Até acho compreessivo que passe na cabeça dos produtores o plano de efetivacao de vez de um protagonismo para Jason Starthan - visto que o próprio Stallone, sem a vitalidade de outrora, havia feito o ensaio indireto disso desde o primeiro filme da franquia. Portanto, esse seria sim um detalhe plausível. Agora trocar o idealizador da franquia, que é um/o ícone que estipulou o projeto como uma espécie de fan-service, pela desenxabida da Megan Fox... bom, aí eu considero bem arbitrário. Desde 1995, esse é o primeiro filme do Stallone "exibido" nos cinemas em Aracaju que eu não fui (olhe que paguei ingresso até para D-Tox), justamente pelo medo da sua participação ser insignificante. Mas quem dera, se realmente só esse fosse o problema do filme... O engraçado é que isso se faz como continuação de um quase fracassado anterior, onde já existia um prenúncio evidente de fiasco se não lhe fosse aplicado um tratamento bem elaborado. Então, feito como se tivesse a obrigação "barata" de existir, foi mantido apenas nas intenções negativas de todas as continuações. Em exemplo, temos a insistência de angariar para depois desperdiçar o elenco que poderia render algo muito mais interessante. Infelizmente toda áurea positiva de um divertido filme "B" foi retirada, restando só a carcaça de bomba mesmo... Ponto positivo para Dolph Lundgren que, de certa forma, está tendo um bom final de carreira.
De uma forma estranha o filme é bem prazeroso de ver, e isso me faz acreditar que a força de apelo, obviamente, estaria nas interpretações que conduzem sua mensagem, em clima de Flor de lótus, com eficiente funcionalidade. Mesmo assim, os personagens são mal concatenados na história e tudo se apresenta dentro de um jogo cíclico com bastante aleatoriedade, até, para a figura principal que fica vagando na sua própria nulidade intencionada...
É realmente uma grata surpresa essa biografia recheada de recortes muito bem catalogados pelo Silvio Guidane... Ele, mesmo com um currículo rarefeito na função de diretor, soube respeitar o artista, além de resgatar veteranos que merecem muito respeito. Mas apesar de estar tudo muito bem contado, lamento certo simplismo no roteiro que o desobrigou de um maior vigor narrativo. Isso porque centrar na relação do comediante com a mãe, retira aquilo que nos interessaria em sua trajetória como notória ou passiva de outros níveis de curiosidades. Assim, opta-se pelo resultado sensível, porém, pragmático. Já que foi dessa forma, bem longe das polêmicas, achei estranho sintetizar o período controverso dos "Trapalhões" apenas por uma citação não aprofundada, e, ainda por cima, delegando o protagonismo queixoso na figura do Dedé Santana. Não sei se isso foi justo, mas com certeza deixa uma vacuidade quase brochante mesmo para algo que se conclui como um bom filme.
Revisei hoje, mas Barbie definitivamente anula minha capacidade de avaliação. O filme extrapola tanto seu relativismo conceitual, que fico em dúvida se ele alcança seu objetivo. Como não consigo definir se a obra seria realmente boa ou ruim, apesar de seu prólogo beirar a genialidade, me preocupa o ar de constrangimento de todas as suas cenas em qualquer vertente perigosa e satírica que pretende explorar - mesmo achando positivo o esforço de originalidade. Nesse caso é muito complicado gerar empatia se a crítica não for bem acomodada no seu devido "lugar de fala", inclusive, sempre esbarrando num extremismo contraditório.
Financiar um filme para promover a própria instituição já demonstra toda a força que o SINTESE possui aqui no Estado de Sergipe - Algo que pelo lado corporativista não seria um bom sinal... Como objeto artístico, o filme possui um suplício narrativo forçado no pieguismo exagerado, que evidenciam o tom muitas vezes tendencioso da obra. Mesmo assim, o filme possui duas cenas cativantes para além da mera demagogia que se quer propagar (a cena final é de um simplismo gratificante). Lembrando que a "batalha" aqui recortada é bem válida, mas os discursos antagônicos devem ser pautados na realidade vivencial como humanamente estão estruturados. Nesse caso, bem menos erguido ou escondido apenas na famigerada ideia romântica das coisas (Educação).
Depois de ter visto o primeiro John Wick no início de 2015, lembro de ter gostado muito, porque seu resultado geral contrastava bem com toda sua simplicidade. Por conta disso, não o imaginava com todo esse potencial mesmo com um personagem carismático e possuidor de um motivacional indiscutível. Infelizmente os exageros de um panorama megalomaníaco da série me saturam um pouco (todos sempre longos). Parece que a partir da sua primeira continuação, o portal de um universo paralelo se abriu e foi sem volta. Dito isso, continuo achando o personagem ótimo, mas os excessos tornam ele um pastiche cansativo de si mesmo.
Meio decepcionado com o resultado, mesmo que tenha alcançado certo lirismo narrativo... Feito às pressas, o problema de uma realização assim tão "chapa branca", será a parcialidade desviante de todas as controvérsias. Assim, tratado sempre em diálogo com o astro, prevalece sua perspectiva sobre tudo. Não é uma biografia totalizante, mas um recorte que muito serviria, talvez, como o primeiro episódio dentre vários. E como a carreira do Stallone é pública e notória, existe dificuldade em esmiuçar de forma inédita sua trajetória. Por conta disso, temos que escutar mais uma vez a balela egocêntrica do "Arnold" em cima de Pare! Senão Mamãe Atira. Entretudo, ancorado por personalidades mal escolhidas e outras desdenhadas (
Será que algum dia darão voz ao senhor Dolph Lundgren
), a surpresa fica realmente por conta de toda amargura demonstrada pela ausência do afeto de seu pai. Algo que para um bem sucedido senhor de quase 80 anos deveria tender para o rarefeito ar melodramático, mas que é usado para velar a culpabilidade dos seus recorrentes fracassos oriundos da própria intransigência.
É um filme que pode decepcionar os que passarem pela experiência depois da mediação dos comentários de quem o elogia, mas a sensação é particularizada e dá para entender quem inviabiliza algumas coisas do roteiro. Como faço parte dos que acharam a obra interessante, vou só lamentar uma maior imersão no próprio entendimento simbólico que pode estar contido no seu título original, já que poderia gerar maior cumplicidade do espectador desde o início do filme. Isso potencializaria ainda mais o final que possui um ótimo fechamento e está bem acima da média.
Essa leitura filmica do jogo angariou certa simpatia da crítica pelo mundo, mas resultou numa bilheteria muito fraca. A referência do jogo que temos no Brasil com Caverna do Dragão é muito forte e indica, assim como na tentativa anterior de 2000, que esse universo amplamente aleatório se faz desinteressante até para os próprios norte-americanos. O pior de tudo é que eles possuem a solução por existência do desenho como apelo, mas não usam. E mesmo que o Chris Pine entregue uma caracterização interessante, falta nele um protagonismo de fato, como para o resto do elenco, já que todos os personagens são carentes de um heroísmo empático que nos recorra por atenção. Do jeito que está é inofensivo porque não ofende, mas tolo porque não empolga.
Existe uma apropriação dessa notória fábula pela psicologia que é muito válida. E se o intuito inicial fosse adentrar nesse conceito para trabalhar os transtornos de forma extrema seria muito, muito interessante... No fundo estou tentando defender a ideia inicial desse sacrilégio medonho, porque o filme até tem um sadismo curioso. Mas precisamos requerer seriedade mesmo de algo que não se leva realmente a sério - Caso contrário, toda justificativa só esbarra no sentido preguiçoso e bizarro dessa obra.
É um filme inicialmente carismático... Como é notório que tais profissionais possuem vários "causos" curiosos para serem relatados, talvez peque pelo dilatamento desnecessário de suas piadas. Assim, o trabalho de caricatura para um filme curto fica delongado, esvaziado e até falso.
Logo de cara terei que me render a qualidade deste longa e nem poderia discordar de toda avalanche elogiosa que a animação recolhe desde seu antecessor lá em 2018. Por sinal, esse já estaria alavancado como uma obra-prima antes mesmo de ser lançado no cinema. Entretanto, assim como anteriormente, terei que fazer valer uma espécie de conservadorismo honesto como um antigo colecionador das HQs do herói, mas desistente quando esta tentava uma reconfiguração após a controversa saga do clone no final dos anos 90. Nesse aspecto, as mudanças que são bem vistas para as gerações sequenciais, não encontram a mesma acomodação simpática dentro de concepções que já estaria muito bem consolidada nas mentes de outrora. Por conta disso, tenho extrema dificuldade na aceitação de rupturas drásticas, apesar de entender a importância de ressignificações, mas sou irredutível na valorização do clássico. Não só por isso, por mais que insistam, jamais vou apreciar outro filme sobre o Homem-Aranha com um aspecto de originalidade, porque no fundo seria novamente “outro” filme do Homem-Aranha mesmo que eu possa enaltecer, olhando aqui, uma forma artisticamente platônica de ser recontada.
