Até a metade do filme eu achava difícil alguma maldade sair dos habitantes de Dogville, pessoas tão simples, amáveis, inocentes. Mas da metade do filme adiante ninguém aí parecia ser quem era no início. E percebemos que Dogville era um quadro das pessoas que nos rodeiam. Cada pessoa que vive ao nosso redor, por vezes simpáticas, que cumprimenta cordialmente seus conhecidos e até desconhecidos na rua, que dar um sorriso agradável e trata amavelmente, pode ser capaz de coisas terríveis quando percebe que tem o poder sobre uma outra pessoa. Pode ser capaz de fazer coisas terríveis quando percebe que pode fazer
Mais agradável do que "Me Chame pelo Seu Nome". Aqui o protagonista sabe que não tem muito o que reclamar da vida, sabe que é um privilegiado membro da classe média-intermediária, aquela que pode dormir sem ter medo de ficar pobre do dia para a noite. Sabe que tem uma família muito esclarecida, comprometida com causas sociais. Que não o humilharia por ser fora do comum. Tem amigos ótimos. Colegas de escola suportáveis. Professores maravilhosos e um diretor divertido e acolhedor. E por isso Simon não fica fazendo drama, tempestade em copo d'água como vimos o protagonista de "Me Chame pelo Seu Nome" fazendo, este que, apesar de pertencer a uma camada social ainda mais elevada (ele é membro da elite) parecia que morava no inferno. O filme sobre Simon não é assim, ele já nos deixar avisados que só devemos esperar o momento que ele irá amar um garoto pela primeira vez. Nada de lamentações desnecessárias, uma boa dose de humor, e até chega a nos despertar inveja por não fazer parte daquele universo também.Quem não queria ter a vida igual a de Simon?
O cara que ameaçou Mildred no emprego dela e mais para o final teve sua conversa ouvida no bar pelo ex-policial Jason Dixon era um militar das Forças Armadas que acabava de chegar de uma operação no Oriente Médio e se gabava com o amigo por ter torturado, estuprado e matado uma menina no país estrangeiro. Portanto, ele não foi o autor da morte da filha de Mildred como muitos ficaram na dúvida mesmo o novo delegado avisando ao Dixon que aquele cara estava em operação no exterior. E sabendo da possível impunidade, visto que oficiais das Forças Armadas são quase deuses nos Estados Unidos, o ex-policial Jason Dixon junta-se a Mildred para fazer com que pelo menos aquele soldado estuprador sofra pelo seu crime.
Um conto de fadas estilo filme Disney, só que para adultos. Um dos mais encantadores filmes que já vi na vida, tanto que cheguei a deseja atravessar a tela para viver com Ben e seus filhos. E foi aí que a magia acabou. Imaginar vivendo no mundo do filme me mostrou que seria impossível chegar naquele final fora dele. Apesar de tentar retratar o mundo real, no mundo real nós nunca teríamos a ajuda do Deus ex machina como Ben e sua família tiveram.
Se Ben não possuía dinheiro suficiente para pagar os estudos do filho mais velho, como ele comprou um sítio, um carro picape, e ainda enviou o filho mais velho para fora do país? O genro financiou o "felizes para sempre"? Que baita hipocrisia, então, não?
E para desenvolver este final criou-se uma cena surreal:
A família já estava voltando para a floresta, quando Rellian decide ir atrás dos avôs maternos- como ele descobriu a casa deles é outro mistério. Ben estava visivelmente bêbado quando descobriu que um dos filhos havia fugido, e mesmo assim, pega o ônibus, enfia os filhos restantes e parte a mil atrás do filho rebelde. Dirigir carro bêbado não é nada bonito, e ainda mais cheio de crianças.
Bodevan, o filho mais velho, ao sair da floresta foi o que ficou mais assustado. Por ser o que mais viveu naquele sistema alternativo criado pelos pais, Bodevan tornou-se o mais socialmente desajustado da família; logo, ele era o que mais precisaria de apoio para se reintegrar ao mundo. Mesmo assim, Ben aceitou com que o filho fosse para fora do país sozinho. O pouco de tempo que interagiu com uma menina lá no meados do filme nós vimos como Bodevan foi facilmente feito de trouxa. O que não irão fazer com ele sem que tenha por perto alguém que evite que isto ocorra? Qual tipo de pai enviaria o filho para algo assim?
