Harry pode até não ter cometido o adultério, mas isso não significa que ele não a tenha traído. Traiu, no mínimo, o ideal ao qual ela se entregou quando os dois se casaram, o que, por si só, justifica o desprezo dela por ele no desfecho da história, ainda que a interpretação tenha sido deixada a cargo de cada um.
Mal acabou o filme e eu já dei aquela googlada em nomes de assassinos em série e atiradores solitários, para conferir se eram mesmo compostos, respectivamente, de duas e três palavras.
Importante a mensagem que transmite, a de que devemos assumir, e não terceirizar, a responsabilidade por nossos atos — por piores que eles sejam —, que é isso que nos dá dignidade enquanto sujeitos.
"Um trapaceiro veio me fazer confidências. E me disse: trapacear não é coisa para qualquer um. Para roubar é preciso destreza e talvez coragem; mas, para trapacear, é preciso inteligência. Não se pode enganar o primeiro que chega, assim como se pode jogar um passageiro anônimo para fora do bonde. Para trapacear, por mais estranho que isso lhe pareça, é preciso encontrar um outro trapaceiro. As pessoas honestas podem também ser trapaceadas, não digo que não, mas a trapaça não é tão boa como quando nos deparamos com um outro que quer também nos enganar. E isso, se tens paciência para me ouvir, por três motivos, pelo menos. Antes de mais nada, porque o trapaceiro que quer te embrulhar está atento ao jogo dele e não ao teu. Em segundo lugar porque, acreditando que facilita a própria trapaça, na realidade, se sabes conduzi-lo, acaba facilitando a tua. Em terceiro lugar, enfim, porque, uma vez feita a trapaça, na maior parte das vezes ele se envergonha de ter tentado também enganar-te, esquece o assunto e não te denuncia. Em suma, trata-se apenas de ser um pouco mais ardiloso que aquele que quer ser ardiloso contigo. Apenas mais ardiloso, porém o suficiente para não dar na vista e não obrigá-lo a assumir o papel de pessoa de bem."
"[...] defendo a separação da Igreja e do Estado, e a razão para defender isso é a mesma razão que nossos antepassados tinham. Não é para proteger a religião das garras do governo, mas para proteger nosso governo das garras do fanatismo religioso. Posso ser ateia, mas não quer dizer que não vou à igreja. Eu vou. A igreja que vou é a que emancipou os escravos, que deu às mulheres o direito de voto, que deu a todos nós a liberdade que tanto apreciamos. Minha igreja é a capela da democracia em que nos sentamos, e não preciso de Deus para determinar minha moral. Preciso de meu coração, de minha mente e dessa igreja."
"Princípios só valem quando os usamos quando são inconvenientes. Se eu respondesse às perguntas, mesmo que para me defender, significaria que tinham o direito de perguntar, mas não tinham."
mais de um impostor. A relutância dos Barclay em admitir que Bourdin é um farsante é no mínimo suspeita. Todavia, não se pode perder de vista que imposturas assim são recursos comuns contra o sofrimento. Recusa-se a realidade para não ter que lidar com o peso dela: no caso deles, a constatação de que Nicholas continua desaparecido.
"GBF" é um filme sobre armários. Não exclusivamente sobre o famigerado "armário gay", como pode sugerir o título e o cartaz do filme, mas sobre um armário muito maior, que compreende todos nós e no qual nos escondemos: um armário que chamamos de mundo! As personagens que nos são apresentadas ao longo da história buscam, sem poupar esforços, esconder suas diferenças dentro desse armário, impedindo que o que há de mais profundo sobre elas — sua singularidade — venha à tona. Tudo isso por medo de que os rótulos que elas carregam e defendem veementemente sejam dissolvidos. Entretanto, quando o protagonista é tirado à força do armário e obrigado a sustentar um rótulo diferente do que ele defendia anteriormente, os armários de cada uma das outras personagens começam a se escancarar. Aos poucos, todas vão percebendo que os rótulos que carregam dizem, sim, de alguns traços delas, mas que elas mesmas não se resumem a eles.
Um filme que retrata os afetos humanos sem ser maniqueísta ou incorrer em juízo de valor. Alegria, Medo, Nojinho, Raiva e Tristeza, na "sala de controle" que é a mente da protagonista, dão o tom da trama que, intencionalmente ou não, sustenta um dos principais pressupostos da psicanálise sobre o psiquismo humano: o de que ele é plástico, tendo como uma de suas principais características a ambivalência. Mais do que isso, um filme que nos oferece, de forma sutil, uma reflexão sobre a "patologização" da tristeza, reflexão um tanto oportuna, principalmente em nossos dias, em que esse sentimento é tido como um mal que precisa ser combatido e evitado (a chamada "Geração Prozac" e sua cultura do bem-estar acima de todas as coisas é prova disso!). Embora possa não parecer, a tristeza é também necessária; tão necessária quanto a alegria! De maneira lúdica, o filme apresenta e defende essa ideia.
