Se é tocante, é complacente. Se é clássico, é acadêmico. Se é engraçado, é superficial. Se é inteligente, é pretensioso. Se é inspirado, é arrogante. Se a história for bem construída, é previsível. Se o autor tem estilo, é para esconder que ele não tem nada a dizer.
Vi o filme sem notar que este se auto promovia como um documentário. A principio acreditei que ele se apropriava da estética documental para criar um mockumentary (ou falso documentário), o que nesta condição acabava agregando um senso de verossimilhança ao que estava sendo contado. Entretanto em nenhum momento eu comprei a proposta como algo genuinamente documental, até mesmo porque diante de um formato tão personalizante não é explorado até o desfecho as tensões e inseguranças tão condizentes a estes arranjos relacionais. Por isso a revelação final não teve o impacto que deveria, inclusive parece haver uma grande preocupação por parte do diretor em forçar uma afeição ao seu “personagem”, o que fica evidente pela escolha incoerente de suprimir da narrativa seus “desvios de caráter” apenas os revelando no epilogo, afinal a concretização do filme - em tese - seria edificado como um projeto de superação. Mesmo com estes deslizes, acho que o filme traz certo frescor para o tema e garante um encantamento diante do carisma dos protagonistas.
Não entendo da onde vem toda a aclamação do filme, há uma grande diferença entre ingenuidade e infantilidade, o que nesse caso pende muito para a segunda, o que resulta em algo bem insosso, ficando difícil acreditar na transformação dos outros personagens diante de um discurso tão pueril. Faltou ler um pouco de O Idiota do Dostoievski. Além do mais, a cena final demonstra bem isso,
Tem que ter muito talento pra fazer um filme com Beatles e resultar em algo tão medíocre desse jeito! Que espécie de homenagem é essa que utiliza as antológicas canções apenas como apelo musical, sem nenhuma relação destas com qualquer coisa que seja??? Uma premissa alegórica super mal resolvida, que não necessariamente precisa ser explicada, mas ao menos deveria seguir uma lógica coerente. E o pior é que quando parece que vai se lançar alguma profundidade no encontro do personagem com (quem viu, sabe quem), se acovarda e persiste no homogeneidade formulaica da comédia romântica pueril. Personagens desastrosos, com nenhum carisma. Um desastre!
Habemus obra maestra! Que filme senhores! O cinema dialogando intimamente comigo como não ocorria há tempos, tantas ressonâncias ecoando de uma experiência estética e sensível REGOZIJANTE!! Deleitai-vos todos!
Com uma construção narrativa impressionantemente audaciosa, Josephine Decker usa a linguagem teatral e o próprio conceito de ensaio enquanto elemento de avaliação, de experimento, para nos apresentar Madeline, uma personagem que aparentemente apresenta distúrbios psíquicos, onde a dinâmica teatral inserida no enredo extrapola para a construção formal da narrativa, revelando assim a ótica fragmentada e difusa da propria Madeline. Além disso, temos representadas no papel da mãe e da diretora a dualidade -racionalidade x subjetividade, estabelecendo e salientando em ambas as relações os princípios autoritários e abusivos que são estabelecidos ao entrar em contato com uma pessoa com a personalidade fragilizada. A mãe que a principio se mostra disposta a se inserir no imaginário de Madeline dentro do contexto familiar, mas que em público, ao menor indício de um comportamento dissociativo ao que é socialmente aceitável, revela sua face repressora. A fragilidade dessa problemática é explorada de forma ainda mais patente através do elo com a diretora, onde esta adota mecanismos Stanislavskianos para explorar a psique de Madeline em prol do desempenho realista da personagem protagonizada por Madeline, que em tese é ela mesma. Porém, o mais instigante da proposta do filme é como ele ainda coloca o teatro como força transformadora, usando para sua resolução a própria performance como meio de expurgar os abusos através da catarse. Como dizia Sartre, o inferno são os outros!
Mais do que um filme narrativo, aqui temos um exercício de estilo, um filme que brinca com o thriller e o gore no cinema queer de uma maneira deliciosa e que inova ao retratar de forma delirante a sexualidade dos seus personagens.