Bons atores conseguem fazer um grande trabalho mesmo num enredo tão terrível como deste filme. Mas mesmo com o bom trabalho do elenco o filme não convence, não dar para entender como uma mãe que cria um filho, mesmo que adotivo, desde criança, consegue tomar tal atitude com o filho no final sem sentir nada. E para piorar, após fazer tal coisa, ela parece recriar sua experiência com outra criança ao cantar para esta a mesma música que cantava para o filho adotivo anterior. Ou seja, a louca perigosa do filme era a própria mãe? O novo filho adotivo terá um fim terrível igual ao do anterior?
Parecia que eu estava descobrindo o mundo junto com o Jack. Eu sentia desconfiança em cada nova pessoa que se aproximava e um deslumbramento com tudo o que é era o mundo além daquele quarto.
É uma história repetida? Sim, é. Mas o que importa? Importa é a forma como desta vez ela foi contada, e foi de forma maravilhosa. O erro mesmo ficou para responsáveis pela divulgação do filme, venderam com a imagem de terror, isto só atraiu um público que buscou terror, afastou quem bateria palmas e prejudicou na nota e sucesso do filme (pode-se ver como a turma que buscou terror odiou, desprestigiou o filme). Ok, ele nos causa uns sustos aqui e ali, mas no geral ele é mesmo um drama, um suspense dramático, um filme que emociona no final aqueles que tem alteridade suficiente para sentir a dor incurável causada nos outros.
Foi vendido como um filme para chorar, mas se mostrou muito barulho para pouca obra. Desculpe, mas é meio difícil se comover com drama de um amor de verão de adolescente membro da elite. Sim, nem da classe média o pirralho é. Ele é um bem nascido, endinheirado, e para completar a sorte, os pais o ajudam em tudo, o toleram, não o oprimem, pais perfeitos. Quero ver é mostrar um jovem de periferia descobrindo sua sexualidade diferente do padrão, tendo pais conservadores, rodeado de pessoas igualmente intolerantes à atos homossexuais, isto sim seria mostrar uma estória comovente, uma estória comum em toda periferia. O monólogo quase no final do pai para o filho faz valer as mais de duas horas dadas assistindo à isto.
Sobre a escolha do elenco. Timothée Chalamet se encaixou bem no papel de Elio, mas Armie Hammer como Oliver foi um erro. Exageraram na diferença de idade entre o casal que no livro não é tanta. No filme ficou um cara que aparenta ter quase 40 anos se envolvendo com um menino que nem completou os 18. A diferença também ficou notável na atuação, enquanto a de Timothée pertencia à de um filme sobre descoberta do amor e da sexualidade, a atuação de Armie pareceu ser para um filme de suspense, terror, sobre um psicopata, um adulto que abusa de jovens. A sensação de pedofilia foi inevitável, e com isso veio a repugnância que me impediu de desfrutar melhor o filme. Antes tivessem escolhido alguém como Phénix Brossard (Departure, 2015), George MacKay (Captain Fantastic, 2016), Lucas Till (X-Men, 2011) para viver Oliver. Sim, atores como estes, na faixa dos 26, 27 anos, teriam vivido melhor o amor mais velho do Elio.
O comum dos filmes ambientados nos momentos terríveis da História como a Segunda Guerra Mundial é apresentar um mundo acinzentado, triste, assombroso, como se um pesado inverno estivesse castigando a Terra. E até o dia ensolarado destes filmes só é usado para iluminar os monstros. Mas este não é o caso deste filme. Neste filme, o medo, o desespero, a angústia, o confinamento, o ódio ficam presos somente aos humanos, a Natureza é mostrada com toda a sua magnitude, sua beleza. justamente para mostrar que as guerras pertencem ao Homem, e enquanto os Homens brigam, provocam mortes, a Natureza segue cedendo Vida, colorindo até os momentos mais escuros da História.
