Documentário feito por uma produtora pornô gay para se promover e que acabou indiretamente sendo um retrato de um mundo que já não existe mais. O cinema pornô gay dos anos 70 foi capaz de captar o mundo gay e o espirito da comunidade naquela época melhor do que qualquer coisa mainstream feita durante ou depois. Sobre isso não tem nem discussão.
O que me fez ver esse filme foi um comentário que eu vi comparando ele com os filmes do Arthur Bressan Jr (um dos meus diretores gays favoritos), depois de ver entendo perfeitamente a comparação. A forma como o filme mostra diferentes formas como o desejo e o afeto se manifestam, quase sempre sem a necessidade de palavras, é a coisa mais linda do mundo. Estou realmente apaixonado por este filme.
Para um filme que se propõe a ser uma releitura de João e Maria a história te faz criar uma simpatia pela personagem da "bruxa" maior do que eu esperava. A forma como no final as crianças parecem mais vilanescas que a senhora que as prendeu é uma subversão que achei genial e faz o desfecho da personagem parecer ainda mais trágico (até um tanto sádico). Shelley Winters esta simplesmente sensacional aqui e descobrir a pareceria dela com o Curtis Harrington foi uma das melhores coisas do meu ano.
Para mim tem problemas bem parecidos com o primeiro filme. A primeira hora focada nas personagens e na relação delas com a magia e entre elas é maravilhosa, mas nos 20 minutos finais inclui um conflito que fica super deslocado e apressado. Aqui isso soa ainda pior porque ainda comete o erro de tentar "consertar" o original sem falar que foi filmado de uma forma super esquisita e que destoa completamente do resto do filme.
Mas apesar disso a primeira uma hora faz valer o filme. O elenco e as personagens são carismáticas e eu gostaria de ver elas em novos desdobramentos da história.
Uma história deliciosa sobre um jovem obcecado por vampiros que acaba se apaixonando por um vampiro que mora em West Hollywood.
Que prazer imenso ver um filme de terror/comédia tão gay assim. Mesmo que hoje em dia estejamos tendo um aumento em filmes de terror com representações explicitamente lgbt há uma higienização bem clara para que não afete uma plateia hetero. "Love Bites", pelo contrario, é um filme feito claramente tendo em mente unicamente o publico gay. Os diálogos, as cenas de nudez masculina, a inexistência de personagens heteros, citações explicitas a coisas como homofobia e aids e uma história de amor realmente muito bonita que me pegou completamente de surpresa. Entre todas as reações que eu imaginava que fosse ter com ele, chorar não era uma delas. Lindo demais.
Esse filme é sempre tão avacalhado e considerado umas piores continuações já feitas ou nas listas de piores adaptações de livros do King que eu estou surpreso com o quanto eu gostei. Definitivamente não tem o tom mais introspectivo que a história do livro/primeiro filme tinham, mas ele abraça um tom de aventura macabra (algo meio It) que também achei que dá super certo e que tem uma dupla de protagonistas bem carismáticos. No final das contas são duas formas diferentes de se contar histórias sobre famílias não sabendo lidar com o luto, mas aqui temos uma nota mais positiva mostrando a possibilidade de se superar a perda de forma coletiva. Outras perdas acontecem no meio do caminho, mas agora eles sabem que podem superar juntos.
O filme também tem toda uma aura camp que é uma delicia de acompanhar. Não deixa de ser engraçado que mesmo sem se basear diretamente numa obra do King o filme tem um clima fortíssimo das obras oitentistas dele. Inclusive vai fundo numas porralouqices que são a cara das coisas surtas dos livros dele que volta e meia são cortadas das adaptações. Mary Lambert realmente soube captar bem o trabalho dele.
PS: duas coisas a mais para declarar. A primeira é que só de termos um coprotagonista gordo que não é um alivio cômico e é um personagem interessante já é digno de nota. A segunda é que eu quero que alguém mais inteligente que eu faça uma leitura freudiana desse filme porque oh boy como aqui tem pano pra manga...
"Ganja & Hess" é menos um terror tradicional ou um blaxploitation na linha de Blacula e mais um romance gótico filmado de um jeito até um tanto experimental. Os paralelos do vampirismo com vício são bem claros, mas a forma como o filme lida com assimilacionismo e relação da igreja com a negritude são no mínimo interessantes. Hess vive praticamente isolado numa vizinhança branca e numa posição de respeito mas ainda sim os ruídos do racismo invadem o seu dia a dia.
