muito talento na atuação desperdiçado em um filme com um roteiro tão forçosamente indigesto. me incomoda muito a agressividade gratuita de malcolm reforçando vários estereótipos babacas do homem negro que a gente tá cansada de ver. por essa razão, me estranha ver diretores brancos (com a filmografia que este diretor, em particular, tem) optar por colocar atores negros em um momento que os debates raciais no cinema (e na arte em geral) têm estado constantemente presente. esse é um ponto. outro ponto que me causa incômodo é a escolha na questão estética, a tentativa de se aproximar da estética noir, com jazz, preto e branco, cigarro e whisky. forçosa. desconexa. o resultado ficou mais parecendo um comercial de perfume do que algo que dialogisasse com o espectador. a escolha estética também me faz refletir outra vez na escolha de atores negros. parece que é o uso da imagem, pelo uso da imagem e só. e isso me incomoda profundamente, em um momento que diretores negros são poucos ainda em questão de produção viabilizada (mesmo nos EUA). faço valer as reflexões de bell hooks quanto ao uso da imagem do negro no entretenimento, quando ela diz que estão usando nossos rostos, mas não estão se quer prestando atenção no que conhecemos, no que produzimos, no que criamos.
esse filme me fez lembrar muito da saga romantizada de dramaturga e atriz, em Frances Ha. ser artista e ser negro dentro desse mundo das artes é se deparar com diversas "catracas" da vida. um retrato real, honesto e divertido do que é ser uma mulher negra, artista e mais velha.
a construção visual e simbólica feita nesse filme é admirável pra qualquer um que tenha um olhar mais apurado pra estruturas de imagem: a somatória dos pequenos detalhes (o coelho, a lâmina de barbear, as freiras, as batatas apodrecendo...) formam o quadro completo da destruição da personagem. é legal também a forma como o polanski consegue casar as estéticas do cinema surrealista, com a nouvelle-vague e o expressionismo.
é bem triste ver aqui tantos comentários relacionados à esse filme que esvaziam o debate do abuso sexual. porque por mais que ele tenha qualidades visuais, uma interpretação sintomática do filme toca em pontos que acredito serem importantíssimos à questão dos traumas e sobre como a sexualização muitas vezes se torna fator preponderante no interesse masculino sobre a mulher. pois por mais que sim, a psique da personagem fosse realmente perturbada, o assédio dos homens é algo constante e invasivo em sua vida, como se a violência psicológica não cessasse. e é na imagem da freira (que representa o completo oposto da liberdade sexual feminina) que a personagem idealiza uma paz longe dessa violência.
um filme que pode nos levar à reflexões imensas sobre abuso, misoginia, masculinidade, sexo, assexualidade, liberdade sexual, e ainda de quebra um debate sobre autor x obra, sobre os casos de abuso do polanski que vazou alguns anos depois desse filmes.
ser mulher é viver um mistério. um mundo obscuro, obsceno de segredos, de milagres. nunca tinha visto antes tudo isso ser sintetizado de uma forma tão sensível como pude ver nesse filme de Almodóvar. não é atoa ser um clássico. o ser feminino tão amplamente tratado em suas várias faces: a mãe, a velha, a jovem. totens. arquétipos todas elas. como se cada uma complementasse a outra, mas nem sempre de uma forma positiva. há ainda as travestis, que ampliam ainda mais a noção desse feminino alargado. tanto fala esse filme que é preciso tempo pra digerir e refletir todos os detalhes tão importantes que ele contém. simplesmente lindo. veria tantas e tantas vezes mais. <3
gosto bastante dos caminhos que o guy ritchie propõe tanto aqui quanto em snatch. deixa a trama mais dinâmica, mais gostosa de assistir e gosto também dos personagens caricatos, é um traço marcante do diretor. mas em the gentlemen fica muito interessante a metalinguística inserida na trama, deixa tudo ainda mais saboroso e faz o filme ganhar seu brilho de destaque, como se dissesse: "bom, este é mais um filme sobre cartel, máfia, etc. mas não é um filme qualquer." vale à pena demais.
finalmente consegui ver esse filme, com a sorte de passar no telecine cult na madrugada do sábado. pra quem compreende a importância que foi o movimento blaxpoitation na comunidade negra norte-americana, esse filme é um cláaaassico! pam grier como um ícone fashion, sensual e forte. é um filme pesado em vários níveis, mas não deixa de ser um filme importante, que marcou uma época e todo uma geração.
da filmografia de ari aster comecei pelo midsommar (2019) e achei um filme excelente, tanto pela proposta de roteiro quanto pela fotografia,
mas hereditário realmente estreia o diretor como um nome que ainda iremos ouvir muito por aí no circuito cinematográfico. é de um tal capricho estético. um terror muito mais psicológico, com uma proposta de reflexão muito mais profunda do que simplesmente falar de possessões ou de seitas. parece que em seus filmes, ari aster questiona as camadas da psicologia humana de suas limitações através justamente de um misticismo e ocultismo que é bastante próprio da temática dos filmes de terror.