O filme aonde cachorros se mostram melhores atores do que humanos. A atuação dos cachorros foi excelente. A dos humanos, irritante. Na verdade, eu fiquei na dúvida se a personalidade anêmica, robótica das pessoas era intencional ou sinal de pouco talento. Por exemplo...
Chega a causar raiva a total apatia da menina com a situação do seu cachorro, não parece comportamento de alguém que ama o seu companheiro de quatro patas (o que me fez ficar contente diante da possível vingança do cachorro com a dona, que dizia amá-lo, mas nunca o protegeu de fato). Se esta personalidade foi intencional, então deve ter sido para representar na menina o comportamento das pessoas diante dos problemas do mundo, e de fato a maioria se comporta como a menina, um poço de apatia diante da dor do mundo, total consciência de que algo está errado, muito discurso de que defende certas causas, mas continua contribuindo para que tudo permaneça na ordem que o mundo caminha. Apesar disso, a cena final, o momento que pensei que Hagen, o cão da menina, enfim se vingaria da dona, foi de um simbolismo tocante, lindo, o animal dominante do planeta recupera sua existência e se reencontra com a Natureza ao encarar um outro animal que se tornou um dos seus melhores companheiros.
A melhor coisa que estou aprendendo a fazer em relação a filme e livro é não ler opiniões alheias antes de eu mesmo sentir a experiência que a obra oferece, pois cada um carrega uma bagagem na vida que o faz reagir de forma diferente às coisas. Este não é um filme feito para quem gosta da fórmula de Blockbusters, este filme requer espírito sereno para assistir, e quanto mais assiste, mais faz sentido. É preciso também reconhecer que as limitações financeiras debilitaram a entrega de um produto melhor executado, a necessidade em deixar o filme curto nos deixou sem resposta para os motivos de certas situações, como resultado, a sensação é de que subitamente fomos por alguns dias deslocados para o meio da vida de dois desconhecidos e nada nos é explicado até que no final da experiência tudo fica claro. O filme me recordou outro filme sobre sexualidade na adolescência chamado "No Caminho das Dunas" ("North Sea Texas" -2011).
Este é o tipo de produção que desmente quem usa a desculpa do entretenimento para distorcer fatos. Maravilhoso, um dos melhores do gênero. Diferente dos filmes dos Estados Unidos que apelam para romantismos e distorção, o cinema russo não decepciona nenhum estudioso quando vai retratar a História.
Filme facilmente digerível para quem leu o livro. Quem quiser, pode também encontrar orientação apenas conferindo a sinopse do livro de Saramago, já saberá que é sobre a crise de identidade que a humanidade, o indivíduo passa e não sobre clonagens.
Soldados medrosos, transportados como escravos, sem armas para lutar, sem preparo algum para combates e que ainda eram assassinados pelos seus superiores. Um exército assim jamais chegaria aos portões do inimigo e venceria uma guerra, mas é assim que Círculo de Fogo tenta nos convencer de como foram os soldados soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial. Filme cheio de momentos que causam incômodo em quem conheça História. Um festival de inverdades e pregação anti-URSS. Representação satirizada e negativa dos soldados soviéticos. Entendi o motivo da família do verdadeiro Vassily Zaitsev ter movido ações para barrar a exibição deste filme na Rússia. Peguei o filme devido ao nome do diretor, mas sofri uma baita decepção, me enganei ao acreditar que um filme hollywoodiano dirigido por um nome como Jean-Jacques Annaud teria um pouco de cautela com fatos históricos, não existe seriedade alguma em honrar o sangue dos soldados soviéticos que ajudaram a livrar o mundo do Nazismo, distorção descarada da participação soviética na Segunda Guerra Mundial, uma imagem tão caricata que pensei está assistindo um filme de ação recheado com humor negro contra os soviéticos bem ao estilo Rambo e 007.
Um filme para ver o quanto debochada, elitista, arrogante, serva da nobreza é a nossa justiça; ou melhor, os que trabalham para fazer a justiça ser feita. Nossos juízes se comportam como deuses, olham friamente o mundo de cima como se não participassem dele e tratam os mais ricos como filhos de sua mulher amada e os mais pobres como resultados de relações extraconjugais gerados em momento de embriaguez.