O único ambiente em que se vê rodeado por pessoas iguais a si é na igreja que também irá dar o seu desfecho. Afinal, a igreja salvou Hess de seu vício ou apenas o separou das suas raízes com a África e o levaram a um destino trágico? Ganja por outro lado recusa esse destino, ela escolhe "ser uma doença" e manter a sua condição que pode ser trágica ou uma forma de manter viva uma ligação ancestral que não teria mais espaço no mundo de hoje. E apesar de tudo isso o filme não reduz os dilemas de seus personagens e a sua existência enquanto pessoas negras a apenas o racismo ou a violência.
E numa nota menor também é bacana ver um filme com protagonistas negros de classe alta e fica ainda melhor pelo fato do protagonista ser o Duane Jones (num mundo justo ele seria um ícone do terror com uma filmografia extensa).
O trabalho do Bressan Jr é uma das coisas mais apaixonantes que eu já vi. Ele usa a pornografia aqui para falar sobre ligações, sobre o desejo de se conectar com as pessoas e sobre um rapaz se descobrindo e encontrando pessoas iguais a ele. Lindíssimo, pena que o tralho do Bressan Jr seja tão desconhecido do publico lgbt atual.
O tal do primeiro slasher brasileiro (embora o diretor até tenha negado o selo de slasher ao filme). Vi "Shock" já tendo ouvindo uma entrevista com o diretor que acabou já direcionando a minha visão sobre a história. Nessa entrevista ele disse que fez o filme como um comentário sobre a ditadura ao colocar um assassino sem rosto (e do qual só vemos as suas botas militares) matando jovens "subversivos" que se sentem isolados e ameaçados também pela policia que supostamente deveria protege-los. A cena final ganha um força e tanto com essa interpretação em mente.
Mesmo querendo ignorar eu não consegui ignorar a voz do diretor na minha cabeça falando sobre isso e sinto que por essa razão eu acabei gostando mais do que outras pessoas que viram só pelo slasher. É um filme com algumas cenas bem boas e um ritmo um tanto estranho, mas acho que ainda merece ser visto, nem que seja pela curiosidade de ver o primeiro slasher (ou slasher-não-tão-slasher-assim-segundo-o-diretor) brasileiro.
O Mundo é Repleto de Segredos é basicamente um filme focado em amigas em uma festa do pijama contando umas para as outras histórias sobre mulheres sendo vitimas de violência, o espectador é praticamente um sexto membro dessa festa já que as histórias são contadas com looooooongas cenas sem corte focadas nos rostos das atrizes enquanto elas falam. Entendo quem não curtiu, mas para mim funcionou demais, mesmo a ausência de clímax. O filme é super atmosférico, ele tem todo um ar meio onírico e capta um lado meio mórbido da adolescência que me pegou demais. Sem falar que as atuações são maravilhosas, a atriz que faz a Suzie consegue segurar quase meia hora de monologo e ainda sim manter o clima da história que ela esta contando.
A sessão dupla perfeita com Satanic Panic ou com Ready or Not. Esses filmes de terror ao estilo "eat the rich" da era Regan como Society e They Live vão numa linha de absurdo que eu gosto bastante e que acho bacana que o terror atual esteja seguindo também (embora sendo bem sincero eu ainda prefira estes dois dos anos 80). Os dois primeiros atos são bacaninhas e causam um suspense legal mas eu já fui ver esperando pela famigerada cena final da orgia, mas UOU nada me preparou para o quão grotesca e até mesmo sádica ela realmente é.
Eu até preferiria que o Yuzna não tivesse colocado frases explicativas na boca dos personagens (do tipo "ah pq ricos sempre se alimentaram de gentalha" ou coisa do tipo) porque as imagens por si só passam a mensagem: este é um mundo de pessoas asquerosas, imorais e parasíticas e são justamente eles comandam o mundo. Gostei muito, e o fato de ter duas cenas em que os personagens são mortos na base do fisting torna tudo ainda mais inesquecível.
O filme tem uma abordagem muito gostosa sobre esse lado sombrio da infância e da imaginação que pode desagradar muita gente, mas que eu particularmente adorei. Este é um mundo em que os adultos são no máximo um ruído na vida das crianças e onde as crianças não são o mal puro ah lá "Bebê de Rosemary", mas que não as impede de tomarem atitudes que deixariam os adultos perplexos. A forma como as características que são exaltadas e ligadas infância (como a inocência e a imaginação) são usadas aqui como o alvo do incomodo mas sem chegar a ser algo muito surreal é de longe o maior mérito do filme, não são crianças demoníacas e psicopatas, são apenas crianças.