Um tratado sobre a agressividade que reside, insiste e persiste em cada um de nós, que, em nome da cultura, se vê obrigado a sublimá-la, para fins de convívio social. Atrevo-me a dizer que Freud se sentiria orgulhoso se pudesse assistir a "Relatos Selvagens", pois o filme alusão à boa parte do que ele discutiu em "O mal-estar na civilização" e também na correspondência a Einstein, "Por que a guerra?". Se os conflitos ocorrem mundo afora — alguns mais particulares que outros —, é porque, em primeiro lugar, eles ocorrem dentro de nós. O homem, quando se sente injustiçado, se rebela, mostra o que há de mais animalesco nele, vira uma verdadeira fera! Daí, provavelmente, o título do filme.
O puxa-fila de uma leva de remakes de filmes orientais, sendo, provavelmente, um dos poucos que valem a pena, pela qualidade da montagem, que chega a superar a do original. Destaque para Naomi Watts, belíssima em cena, em uma de suas melhores performances, que, sem dúvida, torna o filme ainda mais gostoso de ser visto.
Senão o melhor filme de animação dos estúdios Disney, um dos melhores produzidos até hoje. Conta uma história que verte desejo e sensibilidade em uma personagem para lá de carismática, que é capaz de tudo para atingir seu propósito. Além disso, o filme possui uma gama de personagens secundárias incríveis e uma trilha sonora inesquecível, que conta com a memorável "Aqui no Mar" (no original, "Under the Sea"), cantada em uma passagem emblemática.
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Tempo
3.1 1,1K Assista AgoraUma perda de tempo!
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraDifícil não se tocar com o segmento da Karen, que é, de longe, um dos mais envolventes do filme.
Harry pode até não ter cometido o adultério, mas isso não significa que ele não a tenha traído. Traiu, no mínimo, o ideal ao qual ela se entregou quando os dois se casaram, o que, por si só, justifica o desprezo dela por ele no desfecho da história, ainda que a interpretação tenha sido deixada a cargo de cada um.
Teoria da Conspiração
3.5 188 Assista AgoraMal acabou o filme e eu já dei aquela googlada em nomes de assassinos em série e atiradores solitários, para conferir se eram mesmo compostos, respectivamente, de duas e três palavras.
Os Últimos Passos de um Homem
4.0 246 Assista AgoraImportante a mensagem que transmite, a de que devemos assumir, e não terceirizar, a responsabilidade por nossos atos — por piores que eles sejam —, que é isso que nos dá dignidade enquanto sujeitos.
Possessão
2.8 1,3K Assista AgoraMuito melhor do que o que a média geral do Filmow sugere.
Splice: A Nova Espécie
2.7 914Dren sofre de um baita complexo de Édipo!
As Trapaceiras
2.7 315 Assista AgoraO desfecho da história me remeteu ao no mínimo curioso conto de Alberto Moravia "Trapaceiros trapaceados", cujo início vale ser reproduzido:
"Um trapaceiro veio me fazer confidências. E me disse: trapacear não é coisa para qualquer um. Para roubar é preciso destreza e talvez coragem; mas, para trapacear, é preciso inteligência. Não se pode enganar o primeiro que chega, assim como se pode jogar um passageiro anônimo para fora do bonde. Para trapacear, por mais estranho que isso lhe pareça, é preciso encontrar um outro trapaceiro. As pessoas honestas podem também ser trapaceadas, não digo que não, mas a trapaça não é tão boa como quando nos deparamos com um outro que quer também nos enganar. E isso, se tens paciência para me ouvir, por três motivos, pelo menos. Antes de mais nada, porque o trapaceiro que quer te embrulhar está atento ao jogo dele e não ao teu. Em segundo lugar porque, acreditando que facilita a própria trapaça, na realidade, se sabes conduzi-lo, acaba facilitando a tua. Em terceiro lugar, enfim, porque, uma vez feita a trapaça, na maior parte das vezes ele se envergonha de ter tentado também enganar-te, esquece o assunto e não te denuncia. Em suma, trata-se apenas de ser um pouco mais ardiloso que aquele que quer ser ardiloso contigo. Apenas mais ardiloso, porém o suficiente para não dar na vista e não obrigá-lo a assumir o papel de pessoa de bem."