Pessoas de Classe Média saíram de nariz torcido quando foram assistir ao filme. De fato, se olhar no espelho e aceitar a imagem refletida como sendo sua é coisa para poucos. Aclamado no exterior. Detestado pelas madames e sinhozinhos deste país que em pleno século 21 acham correto tratarem os seus empregados como os senhores de engenho tratavam os seus escravos. O filme deixa compreensível o porquê da Classe Média e Elite brasileira não enxergarem mudança alguma no Brasil nos últimos anos, enquanto finalmente a filha da empregada pode entrar numa faculdade e o faminto pode ter comida em seu prato, os patrões continuam isolados nos seus artefatos de luxo e não percebem muita diferença no gosto do sorvete em pote básico ou em lata.
Enquanto a indústria bilionária de Hollywood preferir gastar o seu dinheiro com enlatados que riem da nossa inteligência, nos restará buscar em festivais como os de Sundance o que de bom pode ser dado pelo cinema estadunidense, pois são em festivais como Sundance que obras como este filme encontram algum espaço para serem apresentadas. Saber se o sujeito ao assistir Boyhood amou ou detestou é saber qual o tipo de filme que o sujeito aprecia, se ele gosta de filmes de qualidade ou se ele gosta de consumir mais o cinema industrial e vazio que agrada leigos. Este filme não é algo dividido em principio, meio e fim, não tem enredo tradicionalmente montado para que no final tudo dê certo aos seus personagens. Este filme é sobre a maior aventura que podemos experimentar, o mais tenso mistério que podemos passar, este filme é sobre o enredo chamado vida e sobre o que passamos enquanto tentamos viver. São quase 3 horas de um filme tão fascinante que me restou rever e lamentar pelo filme não ser mais longo. Boyhood é fascinantemente extraordinário, mais um presente do cinema independente dos Estados Unidos.
Quantos talentos perdemos por culpa da ignorância de certos pais e despreparo de muitos professores? Até mesmo gênios correm o risco de caírem se forem por demais desmotivados em seus anos escolares. E infelizmente são poucos os que conseguem ter o talento reconhecido e treinado quando estão jovens. Uma reflexão sobre vidas adultas que poderiam ter sido mas não foram e sobre a batalha de uma vida jovem para não ser mais um no mundo. São personagens tão bacanas que mesmo após o final do filme eu continuei tendo uma empatia por cada um deles. O professor amargurado por ter tomado atitudes em sua vida que o fez um derrotado irá fazer muitos adultos voltarem aos momentos que se tivessem utilizado de uma melhor forma estariam numa vida mais realizada. O jovem autista que todos os dias tem que enfrentar uma sociedade que parece não ter sido feita para ele e preocupado sobre que tipo de vida terá no futuro, usa das suas habilidades raras para ter satisfação por ser quem é. O filme soube passar o recado e emocionar até determinado ponto, mas nos instantes finais ele pareceu esquecer sobre o quê estava contando e resolveu mudar o personagem principal que de autista passou a ser um garoto comum preocupado com coisas banais como paixonite de adolescência. Fiquei com a sensação de não ter visto desfecho para o enredo sobre Nathan, pois os 30 minutos finais pareceram o encerramento de um outro filme com os mesmos atores.
Este filme não tropeça na História, ele pega a picareta e destrói todas as provas até então encontradas sobre o período e os povos nele apresentados. São erros gritantes, absurdos, que deixam a sensação de que a equipe dispensou o auxílio de historiadores (e creio muito que dispensaram). Os Maias não eram tão violentos, não sequestravam os índios das aldeias vizinhas, até porque as aldeias vizinhas eram da civilização Maia, periféricos do centro. Os sacrifícios humanos eram dados apenas aos líderes e bravos guerreiros capturados. O filme ignorou toda a "Ciência" alcançada pelos Maias e os jogou como povos fanáticos religiosos. Quando navegantes europeus aqui chegaram, os Maias já haviam sumido da face deste planeta há um longo tempo, são deles o mistério das grandes cidades fantasmas cuja população pareceu evaporar quando as expedições europeias entravam continente a dentro. Sendo assim, a cena final com a chegada de cristãos não deveria ter sido feita, ela foi posta aí como alusão de que a civilização enfim chegava para salvar aquele mundo cruel que os povos pré-colombianos viviam. O trabalho de preparação de elenco, de vestuário, estudo de linguagem que entregou um filme totalmente em idioma Maia são coisas admiráveis, mas pouco, no mais este filme deve ser visto como só mais um filme de ação.
