Alan Soares

Aronofsky não só não deixa a desejar com este filme, como também continua a surpreender seus fãs por sua capacidade de contar uma história através do audiovisual. Cisne Negro é mais do que imagens em movimento com som sincronizado. Cisne Negro é uma peça de arte!
A fotografia do filme é quase como uma pintura dos mestres renascentistas (e, em certas cenas, podemos até dizer que é dos artistas surrealistas.)
A direção de arte foi tão primorosa quanto um escultor ao fazer seu trabalho.
A trilha sonora do Clint Mansell é uma verdadeira ópera, principalmente pelo uso tão bem feito de Tchaikovsky.
Da dança nem preciso falar. Ótimo trabalho de Sarah Lane (dublê de Natalie nas cenas de dança.)
Mesmo não se tratando realmente de literatura, o roteiro de Mark Heyman com Heinz e McLaughlin é cheio de significados e camadas, além de uma narrativa excelente.
Falando de teatro, a atuação de Natalie Portman, na minha opinião, merece entrar para a História do Cinema como uma das melhores já realizadas no mundo. Ela se entregou de tal forma à personagem que, do início ao fim, sentimos todo seu drama e percebemos sua gradual metamorfose no cisne negro. Cada olhar, cada sorriso, cada lágrima, cada expressão facial e corporal fizeram Nina ganhar vida e personalidade.
Por fim, Darren Aronofsky dirige essa obra espetacularmente. O filme entra no psicológico humano como poucos conseguem. Ele esboça a personalidade humana, seus desejos, suas fraquezas, sua instabilidade. O ser humano é a junção do cisne branco e do cisne negro. Aronofsky mostrou isso em metáforas sem entregar de bandeja nenhuma resposta (como a maioria dos filmes de hoje fazem.) Ele deixa o especador livre para interpretar e, além disso, o deixa intrigado, machucado, perturbado.

Visto que é composto, e de forma maravilhosa, por todas as 7 Artes, Cisne Negro é uma obra de arte!

Dei meia estrela só em consideração à Julianne Moore que atuou muito bem, porque o resto chega a ser uma piada. A Kimberly fez um filme "for dummies", e a Chloë não convence nem de longe como uma menina frágil, ingênua, inocente e covarde.