É assim que vou isolar e dividir esse filme em dois momentos para tecer sua primeira metade dentro de um pragmatismo meramente funcional, tanto que em determinado momento se anula por insistir no seu próprio comprometimento inovador, se reafirmando na overdose de uma beleza estática quase sempre associada a uma linguagem transversal e unificada, porque isso já teria lhe rendido uma construção entendida como ousada e revolucionária – pretendendo até demonstrar que um elenco desenhado conseguiria fazer uma interpretação de verdade. E nem vale ressaltar, aquilo que o filme propõe com toda recorrência desejável a um multiverso (nem isso é mais novidade), se este se dá explorado com certa ambivalência mesmo demarcando tudo como analogia crítica para os debates sobre individualidade, diversidade ou pluralidade num contexto amplo e atualizado. Aliás, tal detalhe, para ser avaliado com justiça, dependerá de seu desfecho preconizado como uma trilogia. Por enquanto, considero que a primeira metade de “Através do Aranha verso” se faz esteticamente admirável, porém, cansativa e repetitiva com certa exaustão. Por conta disso, seria só na sua metade final que a obra validaria tudo aquilo que nuca foi concebido anteriormente em uma animação e que põe essa concepção acima de um mero gênero cinematográfico - mas como forma alternativa e convincente de se contar uma história. Pois é justamente nessa metade que ele se impõe com toda sua originalidade como um veículo narrativo comprovando que as animações podem adequar gêneros diversos com bastante veracidade, além de possuir apelo suficiente para divertir/envolver qualquer idade com autoridade e eficiência. Talvez, até com muito mais maturidade que muita coisa sendo feita por aí.
Entre toda essa enxurrada de filmes de super-heróis das últimas décadas, com certeza é pelos Guardiões da Galáxia que tenho mais simpatia. Mas dentro de tanta saturação, acho que se não existe realmente um ótimo enredo para ser contado, melhor não realizar nada. Obviamente que a pieguice aqui funciona porque é totalmente apelativa, no entanto, se for para ser só aleatório, melhor mesmo é partir para a confecção de uma série televisiva. Aliás, depois da proporção causada em sincronia fílmica do universo Marvel com o que foi contado em Os Vingadores, o que é que ainda existe de temerário para ser exposto. Prestando atenção nas reações dos espectadores no cinema, percebo que eles não se importam muito com mesmices ou para o prolongamento insonso do filme quase que girando em torno de um humor artificial e desenxabido. Na verdade estou procurando uma justificativa para não desaprovar o filme totalmente... E olhe que se este terminasse como ousou ameaçar, teria toda minha aprovação – só que infelizmente coragem não faz parte do vocabulário dos roteiristas de Hollywood.
Vou manter aqui as três estrelas avaliativas porque os 20 minutos finais são bem acautelados em sua narrativa, mesmo com a insegurança percebível do Michael B. Jordan ao conduzir seu filme numa fotografia desnecessariamente escura. Além disso, o roteiro é muito picotado, forçado e lembra ou imita, inclusive, os piores momentos dos Rockys protagonizados e roteirizados pelo Stallone. Lamento também a participação do Jonathan Majors que possui uma nuance inicial realmente muito interessante e vigorosa, mas que acaba degringolando para uma postura de fanfarronice no resto de todo o filme. Agora sobre a ausência do Balboa, até já havia percebido certo deslocamento dele dentro da trama na segunda parte quando muito inserido na vida de Adonis, no entanto, teria aqui um gancho interessante. No mais, a luta não me empolgou e não a percebi como inovação mesmo com tanta referência de animes sendo divulgado – ainda deu certo na bilheteria, mas vejo que para a história já lhe cabe um ponto final.
Nosso senso crítico está meio desnorteado e parece carente de alguma coisa... É isso mesmo? É verdade que “Maverick” vem sendo citado nas listas mundiais entre os melhores do ano?
Há quase dois anos vendo e revendo um trailer que nunca me atiçava - inclusive, pós-elogios, ficava tentando imaginar como um novo Top Gun poderia me surpreender de verdade. Olhe que gosto muito de continuações, mas o problema de ser algo tão espaçado e que se confirma nesse próprio dilatamento no tempo não pode se concentrar tanto em um saudosismo operacional, porque o entendimento que perdura contextualmente fixa seu personagem central num anacronismo negativo. Afinal, logo, evidenciamos que 30 anos depois o sujeito de espírito rebelde vanguardista ficou realmente parado no tempo, e, ainda por cima, continua muito, muito, muito, muito, muito traumatizado pelo passado e isso, no fundo, é de uma inutilidade indesejável.
Nesse caso, devido a um roteiro que é bastante frágil, acredito que o excesso dos elementos do filme anterior estaria mais relacionado a uma preguiça deitada por cima da fórmula de uma maneira que nem precisava, pois o filme se passa num ambiente bem personalizado. Como nunca fui um entusiasta do filme na infância, já que ele sempre me proporcionou a mesma sensação que os vários “ÁGUIAS DE AÇO” da vida, não criei expectativa alguma e até foi possível me divertir naquilo se estende novamente sem necessidade - sendo que o original gastou menos tempo e dinheiro para definir tudo. Portanto, o filme tem muita enrolação e bem acredito que boa parte das pessoas também entende que escolhas pomposas como a da Jennifer Connelly seria para justificar, no meio de tantos “jovens”, que é o “nosso” tiozinho quem precisaria ter um relacionamento adolescente tão "verdadeiro" quanto as suas verossímeis pilotagens. Aliás, tal permuta demonstra uma covardia com as atrizes de outrora (kelly e Meg), mas também com os homens atores visto que a participação do Val Kilmer se deturba como homenagem que acaba beirando a anedota mórbida.
Assim, como até a Kawasaki GPZ 900R tem maior importância no filme seria justamente na parte técnica que Top Gun talvez mereça ser realmente elogiado, principalmente vendo o comprometimento, profissionalismo ou egocentrismo do senhor Cruise no desenvolver de suas cenas pelo viés realista, mas infelizmente juro que isso não me afeta nenhum pouco. Na verdade não sei como manobras capturadas em close-ups poderiam me empolgar – está tão superior assim “30 anos” (óbvios) de avanços depois, ou existe filme que só vale mesmo se for vislumbrado no IMAX? No fim, meu veredito é que um diretor até então mediano Joseph Kosinski conseguiu reformar o trabalho de um finado colega com aquilo que hoje possui de melhor: o resultado é uma refilmagem apenas ok e nada mais do que isso.
Depois de muita insistência do sobrinho acabei por fazer deste meu retorno aos cinemas depois da pandemia, mas infelizmente os filmes estadunidenses passam por uma multiplicação insalubre de ideias repetitivas. Quase três anos sem ir, e parece que nada mudou... Excepcionalmente quando você chega numa determinada idade (42 anos) - com o próprio cinema existindo há mais de 100 anos, e, ao longo disso, se fez testemunhado mais de “20” filmes do Homem-Aranha, do Superman, do Batman e etc. Realmente fica muito difícil, dentro da categoria específica de super-heróis, se surpreender com essa insistência “Infinita”. Não só por isso, me parece que existe também um equivoco sobre a qualidade/credibilidade desse tipo de película ao ser associado com a sua duração. “PANTERA...”, como boa parcela dessas produções, são excessivamente longos sem nenhuma necessidade e isso torna a experiência quase insuportável.
Claramente está longe de ser um filme ruim, porque o diretor é extremamente cauteloso com suas cenas dramáticas e tem a seu favor um elenco muito bem assentado - além de usar bem sua oportuna musicalidade. No entanto, não empolga por conta de certas curiosidades: uma delas fica dentro dos obstáculos que impediriam o desenvolvimento de um filme solo do Namor, para bem fingir que só o estariam usando como muletas na ausência de uma óbvia centralidade masculina. Aliás, isso soa altamente contraditório em todos os sentidos. Assim temos um filme que aparentemente carece de um protagonista macho, e persistente na atriz “principal” que criou problemas com seus discursos de convicções pessoais, mas que precisa defender seu trabalho, de certa forma, negando a si mesma. No geral, até digo que a própria Letitia Wright estaria menos chatinha nesse que no anterior da mesma forma que percebo as mulheres amplamente suficientes em todo filme. Só que, no fundo, são os produtores que não acreditam muito nisso – o que é irônico para um projeto que tece uma categoria discursiva largamente militante sobre a questão demonstrativa de gênero. A salvo que se subentenda que a fortaleza das mulheres esteja mesmo na sua sensibilidade palpável para a tragédia em contraste com os homens.