Houve uma gritaria tão alta em cima deste filme, gastos milionários pagos à mídia para que esta o apresentasse como o mais inovador filme de todos os tempos, uma obra-prima do mesmo criador de Titanic de 1997, mas quando o produto veio a ser apresentado foi pouco do que esperávamos. Nos prepararam para assistir o melhor filme de todos os tempos e o que nos entregaram foi uma produção recheada de clichés, com o do já de costume norte-americano que vai salvar o mundo, mesmo ele sendo um intruso que nada conhece daquele mundo, se mostra mais forte e inteligente do que os nativos, chegando a comandá-los rumo à vitória. Tire o filme do universo de Pandora e o ambiente aqui na Terra, nada mais do que o estadunidense salvador dos oprimidos. É um filme com uma boa proposta e cheio de belas imagens, todas criadas em C.G., os efeitos são inovadores; é verdade, mas o enredo é cansativo, nada inovador, precisei fatiar para terminá-lo, até hoje eu não consigo assistir este filme por inteiro sem que eu durma no meio.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraAté a metade do filme eu achava difícil alguma maldade sair dos habitantes de Dogville, pessoas tão simples, amáveis, inocentes. Mas da metade do filme adiante ninguém aí parecia ser quem era no início. E percebemos que Dogville era um quadro das pessoas que nos rodeiam. Cada pessoa que vive ao nosso redor, por vezes simpáticas, que cumprimenta cordialmente seus conhecidos e até desconhecidos na rua, que dar um sorriso agradável e trata amavelmente, pode ser capaz de coisas terríveis quando percebe que tem o poder sobre uma outra pessoa. Pode ser capaz de fazer coisas terríveis quando percebe que pode fazer
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraMais agradável do que "Me Chame pelo Seu Nome". Aqui o protagonista sabe que não tem muito o que reclamar da vida, sabe que é um privilegiado membro da classe média-intermediária, aquela que pode dormir sem ter medo de ficar pobre do dia para a noite. Sabe que tem uma família muito esclarecida, comprometida com causas sociais. Que não o humilharia por ser fora do comum. Tem amigos ótimos. Colegas de escola suportáveis. Professores maravilhosos e um diretor divertido e acolhedor. E por isso Simon não fica fazendo drama, tempestade em copo d'água como vimos o protagonista de "Me Chame pelo Seu Nome" fazendo, este que, apesar de pertencer a uma camada social ainda mais elevada (ele é membro da elite) parecia que morava no inferno. O filme sobre Simon não é assim, ele já nos deixar avisados que só devemos esperar o momento que ele irá amar um garoto pela primeira vez. Nada de lamentações desnecessárias, uma boa dose de humor, e até chega a nos despertar inveja por não fazer parte daquele universo também.Quem não queria ter a vida igual a de Simon?
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraEsclarecendo:
O cara que ameaçou Mildred no emprego dela e mais para o final teve sua conversa ouvida no bar pelo ex-policial Jason Dixon era um militar das Forças Armadas que acabava de chegar de uma operação no Oriente Médio e se gabava com o amigo por ter torturado, estuprado e matado uma menina no país estrangeiro. Portanto, ele não foi o autor da morte da filha de Mildred como muitos ficaram na dúvida mesmo o novo delegado avisando ao Dixon que aquele cara estava em operação no exterior. E sabendo da possível impunidade, visto que oficiais das Forças Armadas são quase deuses nos Estados Unidos, o ex-policial Jason Dixon junta-se a Mildred para fazer com que pelo menos aquele soldado estuprador sofra pelo seu crime.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraUm conto de fadas estilo filme Disney, só que para adultos. Um dos mais encantadores filmes que já vi na vida, tanto que cheguei a deseja atravessar a tela para viver com Ben e seus filhos. E foi aí que a magia acabou. Imaginar vivendo no mundo do filme me mostrou que seria impossível chegar naquele final fora dele. Apesar de tentar retratar o mundo real, no mundo real nós nunca teríamos a ajuda do Deus ex machina como Ben e sua família tiveram.