é inteligente e te prende até o ultimo minuto. filme excelente!
adoro o Spike Lee, acho um dos diretores norte-americanos mais criativos tanto no aspecto visual quanto em roteirização. mas é importante sempre pontuar os estereótipos negros que ele, por vezes, reforça e que o movimento do blaxploitation se esforçou muito pra se afastar. acho de extrema relevância a análise que bell hooks faz de seus filmes, com um olhar crítico afiado e sutil à filmografia dele.
esse filme é uma ode à independência feminina e ao rompimento da culpabilização e da submissão cristã da mulher. filme foda! não só de roteiro, enredo, atuação, mas também de fotografia. é lindo como os detalhes fazem a diferença aqui.
foge aos filmes de romance e drama convencionais. gosto muito do realismo mágico que se compromete com um fato social, me parece que expande a crítica e as possibilidades de união entre arte e política. é um filme de amor, mas sobretudo é um filme que fala também de injustiça. por mais filmes assim.
esse filme é todo o Gaspar Noe: o plano sequência, a câmera fechada em planos subjetivos fazendo contraplano com o cenário de fundo, a temática dos alucinógenos, etc e tal. sempre visceral e intenso. não é o meu preferido, mas é um bom filme dele.
meu deus, esse filme tudo pra mim. mas confesso que esperava um pouquinho mais do enredo, mais envolvimento com os personagens mesmo. por vezes me pareceu que os momentos se passavam tão rápido, quase superficiais. mas é tudo tão sensível, poético e perfeitoh esteticamente. a transição das cores: na infância, na adolescência e na vida adulta. logo entendemos que a intenção mesmo era criar um espaço surreal, introspectivo, em que a realidade pudesse ser vista por uma ótica muito mais subjetiva, quase como um "realismo fantástico". tentando se afastar da realidade crua, e por vezes até "sensacionalista" retratada em outros filmes que abordam a temática das vivências de quebrada.
sinceramente um dos melhores filmes de terror de 2019! que propõe uma nova estética, foge dos estereótipos já tão gastos na produção deste gênero. aqui vemos uma fotografia que usa e abusa das cores, da iluminação (o nome em português já explicita rsrs). o terror se encontra nas entrelinhas (apesar do diretor flertar com o subgênero gore em algumas cenas), mas tudo tem um propósito, e até uma crítica (?).
me fez pensar em algumas das críticas feitas à Antropologia e à Psicologia Ocidental. as quais ainda insistem em ver apenas por sua ótica cristã, racista, patriarcal. o mesmo olhar que condenou os indígenas canibais das Américas, é o mesmo olhar que causou o apagamento e julgou certos rituais nas culturas tradicionais que também existiram na Europa. o que é loucura? o que é selvagem? ainda vivemos uma dicotomia. ainda existem ciências que pensam o mundo dessa forma maniqueísta de bem x mal, selvagem x civilizado. isto mostra o qual a ciência na verdade não passa de uma crença, tal como a religião, tal como a política.
filmasso! vale assistir em grupo para possíveis discussões como essa! hahah
até quando as mulheres artistas serão apagadas da história das artes?
ou ainda. até quando as mulheres artistas só serão reconhecidas através dos artistas homens e não através de seu próprio trabalho? quantas de nós, que produzimos hoje, terá realmente algum reconhecimento no futuro sobre o que estamos fazendo? sem romantismo, sem massagem, sem discurso. façam essas perguntas a si mesmas. quantas vezes alguém já comparou o seu trampo com o trampo de algum artista homem? ou quando um artista homem faz um trampo muito similar ao seu mas parece que quem brilha é ele?
todas essas perguntas ferveram na minha cabeça enquanto eu assistia ao filme “The Wife”, 2018. que inclusive tá concorrendo ao oscar esse ano na categoria de melhor atriz com a atuação da Glenn Close.