É possível confirmar inclusive que a dramaticidade eleva sim o filme, mas não seria esse o interesse final pelo produto mesmo que esse fique cheio de lirismo em toda sua prestação contextual de homenagens, pois vou continuar confiando que o tributo mais honesto seria a não realização de nenhum tipo de continuação. Nesse caso, seriam justamente as cenas de ‘ação’ que desqualificam a produção quando tenta se validar pelo marasmo recorrente (até a Homem/Coração-de-Ferro precisa aparecer). É nesse sentido que começamos a questionar racionalmente tudo aquilo que nós entendemos como delírios dentro de uma fantasia negativamente saturada. Por conta disso, o rei Namor seria só um tapa-buraco bem configurado, entretanto, aleatório em sua proposição dentro de uma narrativa deslocada diante de tanta mistura rasa... Mudando de assunto, isso proporciona alguns achados já que o filme me deixou feliz pelo literal ‘spoiler’ involuntário em cima daquilo que podemos esperar das futuras três horas de um interminável Avatar: O Caminho da Água no cinema. Dessa forma, poderei negar uma ida com meu sobrinho sem nenhum remorso.
Ser roteirista de uma sequência proposta como renovação acaba como um trabalho quase sempre ingrato. E não é só pelo respeito que se deve ter a uma iconografia anterior tolhendo toda liberdade para as novas ideias, mas porque “Os Caça-Fantasmas” padece de um anacronismo conceitual. Funcionou em 1984 por se equilibrar como uma comédia que não precisava fazer rir ao encostar, de forma leve, dentro do sobrenatural. Sendo assim, ele tem uma estrutura apta a variações, no entanto, muito dependente da firmeza de como esse elemento será tratado para que consiga, então, ativar o imaginário do espectador – este, se mal dosado, retira toda a credibilidade já que nada é entendido como uma verdadeira ameaça. Por conta disso, acredito que a versão feminina (2016), apesar de muito bem elencada, não enseja confiabilidade quando seus pretensos fantasmas são retratados de maneira tão alegórica, inclusive, bem similar ao que ocorreu no uso caricato do seu vilão no filme de 1989. Pois, nesse caso, o interesse não é sustentado para o clímax quando acompanhamos até o final. Além disso, aqui a obrigatoriedade das referências é bem banalizada e forçada, ou seja, é um roteiro quase aleatório que não prediz criatividade, apenas uma acomodação ruim. Agora se tem uma coisa que posso cravar é o carisma da menina McKenna Grace... Tão graciosa e enérgica ao mesmo tempo, que não só eleva, mas com certeza carrega todo esse filme nas costas.
Toda vez que vejo ou revejo essas continuações bisonhas de “Halloween”, tenho a mesma sensação de que sua mitologia está sustentada numa fraude... Não à toa, elas possuem o maior engodo motivacional de um personagem em toda história cinematográfica. Estranhamente, tudo me faz crê que a Laurie Strode realmente nunca foi uma irmã do Michael Myers...
Imaginei o senhor Spielberg notando prováveis defeitos narrativos em seu TUBARÃO de 75, e após considerar as técnicas especiais atuais além do próprio patamar alcançado, refletir sobre a possibilidade de que hoje em dia poderia ter feito um trabalho “artístico” muito melhor, inclusive, se propondo na incrível ousadia de filmá-lo novamente. Pois para mim, ironicamente, nesse caso todo o trabalho faria muito mais sentido e seria um exercício quem sabe interessante. Aqui não existe a possibilidade de observar essa versão sem correlacionar com a anterior, e, por conta disso, desistir deste, pela total ausência de surpresa ou cumplicidade. Assim, atônito dentro dessa sensação estranha de negar aquilo que ainda jaz como um ótimo filme, só me restaria parabenizar o senhor Spielberg pela excelente reprodução platônica de algo que outro artista já teria feito “muito bem” 50 anos antes dele... Já numa contextualização infeliz, quando temos a própria história da humanidade se tornando irredutível, talvez seja esse o verdadeiro detalhe que estaria fadado a ser recontado – o cinema é um reflexo manifesto disso, mas existe um limite que lhe exige uma base criativa de validação. Esse aqui, no entanto, não exala nenhum tipo de representatividade.
Existe um aforismo satírico onde afirmo com veemência que para ser burro, nesse mundo, ainda se faz necessário possuir bastante inteligência – me parece, que esse novo filme corrobora com essa questão muito bem... Sinceramente, gostei bastante! Matrix persiste envolto de um patamar qualitativo diferenciado, pois não seria todo filme inútil que se assume nulo com tanta propriedade e sabedoria. No entanto, seu maior problema seria justamente reduzir parte de sua vertente megalomaníaca e espetaculosa, que tanto satisfez e concentrou uma massa específica, em nome de sua própria repetição originalmente artística. O novo filme é tudo de bom e ruim em concomitância abusiva, ou seja, ele é chato, arrastado, estúpido, arriscado, tem ‘mimimi’, é corajoso e covarde, mas também relevante... No fundo parece um belo “tiro saído pela culatra”, contudo, muito bem calculado para atingir variados propósitos coexistentes. Entretanto, para tudo aquilo que a particularidade acha que separa, a canalhice vem logo atrás fazendo todo o rejunte. E é nessa zombaria de um livre arbítrio dentro do destino unívoco, que soa quase como um sacrilégio ter o filme precursor e revolucionário lá em 1999 sobre a temática de “metaverso”, como um fracasso hoje em dia por ser inconscientemente considerado como um produto altamente “Cringe”? Ora, o mundo é extremamente previsível e entre os “medos e desejos” talvez a única escolha que realmente pretendemos orquestrar seja a melhor maneira de ser enganado. Ao inevitável, assim como Deus, “o cinema também está morto” e ironicamente fomos nós também que o matamos. Mas, se é para ser recorrentemente ludibriado, prefiro, então, ceder aos caprichos e preciosismos intencionais de Matrix. Nele, caso seja feito um bom exercício amplo de contextualização, ninguém poderá contestar sua força e capacidade de mesclar, como nenhum outro, escapismo com rebuscamento de linguagem. Para tanto, apelo para que seja dada a devida atenção ao filme pela aceitação da perspectiva reativa, já que a diretora ao menos insiste em ratificar o que daria ruptura às mesmices quando lança seu troco na cara da estrutura com uma bela luva de pelica. Obviamente não é perfeito enquanto filme, mas é um ótimo exemplar de lixo comestível e extremamente nutritivo.
Para mim é merecedor de atenção, pois funciona como um ótimo contraste dentro do que se estabeleceu como "Universo Cinematográfico Marvel" algo que, por sinal, vinha numa ordem crescente de infantilização bem boba. Aliás, por ser realmente maduro, acaba reforçando as razões que me fazem desgostar de quase todos os filmes de heróis de 2009 para cá. Como particularmente desconheço a estória dos ETERNOS não sei se essa pontual ausência de familiaridade lhe seria negativo num apelo mundial, inclusive, para ser mal avaliado dentro dessa perspectiva global. No entanto, ao menos neste fica nítido que existe uma pretensão artística da diretora e isso me interessou bastante, porque o resultado alcançado deixou a obra com um tom apropriadamente lúcido. O grande problema geral dos roteiros desses filmes é que eles recorrem a problematizações muito universalizadas sempre com proporções escatológicas, com isso não existe muito no que se debruçar sequencialmente por dentro de suas tramas – assim tudo recai numa redundância desgastante. Talvez, por conta disso, se ajunta nele o mesmo ciclismo de inutilidade... Nesse caso, nem é de se estranhar, para aqueles que não se importam em testemunhar a mesma estória sendo contada varias vezes (Guerra Infinita/Ultimato), que façam o descarte desse apenas pelo seu excesso de sutileza narrativa.
Envelhescência é um documentário que tenta ressignificar o envelhecimento pontuando a história de seis pessoas que obstruem os estereótipos da chegada “velhice” por descartarem, acima de tudo, algumas concepções impostas pelas limitações físicas ou por convenções sociais. Para tanto, o diretor Gabriel Martinez se vale de alguns exemplos que serviriam para contrariar justamente essa determinada perspectiva. Assim, apostando numa ruptura imediata de uma padronização comportamental que abranja varias possibilidades, ele usa como amostragem ilustrativa a figura de um adulto idoso maratonista, um surfista, o paraquedista, motociclista, o praticante de aikidô e um estudante - Tudo averiguado em constante diálogo por opiniões/reflexões de especialistas no assunto que está sendo tratado: a atividade humana no seu estágio de vida respeitosamente classificado como a “terceira idade”. Esta, uma nomenclatura quase anacrônica, mas que estaria fundamentada na segregação básica de todas as “coisas” que tem um início, um meio e um fim.