Repleto de discussões sobre cineastas, sobre o universo estudantil e principalmente sobre o próprio cinema, Paris 8 é muito eficiente em nos transportar para esse ambiente de encantamento, preenchendo bem o imaginário romantizado de quem já sonhou estudar cinema em Paris. A identificação com o protagonista é imediata, suas inseguranças, tanto diante da hostilidade das vaidades acadêmicas e artísticas, mas também pelas infinitas dúvidas afetivas e amorosas são universais nesse estagio de emancipação e de afirmação de identidade. O filme cresce ainda mais quando nos defronta com questões ideológicas e politicas, confirmando que a inspiração no cinema de Phillipe Garrel iria além da fotografia em preto e branco e das inspirações temáticas. Seu ponto alto pra mim é o embate proposto pelos personagens sobre o enfrentamento ativista versus o ufanismo do papel da arte nas questões sociais, momento este inclusive que será catalizador para o desenlace da narrativa. Resumindo, um belo filme para quem um dia já aspirou fazer cinema ou pra quem já foi ou ainda persiste um idealista.
Acredito que a maioria das pessoas chegarão a esse filme encaminhados pelo triste e sempre “fetichizado” suicídio do jovem diretor em seu único e derradeiro filme, o que nesse caso especificamente acaba se justificando como um anuncio e prenuncio do que será visto em tela. É perceptível já nos primeiros minutos de projeção que a obra expressa em si todo a carga que fatalmente o diretor carregava, onde a angustia e o niilismo dos personagens é evidenciada não só através dos diálogos e da atuação reprimida, mas principalmente na mise-em-scene onde os atores parecem “vagar” pela tela, ou quando ficam suspensos na penumbra, sempre acompanhados por uma câmera que quando não os aprisiona imobilizando-os nos cantos dos planos, se impõe literalmente como um fardo nas costas, ao se posicionar na nuca desses personagens. Além disso, as quase 4 horas de duração que a principio sempre assustam, aqui se justificam plenamente por trazerem uma sensação de suspensão do tempo corrente, além de obviamente ampliarem a angustia existencial vivida por eles. Indiscutívelmente se trata de um filme pungente e com um absoluto rigor estético como poucos vistos recentemente, o que só aumenta o lamento em saber que não veremos mais nenhuma obra deste promissor talento que transformou sua dor em um belíssimo canto do cisne, ou melhor, no derradeiro grito de um elefante...
Um filme burocrático, que parte de uma premissa banal, que logo é abandonada para revelar vários aspectos pessoais do Bergman, que não são novidade para ninguém que conheça minimamente sua biografia, depois faz uma breve recapitulação de sua filmografia para agora achar que está fazendo uma grande revelação ao elencar suas referências autobiográficas, para no final lembrar da premissa inicial e fechar o filme para quem conseguiu se manter acordado.
Um projeto estético vazio, onde a preocupação exacerbada com a forma e principalmente em referenciar todo e qualquer ícone das artes plasticas, que de alguma forma tiveram suas obras ligadas ao homoerotismo, não deixam espaço para qualquer elemento dramático que o torne minimamente atraente, mas o que mais assusta é o tom moralista, onde um filme que tem como cerne o erotismo e a prostituição, mesmo que em tom fabulesco e de artificio, se acovarda em exibir qualquer nudez, sem falar que o sexo é apenas aludido, enfim, um filme insipido e monótono!
Perceptivelmente um filme menor de Eugène Green e também o mais teatral em sua mise-en-scene, Esperando os Barbaros apresenta uma proposta interessante de friccionar questões contemporâneas dentro de uma roupagem de fantasia, mas que funcionou infinitamente melhor em Mundo Vivente, neste, mesmo sendo um filme curto se mostra extremamente cansativo e pesaroso, enfraquecendo demasiadamente sua abordagem e seu lirismo, os elementos mais fecundos da obra de seu diretor.
Ilusões Perdidas
3.9 22 Assista AgoraSe é tocante, é complacente.
Se é clássico, é acadêmico.
Se é engraçado, é superficial.
Se é inteligente, é pretensioso.
Se é inspirado, é arrogante.
Se a história for bem construída, é previsível.
Se o autor tem estilo, é para esconder que ele não tem nada a dizer.
E a cartilha prossegue até hoje...
There is No I In Threesome
3.1 9Vi o filme sem notar que este se auto promovia como um documentário. A principio acreditei que ele se apropriava da estética documental para criar um mockumentary (ou falso documentário), o que nesta condição acabava agregando um senso de verossimilhança ao que estava sendo contado. Entretanto em nenhum momento eu comprei a proposta como algo genuinamente documental, até mesmo porque diante de um formato tão personalizante não é explorado até o desfecho as tensões e inseguranças tão condizentes a estes arranjos relacionais. Por isso a revelação final não teve o impacto que deveria, inclusive parece haver uma grande preocupação por parte do diretor em forçar uma afeição ao seu “personagem”, o que fica evidente pela escolha incoerente de suprimir da narrativa seus “desvios de caráter” apenas os revelando no epilogo, afinal a concretização do filme - em tese - seria edificado como um projeto de superação.