Embora o ritmo meio lento também possa incomodar eu acho que isto ajuda a tornar o final ainda mais marcante.
meu deus do céu eu não me lembro da última vez que eu chorei tanto vendo um filme kkkk "Buddies" é muito lembrado como o primeiro filme dramático sobre a aids mas ele vai além de ser só um drama querendo comover encima dessa tragédia, é um filme sobre a geração que lutou pela libertação gay encontrando com uma geração nova e a esperança de que os ideias consigam sobreviver através dela.
Realmente o filme definitivo da pandemia de coronavirus e da quarentena, sinto que se ele tivesse sido lançado em qualquer outro momento não faria tanto sentido assim kkkk. Falo isso não só por causa de detalhes como a garota mesmo fugindo de uma criatura sobrenatural parar para botar uma mascara ou então o comprimento de cotovelos que as personagens fazem, embora essas coisas sejam super bacanas também. Lançar um filme de terror feito uma chamada de vídeo num momento em que uma parcela considerável da população esta passando todos os seus dias dentro de casa na frente da tela do computador cria uma relação com o espectador que eu acho que em outros momentos não existiria. Não é uma ideia inédita, mas sendo feita agora parece até ter outro significado.
A forma como ele usa o fato da internet aproximar pessoas que estão fisicamente distantes e usar isto para causar medo e brincar com a falsa sensação de segurança é maravilhosa assim como ele consegue colocar muita naturalidade na forma como as personagens se relacionam uma com as outras (em momento algum duvidei que fossem amigas de longa data). Além é claro da forma realmente incrível como ele usa o formato digital para causar medo e tensão, fiquei últimos vinte minutos vendo tudo sem piscar. Enfim, um filme conciso, redondinho e incrível.
Eu falo de forma não irônica que o maior mérito desse filme de longe é parecer um especial de Gossip Girl. Logo de cara vemos esse universo de gente rica má composto por pessoas claramente muito velhas para fazerem adolescentes e que ficam soltando frases feitas, e é uma delicia ver isso. O final também é um ponto alto já que ele pega o icônico final do original e dá um tom mais pessimista para ele (aqui tem bem mais furos? Tem, mas isso a gente ignora). Pena que o meio do filme seja tão... chato, desinteressante e sem suspense.
Exploitation bem feio, sujo e malvado que consegue trabalhar com paranoias urbanas de um jeito até surpreendente. O medo da violência que simplesmente vem do nada, a ineficiência da policia e do próprio estado que parece ter abandonado todas aquelas pessoas "indesejadas" (todos os moradores do conjunto habitacional ou são negras ou latinas, não deixa de ser curioso ver um terror onde praticamente nenhum personagem é branco).
A forma como a violência é usada aqui também não deixa de ser interessante já que ela sempre surge de forma assustadoramente realista e grotesca o que de cara já gera um contraste com o quão cartunescos são os personagens. Mesmo com algumas sacadas meio bestas do roteiro quando o sangue começa jorrar o desconforto dura até o final, e a forma como o filme lida com isso como se fosse um jogo em que os personagens estão pouco a pouco perdendo território só aumenta a tensão. Primeiro contato que tenho com a obra da Findlay e foi no mínimo marcante.
Good Hot Stuff
3.5 1Documentário feito por uma produtora pornô gay para se promover e que acabou indiretamente sendo um retrato de um mundo que já não existe mais. O cinema pornô gay dos anos 70 foi capaz de captar o mundo gay e o espirito da comunidade naquela época melhor do que qualquer coisa mainstream feita durante ou depois. Sobre isso não tem nem discussão.
Krampus: O Terror do Natal
2.8 322 Assista AgoraHmmm que farofa deliciosa, por mim o Michael Dougherty faria um filme pra cada feriado do ano
O Reino de Deus
4.1 336O que me fez ver esse filme foi um comentário que eu vi comparando ele com os filmes do Arthur Bressan Jr (um dos meus diretores gays favoritos), depois de ver entendo perfeitamente a comparação. A forma como o filme mostra diferentes formas como o desejo e o afeto se manifestam, quase sempre sem a necessidade de palavras, é a coisa mais linda do mundo. Estou realmente apaixonado por este filme.