Logo, é preciso entender também que na natureza (cosmológica) a percepção de eternidade ou finitude não existe na irracionalidade, pois isso é um produto derivado da razão humana. E mesmo que tudo que vibre venha ao mundo cingido pela “vontade de viver”, como aclara o senhor Schopenhauer (1788-1860), é a percepção da morte/fim que fomenta no homem sua particularidade - e o que dá a individualidade humana é justamente sua consciência. Entretanto, a finitude da manifestação visível de vida terrestre, ainda que variante em temporalidade e espécies por enquanto permanece inevitável. Por isso, o ciclo de desenvolvimento humano mesmo adicionado da aprendizagem, deve obedecer a um fluxograma imutável: é preciso nascer, crescer (podendo reproduzir) e morrer. Nesse sentido, não se trataria somente daquilo que é, mas da melhor maneira de anteceder, dentro do tangível, o que de inevitavelmente irá acontecer.
Nesse momento o documentário Envelhescência, independentemente de ser uma tentativa de desmistificar possível consenso sobre a desistência de uma praticidade humana na chegada da sua limitação senil, joga muito bem com a atipicidade dos feitios dos personagens numa seleção com devida atenção para não descartar um demonstrativo de gênero, porque o olhar se faz propenso a uma distinção: o homem velho que surfa destoa, mas a mulher idosa surfando, com certeza potencializa a questão – Mesmo assim, é bom deixar claro que existe uma aceitação com ampla naturalidade por quem vive ou assiste (dentro e fora da tela), que indiciaria um novo tipo de tendência para a “velhice” humana como uma demanda que não cabe mais ao descarte. Ninguém duvida que seja nessa fase que a própria estrutura, embora não preencha “o” tudo, ao menos pré-idealiza condições para plenitude dos gozos da senilidade, porque o “velho” teria plena concessão social para todos os seus atos: “Os velhos podem fazer tudo!”, já se afirma o mundo. Curiosamente esse juramento não só aparece no filme e se refere decididamente a tudo dentro da legalidade, mas serve para confirmar que a objetivação do documentário é alavancar o assunto pela perspectiva da positividade. Ou seja, muito longe do perfil largado para a fatalidade.
No entanto, é preciso deixar claro também que o desenvolvimento físico tem expiração na temporalidade, e notadamente chega um momento na vida em que se ocorre uma estabilidade à espera do definhamento - o que pode ou não permanecer contínuo é a atividade mental. Ou seja, superando as questões de saúde, ressalvando a perspectiva adaptativa do ser velho na atualidade recorrida no documentário, infelizmente teria que anular dois exemplos da escolha do diretor: o senhor Ono Sensei de 89 anos e o senhor Edson Gambuggi de 87. Isso porque a situação de ambos não causam a mesma estranheza que as demais. Afinal as artes marciais além de ser um esporte, são conhecidas pela manutenção corriqueira do equilíbrio físico/mental. E no caso do senhor Edson, uma formação continuada estaria dentro de sua própria ambientação visivelmente intelectual, ou seja, não saltaria aos olhos como uma ruptura... Talvez, se fosse uma primeira graduação poderia. Além disso, ambos convergiriam para o mais frutífero sentido funcional da inteligência como um arquétipo inteligível que vislumbre a renovação social. Sabidamente, se como parte integrante de seu itinerário o homem se reproduz, ao menos ele tem um parâmetro biológico de missão cumprida, pois ele não deve a si mesmo uma insistência obrigatória de uma eternidade – só que qualquer coisa que persista nisso sem uma plena objetivação pode ser puro reflexo de um egocentrismo. Provavelmente, como já foi dito, será na prova de uma utilidade por dentro do lacro social frente à negativa da natureza, que a superação não estoica do envelhecimento se enseja institivamente. Daí a razão de ser muito mais fácil constatar um idoso maravilhado com seu deslocamento para ir votar numa eleição, mesmo desobrigado, que um jovem. Melhor, só o jovem de 16 anos demostraria igual fervor quando se trata do seu primeiro voto – se para um o ato pode ser percebido como um rito social de afirmação, para outro, teria a valia de uma reafirmação.
Aliás, Envelhescência, remete involuntariamente a uma explanação que o senhor Erasmo de Rotterdam (1466-1536) pontua em Elogio da Loucura, quando lá ele chama a atenção para a reciprocidade física e intuitiva que os idosos possuem com as crianças quase por conta de uma linguagem aproximada. Lembrar, no entanto, desse acostamento seria parte de um dos problemas de Envelhescência, já que fica nítido nos depoimentos anotados ao longo do filme um perceptível consenso de que apenas comparado ao chamado idoso, só as crianças estariam igualmente livres para viver a plenitude de um gozo. Na verdade isso só é um problema se nesse momento o intuito ressonante de Envelhescência, sobre o estágio de ser velho, queira enquadrar uma vertente positiva para negar o ‘sigelismo’ do viver. Não há problema algum em ser somente o velhinho que joga dominó na praça, que gosta de tricotar, que só observa e prioriza posturas mais brandas - ou pouco importa também quem usaria a velhice para virar um maratonista, surfista, paraquedista ou motociclista, pois toda variação, mesmo que não aparente ser só escapista, tenderá sempre ao mesmo destino.
Na vida talvez só exista uma única cobrança para a velhice como um débito que não poderia ser aferido similarmente a uma criança: a devolução para o mundo de tudo aquilo que lhe foi mensurado. De fato seriam os renovos quem mais interessaria para a natureza, e o desenvolvimento cognitivo humano, mesmo com as limitações da idade, não cessam enquanto existir lucidez. Sendo assim, o valor cíclico ou de reciprocidade social ampara, inclusive, a perspectiva de Vygotsky (1896-1934) sobre a mediação - o adulto que orientou a criança pode persistir como um eterno orientador, da mesma maneira que futuramente ocorra uma inversão de papeis, visto que estaria dentro de uma naturalidade o neto ensinar o avô a mexer em um ‘smartphone’. Nem sempre tudo que aparenta ser chato deve ser descartado e ninguém precisaria deixar de ir ao bingo por querer ser surfista também. Só que talvez tudo seja sempre sobrepujado em realidade como levemente asseverando pelo sexagenário “Rocky Balboa”, no seu filme de 2006. Até se faz redundante, mas não é que ‘A história só acaba quando termina!’ - e realmente acumulamos coisas em nossos porões internos que talvez tenhamos ainda o desejo de botar para fora. Por isso que a exclusividade de uma decisão de desistência, ou não, deve ser particularizada, mas nunca delegada ao descarte por meio de outrem. Afinal, superando-se a eterna liberdade latente da existência em conflito, é bom que se viva e que também se deixe viver.
IMPRIMATUR: Não tem como ser ruim, tem ?! Afinal, tudo não passa da mera cópia fiel de uma obra julgada como irretocável... Se assim for, o que é que faço então com o filme de 1994? Ignoro ele ou esse?! Não sei se a sensação de desfalque seria só minha, mas acredito que algumas das cenas engraçadas do original foram retiradas... Não vejo muito sentido em um desencanto regido desta maneira. Se ao menos fosse realmente revolucionário. Pelo contrário, muito mais chato que divertido - não só por isso, mas este rompe ou tornar claro alguns vícios muito bem camuflados anteriormente, pois além de evidenciar certa frivolidade justificável de um rei que "só o é porque o rei de lá morreu!" Eu até aceito, agora matar o Timão vivo, não! Ironicamente para atingir o caráter anímico do personagem lá em 94 os desenhistas tiveram que descaracterizar 'facialmente' um suricato. Coisa que o suposto realismo fajuto deste aqui tenta reverter. Ou seja, uma péssima decisão visual que bem finge ser perfeitinho, mas no fundo atinge um resultado totalmente sem alma.
Um trabalho impecável do diretor... Por sinal, muito bem ancorado no casal de protagonistas. Negativamente a história não acompanha todo o intimismo de Costner e Lane, por se afobar numa extravagância desnecessária. Nesse caso não é a violência que me incomoda, mas perceber que o roteiro não confia na força de uma densidade que estava sendo construída com bastante sutileza... Mesmo assim, é um filme que consegue ser bem interessante.
