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Goiânia - (BRA)
Usuário desde Outubro de 2018
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Cinema. Literatura. Rock. Política. Pão de queijo. Animais. Medicina veterinária. Teatro. Natureza. Call of Duty. Arte. Coca-Cola. Akira. Frio.
Alienígenas. Nietzsche. GoT. Carros. Pizza. Dragon Ball. Xiaomi. Lisa Taylor. Barulho de chuva. Família. Grifinória. Perseu. Chocolate. Sexo.
Matemática. Egito. Paralelepípedo. Spotify. Drummond. Corinthians. Laranja. Windows. Chaplin. Stark. Goiás. Terror. Poesia. Magnum. Chaves.
Café. Mulheres. Netuno. HBO. Jimi Hendrix. Godfather. Truco. Android. Champanhe. Azul. Natal. Feijão por cima do arroz. Sempre.

MINHAS AVALIAÇÕES EM ESTRELAS:

5.0 - OBRA IRRETOCÁVEL
4.5 - FILMÃO/ VAI NA FÉ
4.0 - EXCELENTE/ ÓTIMO
3.5 - RAZOÁVEL/ BOM
3.0 - ASSISTÍVEL/ DIVERTE
2.5 - RUIM/ CORRE
2.0 - MUITO RUIM/ CORRE MAIS
1.5 - PÉSSIMO/ HORRÍVEL
1.0 - PODREIRA/ LIXO
0.5 - PREFERIA O FILME DO PELÉ

ALGUMAS DAS MINHAS LISTAS:

Filmes bons na Netflix
filmow.com/listas/filmes-que-eu-considero-bons-na-netflix-l150761/
Filmes estranhos que assisti
filmow.com/listas/filmes-mais-estranhos-que-eu-ja-assisti-l150857/
Car*lho que título de filme f*da!
filmow.com/listas/car-lho-que-titulo-de-filme-f-da-l151694/
Filmes favoritos
filmow.com/listas/filmes-favoritos-l149699/

Últimas opiniões enviadas

  • Gabriel M. Müller

    Muitas curiosidades rondam este majestoso e mítico filme, que ficou conhecido como “o filme perdido” ou “a obra incompleta” mais importante da história do cinema. A versão original tinha cerca de 9 horas de duração e o produtor executivo Irving Thalberg mandou reduzir a pouco mais de 2 horas. Naquela época era comum os estúdios reaproveitarem o nitrato de prata contido nas películas, dificilmente uma matriz original era preservada (sim, uma porção de filmes mudos foi extinta para sempre). Foi esse o provável destino das 7 horas excedentes desse, ainda que muita gente prefira acreditar que o material esteja num sótão qualquer, esperando um dia para ser descoberto. Seja o que for, existe uma versão restaurada de 4 horas, lançada nos anos 90, contendo as sequências já conhecidas mundo afora, acrescidas de fotos e intertítulos das cenas desaparecidas, permitindo aos cinéfilos terem uma noção do que o seu autor tinha em mente.

    A MGM terminou por excluir dois enredos paralelos da versão oficial, mantendo somente a história do minerador McTeague (Gibson Gowland). Por décadas, o público ignorou a história dos vizinhos idosos que se amavam em segredo ou da vendedora de bilhetes de loteria que é assassinada pelo desconfiado e sinistro companheiro. Na verdade, ambas as tramas não fazem falta, embora haja aquela sensação de que poderiam ser base para outros dois grandes filmes. Sabe-se que Stroheim quis fazer uma adaptação fidelíssima da mais célebre novela do escritor naturalista americano Frank Norris. Irving Thalberg não botou fé, julgava que as plateias não se interessariam, que o filme era extremamente obscuro e pessimista, mesmo assim resolveu bancar o projeto.