Latin Boys Go to Hell
3.5 1Sexo gay, mentiras e telenovela
Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó)
3.7 4Pra quem se interessar o filme esta disponível gratuitamente na plataforma online do festival de bh até o dia 2 de novembro de 2020
Fábula Macabra
3.2 15Para um filme que se propõe a ser uma releitura de João e Maria a história te faz criar uma simpatia pela personagem da "bruxa" maior do que eu esperava. A forma como no final as crianças parecem mais vilanescas que a senhora que as prendeu é uma subversão que achei genial e faz o desfecho da personagem parecer ainda mais trágico (até um tanto sádico). Shelley Winters esta simplesmente sensacional aqui e descobrir a pareceria dela com o Curtis Harrington foi uma das melhores coisas do meu ano.
Jovens Bruxas: Nova Irmandade
2.3 235 Assista AgoraPara mim tem problemas bem parecidos com o primeiro filme. A primeira hora focada nas personagens e na relação delas com a magia e entre elas é maravilhosa, mas nos 20 minutos finais inclui um conflito que fica super deslocado e apressado. Aqui isso soa ainda pior porque ainda comete o erro de tentar "consertar" o original sem falar que foi filmado de uma forma super esquisita e que destoa completamente do resto do filme.
Mas apesar disso a primeira uma hora faz valer o filme. O elenco e as personagens são carismáticas e eu gostaria de ver elas em novos desdobramentos da história.
Love Bites
3.2 4Uma história deliciosa sobre um jovem obcecado por vampiros que acaba se apaixonando por um vampiro que mora em West Hollywood.
Que prazer imenso ver um filme de terror/comédia tão gay assim. Mesmo que hoje em dia estejamos tendo um aumento em filmes de terror com representações explicitamente lgbt há uma higienização bem clara para que não afete uma plateia hetero. "Love Bites", pelo contrario, é um filme feito claramente tendo em mente unicamente o publico gay. Os diálogos, as cenas de nudez masculina, a inexistência de personagens heteros, citações explicitas a coisas como homofobia e aids e uma história de amor realmente muito bonita que me pegou completamente de surpresa. Entre todas as reações que eu imaginava que fosse ter com ele, chorar não era uma delas. Lindo demais.
Cemitério Maldito 2
2.8 266 Assista AgoraEsse filme é sempre tão avacalhado e considerado umas piores continuações já feitas ou nas listas de piores adaptações de livros do King que eu estou surpreso com o quanto eu gostei. Definitivamente não tem o tom mais introspectivo que a história do livro/primeiro filme tinham, mas ele abraça um tom de aventura macabra (algo meio It) que também achei que dá super certo e que tem uma dupla de protagonistas bem carismáticos. No final das contas são duas formas diferentes de se contar histórias sobre famílias não sabendo lidar com o luto, mas aqui temos uma nota mais positiva mostrando a possibilidade de se superar a perda de forma coletiva. Outras perdas acontecem no meio do caminho, mas agora eles sabem que podem superar juntos.
O filme também tem toda uma aura camp que é uma delicia de acompanhar. Não deixa de ser engraçado que mesmo sem se basear diretamente numa obra do King o filme tem um clima fortíssimo das obras oitentistas dele. Inclusive vai fundo numas porralouqices que são a cara das coisas surtas dos livros dele que volta e meia são cortadas das adaptações. Mary Lambert realmente soube captar bem o trabalho dele.
PS: duas coisas a mais para declarar. A primeira é que só de termos um coprotagonista gordo que não é um alivio cômico e é um personagem interessante já é digno de nota. A segunda é que eu quero que alguém mais inteligente que eu faça uma leitura freudiana desse filme porque oh boy como aqui tem pano pra manga...
Mamãe, Mamãe, Mamãe
3.5 8 Assista AgoraMeninas imersas num mundo completamente delas pouco a pouco descobrindo as violências do mundo. Que filme lindo.
Ganja & Hess
3.6 11"Ganja & Hess" é menos um terror tradicional ou um blaxploitation na linha de Blacula e mais um romance gótico filmado de um jeito até um tanto experimental. Os paralelos do vampirismo com vício são bem claros, mas a forma como o filme lida com assimilacionismo e relação da igreja com a negritude são no mínimo interessantes. Hess vive praticamente isolado numa vizinhança branca e numa posição de respeito mas ainda sim os ruídos do racismo invadem o seu dia a dia.