Se Ben não possuía dinheiro suficiente para pagar os estudos do filho mais velho, como ele comprou um sítio, um carro picape, e ainda enviou o filho mais velho para fora do país? O genro financiou o "felizes para sempre"? Que baita hipocrisia, então, não?
E para desenvolver este final criou-se uma cena surreal:
A família já estava voltando para a floresta, quando Rellian decide ir atrás dos avôs maternos- como ele descobriu a casa deles é outro mistério. Ben estava visivelmente bêbado quando descobriu que um dos filhos havia fugido, e mesmo assim, pega o ônibus, enfia os filhos restantes e parte a mil atrás do filho rebelde. Dirigir carro bêbado não é nada bonito, e ainda mais cheio de crianças.
E outra coisa:
Bodevan, o filho mais velho, ao sair da floresta foi o que ficou mais assustado. Por ser o que mais viveu naquele sistema alternativo criado pelos pais, Bodevan tornou-se o mais socialmente desajustado da família; logo, ele era o que mais precisaria de apoio para se reintegrar ao mundo. Mesmo assim, Ben aceitou com que o filho fosse para fora do país sozinho. O pouco de tempo que interagiu com uma menina lá no meados do filme nós vimos como Bodevan foi facilmente feito de trouxa. O que não irão fazer com ele sem que tenha por perto alguém que evite que isto ocorra? Qual tipo de pai enviaria o filho para algo assim?
Refém do Medo
2.6 320 Assista AgoraBons atores conseguem fazer um grande trabalho mesmo num enredo tão terrível como deste filme. Mas mesmo com o bom trabalho do elenco o filme não convence, não dar para entender como uma mãe que cria um filho, mesmo que adotivo, desde criança, consegue tomar tal atitude com o filho no final sem sentir nada. E para piorar, após fazer tal coisa, ela parece recriar sua experiência com outra criança ao cantar para esta a mesma música que cantava para o filho adotivo anterior. Ou seja, a louca perigosa do filme era a própria mãe? O novo filho adotivo terá um fim terrível igual ao do anterior?
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraParecia que eu estava descobrindo o mundo junto com o Jack. Eu sentia desconfiança em cada nova pessoa que se aproximava e um deslumbramento com tudo o que é era o mundo além daquele quarto.
O Segredo de Marrowbone
3.7 435 Assista AgoraÉ uma história repetida? Sim, é. Mas o que importa? Importa é a forma como desta vez ela foi contada, e foi de forma maravilhosa. O erro mesmo ficou para responsáveis pela divulgação do filme, venderam com a imagem de terror, isto só atraiu um público que buscou terror, afastou quem bateria palmas e prejudicou na nota e sucesso do filme (pode-se ver como a turma que buscou terror odiou, desprestigiou o filme). Ok, ele nos causa uns sustos aqui e ali, mas no geral ele é mesmo um drama, um suspense dramático, um filme que emociona no final aqueles que tem alteridade suficiente para sentir a dor incurável causada nos outros.
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraDaniel amava o filho, só que cada um ama à sua maneira, e o filho foi a única pessoa que ele amou, e a única pessoa que foi capaz de machucá-lo.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraFoi vendido como um filme para chorar, mas se mostrou muito barulho para pouca obra. Desculpe, mas é meio difícil se comover com drama de um amor de verão de adolescente membro da elite. Sim, nem da classe média o pirralho é. Ele é um bem nascido, endinheirado, e para completar a sorte, os pais o ajudam em tudo, o toleram, não o oprimem, pais perfeitos. Quero ver é mostrar um jovem de periferia descobrindo sua sexualidade diferente do padrão, tendo pais conservadores, rodeado de pessoas igualmente intolerantes à atos homossexuais, isto sim seria mostrar uma estória comovente, uma estória comum em toda periferia. O monólogo quase no final do pai para o filho faz valer as mais de duas horas dadas assistindo à isto.