Os Mercenários 4
2.4 150 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Até acho compreessivo que passe na cabeça dos produtores o plano de efetivacao de vez de um protagonismo para Jason Starthan - visto que o próprio Stallone, sem a vitalidade de outrora, havia feito o ensaio indireto disso desde o primeiro filme da franquia. Portanto, esse seria sim um detalhe plausível. Agora trocar o idealizador da franquia, que é um/o ícone que estipulou o projeto como uma espécie de fan-service, pela desenxabida da Megan Fox... bom, aí eu considero bem arbitrário. Desde 1995, esse é o primeiro filme do Stallone "exibido" nos cinemas em Aracaju que eu não fui (olhe que paguei ingresso até para D-Tox), justamente pelo medo da sua participação ser insignificante.
Mas quem dera, se realmente só esse fosse o problema do filme... O engraçado é que isso se faz como continuação de um quase fracassado anterior, onde já existia um prenúncio evidente de fiasco se não lhe fosse aplicado um tratamento bem elaborado. Então, feito como se tivesse a obrigação "barata" de existir, foi mantido apenas nas intenções negativas de todas as continuações. Em exemplo, temos a insistência de angariar para depois desperdiçar o elenco que poderia render algo muito mais interessante. Infelizmente toda áurea positiva de um divertido filme "B" foi retirada, restando só a carcaça de bomba mesmo... Ponto positivo para Dolph Lundgren que, de certa forma, está tendo um bom final de carreira.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraIMPRIMATUR:
De uma forma estranha o filme é bem prazeroso de ver, e isso me faz acreditar que a força de apelo, obviamente, estaria nas interpretações que conduzem sua mensagem, em clima de Flor de lótus, com eficiente funcionalidade. Mesmo assim, os personagens são mal concatenados na história e tudo se apresenta dentro de um jogo cíclico com bastante aleatoriedade, até, para a figura principal que fica vagando na sua própria nulidade intencionada...
Mussum: O Filmis
3.7 164 Assista AgoraIMPRIMATUR:
É realmente uma grata surpresa essa biografia recheada de recortes muito bem catalogados pelo Silvio Guidane... Ele, mesmo com um currículo rarefeito na função de diretor, soube respeitar o artista, além de resgatar veteranos que merecem muito respeito. Mas apesar de estar tudo muito bem contado, lamento certo simplismo no roteiro que o desobrigou de um maior vigor narrativo. Isso porque centrar na relação do comediante com a mãe, retira aquilo que nos interessaria em sua trajetória como notória ou passiva de outros níveis de curiosidades. Assim, opta-se pelo resultado sensível, porém, pragmático. Já que foi dessa forma, bem longe das polêmicas, achei estranho sintetizar o período controverso dos "Trapalhões" apenas por uma citação não aprofundada, e, ainda por cima, delegando o protagonismo queixoso na figura do Dedé Santana. Não sei se isso foi justo, mas com certeza deixa uma vacuidade quase brochante mesmo para algo que se conclui como um bom filme.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraIMPRIMATUR:
Revisei hoje, mas Barbie definitivamente anula minha capacidade de avaliação. O filme extrapola tanto seu relativismo conceitual, que fico em dúvida se ele alcança seu objetivo. Como não consigo definir se a obra seria realmente boa ou ruim, apesar de seu prólogo beirar a genialidade, me preocupa o ar de constrangimento de todas as suas cenas em qualquer vertente perigosa e satírica que pretende explorar - mesmo achando positivo o esforço de originalidade. Nesse caso é muito complicado gerar empatia se a crítica não for bem acomodada no seu devido "lugar de fala", inclusive, sempre esbarrando num extremismo contraditório.
Abraço
3.1 4IMPRIMATUR:
Financiar um filme para promover a própria instituição já demonstra toda a força que o SINTESE possui aqui no Estado de Sergipe - Algo que pelo lado corporativista não seria um bom sinal... Como objeto artístico, o filme possui um suplício narrativo forçado no pieguismo exagerado, que evidenciam o tom muitas vezes tendencioso da obra. Mesmo assim, o filme possui duas cenas cativantes para além da mera demagogia que se quer propagar (a cena final é de um simplismo gratificante). Lembrando que a "batalha" aqui recortada é bem válida, mas os discursos antagônicos devem ser pautados na realidade vivencial como humanamente estão estruturados. Nesse caso, bem menos erguido ou escondido apenas na famigerada ideia romântica das coisas (Educação).
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 691 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Depois de ter visto o primeiro John Wick no início de 2015, lembro de ter gostado muito, porque seu resultado geral contrastava bem com toda sua simplicidade. Por conta disso, não o imaginava com todo esse potencial mesmo com um personagem carismático e possuidor de um motivacional indiscutível. Infelizmente os exageros de um panorama megalomaníaco da série me saturam um pouco (todos sempre longos). Parece que a partir da sua primeira continuação, o portal de um universo paralelo se abriu e foi sem volta. Dito isso, continuo achando o personagem ótimo, mas os excessos tornam ele um pastiche cansativo de si mesmo.
Sly
3.6 43 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Meio decepcionado com o resultado, mesmo que tenha alcançado certo lirismo narrativo... Feito às pressas, o problema de uma realização assim tão "chapa branca", será a parcialidade desviante de todas as controvérsias. Assim, tratado sempre em diálogo com o astro, prevalece sua perspectiva sobre tudo. Não é uma biografia totalizante, mas um recorte que muito serviria, talvez, como o primeiro episódio dentre vários. E como a carreira do Stallone é pública e notória, existe dificuldade em esmiuçar de forma inédita sua trajetória. Por conta disso, temos que escutar mais uma vez a balela egocêntrica do "Arnold" em cima de Pare! Senão Mamãe Atira. Entretudo, ancorado por personalidades mal escolhidas e outras desdenhadas (
Será que algum dia darão voz ao senhor Dolph Lundgren
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Noites Brutais
3.4 1,0K Assista AgoraIMPRIMATUR:
É um filme que pode decepcionar os que passarem pela experiência depois da mediação dos comentários de quem o elogia, mas a sensação é particularizada e dá para entender quem inviabiliza algumas coisas do roteiro. Como faço parte dos que acharam a obra interessante, vou só lamentar uma maior imersão no próprio entendimento simbólico que pode estar contido no seu título original, já que poderia gerar maior cumplicidade do espectador desde o início do filme. Isso potencializaria ainda mais o final que possui um ótimo fechamento e está bem acima da média.
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
3.6 506 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Essa leitura filmica do jogo angariou certa simpatia
da crítica pelo mundo, mas resultou numa bilheteria muito fraca. A referência do jogo que temos no Brasil com Caverna do Dragão é muito forte e indica, assim como na tentativa anterior de 2000, que esse universo amplamente aleatório se faz desinteressante até para os próprios norte-americanos. O pior de tudo é que eles possuem a solução por existência do desenho como apelo, mas não usam. E mesmo que o Chris Pine entregue uma caracterização interessante, falta nele um protagonismo de fato, como para o resto do elenco, já que todos os personagens são carentes de um heroísmo empático que nos recorra por atenção. Do jeito que está é inofensivo porque não ofende, mas tolo porque não empolga.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel
1.4 193 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Existe uma apropriação dessa notória fábula pela psicologia que é muito válida. E se o intuito inicial fosse adentrar nesse conceito para trabalhar os transtornos de forma extrema seria muito, muito interessante... No fundo estou tentando defender a ideia inicial desse sacrilégio medonho, porque o filme até tem um sadismo curioso. Mas precisamos requerer seriedade mesmo de algo que não se leva realmente a sério - Caso contrário, toda justificativa só esbarra no sentido preguiçoso e bizarro dessa obra.
O Porteiro
2.5 27 Assista AgoraIMPRIMATUR:
É um filme inicialmente carismático... Como é notório que tais profissionais possuem vários "causos" curiosos para serem relatados, talvez peque pelo dilatamento desnecessário de suas piadas. Assim, o trabalho de caricatura para um filme curto fica delongado, esvaziado e até falso.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 520 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Logo de cara terei que me render a qualidade deste longa e nem poderia discordar de toda avalanche elogiosa que a animação recolhe desde seu antecessor lá em 2018. Por sinal, esse já estaria alavancado como uma obra-prima antes mesmo de ser lançado no cinema. Entretanto, assim como anteriormente, terei que fazer valer uma espécie de conservadorismo honesto como um antigo colecionador das HQs do herói, mas desistente quando esta tentava uma reconfiguração após a controversa saga do clone no final dos anos 90. Nesse aspecto, as mudanças que são bem vistas para as gerações sequenciais, não encontram a mesma acomodação simpática dentro de concepções que já estaria muito bem consolidada nas mentes de outrora. Por conta disso, tenho extrema dificuldade na aceitação de rupturas drásticas, apesar de entender a importância de ressignificações, mas sou irredutível na valorização do clássico. Não só por isso, por mais que insistam, jamais vou apreciar outro filme sobre o Homem-Aranha com um aspecto de originalidade, porque no fundo seria novamente “outro” filme do Homem-Aranha mesmo que eu possa enaltecer, olhando aqui, uma forma artisticamente platônica de ser recontada.