eu vou tentar não entrar em muitos detalhes e correr o risco de dar spoiler, mas basicamente o filme se trata da relação de uma senhora e seu marido, cujo trabalho como escritor o fez ter uma carreira incrível e conquistar um Nobel de literatura. por outro lado, a mulher, interpretada por Glenn Close, se apresenta como uma parceira do trabalho do marido, ora fazendo o papel quase “maternal”, ora fazendo o papel de assessoria. no final das contas, ela vive para viver a vida dele.
o que incomoda sobretudo é a invisibilidade dessa mulher. como que com o passar dos anos ela vai se tornando completamente à margem do trabalho do marido. e além disso suportar a instabilidade emocional dele acerca de suas limitações enquanto artista. algo similar é visto no filme “Big Eyes”, 2015. o relacionamento extremamente abusivo. a desvalorização do trabalho de uma mulher. a supremacia masculina nos cânones artísticos. e por aí vai…..
penso que não é à toa a insistência desse tema no cinema. é um chamado. é uma revisitação a certos padrões e condutas que já não nos cabem mais. esse papel da mulher à sombra do homem não funciona mais para nós mulheres de hoje. ainda que muitas vezes caímos em situações como essa facilmente. se não você, uma amiga. mas por quê?
um dos pontos que o filme trata também é desse “esquecimento” que se tem dentro de uma relação como essa. como os “deslizes” são perdoados com uma facilidade assustadora. é um ciclo de dor sem fim. que vai matando a alma da mulher aos poucos. que vai distanciando-a de seus sonhos, de seus objetivos, de seu próprio caminho. perceber tudo isso e mais ainda: transformar isso em potência criadora para uma vida nova, demanda uma internalização, um trabalho de autoconhecimento pesadíssimo. e como o tempo neste caso funciona de modo subjetivo. pode durar semanas, meses, anos ou pode nunca chegar.
no final das contas, para mim, “The Wife” é um filme que fala de escolhas. e óbvio também das consequências dessas escolhas. mas se for ainda mais fundo, fala de coragem. coragem para aceitar e ser quem queremos ser. porque no fundo mesmo, se você faz algum tipo de arte e ama, e sente…… ficar famoso e ter sucesso não é o mais importante de tudo, mas sim o processo. o que você fez, o que você trabalhou, tudo o que você criou pra conquistar isso. é dar as caras. é fazer acontecer e dar o melhor de si. e se não der certo ainda sim, o caminho pode ser outro. e tá tudo bem mudar de caminho. porque pelo menos VOCÊ fez. VOCÊ tentou. VOCÊ.
sempre achei que as mulheres compreendem mais o significado da palavra “independência” do que os homens. a gente carrega uma energia que é tão primitiva quanto a própria palavra. mas isso parece que depois de um tempo ou é arrancado violentamente de nós ou nós mesmas assassinamos.
nesses tempos em que vivemos parece que conquistamos algumas coisas sim, é verdade. mas ainda tem mais. porque enquanto uma mulher ainda estiver sob essas condições de abuso psicológico e físico, a luta pela “independência” ainda não acabou.
é um filme previsível? talvez. aquele suspense que parece mais uma brisa ruim que você não entende nada e por isso te prende. prefiro suspenses assim do que aqueles que elaboram sustos propositais, cheios de quebra sem sentido no ritmo. você fica 2/3 do filme sem entender nada de nada e mesmo assim o filme não têm aquele final sem pé e nem cabeça como um "Donnie Darko" da vida.
é aquele suspense na medida certa, com um enredo simples e atuações até que ok para um filme como esse.
na história da arte vê-se, ao longo dos anos, grandes artistas que começaram fazendo cópias de outros grandes artistas. é lindo como neste filme, a cópia da vida, dos relacionamentos e do próprio pensamento dialoga com o gesto de copiar no campo da arte. a reflexão que James levanta sobre a equivalência de um original diante de sua cópia foi algo que me deixou com aquela pulga atrás da orelha....
isto porque depois, o modo como vai se desenrolando todos os outros diálogos entre Elle e James, a dúvida entre a veracidade do relacionamento dos dois é exatamente a reflexão que o personagem propõe entre o original e a cópia. o que é o original se não a cópia da realidade? o original é também uma espécie de cópia. ou melhor, de reprodução. reprodução de tradições, de velhos hábitos, de discursos, etc.
no entanto, parecem tão reais os sentimentos de Elle, suas frustrações, seu saudosismo, seu amor, que é quase impossível não sentir um rancinho de James. o que me ressoou o tempo todo na cabeça: "porque continuar com isso? porque viver essa tortura?". é aquele velho comodismo de um relacionamento de 4, 5, 10, 15 anos. do qual já não se manifesta mais daquele modo, do companheirismo, do afeto, da atenção, do gesto, mas que algo ainda permanece vivo. a ilusão dela, o medo dele. o esforço dela, a apatia dele.