Sobre a escolha do elenco. Timothée Chalamet se encaixou bem no papel de Elio, mas Armie Hammer como Oliver foi um erro. Exageraram na diferença de idade entre o casal que no livro não é tanta. No filme ficou um cara que aparenta ter quase 40 anos se envolvendo com um menino que nem completou os 18. A diferença também ficou notável na atuação, enquanto a de Timothée pertencia à de um filme sobre descoberta do amor e da sexualidade, a atuação de Armie pareceu ser para um filme de suspense, terror, sobre um psicopata, um adulto que abusa de jovens. A sensação de pedofilia foi inevitável, e com isso veio a repugnância que me impediu de desfrutar melhor o filme. Antes tivessem escolhido alguém como Phénix Brossard (Departure, 2015), George MacKay (Captain Fantastic, 2016), Lucas Till (X-Men, 2011) para viver Oliver. Sim, atores como estes, na faixa dos 26, 27 anos, teriam vivido melhor o amor mais velho do Elio.
Os Meninos que Enganavam Nazistas
4.1 179 Assista AgoraO comum dos filmes ambientados nos momentos terríveis da História como a Segunda Guerra Mundial é apresentar um mundo acinzentado, triste, assombroso, como se um pesado inverno estivesse castigando a Terra. E até o dia ensolarado destes filmes só é usado para iluminar os monstros. Mas este não é o caso deste filme.
Neste filme, o medo, o desespero, a angústia, o confinamento, o ódio ficam presos somente aos humanos, a Natureza é mostrada com toda a sua magnitude, sua beleza. justamente para mostrar que as guerras pertencem ao Homem, e enquanto os Homens brigam, provocam mortes, a Natureza segue cedendo Vida, colorindo até os momentos mais escuros da História.
Deus Branco
3.7 178 Assista AgoraO filme aonde cachorros se mostram melhores atores do que humanos. A atuação dos cachorros foi excelente. A dos humanos, irritante. Na verdade, eu fiquei na dúvida se a personalidade anêmica, robótica das pessoas era intencional ou sinal de pouco talento. Por exemplo...
Chega a causar raiva a total apatia da menina com a situação do seu cachorro, não parece comportamento de alguém que ama o seu companheiro de quatro patas (o que me fez ficar contente diante da possível vingança do cachorro com a dona, que dizia amá-lo, mas nunca o protegeu de fato). Se esta personalidade foi intencional, então deve ter sido para representar na menina o comportamento das pessoas diante dos problemas do mundo, e de fato a maioria se comporta como a menina, um poço de apatia diante da dor do mundo, total consciência de que algo está errado, muito discurso de que defende certas causas, mas continua contribuindo para que tudo permaneça na ordem que o mundo caminha.
Apesar disso, a cena final, o momento que pensei que Hagen, o cão da menina, enfim se vingaria da dona, foi de um simbolismo tocante, lindo, o animal dominante do planeta recupera sua existência e se reencontra com a Natureza ao encarar um outro animal que se tornou um dos seus melhores companheiros.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraNão nos decepciona em nada. Animais Fantásticos é fantástico.
Beira-Mar
2.7 454A melhor coisa que estou aprendendo a fazer em relação a filme e livro é não ler opiniões alheias antes de eu mesmo sentir a experiência que a obra oferece, pois cada um carrega uma bagagem na vida que o faz reagir de forma diferente às coisas. Este não é um filme feito para quem gosta da fórmula de Blockbusters, este filme requer espírito sereno para assistir, e quanto mais assiste, mais faz sentido. É preciso também reconhecer que as limitações financeiras debilitaram a entrega de um produto melhor executado, a necessidade em deixar o filme curto nos deixou sem resposta para os motivos de certas situações, como resultado, a sensação é de que subitamente fomos por alguns dias deslocados para o meio da vida de dois desconhecidos e nada nos é explicado até que no final da experiência tudo fica claro. O filme me recordou outro filme sobre sexualidade na adolescência chamado "No Caminho das Dunas" ("North Sea Texas" -2011).
