável discussão sobre a relação entre o homem e a arte, na qual, quem se descola é o espectador, que, mesmo sem que perceba, prende-se às grandes questões da subjetividade da arte. Dentro desse jogo de discursos, muito bem encenados por Juliette e Shimel (eu mal conseguia piscar os olhos), Kiarostami fortalece a idéia que martela e martela todos os dias o meu pensamento: a arte mais intraduzível com a qual podemos nos deparar é a linguagem.
Tão tradicional quanto o teatro de fantoches é uma história de amor. Em comum, os próprios fantoches. Prisão, espera e sacrifício... Dão um nó na garganta e no peito.
É o que costumamos chamar de filme louco. Cheio de cortes imprecisos e de estragos deixados pelas tragédias em Hiroshima e Kyoto. Até que ponto uma bomba atômica pôde influenciar na filosofia do cinema japonês, não sei, mas em nada fez perder na alta sensibilidade do olhar, na percepção e na capacidade de, por metáforas um tanto fantasmagóricas, criar beleza silenciosa em tela. Avaliei com cinco estrelas, todas elas por uma única razão: a fotografia. "Um filme irracionalmente simpático... fascinante em sua estranheza." - Positif
"Maybe this time would have felt fill that hole in my heart, but probably not. You know, sometimes I feel... I've felt all what I'm ever gonna feel. And from here on out, I'll never feel something new."
- A cor do pôr-do-sol me deixa triste. - Laranja? - Sim, laranja. - Quão triste é laranja? - Tão triste quanto o momento em que você percebe que todas as coisas importantes são um sonho.
Há uma perturbadora vontade de viver, imóvel, lá no fundo, quando num desejo repente de partir, encontra-se uma outra alma que também anda distraída para a morte.
"Deus... Eu não me engano nesse incêndio, nessa paixão. Esse delírio. Eu deveria ter tramado com grãos de ouro uma trilha sinuosa até o pé da escada, pendurado pencas de romãs frescas na janelas da fachada. Teria feito uma guirlanda de flores em cores vivas, corrida na velha balaustrada da varanda. Branco, branco... Um rosto branco. (...) O tempo. O tempo. Esse algoz, às vezes, suave, às vezes, mais terrível. Demônio absoluto conferindo qualidade à todas as coisas. É ele, ainda hoje e sempre, quem decide. E, por isso, é que me curvo cheio de medo. E erguido em suspenso, me perguntando qual o momento preciso da transposição. Que instante... Que instante terrível é esse que marca o salto? Que massa de vento, que fundo de espaço concorre para levar ao limite? O limite em que as coisas, já desprovidas de vibração, deixam de ser simplesmente vida, na corrente do dia a dia, para ser vida nos subterrâneos da memória."
Críticas perfeitas com o verdadeiro humor-negro que só Sir Hitchcock sabe fazer. Fora a qualidade técnica das cenas mais longas, a trilha sonora que encaixa certinha, e todo o curioso (como sempre) enredo . Mestre!
Uma obra de arte. Bergman consegue nos levar a reflexão mesmo com um roteiro extremamente denso, psicológico e conturbado. Durante todo o filme tentei decifrar os significados dos cortes, das cenas longas, dos monólogos em que Alma falava e Elisabeth respondia com o olhar. Não pude conter o deslumbramento pela relação misteriosa entre as personagens. Sobre a fotografia... Bom, a melhor que já vi. Um filme bem a frente do seu tempo, ousado e marcante.
O Amor é Mais Frio que a Morte
3.5 17Fassbinder me faz lembrar o quanto amo o teatro. De resto, o amor ou qualquer outro sentimento passa longe do filme... É frio. Mais frio. Os atores encenam, te olham de frente, olhos nos olhos e não dizem nada, indiferentes. Uma hora e meia me corroendo por não sentir. Bela e fria experiência.
Limite
4.0 168 Assista Agora"O encontro de três vidas arruinadas pela vida no limitado de um barco perdido no mar. Duas mulheres e um homem, três destinos que a vida, depois de ter limitado constantemente nos seus desejos e possibilidades, reúne enfim no mais limitado dos espaços. Tudo é limite.
No filme, a cada momento, tudo procura transbordar dos limites. A máquina foge com os personagens em direção à natureza, atravessa mares e céus, persegue nuvens, voa com as aves, corre com os homens alucinados, segue os movimentos dos galhos das árvores que o desespero da natureza parece estar chamando, cai com os corpos desanimados dos homens, avança dez vezes sobre a fonte que jorra, foge, corre, perde-se perseguindo o horizonte, caminhadas sem fim – mas quando volta é a mesma terra que encontra, o chão que é superfície e fim de toda visão, a cerca que delimita, o limite que prende, limites de todas as espécies. Mesmo no ilimitado da natureza, tudo é limite."
www.escrevercinema.com/o_lugar_sem_limites.htm
Cópia Fiel
3.9 452 Assista AgoraTraduzir, reproduzir, fazer com que o original tenha sentido. A narrativa proposta é de puro casamento entre real e ficcional. Tudo ocorre numa infindável discussão sobre a relação entre o homem e a arte, na qual, quem se descola é o espectador, que, mesmo sem que perceba, prende-se às grandes questões da subjetividade da arte. Dentro desse jogo de discursos, muito bem encenados por Juliette e Shimel (eu mal conseguia piscar os olhos), Kiarostami fortalece a idéia que martela e martela todos os dias o meu pensamento: a arte mais intraduzível com a qual podemos nos deparar é a linguagem.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraLeve ternura da tentativa. Tentar, tentar, para encontrar uma flor no caminho.