O único ambiente em que se vê rodeado por pessoas iguais a si é na igreja que também irá dar o seu desfecho. Afinal, a igreja salvou Hess de seu vício ou apenas o separou das suas raízes com a África e o levaram a um destino trágico? Ganja por outro lado recusa esse destino, ela escolhe "ser uma doença" e manter a sua condição que pode ser trágica ou uma forma de manter viva uma ligação ancestral que não teria mais espaço no mundo de hoje. E apesar de tudo isso o filme não reduz os dilemas de seus personagens e a sua existência enquanto pessoas negras a apenas o racismo ou a violência.
E numa nota menor também é bacana ver um filme com protagonistas negros de classe alta e fica ainda melhor pelo fato do protagonista ser o Duane Jones (num mundo justo ele seria um ícone do terror com uma filmografia extensa).
Passing Strangers
3.8 3O trabalho do Bressan Jr é uma das coisas mais apaixonantes que eu já vi. Ele usa a pornografia aqui para falar sobre ligações, sobre o desejo de se conectar com as pessoas e sobre um rapaz se descobrindo e encontrando pessoas iguais a ele. Lindíssimo, pena que o tralho do Bressan Jr seja tão desconhecido do publico lgbt atual.
Espírito Assassino
2.9 27uma belíssima e trágica história de amor gay
Scooby-Doo 2: Monstros à Solta
2.9 409 Assista Agorao filme todo é uma grande desculpa para mostrar monstros... acho que gostei justamente por isso
Shock
3.2 14O tal do primeiro slasher brasileiro (embora o diretor até tenha negado o selo de slasher ao filme). Vi "Shock" já tendo ouvindo uma entrevista com o diretor que acabou já direcionando a minha visão sobre a história. Nessa entrevista ele disse que fez o filme como um comentário sobre a ditadura ao colocar um assassino sem rosto (e do qual só vemos as suas botas militares) matando jovens "subversivos" que se sentem isolados e ameaçados também pela policia que supostamente deveria protege-los. A cena final ganha um força e tanto com essa interpretação em mente.
Mesmo querendo ignorar eu não consegui ignorar a voz do diretor na minha cabeça falando sobre isso e sinto que por essa razão eu acabei gostando mais do que outras pessoas que viram só pelo slasher. É um filme com algumas cenas bem boas e um ritmo um tanto estranho, mas acho que ainda merece ser visto, nem que seja pela curiosidade de ver o primeiro slasher (ou slasher-não-tão-slasher-assim-segundo-o-diretor) brasileiro.
O mundo é repleto de segredos
1.9 3O Mundo é Repleto de Segredos é basicamente um filme focado em amigas em uma festa do pijama contando umas para as outras histórias sobre mulheres sendo vitimas de violência, o espectador é praticamente um sexto membro dessa festa já que as histórias são contadas com looooooongas cenas sem corte focadas nos rostos das atrizes enquanto elas falam. Entendo quem não curtiu, mas para mim funcionou demais, mesmo a ausência de clímax.
O filme é super atmosférico, ele tem todo um ar meio onírico e capta um lado meio mórbido da adolescência que me pegou demais. Sem falar que as atuações são maravilhosas, a atriz que faz a Suzie consegue segurar quase meia hora de monologo e ainda sim manter o clima da história que ela esta contando.
A Sociedade dos Amigos do Diabo
3.3 121 Assista AgoraA sessão dupla perfeita com Satanic Panic ou com Ready or Not. Esses filmes de terror ao estilo "eat the rich" da era Regan como Society e They Live vão numa linha de absurdo que eu gosto bastante e que acho bacana que o terror atual esteja seguindo também (embora sendo bem sincero eu ainda prefira estes dois dos anos 80). Os dois primeiros atos são bacaninhas e causam um suspense legal mas eu já fui ver esperando pela famigerada cena final da orgia, mas UOU nada me preparou para o quão grotesca e até mesmo sádica ela realmente é.
Eu até preferiria que o Yuzna não tivesse colocado frases explicativas na boca dos personagens (do tipo "ah pq ricos sempre se alimentaram de gentalha" ou coisa do tipo) porque as imagens por si só passam a mensagem: este é um mundo de pessoas asquerosas, imorais e parasíticas e são justamente eles comandam o mundo. Gostei muito, e o fato de ter duas cenas em que os personagens são mortos na base do fisting torna tudo ainda mais inesquecível.