    “Quando falta dinheiro, o amor sai pela janela”, diz um ditado popular francês. A mensagem de Ouro e Maldição é quase um inverso (e, ao mesmo tempo, uma conclusão) desse pensamento. Há controvérsias quanto ao dinheiro trazer felicidade. O título original do filme (Greed) significa avareza, o pecado capital que permeia a história e que provoca a transformação radical de Trina (Zasu Pitts), personagem que, a princípio, é vista como uma moça ingênua, delicada e temerosa. Na segunda metade da fita, porém, após ganhar 5.000 dólares na loteria e se casar com McTeague, ela vira outra pessoa, um poço de mesquinhez. Em determinado momento, ela chega a forrar a cama com moedas de ouro e dorme sobre a própria fortuna, uma versão feminina do Tio Patinhas. A relação com o marido, de quem esconde cada centavo que acumula, vai se deteriorando aos poucos, ganhando proporções trágicas.

    O dinheiro também modifica a conduta de McTeague, como não poderia deixar de ser, porém num plano mais metafísico. A agressividade o possui para saciar um desejo de passar o dia com os amigos no bar, gastar com coisas inúteis e tipicamente masculinas (analogia aos vícios do pai de McTeague, que é visto apenas por fotos da versão estendida). Ele não é mau, a decadência lhe extrai um pouco da moralidade. Sua origem é humilde, trabalhava como minerador de ouro numa cidadezinha rural da Califórnia até aprender uma profissão com um dentista. McTeague resolveu ir a San Francisco e logo se viu numa boa situação ao herdar as economias da mãe e abrir uma clínica odontológica. Entre um cliente e outro, conheceu Trina, que já estava comprometida com um sujeito chamado Marcus (Jean Hersholt), amigo de McTeague. Contrariando as expectativas, os dois amigos não brigaram de imediato, Marcus praticamente ofereceu Trina ao falso dentista sem nenhum interesse. Tudo é conduzido de maneira leve e idílica até o momento em que a moça ganha na loteria. É quando a maldição de fato começa...

    Apresentados o problema e os personagens, o script caminha num vagaroso e detalhado desenrolar de desentendimentos e cobranças. McTeague, Trina e Marcus adquirem novas personalidades, sendo os dois últimos os que mais surpreendem. O ex-minerador segue como uma criança grande, fazendo o que os adultos lhe ordenam, reclamando às vezes e reagindo quando contrariado. A estranha sensibilidade de McTeague é simbolizada por uma paixão que cultiva pelos pássaros. No dia do casamento, oferece à esposa um casal de canários amarelos, animais que acabam representando o clima da casa em algumas tomadas (quando McTeague e Trina estão a sós na noite de núpcias, os pássaros dão a impressão de se beijar; quando McTeague e Trina estão discutindo, os pássaros parecem brigar). As intrigas levam o filme a um clímax ambientado na região desértica do Vale da Morte, entre a Califórnia e Nevada. Os produtores queriam que o final fosse rodado em estúdio, mas Stroheim, como sempre, fez a sua maneira: levou todo mundo para o deserto, onde os equipamentos precisavam ser resfriados com toalhas geladas a todo instante. O ator Jean Hersholt chegou a passar mal devido o forte calor e a desidratação (a água de toda a equipe foi racionada!), precisando ser hospitalizado durante as filmagens.

    Quase 100 anos se passaram e Ouro e Maldição ainda motiva uma infinidade de histórias, reafirmando a própria lenda. As moedas de ouro espalhadas pela terra árida do Vale da Morte encontram resposta na aclamação máxima da crítica que a fita recebeu tardiamente. Talvez não tão tarde assim. Já nos anos 50, a revista inglesa Sight & Sound publicou sua primeira lista com as 10 maiores obras-primas do cinema de todos os tempos, colocando Ouro e Maldição no 7º lugar, posto respeitável para um trabalho “mutilado” (de acordo com as amargas e ressentidas palavras de Stroheim). Embora mutilado, é um filme de valor incalculável.

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  • Gabriel M. Müller

    Até que ponto o ser humano necessita das religiões? Até que ponto a fé pode ser explorada e especulada? E por que e para que queremos nos curar? Esta pequena obra escrita e dirigida pela diretora austríaca Jessica Hausner discute estas questões e põe à prova o verdadeiro poder da fé curativa que existe dentro de nós.

    Através de um grupo de peregrinos que vão a Lourdes – espécie de Meca católica no Vale dos Pirineus – numa romaria, Jessica faz um perfil interessantíssimo do ser humano.