Dolls
4.2 119Tão tradicional quanto o teatro de fantoches é uma história de amor. Em comum, os próprios fantoches. Prisão, espera e sacrifício... Dão um nó na garganta e no peito.
O Silêncio Não Tem Asas
4.3 10É o que costumamos chamar de filme louco. Cheio de cortes imprecisos e de estragos deixados pelas tragédias em Hiroshima e Kyoto. Até que ponto uma bomba atômica pôde influenciar na filosofia do cinema japonês, não sei, mas em nada fez perder na alta sensibilidade do olhar, na percepção e na capacidade de, por metáforas um tanto fantasmagóricas, criar beleza silenciosa em tela. Avaliei com cinco estrelas, todas elas por uma única razão: a fotografia.
"Um filme irracionalmente simpático... fascinante em sua estranheza." - Positif
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraImaginar o amor para sentir amar.
"Maybe this time would have felt fill that hole in my heart, but probably not. You know, sometimes I feel... I've felt all what I'm ever gonna feel. And from here on out, I'll never feel something new."
Elegia ao Duplo Suicídio
3.8 13- A cor do pôr-do-sol me deixa triste.
- Laranja?
- Sim, laranja.
- Quão triste é laranja?
- Tão triste quanto o momento em que você percebe que todas as coisas importantes são um sonho.
Há uma perturbadora vontade de viver, imóvel, lá no fundo, quando num desejo repente de partir, encontra-se uma outra alma que também anda distraída para a morte.
Joguem Fora Seus Livros e Saiam às Ruas
4.3 43Direção e trilha sonora inesquecíveis.
O Funeral das Rosas
4.3 69 Assista AgoraImpressão minha ou Chan-wook Park viu todos os filmes de Matsumoto?
O Funeral das Rosas
4.3 69 Assista AgoraEntre espantosos risos e tragédias.
Lavoura Arcaica
4.2 381 Assista Agora"Deus... Eu não me engano nesse incêndio, nessa paixão. Esse delírio. Eu deveria ter tramado com grãos de ouro uma trilha sinuosa até o pé da escada, pendurado pencas de romãs frescas na janelas da fachada. Teria feito uma guirlanda de flores em cores vivas, corrida na velha balaustrada da varanda.
Branco, branco... Um rosto branco.
(...)
O tempo. O tempo. Esse algoz, às vezes, suave, às vezes, mais terrível. Demônio absoluto conferindo qualidade à todas as coisas. É ele, ainda hoje e sempre, quem decide. E, por isso, é que me curvo cheio de medo. E erguido em suspenso, me perguntando qual o momento preciso da transposição. Que instante... Que instante terrível é esse que marca o salto? Que massa de vento, que fundo de espaço concorre para levar ao limite? O limite em que as coisas, já desprovidas de vibração, deixam de ser simplesmente vida, na corrente do dia a dia, para ser vida nos subterrâneos da memória."
Sonhos
4.4 381 Assista AgoraNesse mesmo instante eu estou sonhando.
A Garota da Fábrica de Fósforos
3.9 161 Assista Agorao_o
Aconteceu Naquela Noite
4.2 332 Assista AgoraAnd the love triumphs again!
Elogio ao Amor
3.9 24"La mesure de l'amour est d'aimer sans mesure."
A Eternidade e Um Dia
4.2 66"Vejo você sorrindo, mas você está triste. Quer que lhe traga um pouco de palavras?
(...)
Tudo que eu posso ver é o mar, agora, o mar sem fim."
Como Água para Chocolate
3.6 218- El secreto es hacerlo con mucho amor.
Frenesi
3.9 272 Assista AgoraCríticas perfeitas com o verdadeiro humor-negro que só Sir Hitchcock sabe fazer. Fora a qualidade técnica das cenas mais longas, a trilha sonora que encaixa certinha, e todo o curioso (como sempre) enredo . Mestre!
Tudo Pode Dar Certo
4.0 1,1KGod is gay.
Estamira
4.3 375 Assista AgoraComo se comportar diante da perversidade insana do mundo? Louco é você quem fica depois de assistir.
Febre do Rato
4.0 657Vi o filme e, minutos depois, estive com o Cláudio Assis. Com ele!
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
4.0 264Cru, seco, real.
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraUma obra de arte. Bergman consegue nos levar a reflexão mesmo com um roteiro extremamente denso, psicológico e conturbado. Durante todo o filme tentei decifrar os significados dos cortes, das cenas longas, dos monólogos em que Alma falava e Elisabeth respondia com o olhar. Não pude conter o deslumbramento pela relação misteriosa entre as personagens. Sobre a fotografia... Bom, a melhor que já vi. Um filme bem a frente do seu tempo, ousado e marcante.