Veneno Para as Fadas
3.9 104 Assista AgoraO filme tem uma abordagem muito gostosa sobre esse lado sombrio da infância e da imaginação que pode desagradar muita gente, mas que eu particularmente adorei. Este é um mundo em que os adultos são no máximo um ruído na vida das crianças e onde as crianças não são o mal puro ah lá "Bebê de Rosemary", mas que não as impede de tomarem atitudes que deixariam os adultos perplexos. A forma como as características que são exaltadas e ligadas infância (como a inocência e a imaginação) são usadas aqui como o alvo do incomodo mas sem chegar a ser algo muito surreal é de longe o maior mérito do filme, não são crianças demoníacas e psicopatas, são apenas crianças.
Embora o ritmo meio lento também possa incomodar eu acho que isto ajuda a tornar o final ainda mais marcante.
Companheiros
4.3 10meu deus do céu eu não me lembro da última vez que eu chorei tanto vendo um filme kkkk "Buddies" é muito lembrado como o primeiro filme dramático sobre a aids mas ele vai além de ser só um drama querendo comover encima dessa tragédia, é um filme sobre a geração que lutou pela libertação gay encontrando com uma geração nova e a esperança de que os ideias consigam sobreviver através dela.
Spiral
2.8 52 Assista Agorahetero é tudo um bando de gente doida
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Cuidado Com Quem Chama
3.4 630Realmente o filme definitivo da pandemia de coronavirus e da quarentena, sinto que se ele tivesse sido lançado em qualquer outro momento não faria tanto sentido assim kkkk. Falo isso não só por causa de detalhes como a garota mesmo fugindo de uma criatura sobrenatural parar para botar uma mascara ou então o comprimento de cotovelos que as personagens fazem, embora essas coisas sejam super bacanas também. Lançar um filme de terror feito uma chamada de vídeo num momento em que uma parcela considerável da população esta passando todos os seus dias dentro de casa na frente da tela do computador cria uma relação com o espectador que eu acho que em outros momentos não existiria. Não é uma ideia inédita, mas sendo feita agora parece até ter outro significado.
A forma como ele usa o fato da internet aproximar pessoas que estão fisicamente distantes e usar isto para causar medo e brincar com a falsa sensação de segurança é maravilhosa assim como ele consegue colocar muita naturalidade na forma como as personagens se relacionam uma com as outras (em momento algum duvidei que fossem amigas de longa data). Além é claro da forma realmente incrível como ele usa o formato digital para causar medo e tensão, fiquei últimos vinte minutos vendo tudo sem piscar. Enfim, um filme conciso, redondinho e incrível.
Dia da Mentira
2.1 119 Assista AgoraEu falo de forma não irônica que o maior mérito desse filme de longe é parecer um especial de Gossip Girl. Logo de cara vemos esse universo de gente rica má composto por pessoas claramente muito velhas para fazerem adolescentes e que ficam soltando frases feitas, e é uma delicia ver isso. O final também é um ponto alto já que ele pega o icônico final do original e dá um tom mais pessimista para ele (aqui tem bem mais furos? Tem, mas isso a gente ignora). Pena que o meio do filme seja tão... chato, desinteressante e sem suspense.
Jogo da Sobrevivência
3.0 6Exploitation bem feio, sujo e malvado que consegue trabalhar com paranoias urbanas de um jeito até surpreendente. O medo da violência que simplesmente vem do nada, a ineficiência da policia e do próprio estado que parece ter abandonado todas aquelas pessoas "indesejadas" (todos os moradores do conjunto habitacional ou são negras ou latinas, não deixa de ser curioso ver um terror onde praticamente nenhum personagem é branco).
A forma como a violência é usada aqui também não deixa de ser interessante já que ela sempre surge de forma assustadoramente realista e grotesca o que de cara já gera um contraste com o quão cartunescos são os personagens. Mesmo com algumas sacadas meio bestas do roteiro quando o sangue começa jorrar o desconforto dura até o final, e a forma como o filme lida com isso como se fosse um jogo em que os personagens estão pouco a pouco perdendo território só aumenta a tensão. Primeiro contato que tenho com a obra da Findlay e foi no mínimo marcante.
Chromeskull: Colocadas para Descansar
2.5 58Uma estrela pelos efeitos praticos e meia estrela pela Lena Headey. De resto p*ta m*rda que filme chato e sem suspense