É assim que vou isolar e dividir esse filme em dois momentos para tecer sua primeira metade dentro de um pragmatismo meramente funcional, tanto que em determinado momento se anula por insistir no seu próprio comprometimento inovador, se reafirmando na overdose de uma beleza estática quase sempre associada a uma linguagem transversal e unificada, porque isso já teria lhe rendido uma construção entendida como ousada e revolucionária – pretendendo até demonstrar que um elenco desenhado conseguiria fazer uma interpretação de verdade. E nem vale ressaltar, aquilo que o filme propõe com toda recorrência desejável a um multiverso (nem isso é mais novidade), se este se dá explorado com certa ambivalência mesmo demarcando tudo como analogia crítica para os debates sobre individualidade, diversidade ou pluralidade num contexto amplo e atualizado. Aliás, tal detalhe, para ser avaliado com justiça, dependerá de seu desfecho preconizado como uma trilogia. Por enquanto, considero que a primeira metade de “Através do Aranha verso” se faz esteticamente admirável, porém, cansativa e repetitiva com certa exaustão. Por conta disso, seria só na sua metade final que a obra validaria tudo aquilo que nuca foi concebido anteriormente em uma animação e que põe essa concepção acima de um mero gênero cinematográfico - mas como forma alternativa e convincente de se contar uma história. Pois é justamente nessa metade que ele se impõe com toda sua originalidade como um veículo narrativo comprovando que as animações podem adequar gêneros diversos com bastante veracidade, além de possuir apelo suficiente para divertir/envolver qualquer idade com autoridade e eficiência. Talvez, até com muito mais maturidade que muita coisa sendo feita por aí.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 800 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Entre toda essa enxurrada de filmes de super-heróis das últimas décadas, com certeza é pelos Guardiões da Galáxia que tenho mais simpatia. Mas dentro de tanta saturação, acho que se não existe realmente um ótimo enredo para ser contado, melhor não realizar nada. Obviamente que a pieguice aqui funciona porque é totalmente apelativa, no entanto, se for para ser só aleatório, melhor mesmo é partir para a confecção de uma série televisiva. Aliás, depois da proporção causada em sincronia fílmica do universo Marvel com o que foi contado em Os Vingadores, o que é que ainda existe de temerário para ser exposto. Prestando atenção nas reações dos espectadores no cinema, percebo que eles não se importam muito com mesmices ou para o prolongamento insonso do filme quase que girando em torno de um humor artificial e desenxabido. Na verdade estou procurando uma justificativa para não desaprovar o filme totalmente... E olhe que se este terminasse como ousou ameaçar, teria toda minha aprovação – só que infelizmente coragem não faz parte do vocabulário dos roteiristas de Hollywood.
Creed III
3.4 237 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Vou manter aqui as três estrelas avaliativas porque os 20 minutos finais são bem acautelados em sua narrativa, mesmo com a insegurança percebível do Michael B. Jordan ao conduzir seu filme numa fotografia desnecessariamente escura. Além disso, o roteiro é muito picotado, forçado e lembra ou imita, inclusive, os piores momentos dos Rockys protagonizados e roteirizados pelo Stallone. Lamento também a participação do Jonathan Majors que possui uma nuance inicial realmente muito interessante e vigorosa, mas que acaba degringolando para uma postura de fanfarronice no resto de todo o filme. Agora sobre a ausência do Balboa, até já havia percebido certo deslocamento dele dentro da trama na segunda parte quando muito inserido na vida de Adonis, no entanto, teria aqui um gancho interessante. No mais, a luta não me empolgou e não a percebi como inovação mesmo com tanta referência de animes sendo divulgado – ainda deu certo na bilheteria, mas vejo que para a história já lhe cabe um ponto final.
Top Gun: Maverick
4.2 1,1K Assista AgoraIMPRIMATUR:
Nosso senso crítico está meio desnorteado e parece carente de alguma coisa... É isso mesmo? É verdade que “Maverick” vem sendo citado nas listas mundiais entre os melhores do ano?
Há quase dois anos vendo e revendo um trailer que nunca me atiçava - inclusive, pós-elogios, ficava tentando imaginar como um novo Top Gun poderia me surpreender de verdade. Olhe que gosto muito de continuações, mas o problema de ser algo tão espaçado e que se confirma nesse próprio dilatamento no tempo não pode se concentrar tanto em um saudosismo operacional, porque o entendimento que perdura contextualmente fixa seu personagem central num anacronismo negativo. Afinal, logo, evidenciamos que 30 anos depois o sujeito de espírito rebelde vanguardista ficou realmente parado no tempo, e, ainda por cima, continua muito, muito, muito, muito, muito traumatizado pelo passado e isso, no fundo, é de uma inutilidade indesejável.
Nesse caso, devido a um roteiro que é bastante frágil, acredito que o excesso dos elementos do filme anterior estaria mais relacionado a uma preguiça deitada por cima da fórmula de uma maneira que nem precisava, pois o filme se passa num ambiente bem personalizado. Como nunca fui um entusiasta do filme na infância, já que ele sempre me proporcionou a mesma sensação que os vários “ÁGUIAS DE AÇO” da vida, não criei expectativa alguma e até foi possível me divertir naquilo se estende novamente sem necessidade - sendo que o original gastou menos tempo e dinheiro para definir tudo. Portanto, o filme tem muita enrolação e bem acredito que boa parte das pessoas também entende que escolhas pomposas como a da Jennifer Connelly seria para justificar, no meio de tantos “jovens”, que é o “nosso” tiozinho quem precisaria ter um relacionamento adolescente tão "verdadeiro" quanto as suas verossímeis pilotagens. Aliás, tal permuta demonstra uma covardia com as atrizes de outrora (kelly e Meg), mas também com os homens atores visto que a participação do Val Kilmer se deturba como homenagem que acaba beirando a anedota mórbida.
(mataram o cara no filme)
Assim, como até a Kawasaki GPZ 900R tem maior importância no filme seria justamente na parte técnica que Top Gun talvez mereça ser realmente elogiado, principalmente vendo o comprometimento, profissionalismo ou egocentrismo do senhor Cruise no desenvolver de suas cenas pelo viés realista, mas infelizmente juro que isso não me afeta nenhum pouco. Na verdade não sei como manobras capturadas em close-ups poderiam me empolgar – está tão superior assim “30 anos” (óbvios) de avanços depois, ou existe filme que só vale mesmo se for vislumbrado no IMAX? No fim, meu veredito é que um diretor até então mediano Joseph Kosinski conseguiu reformar o trabalho de um finado colega com aquilo que hoje possui de melhor: o resultado é uma refilmagem apenas ok e nada mais do que isso.
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
3.5 799 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Depois de muita insistência do sobrinho acabei por fazer deste meu retorno aos cinemas depois da pandemia, mas infelizmente os filmes estadunidenses passam por uma multiplicação insalubre de ideias repetitivas. Quase três anos sem ir, e parece que nada mudou... Excepcionalmente quando você chega numa determinada idade (42 anos) - com o próprio cinema existindo há mais de 100 anos, e, ao longo disso, se fez testemunhado mais de “20” filmes do Homem-Aranha, do Superman, do Batman e etc. Realmente fica muito difícil, dentro da categoria específica de super-heróis, se surpreender com essa insistência “Infinita”. Não só por isso, me parece que existe também um equivoco sobre a qualidade/credibilidade desse tipo de película ao ser associado com a sua duração. “PANTERA...”, como boa parcela dessas produções, são excessivamente longos sem nenhuma necessidade e isso torna a experiência quase insuportável.
Claramente está longe de ser um filme ruim, porque o diretor é extremamente cauteloso com suas cenas dramáticas e tem a seu favor um elenco muito bem assentado - além de usar bem sua oportuna musicalidade. No entanto, não empolga por conta de certas curiosidades: uma delas fica dentro dos obstáculos que impediriam o desenvolvimento de um filme solo do Namor, para bem fingir que só o estariam usando como muletas na ausência de uma óbvia centralidade masculina. Aliás, isso soa altamente contraditório em todos os sentidos. Assim temos um filme que aparentemente carece de um protagonista macho, e persistente na atriz “principal” que criou problemas com seus discursos de convicções pessoais, mas que precisa defender seu trabalho, de certa forma, negando a si mesma. No geral, até digo que a própria Letitia Wright estaria menos chatinha nesse que no anterior da mesma forma que percebo as mulheres amplamente suficientes em todo filme. Só que, no fundo, são os produtores que não acreditam muito nisso – o que é irônico para um projeto que tece uma categoria discursiva largamente militante sobre a questão demonstrativa de gênero. A salvo que se subentenda que a fortaleza das mulheres esteja mesmo na sua sensibilidade palpável para a tragédia em contraste com os homens.