é um lindo filme, angustiante e que te deixa cheia de questões: dentro e fora do próprio enredo, abala aquela expectativa de ver uma história romântica certinha, com diálogos profundos e cheios de olhares que induzem à uma subjetividade que poucas pessoas estão preparadas pra enfrentar.
um doc sinceríssimo e lindo, lindo de se ver. com histórias de amores reais de pessoas reais. além de depoimentos dos grandes produtores da mpb brasileira, ou do "brega", destacando a crítica perspicaz de Agnaldo Timóteo em relação ao termo: quando soada em sentido pejorativo e a evolução da palavra "brega", referida ao gênero musical romântico, das letras e de suas composições. "Por que quando o Chico Buarque canta sobre amor é chamado de mpb?"
sobre como a arte reflete a vida. e a vida reflete a arte. o brega é lindo demais.
Malcolm & Marie
3.5 314 Assista Agoramuito talento na atuação desperdiçado em um filme com um roteiro tão forçosamente indigesto. me incomoda muito a agressividade gratuita de malcolm reforçando vários estereótipos babacas do homem negro que a gente tá cansada de ver. por essa razão, me estranha ver diretores brancos (com a filmografia que este diretor, em particular, tem) optar por colocar atores negros em um momento que os debates raciais no cinema (e na arte em geral) têm estado constantemente presente. esse é um ponto. outro ponto que me causa incômodo é a escolha na questão estética, a tentativa de se aproximar da estética noir, com jazz, preto e branco, cigarro e whisky. forçosa. desconexa. o resultado ficou mais parecendo um comercial de perfume do que algo que dialogisasse com o espectador. a escolha estética também me faz refletir outra vez na escolha de atores negros. parece que é o uso da imagem, pelo uso da imagem e só. e isso me incomoda profundamente, em um momento que diretores negros são poucos ainda em questão de produção viabilizada (mesmo nos EUA). faço valer as reflexões de bell hooks quanto ao uso da imagem do negro no entretenimento, quando ela diz que estão usando nossos rostos, mas não estão se quer prestando atenção no que conhecemos, no que produzimos, no que criamos.
The Forty-Year-Old Version
4.0 31 Assista Agoraesse filme me fez lembrar muito da saga romantizada de dramaturga e atriz, em Frances Ha. ser artista e ser negro dentro desse mundo das artes é se deparar com diversas "catracas" da vida. um retrato real, honesto e divertido do que é ser uma mulher negra, artista e mais velha.
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista Agoraum proerd cult
Repulsa ao Sexo
4.0 462 Assista Agoraa construção visual e simbólica feita nesse filme é admirável pra qualquer um que tenha um olhar mais apurado pra estruturas de imagem: a somatória dos pequenos detalhes (o coelho, a lâmina de barbear, as freiras, as batatas apodrecendo...) formam o quadro completo da destruição da personagem. é legal também a forma como o polanski consegue casar as estéticas do cinema surrealista, com a nouvelle-vague e o expressionismo.
é bem triste ver aqui tantos comentários relacionados à esse filme que esvaziam o debate do abuso sexual. porque por mais que ele tenha qualidades visuais, uma interpretação sintomática do filme toca em pontos que acredito serem importantíssimos à questão dos traumas e sobre como a sexualização muitas vezes se torna fator preponderante no interesse masculino sobre a mulher. pois por mais que sim, a psique da personagem fosse realmente perturbada, o assédio dos homens é algo constante e invasivo em sua vida, como se a violência psicológica não cessasse. e é na imagem da freira (que representa o completo oposto da liberdade sexual feminina) que a personagem idealiza uma paz longe dessa violência.
um filme que pode nos levar à reflexões imensas sobre abuso, misoginia, masculinidade, sexo, assexualidade, liberdade sexual, e ainda de quebra um debate sobre autor x obra, sobre os casos de abuso do polanski que vazou alguns anos depois desse filmes.
tenso, hein......