Mesmo com estes deslizes, acho que o filme traz certo frescor para o tema e garante um encantamento diante do carisma dos protagonistas.
Mascarpone
3.4 20Giancarlo Commare, lucky u!
Atarrabi & Mikelats
3.3 1Eugène Green sempre em expansão...que frescor de filme!!
Música Para Morrer de Amor
3.0 48Uma verdadeira sessão de tortura!
A Metamorfose dos Pássaros
4.3 41Ahhhh esse cinema Português <3
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraNão entendo da onde vem toda a aclamação do filme, há uma grande diferença entre ingenuidade e infantilidade, o que nesse caso pende muito para a segunda, o que resulta em algo bem insosso, ficando difícil acreditar na transformação dos outros personagens diante de um discurso tão pueril. Faltou ler um pouco de O Idiota do Dostoievski. Além do mais, a cena final demonstra bem isso,
pois sem atestar a "paranormalidade"
Aviva
3.2 10Um filme ambicioso, que excetuando a camada metalinguística que não funciona muito bem, todo o resto é um deleite!
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KTem que ter muito talento pra fazer um filme com Beatles e resultar em algo tão medíocre desse jeito!
Que espécie de homenagem é essa que utiliza as antológicas canções apenas como apelo musical, sem nenhuma relação destas com qualquer coisa que seja???
Uma premissa alegórica super mal resolvida, que não necessariamente precisa ser explicada, mas ao menos deveria seguir uma lógica coerente. E o pior é que quando parece que vai se lançar alguma profundidade no encontro do personagem com (quem viu, sabe quem), se acovarda e persiste no homogeneidade formulaica da comédia romântica pueril. Personagens desastrosos, com nenhum carisma. Um desastre!
Matthias & Maxime
3.4 132 Assista AgoraTirando a sutileza da cena que Matthias nada no lago, o resto é mais uma vez, só histeria de jovens insuportáveis!
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraHabemus obra maestra! Que filme senhores! O cinema dialogando intimamente comigo como não ocorria há tempos, tantas ressonâncias ecoando de uma experiência estética e sensível REGOZIJANTE!! Deleitai-vos todos!
Alien 3
3.2 540 Assista AgoraImpressionante como NADA funciona nesse filme!
A Madeline de Madeline
3.2 17Com uma construção narrativa impressionantemente audaciosa, Josephine Decker usa a linguagem teatral e o próprio conceito de ensaio enquanto elemento de avaliação, de experimento, para nos apresentar Madeline, uma personagem que aparentemente apresenta distúrbios psíquicos, onde a dinâmica teatral inserida no enredo extrapola para a construção formal da narrativa, revelando assim a ótica fragmentada e difusa da propria Madeline. Além disso, temos representadas no papel da mãe e da diretora a dualidade -racionalidade x subjetividade, estabelecendo e salientando em ambas as relações os princípios autoritários e abusivos que são estabelecidos ao entrar em contato com uma pessoa com a personalidade fragilizada. A mãe que a principio se mostra disposta a se inserir no imaginário de Madeline dentro do contexto familiar, mas que em público, ao menor indício de um comportamento dissociativo ao que é socialmente aceitável, revela sua face repressora. A fragilidade dessa problemática é explorada de forma ainda mais patente através do elo com a diretora, onde esta adota mecanismos Stanislavskianos para explorar a psique de Madeline em prol do desempenho realista da personagem protagonizada por Madeline, que em tese é ela mesma. Porém, o mais instigante da proposta do filme é como ele ainda coloca o teatro como força transformadora, usando para sua resolução a própria performance como meio de expurgar os abusos através da catarse. Como dizia Sartre, o inferno são os outros!
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraLuca Guadagnino se inspirando em Michael Bay pra montar as sequencias de dança.
Bel Canto
2.6 23 Assista AgoraO filme é fraco, mas a Julianne Moore dublando é vergonhoso!
Sem Rastros
3.6 191 Assista AgoraUm Capitão Fantástico mais crível, mais intimista e menos panfletário.
Guerra Fria
3.8 326 Assista AgoraMelhor trilha sonora do ano!