É possível confirmar inclusive que a dramaticidade eleva sim o filme, mas não seria esse o interesse final pelo produto mesmo que esse fique cheio de lirismo em toda sua prestação contextual de homenagens, pois vou continuar confiando que o tributo mais honesto seria a não realização de nenhum tipo de continuação. Nesse caso, seriam justamente as cenas de ‘ação’ que desqualificam a produção quando tenta se validar pelo marasmo recorrente (até a Homem/Coração-de-Ferro precisa aparecer). É nesse sentido que começamos a questionar racionalmente tudo aquilo que nós entendemos como delírios dentro de uma fantasia negativamente saturada. Por conta disso, o rei Namor seria só um tapa-buraco bem configurado, entretanto, aleatório em sua proposição dentro de uma narrativa deslocada diante de tanta mistura rasa... Mudando de assunto, isso proporciona alguns achados já que o filme me deixou feliz pelo literal ‘spoiler’ involuntário em cima daquilo que podemos esperar das futuras três horas de um interminável Avatar: O Caminho da Água no cinema. Dessa forma, poderei negar uma ida com meu sobrinho sem nenhum remorso.
Ghostbusters: Mais Além
3.5 404 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Ser roteirista de uma sequência proposta como renovação acaba como um trabalho quase sempre ingrato. E não é só pelo respeito que se deve ter a uma iconografia anterior tolhendo toda liberdade para as novas ideias, mas porque “Os Caça-Fantasmas” padece de um anacronismo conceitual. Funcionou em 1984 por se equilibrar como uma comédia que não precisava fazer rir ao encostar, de forma leve, dentro do sobrenatural. Sendo assim, ele tem uma estrutura apta a variações, no entanto, muito dependente da firmeza de como esse elemento será tratado para que consiga, então, ativar o imaginário do espectador – este, se mal dosado, retira toda a credibilidade já que nada é entendido como uma verdadeira ameaça. Por conta disso, acredito que a versão feminina (2016), apesar de muito bem elencada, não enseja confiabilidade quando seus pretensos fantasmas são retratados de maneira tão alegórica, inclusive, bem similar ao que ocorreu no uso caricato do seu vilão no filme de 1989. Pois, nesse caso, o interesse não é sustentado para o clímax quando acompanhamos até o final. Além disso, aqui a obrigatoriedade das referências é bem banalizada e forçada, ou seja, é um roteiro quase aleatório que não prediz criatividade, apenas uma acomodação ruim. Agora se tem uma coisa que posso cravar é o carisma da menina McKenna Grace... Tão graciosa e enérgica ao mesmo tempo, que não só eleva, mas com certeza carrega todo esse filme nas costas.
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Toda vez que vejo ou revejo essas continuações bisonhas de “Halloween”, tenho a mesma sensação de que sua mitologia está sustentada numa fraude... Não à toa, elas possuem o maior engodo motivacional de um personagem em toda história cinematográfica. Estranhamente, tudo me faz crê que a Laurie Strode realmente nunca foi uma irmã do Michael Myers...
Amor, Sublime Amor
3.4 355 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Imaginei o senhor Spielberg notando prováveis defeitos narrativos em seu TUBARÃO de 75, e após considerar as técnicas especiais atuais além do próprio patamar alcançado, refletir sobre a possibilidade de que hoje em dia poderia ter feito um trabalho “artístico” muito melhor, inclusive, se propondo na incrível ousadia de filmá-lo novamente. Pois para mim, ironicamente, nesse caso todo o trabalho faria muito mais sentido e seria um exercício quem sabe interessante. Aqui não existe a possibilidade de observar essa versão sem correlacionar com a anterior, e, por conta disso, desistir deste, pela total ausência de surpresa ou cumplicidade. Assim, atônito dentro dessa sensação estranha de negar aquilo que ainda jaz como um ótimo filme, só me restaria parabenizar o senhor Spielberg pela excelente reprodução platônica de algo que outro artista já teria feito “muito bem” 50 anos antes dele... Já numa contextualização infeliz, quando temos a própria história da humanidade se tornando irredutível, talvez seja esse o verdadeiro detalhe que estaria fadado a ser recontado – o cinema é um reflexo manifesto disso, mas existe um limite que lhe exige uma base criativa de validação. Esse aqui, no entanto, não exala nenhum tipo de representatividade.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraIMPRIMATUR:
Existe um aforismo satírico onde afirmo com veemência que para ser burro, nesse mundo, ainda se faz necessário possuir bastante inteligência – me parece, que esse novo filme corrobora com essa questão muito bem... Sinceramente, gostei bastante! Matrix persiste envolto de um patamar qualitativo diferenciado, pois não seria todo filme inútil que se assume nulo com tanta propriedade e sabedoria. No entanto, seu maior problema seria justamente reduzir parte de sua vertente megalomaníaca e espetaculosa, que tanto satisfez e concentrou uma massa específica, em nome de sua própria repetição originalmente artística. O novo filme é tudo de bom e ruim em concomitância abusiva, ou seja, ele é chato, arrastado, estúpido, arriscado, tem ‘mimimi’, é corajoso e covarde, mas também relevante... No fundo parece um belo “tiro saído pela culatra”, contudo, muito bem calculado para atingir variados propósitos coexistentes. Entretanto, para tudo aquilo que a particularidade acha que separa, a canalhice vem logo atrás fazendo todo o rejunte. E é nessa zombaria de um livre arbítrio dentro do destino unívoco, que soa quase como um sacrilégio ter o filme precursor e revolucionário lá em 1999 sobre a temática de “metaverso”, como um fracasso hoje em dia por ser inconscientemente considerado como um produto altamente “Cringe”? Ora, o mundo é extremamente previsível e entre os “medos e desejos” talvez a única escolha que realmente pretendemos orquestrar seja a melhor maneira de ser enganado. Ao inevitável, assim como Deus, “o cinema também está morto” e ironicamente fomos nós também que o matamos. Mas, se é para ser recorrentemente ludibriado, prefiro, então, ceder aos caprichos e preciosismos intencionais de Matrix. Nele, caso seja feito um bom exercício amplo de contextualização, ninguém poderá contestar sua força e capacidade de mesclar, como nenhum outro, escapismo com rebuscamento de linguagem. Para tanto, apelo para que seja dada a devida atenção ao filme pela aceitação da perspectiva reativa, já que a diretora ao menos insiste em ratificar o que daria ruptura às mesmices quando lança seu troco na cara da estrutura com uma bela luva de pelica. Obviamente não é perfeito enquanto filme, mas é um ótimo exemplar de lixo comestível e extremamente nutritivo.
Eternos
3.4 1,1K Assista AgoraIMPRIMATUR:
Para mim é merecedor de atenção, pois funciona como um ótimo contraste dentro do que se estabeleceu como "Universo Cinematográfico Marvel" algo que, por sinal, vinha numa ordem crescente de infantilização bem boba. Aliás, por ser realmente maduro, acaba reforçando as razões que me fazem desgostar de quase todos os filmes de heróis de 2009 para cá. Como particularmente desconheço a estória dos ETERNOS não sei se essa pontual ausência de familiaridade lhe seria negativo num apelo mundial, inclusive, para ser mal avaliado dentro dessa perspectiva global. No entanto, ao menos neste fica nítido que existe uma pretensão artística da diretora e isso me interessou bastante, porque o resultado alcançado deixou a obra com um tom apropriadamente lúcido. O grande problema geral dos roteiros desses filmes é que eles recorrem a problematizações muito universalizadas sempre com proporções escatológicas, com isso não existe muito no que se debruçar sequencialmente por dentro de suas tramas – assim tudo recai numa redundância desgastante. Talvez, por conta disso, se ajunta nele o mesmo ciclismo de inutilidade... Nesse caso, nem é de se estranhar, para aqueles que não se importam em testemunhar a mesma estória sendo contada varias vezes (Guerra Infinita/Ultimato), que façam o descarte desse apenas pelo seu excesso de sutileza narrativa.
Envelhescência
4.3 6IMPRIMATUR:
Envelhescência é um documentário que tenta ressignificar o envelhecimento pontuando a história de seis pessoas que obstruem os estereótipos da chegada “velhice” por descartarem, acima de tudo, algumas concepções impostas pelas limitações físicas ou por convenções sociais. Para tanto, o diretor Gabriel Martinez se vale de alguns exemplos que serviriam para contrariar justamente essa determinada perspectiva. Assim, apostando numa ruptura imediata de uma padronização comportamental que abranja varias possibilidades, ele usa como amostragem ilustrativa a figura de um adulto idoso maratonista, um surfista, o paraquedista, motociclista, o praticante de aikidô e um estudante - Tudo averiguado em constante diálogo por opiniões/reflexões de especialistas no assunto que está sendo tratado: a atividade humana no seu estágio de vida respeitosamente classificado como a “terceira idade”. Esta, uma nomenclatura quase anacrônica, mas que estaria fundamentada na segregação básica de todas as “coisas” que tem um início, um meio e um fim.