Tudo Sobre Minha Mãe
4.2 1,3K Assista Agoraser mulher é viver um mistério. um mundo obscuro, obsceno de segredos, de milagres. nunca tinha visto antes tudo isso ser sintetizado de uma forma tão sensível como pude ver nesse filme de Almodóvar. não é atoa ser um clássico. o ser feminino tão amplamente tratado em suas várias faces: a mãe, a velha, a jovem. totens. arquétipos todas elas. como se cada uma complementasse a outra, mas nem sempre de uma forma positiva. há ainda as travestis, que ampliam ainda mais a noção desse feminino alargado. tanto fala esse filme que é preciso tempo pra digerir e refletir todos os detalhes tão importantes que ele contém. simplesmente lindo. veria tantas e tantas vezes mais. <3
Magnatas do Crime
3.8 300 Assista Agoragosto bastante dos caminhos que o guy ritchie propõe tanto aqui quanto em snatch. deixa a trama mais dinâmica, mais gostosa de assistir e gosto também dos personagens caricatos, é um traço marcante do diretor. mas em the gentlemen fica muito interessante a metalinguística inserida na trama, deixa tudo ainda mais saboroso e faz o filme ganhar seu brilho de destaque, como se dissesse: "bom, este é mais um filme sobre cartel, máfia, etc. mas não é um filme qualquer." vale à pena demais.
Foxy Brown
3.7 53 Assista Agorafinalmente consegui ver esse filme, com a sorte de passar no telecine cult na madrugada do sábado. pra quem compreende a importância que foi o movimento blaxpoitation na comunidade negra norte-americana, esse filme é um cláaaassico! pam grier como um ícone fashion, sensual e forte. é um filme pesado em vários níveis, mas não deixa de ser um filme importante, que marcou uma época e todo uma geração.
Hereditário
3.8 3,0K Assista Agorada filmografia de ari aster comecei pelo midsommar (2019) e achei um filme excelente, tanto pela proposta de roteiro quanto pela fotografia,
mas hereditário realmente estreia o diretor como um nome que ainda iremos ouvir muito por aí no circuito cinematográfico. é de um tal capricho estético. um terror muito mais psicológico, com uma proposta de reflexão muito mais profunda do que simplesmente falar de possessões ou de seitas. parece que em seus filmes, ari aster questiona as camadas da psicologia humana de suas limitações através justamente de um misticismo e ocultismo que é bastante próprio da temática dos filmes de terror.
é inteligente e te prende até o ultimo minuto.
filme excelente!
Faça a Coisa Certa
4.2 398adoro o Spike Lee, acho um dos diretores norte-americanos mais criativos tanto no aspecto visual quanto em roteirização. mas é importante sempre pontuar os estereótipos negros que ele, por vezes, reforça e que o movimento do blaxploitation se esforçou muito pra se afastar. acho de extrema relevância a análise que bell hooks faz de seus filmes, com um olhar crítico afiado e sutil à filmografia dele.
Jim & Andy: The Great Beyond
4.2 162 Assista Agorajim carrey eu te amo
A Bruxa
3.6 3,4K Assista Agoraesse filme é uma ode à independência feminina e ao rompimento da culpabilização e da submissão cristã da mulher. filme foda! não só de roteiro, enredo, atuação, mas também de fotografia. é lindo como os detalhes fazem a diferença aqui.
Atlantique
3.6 129foge aos filmes de romance e drama convencionais. gosto muito do realismo mágico que se compromete com um fato social, me parece que expande a crítica e as possibilidades de união entre arte e política. é um filme de amor, mas sobretudo é um filme que fala também de injustiça. por mais filmes assim.
Clímax
3.6 1,1K Assista Agoraesse filme é todo o Gaspar Noe: o plano sequência, a câmera fechada em planos subjetivos fazendo contraplano com o cenário de fundo, a temática dos alucinógenos, etc e tal. sempre visceral e intenso. não é o meu preferido, mas é um bom filme dele.
Onibaba: A Mulher Demônio
4.1 115terror psicológico na medida, fotografia com muito jogo de luz e sombra, trilha sonora perfeita. o clássico dos filmes de terror!