A Conspiração
3.4 20"[...] defendo a separação da Igreja e do Estado, e a razão para defender isso é a mesma razão que nossos antepassados tinham. Não é para proteger a religião das garras do governo, mas para proteger nosso governo das garras do fanatismo religioso. Posso ser ateia, mas não quer dizer que não vou à igreja. Eu vou. A igreja que vou é a que emancipou os escravos, que deu às mulheres o direito de voto, que deu a todos nós a liberdade que tanto apreciamos. Minha igreja é a capela da democracia em que nos sentamos, e não preciso de Deus para determinar minha moral. Preciso de meu coração, de minha mente e dessa igreja."
"Princípios só valem quando os usamos quando são inconvenientes. Se eu respondesse às perguntas, mesmo que para me defender, significaria que tinham o direito de perguntar, mas não tinham."
Que grata surpresa é Laine Hanson!
O Impostor
4.0 154Resta a dúvida se não há, nessa história,
mais de um impostor. A relutância dos Barclay em admitir que Bourdin é um farsante é no mínimo suspeita. Todavia, não se pode perder de vista que imposturas assim são recursos comuns contra o sofrimento. Recusa-se a realidade para não ter que lidar com o peso dela: no caso deles, a constatação de que Nicholas continua desaparecido.
Aos Teus Olhos
3.4 288 Assista AgoraMisto de "Dúvida" ("Doubt", 2008) com "A Caça" ("Jagten", 2012) que não chega aos pés de nenhum dos dois.
G.B.F.
3.1 185"GBF" é um filme sobre armários. Não exclusivamente sobre o famigerado "armário gay", como pode sugerir o título e o cartaz do filme, mas sobre um armário muito maior, que compreende todos nós e no qual nos escondemos: um armário que chamamos de mundo! As personagens que nos são apresentadas ao longo da história buscam, sem poupar esforços, esconder suas diferenças dentro desse armário, impedindo que o que há de mais profundo sobre elas — sua singularidade — venha à tona. Tudo isso por medo de que os rótulos que elas carregam e defendem veementemente sejam dissolvidos. Entretanto, quando o protagonista é tirado à força do armário e obrigado a sustentar um rótulo diferente do que ele defendia anteriormente, os armários de cada uma das outras personagens começam a se escancarar. Aos poucos, todas vão percebendo que os rótulos que carregam dizem, sim, de alguns traços delas, mas que elas mesmas não se resumem a eles.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraUm filme que retrata os afetos humanos sem ser maniqueísta ou incorrer em juízo de valor. Alegria, Medo, Nojinho, Raiva e Tristeza, na "sala de controle" que é a mente da protagonista, dão o tom da trama que, intencionalmente ou não, sustenta um dos principais pressupostos da psicanálise sobre o psiquismo humano: o de que ele é plástico, tendo como uma de suas principais características a ambivalência. Mais do que isso, um filme que nos oferece, de forma sutil, uma reflexão sobre a "patologização" da tristeza, reflexão um tanto oportuna, principalmente em nossos dias, em que esse sentimento é tido como um mal que precisa ser combatido e evitado (a chamada "Geração Prozac" e sua cultura do bem-estar acima de todas as coisas é prova disso!). Embora possa não parecer, a tristeza é também necessária; tão necessária quanto a alegria! De maneira lúdica, o filme apresenta e defende essa ideia.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraUm tratado sobre a agressividade que reside, insiste e persiste em cada um de nós, que, em nome da cultura, se vê obrigado a sublimá-la, para fins de convívio social. Atrevo-me a dizer que Freud se sentiria orgulhoso se pudesse assistir a "Relatos Selvagens", pois o filme alusão à boa parte do que ele discutiu em "O mal-estar na civilização" e também na correspondência a Einstein, "Por que a guerra?". Se os conflitos ocorrem mundo afora — alguns mais particulares que outros —, é porque, em primeiro lugar, eles ocorrem dentro de nós. O homem, quando se sente injustiçado, se rebela, mostra o que há de mais animalesco nele, vira uma verdadeira fera! Daí, provavelmente, o título do filme.
O Chamado
3.4 1,5K Assista AgoraO puxa-fila de uma leva de remakes de filmes orientais, sendo, provavelmente, um dos poucos que valem a pena, pela qualidade da montagem, que chega a superar a do original. Destaque para Naomi Watts, belíssima em cena, em uma de suas melhores performances, que, sem dúvida, torna o filme ainda mais gostoso de ser visto.
A Pequena Sereia
3.7 576 Assista AgoraSenão o melhor filme de animação dos estúdios Disney, um dos melhores produzidos até hoje. Conta uma história que verte desejo e sensibilidade em uma personagem para lá de carismática, que é capaz de tudo para atingir seu propósito. Além disso, o filme possui uma gama de personagens secundárias incríveis e uma trilha sonora inesquecível, que conta com a memorável "Aqui no Mar" (no original, "Under the Sea"), cantada em uma passagem emblemática.