Logo, é preciso entender também que na natureza (cosmológica) a percepção de eternidade ou finitude não existe na irracionalidade, pois isso é um produto derivado da razão humana. E mesmo que tudo que vibre venha ao mundo cingido pela “vontade de viver”, como aclara o senhor Schopenhauer (1788-1860), é a percepção da morte/fim que fomenta no homem sua particularidade - e o que dá a individualidade humana é justamente sua consciência. Entretanto, a finitude da manifestação visível de vida terrestre, ainda que variante em temporalidade e espécies por enquanto permanece inevitável. Por isso, o ciclo de desenvolvimento humano mesmo adicionado da aprendizagem, deve obedecer a um fluxograma imutável: é preciso nascer, crescer (podendo reproduzir) e morrer. Nesse sentido, não se trataria somente daquilo que é, mas da melhor maneira de anteceder, dentro do tangível, o que de inevitavelmente irá acontecer.
Nesse momento o documentário Envelhescência, independentemente de ser uma tentativa de desmistificar possível consenso sobre a desistência de uma praticidade humana na chegada da sua limitação senil, joga muito bem com a atipicidade dos feitios dos personagens numa seleção com devida atenção para não descartar um demonstrativo de gênero, porque o olhar se faz propenso a uma distinção: o homem velho que surfa destoa, mas a mulher idosa surfando, com certeza potencializa a questão – Mesmo assim, é bom deixar claro que existe uma aceitação com ampla naturalidade por quem vive ou assiste (dentro e fora da tela), que indiciaria um novo tipo de tendência para a “velhice” humana como uma demanda que não cabe mais ao descarte. Ninguém duvida que seja nessa fase que a própria estrutura, embora não preencha “o” tudo, ao menos pré-idealiza condições para plenitude dos gozos da senilidade, porque o “velho” teria plena concessão social para todos os seus atos: “Os velhos podem fazer tudo!”, já se afirma o mundo. Curiosamente esse juramento não só aparece no filme e se refere decididamente a tudo dentro da legalidade, mas serve para confirmar que a objetivação do documentário é alavancar o assunto pela perspectiva da positividade. Ou seja, muito longe do perfil largado para a fatalidade.
No entanto, é preciso deixar claro também que o desenvolvimento físico tem expiração na temporalidade, e notadamente chega um momento na vida em que se ocorre uma estabilidade à espera do definhamento - o que pode ou não permanecer contínuo é a atividade mental. Ou seja, superando as questões de saúde, ressalvando a perspectiva adaptativa do ser velho na atualidade recorrida no documentário, infelizmente teria que anular dois exemplos da escolha do diretor: o senhor Ono Sensei de 89 anos e o senhor Edson Gambuggi de 87. Isso porque a situação de ambos não causam a mesma estranheza que as demais. Afinal as artes marciais além de ser um esporte, são conhecidas pela manutenção corriqueira do equilíbrio físico/mental. E no caso do senhor Edson, uma formação continuada estaria dentro de sua própria ambientação visivelmente intelectual, ou seja, não saltaria aos olhos como uma ruptura... Talvez, se fosse uma primeira graduação poderia. Além disso, ambos convergiriam para o mais frutífero sentido funcional da inteligência como um arquétipo inteligível que vislumbre a renovação social. Sabidamente, se como parte integrante de seu itinerário o homem se reproduz, ao menos ele tem um parâmetro biológico de missão cumprida, pois ele não deve a si mesmo uma insistência obrigatória de uma eternidade – só que qualquer coisa que persista nisso sem uma plena objetivação pode ser puro reflexo de um egocentrismo. Provavelmente, como já foi dito, será na prova de uma utilidade por dentro do lacro social frente à negativa da natureza, que a superação não estoica do envelhecimento se enseja institivamente. Daí a razão de ser muito mais fácil constatar um idoso maravilhado com seu deslocamento para ir votar numa eleição, mesmo desobrigado, que um jovem. Melhor, só o jovem de 16 anos demostraria igual fervor quando se trata do seu primeiro voto – se para um o ato pode ser percebido como um rito social de afirmação, para outro, teria a valia de uma reafirmação.
Aliás, Envelhescência, remete involuntariamente a uma explanação que o senhor Erasmo de Rotterdam (1466-1536) pontua em Elogio da Loucura, quando lá ele chama a atenção para a reciprocidade física e intuitiva que os idosos possuem com as crianças quase por conta de uma linguagem aproximada. Lembrar, no entanto, desse acostamento seria parte de um dos problemas de Envelhescência, já que fica nítido nos depoimentos anotados ao longo do filme um perceptível consenso de que apenas comparado ao chamado idoso, só as crianças estariam igualmente livres para viver a plenitude de um gozo. Na verdade isso só é um problema se nesse momento o intuito ressonante de Envelhescência, sobre o estágio de ser velho, queira enquadrar uma vertente positiva para negar o ‘sigelismo’ do viver. Não há problema algum em ser somente o velhinho que joga dominó na praça, que gosta de tricotar, que só observa e prioriza posturas mais brandas - ou pouco importa também quem usaria a velhice para virar um maratonista, surfista, paraquedista ou motociclista, pois toda variação, mesmo que não aparente ser só escapista, tenderá sempre ao mesmo destino.
Na vida talvez só exista uma única cobrança para a velhice como um débito que não poderia ser aferido similarmente a uma criança: a devolução para o mundo de tudo aquilo que lhe foi mensurado. De fato seriam os renovos quem mais interessaria para a natureza, e o desenvolvimento cognitivo humano, mesmo com as limitações da idade, não cessam enquanto existir lucidez. Sendo assim, o valor cíclico ou de reciprocidade social ampara, inclusive, a perspectiva de Vygotsky (1896-1934) sobre a mediação - o adulto que orientou a criança pode persistir como um eterno orientador, da mesma maneira que futuramente ocorra uma inversão de papeis, visto que estaria dentro de uma naturalidade o neto ensinar o avô a mexer em um ‘smartphone’. Nem sempre tudo que aparenta ser chato deve ser descartado e ninguém precisaria deixar de ir ao bingo por querer ser surfista também. Só que talvez tudo seja sempre sobrepujado em realidade como levemente asseverando pelo sexagenário “Rocky Balboa”, no seu filme de 2006. Até se faz redundante, mas não é que ‘A história só acaba quando termina!’ - e realmente acumulamos coisas em nossos porões internos que talvez tenhamos ainda o desejo de botar para fora. Por isso que a exclusividade de uma decisão de desistência, ou não, deve ser particularizada, mas nunca delegada ao descarte por meio de outrem. Afinal, superando-se a eterna liberdade latente da existência em conflito, é bom que se viva e que também se deixe viver.
O Rei Leão
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Não tem como ser ruim, tem ?! Afinal, tudo não passa da mera cópia fiel de uma obra julgada como irretocável... Se assim for, o que é que faço então com o filme de 1994? Ignoro ele ou esse?!
Não sei se a sensação de desfalque seria só minha, mas acredito que algumas das cenas engraçadas do original foram retiradas... Não vejo muito sentido em um desencanto regido desta maneira.
Se ao menos fosse realmente revolucionário. Pelo contrário, muito mais chato que divertido - não só por isso, mas este rompe ou tornar claro alguns vícios muito bem camuflados anteriormente, pois além de evidenciar certa frivolidade justificável de um rei que "só o é porque o rei de lá morreu!" Eu até aceito, agora matar o Timão vivo, não!
Ironicamente para atingir o caráter anímico do personagem lá em 94 os desenhistas tiveram que descaracterizar 'facialmente' um suricato. Coisa que o suposto realismo fajuto deste aqui tenta reverter. Ou seja, uma péssima decisão visual que bem finge ser perfeitinho, mas no fundo atinge um resultado totalmente sem alma.
Deixe-o Partir
3.3 79 Assista AgoraIMPRIMATUR:
Um trabalho impecável do diretor... Por sinal, muito bem ancorado no casal de protagonistas. Negativamente a história não acompanha todo o intimismo de Costner e Lane, por se afobar numa extravagância desnecessária. Nesse caso não é a violência que me incomoda, mas perceber que o roteiro não confia na força de uma densidade que estava sendo construída com bastante sutileza... Mesmo assim, é um filme que consegue ser bem interessante.