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista Agorameu deus, esse filme tudo pra mim. mas confesso que esperava um pouquinho mais do enredo, mais envolvimento com os personagens mesmo. por vezes me pareceu que os momentos se passavam tão rápido, quase superficiais. mas é tudo tão sensível, poético e perfeitoh esteticamente. a transição das cores: na infância, na adolescência e na vida adulta. logo entendemos que a intenção mesmo era criar um espaço surreal, introspectivo, em que a realidade pudesse ser vista por uma ótica muito mais subjetiva, quase como um "realismo fantástico". tentando se afastar da realidade crua, e por vezes até "sensacionalista" retratada em outros filmes que abordam a temática das vivências de quebrada.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista Agorasinceramente um dos melhores filmes de terror de 2019! que propõe uma nova estética, foge dos estereótipos já tão gastos na produção deste gênero. aqui vemos uma fotografia que usa e abusa das cores, da iluminação (o nome em português já explicita rsrs). o terror se encontra nas entrelinhas (apesar do diretor flertar com o subgênero gore em algumas cenas), mas tudo tem um propósito, e até uma crítica (?).
me fez pensar em algumas das críticas feitas à Antropologia e à Psicologia Ocidental. as quais ainda insistem em ver apenas por sua ótica cristã, racista, patriarcal. o mesmo olhar que condenou os indígenas canibais das Américas, é o mesmo olhar que causou o apagamento e julgou certos rituais nas culturas tradicionais que também existiram na Europa. o que é loucura? o que é selvagem? ainda vivemos uma dicotomia. ainda existem ciências que pensam o mundo dessa forma maniqueísta de bem x mal, selvagem x civilizado. isto mostra o qual a ciência na verdade não passa de uma crença, tal como a religião, tal como a política.
filmasso! vale assistir em grupo para possíveis discussões como essa! hahah
Branco Sai, Preto Fica
3.5 173exemplo lindo de como dá pra fazer ficção científica no cinema brasileiro sem copiar a apelação do cinema norte-americano
A Esposa
3.8 557 Assista Agoraaté quando as mulheres artistas serão apagadas da história das artes?
ou ainda. até quando as mulheres artistas só serão reconhecidas através dos artistas homens e não através de seu próprio trabalho? quantas de nós, que produzimos hoje, terá realmente algum reconhecimento no futuro sobre o que estamos fazendo? sem romantismo, sem massagem, sem discurso. façam essas perguntas a si mesmas. quantas vezes alguém já comparou o seu trampo com o trampo de algum artista homem? ou quando um artista homem faz um trampo muito similar ao seu mas parece que quem brilha é ele?
todas essas perguntas ferveram na minha cabeça enquanto eu assistia ao filme “The Wife”, 2018. que inclusive tá concorrendo ao oscar esse ano na categoria de melhor atriz com a atuação da Glenn Close.
eu vou tentar não entrar em muitos detalhes e correr o risco de dar spoiler, mas basicamente o filme se trata da relação de uma senhora e seu marido, cujo trabalho como escritor o fez ter uma carreira incrível e conquistar um Nobel de literatura. por outro lado, a mulher, interpretada por Glenn Close, se apresenta como uma parceira do trabalho do marido, ora fazendo o papel quase “maternal”, ora fazendo o papel de assessoria. no final das contas, ela vive para viver a vida dele.
o que incomoda sobretudo é a invisibilidade dessa mulher. como que com o passar dos anos ela vai se tornando completamente à margem do trabalho do marido. e além disso suportar a instabilidade emocional dele acerca de suas limitações enquanto artista. algo similar é visto no filme “Big Eyes”, 2015. o relacionamento extremamente abusivo. a desvalorização do trabalho de uma mulher. a supremacia masculina nos cânones artísticos. e por aí vai…..
penso que não é à toa a insistência desse tema no cinema. é um chamado. é uma revisitação a certos padrões e condutas que já não nos cabem mais. esse papel da mulher à sombra do homem não funciona mais para nós mulheres de hoje. ainda que muitas vezes caímos em situações como essa facilmente. se não você, uma amiga. mas por quê?
um dos pontos que o filme trata também é desse “esquecimento” que se tem dentro de uma relação como essa. como os “deslizes” são perdoados com uma facilidade assustadora. é um ciclo de dor sem fim. que vai matando a alma da mulher aos poucos. que vai distanciando-a de seus sonhos, de seus objetivos, de seu próprio caminho. perceber tudo isso e mais ainda: transformar isso em potência criadora para uma vida nova, demanda uma internalização, um trabalho de autoconhecimento pesadíssimo. e como o tempo neste caso funciona de modo subjetivo. pode durar semanas, meses, anos ou pode nunca chegar.