    Christine (a fantástica Sylvie Testud) é uma mulher extremamente dependente acometida de uma paralisia geral, que faz parte de um grupo de cura. Acompanhada de uma jovem enfermeira com os hormônios em ebulição e sua mãe, Christine em determinado ponto, confessa não ter muita fé católica e que as romarias são uma boa oportunidade para sair de casa e quebrar sua monótona rotina.

    No entanto, Christine começa a movimentar-se e recuperar os movimentos das pernas e braços, tornando-se um símbolo de um milagre atribuído a Virgem Maria. O grupo, então, começa a questionar o merecimento da cura da mulher, e alguns até invejam a sua recuperação fazendo, deste jeito, um interessante painel do ser humano com suas idiossincrasias, virtudes e defeitos.

    Jessica direciona todo o filme para a exploração do indivíduo sem abrir espaços para outras considerações de ordem espirituais ou místicas, centrando a narrativa apenas nas reações dos personagens do grupo. Há a rígida obreira chefa que sofre em silêncio, o padre que apenas repete os dogmas antiquados, as jovens obreiras ansiosas para dar uma escapadinha, os guardas aproveitadores, as idosas carolas que cuja principal função é criticar e etc.

    Filmado inteiramente no santuário de Lourdes com o apoio da Igreja Católica, o filme apenas observa as pessoas com suas eternas deficiências morais e/ou físicas sem maiores questionamentos, trazendo à tona um curioso hábito bastante humano:

    Estamos sempre à frente de nossos desejos, pois quando os realizamos, imediatamente substituímos por outros. É um eterno devir...

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  • Gabriel M. Müller

    Baseado na peça ganhadora do prêmio Pulitzer e ganhador do Oscar de melhor filme de 1990, Conduzindo Miss Daisy, na verdade, possui a estrutura típica dos melodramas americanos.

    Com o roteiro adaptado pelo próprio escritor – Alfred Uhry – o filme faz uma ligeira comparação entre os oprimidos e renegados através da singela história de uma judia idosa – a Miss Daisy do título – com Hoke, seu chofer negro.

    Utilizando, como pano de fundo, as transformações históricas americanas (Martin Luther King, Coca Cola, as trocas dos carros) para, assim, definir melhor a passagem do tempo (também mostrada através das estações do ano) o filme trabalha basicamente com o mesmo esquema que sempre deu certo (e é usado até hoje) nas produções norte-americanas: casal, ou dupla, em posições diferentes e/ou antagônicas descobrem, que através do contato humano, podem reconciliar-se e encontrar a verdadeira união.

    A direção do australiano Bruce Beresford (que amargou alguns fracassos após Miss Daisy) é linear embora se perceba, em diversos momentos, algum um apuro técnico subjetivo como, por exemplo, a apresentação da personagem principal. Bruce faz sempre questão de mostrar Miss Daisy através de molduras de portas e janelas de sua casa insinuando com isso a rigidez de sua postura. Somente quando Hook transpassa estes limites que percebemos a mudança em Miss Daisy.

    A edição a cargo de Mark Warner (Dolores Clairborne) evita que a narrativa seja transformada em meros capítulos adquirindo um ritmo sem desvios na trajetória entre os dois personagens principais ao longo dos anos.

    Jessica Tandy e Morgan Freeman exibem uma química carinhosa incrível. A dupla de atores conquista quem está assistindo através de pequenos tiques de seus personagens. O Hook de Freeman, por exemplo, é um negro velho comunicativo, embora abandonado pelos seus entes queridos, que vaga por um país repleto de preconceitos, e ansioso por um vínculo mais justo. Jessica Tandy (então com 81 anos) faz a rabugenta Miss Daisy com a elegância das grandes damas do teatro.

    Na verdade o foco principal de Conduzindo Miss Daisy é a união dos desprezados e excluídos pela sociedade, neste caso, um negro e uma idosa judia. Ao unir estes dois segmentos, numa tocante cena final no asilo, a história envia a antiga, mas enaltecedora, mensagem de que o mundo seria bem melhor sem a segregação racial e o preconceito de que o idoso é um ser imprestável.

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