Cola de Mono
2.6 10Mais do que um filme narrativo, aqui temos um exercício de estilo, um filme que brinca com o thriller e o gore no cinema queer de uma maneira deliciosa e que inova ao retratar de forma delirante a sexualidade dos seus personagens.
Paris 8
3.5 13Repleto de discussões sobre cineastas, sobre o universo estudantil e principalmente sobre o próprio cinema, Paris 8 é muito eficiente em nos transportar para esse ambiente de encantamento, preenchendo bem o imaginário romantizado de quem já sonhou estudar cinema em Paris. A identificação com o protagonista é imediata, suas inseguranças, tanto diante da hostilidade das vaidades acadêmicas e artísticas, mas também pelas infinitas dúvidas afetivas e amorosas são universais nesse estagio de emancipação e de afirmação de identidade. O filme cresce ainda mais quando nos defronta com questões ideológicas e politicas, confirmando que a inspiração no cinema de Phillipe Garrel iria além da fotografia em preto e branco e das inspirações temáticas. Seu ponto alto pra mim é o embate proposto pelos personagens sobre o enfrentamento ativista versus o ufanismo do papel da arte nas questões sociais, momento este inclusive que será catalizador para o desenlace da narrativa.
Resumindo, um belo filme para quem um dia já aspirou fazer cinema ou pra quem já foi ou ainda persiste um idealista.
Um Elefante Sentado Quieto
4.2 61Acredito que a maioria das pessoas chegarão a esse filme encaminhados pelo triste e sempre “fetichizado” suicídio do jovem diretor em seu único e derradeiro filme, o que nesse caso especificamente acaba se justificando como um anuncio e prenuncio do que será visto em tela. É perceptível já nos primeiros minutos de projeção que a obra expressa em si todo a carga que fatalmente o diretor carregava, onde a angustia e o niilismo dos personagens é evidenciada não só através dos diálogos e da atuação reprimida, mas principalmente na mise-em-scene onde os atores parecem “vagar” pela tela, ou quando ficam suspensos na penumbra, sempre acompanhados por uma câmera que quando não os aprisiona imobilizando-os nos cantos dos planos, se impõe literalmente como um fardo nas costas, ao se posicionar na nuca desses personagens. Além disso, as quase 4 horas de duração que a principio sempre assustam, aqui se justificam plenamente por trazerem uma sensação de suspensão do tempo corrente, além de obviamente ampliarem a angustia existencial vivida por eles.
Indiscutívelmente se trata de um filme pungente e com um absoluto rigor estético como poucos vistos recentemente, o que só aumenta o lamento em saber que não veremos mais nenhuma obra deste promissor talento que transformou sua dor em um belíssimo canto do cisne, ou melhor, no derradeiro grito de um elefante...
Bergman – 100 Anos
4.0 33Um filme burocrático, que parte de uma premissa banal, que logo é abandonada para revelar vários aspectos pessoais do Bergman, que não são novidade para ninguém que conheça minimamente sua biografia, depois faz uma breve recapitulação de sua filmografia para agora achar que está fazendo uma grande revelação ao elencar suas referências autobiográficas, para no final lembrar da premissa inicial e fechar o filme para quem conseguiu se manter acordado.
Postcards From London
3.0 11Um projeto estético vazio, onde a preocupação exacerbada com a forma e principalmente em referenciar todo e qualquer ícone das artes plasticas, que de alguma forma tiveram suas obras ligadas ao homoerotismo, não deixam espaço para qualquer elemento dramático que o torne minimamente atraente, mas o que mais assusta é o tom moralista, onde um filme que tem como cerne o erotismo e a prostituição, mesmo que em tom fabulesco e de artificio, se acovarda em exibir qualquer nudez, sem falar que o sexo é apenas aludido, enfim, um filme insipido e monótono!
The Rules for Everything
4.0 1Que personagem encantador o dessa menina!
À Espera dos Bárbaros
3.6 3Perceptivelmente um filme menor de Eugène Green e também o mais teatral em sua mise-en-scene, Esperando os Barbaros apresenta uma proposta interessante de friccionar questões contemporâneas dentro de uma roupagem de fantasia, mas que funcionou infinitamente melhor em Mundo Vivente, neste, mesmo sendo um filme curto se mostra extremamente cansativo e pesaroso, enfraquecendo demasiadamente sua abordagem e seu lirismo, os elementos mais fecundos da obra de seu diretor.