no final das contas, para mim, “The Wife” é um filme que fala de escolhas. e óbvio também das consequências dessas escolhas. mas se for ainda mais fundo, fala de coragem. coragem para aceitar e ser quem queremos ser. porque no fundo mesmo, se você faz algum tipo de arte e ama, e sente…… ficar famoso e ter sucesso não é o mais importante de tudo, mas sim o processo. o que você fez, o que você trabalhou, tudo o que você criou pra conquistar isso. é dar as caras. é fazer acontecer e dar o melhor de si. e se não der certo ainda sim, o caminho pode ser outro. e tá tudo bem mudar de caminho. porque pelo menos VOCÊ fez. VOCÊ tentou. VOCÊ.
sempre achei que as mulheres compreendem mais o significado da palavra “independência” do que os homens. a gente carrega uma energia que é tão primitiva quanto a própria palavra. mas isso parece que depois de um tempo ou é arrancado violentamente de nós ou nós mesmas assassinamos.
nesses tempos em que vivemos parece que conquistamos algumas coisas sim, é verdade. mas ainda tem mais. porque enquanto uma mulher ainda estiver sob essas condições de abuso psicológico e físico, a luta pela “independência” ainda não acabou.
só tá começando.
O Convite
3.3 1,1Ké um filme previsível? talvez. aquele suspense que parece mais uma brisa ruim que você não entende nada e por isso te prende. prefiro suspenses assim do que aqueles que elaboram sustos propositais, cheios de quebra sem sentido no ritmo.
você fica 2/3 do filme sem entender nada de nada e mesmo assim o filme não têm aquele final sem pé e nem cabeça como um "Donnie Darko" da vida.
é aquele suspense na medida certa, com um enredo simples e atuações até que ok para um filme como esse.
Cópia Fiel
3.9 452 Assista Agorana história da arte vê-se, ao longo dos anos, grandes artistas que começaram fazendo cópias de outros grandes artistas. é lindo como neste filme, a cópia da vida, dos relacionamentos e do próprio pensamento dialoga com o gesto de copiar no campo da arte. a reflexão que James levanta sobre a equivalência de um original diante de sua cópia foi algo que me deixou com aquela pulga atrás da orelha....
isto porque depois, o modo como vai se desenrolando todos os outros diálogos entre Elle e James, a dúvida entre a veracidade do relacionamento dos dois é exatamente a reflexão que o personagem propõe entre o original e a cópia. o que é o original se não a cópia da realidade? o original é também uma espécie de cópia. ou melhor, de reprodução. reprodução de tradições, de velhos hábitos, de discursos, etc.
no entanto, parecem tão reais os sentimentos de Elle, suas frustrações, seu saudosismo, seu amor, que é quase impossível não sentir um rancinho de James. o que me ressoou o tempo todo na cabeça: "porque continuar com isso? porque viver essa tortura?". é aquele velho comodismo de um relacionamento de 4, 5, 10, 15 anos. do qual já não se manifesta mais daquele modo, do companheirismo, do afeto, da atenção, do gesto, mas que algo ainda permanece vivo. a ilusão dela, o medo dele. o esforço dela, a apatia dele.
é um lindo filme, angustiante e que te deixa cheia de questões: dentro e fora do próprio enredo, abala aquela expectativa de ver uma história romântica certinha, com diálogos profundos e cheios de olhares que induzem à uma subjetividade que poucas pessoas estão preparadas pra enfrentar.
Vou Rifar Meu Coração
4.1 214um doc sinceríssimo e lindo, lindo de se ver. com histórias de amores reais de pessoas reais. além de depoimentos dos grandes produtores da mpb brasileira, ou do "brega", destacando a crítica perspicaz de Agnaldo Timóteo em relação ao termo: quando soada em sentido pejorativo e a evolução da palavra "brega", referida ao gênero musical romântico, das letras e de suas composições. "Por que quando o Chico Buarque canta sobre amor é chamado de mpb?"
sobre como a arte reflete a vida. e a vida reflete a arte.
o brega é lindo demais.
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista Agorachutaram o pau da barraca
Amor
4.2 2,2K Assista Agoratão triste e tão lindo
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista Agoraum filme quase metalinguístico que fala de todo o no sense da arte contemporânea de um modo também no sense, beirando ao cômico, quase ao bobo.
que raiva daqueles social media. aff.