A Resistência
4.0 94 Assista AgoraEste é o tipo de produção que desmente quem usa a desculpa do entretenimento para distorcer fatos. Maravilhoso, um dos melhores do gênero. Diferente dos filmes dos Estados Unidos que apelam para romantismos e distorção, o cinema russo não decepciona nenhum estudioso quando vai retratar a História.
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraFilme facilmente digerível para quem leu o livro. Quem quiser, pode também encontrar orientação apenas conferindo a sinopse do livro de Saramago, já saberá que é sobre a crise de identidade que a humanidade, o indivíduo passa e não sobre clonagens.
Círculo de Fogo
4.0 455 Assista AgoraSoldados medrosos, transportados como escravos, sem armas para lutar, sem preparo algum para combates e que ainda eram assassinados pelos seus superiores. Um exército assim jamais chegaria aos portões do inimigo e venceria uma guerra, mas é assim que Círculo de Fogo tenta nos convencer de como foram os soldados soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial.
Filme cheio de momentos que causam incômodo em quem conheça História. Um festival de inverdades e pregação anti-URSS. Representação satirizada e negativa dos soldados soviéticos. Entendi o motivo da família do verdadeiro Vassily Zaitsev ter movido ações para barrar a exibição deste filme na Rússia. Peguei o filme devido ao nome do diretor, mas sofri uma baita decepção, me enganei ao acreditar que um filme hollywoodiano dirigido por um nome como Jean-Jacques Annaud teria um pouco de cautela com fatos históricos, não existe seriedade alguma em honrar o sangue dos soldados soviéticos que ajudaram a livrar o mundo do Nazismo, distorção descarada da participação soviética na Segunda Guerra Mundial, uma imagem tão caricata que pensei está assistindo um filme de ação recheado com humor negro contra os soviéticos bem ao estilo Rambo e 007.
Juízo
4.0 118Um filme para ver o quanto debochada, elitista, arrogante, serva da nobreza é a nossa justiça; ou melhor, os que trabalham para fazer a justiça ser feita. Nossos juízes se comportam como deuses, olham friamente o mundo de cima como se não participassem dele e tratam os mais ricos como filhos de sua mulher amada e os mais pobres como resultados de relações extraconjugais gerados em momento de embriaguez.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraPessoas de Classe Média saíram de nariz torcido quando foram assistir ao filme. De fato, se olhar no espelho e aceitar a imagem refletida como sendo sua é coisa para poucos. Aclamado no exterior. Detestado pelas madames e sinhozinhos deste país que em pleno século 21 acham correto tratarem os seus empregados como os senhores de engenho tratavam os seus escravos. O filme deixa compreensível o porquê da Classe Média e Elite brasileira não enxergarem mudança alguma no Brasil nos últimos anos, enquanto finalmente a filha da empregada pode entrar numa faculdade e o faminto pode ter comida em seu prato, os patrões continuam isolados nos seus artefatos de luxo e não percebem muita diferença no gosto do sorvete em pote básico ou em lata.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraEnquanto a indústria bilionária de Hollywood preferir gastar o seu dinheiro com enlatados que riem da nossa inteligência, nos restará buscar em festivais como os de Sundance o que de bom pode ser dado pelo cinema estadunidense, pois são em festivais como Sundance que obras como este filme encontram algum espaço para serem apresentadas.
Saber se o sujeito ao assistir Boyhood amou ou detestou é saber qual o tipo de filme que o sujeito aprecia, se ele gosta de filmes de qualidade ou se ele gosta de consumir mais o cinema industrial e vazio que agrada leigos. Este filme não é algo dividido em principio, meio e fim, não tem enredo tradicionalmente montado para que no final tudo dê certo aos seus personagens. Este filme é sobre a maior aventura que podemos experimentar, o mais tenso mistério que podemos passar, este filme é sobre o enredo chamado vida e sobre o que passamos enquanto tentamos viver. São quase 3 horas de um filme tão fascinante que me restou rever e lamentar pelo filme não ser mais longo. Boyhood é fascinantemente extraordinário, mais um presente do cinema independente dos Estados Unidos.
X + Y
4.0 105Quantos talentos perdemos por culpa da ignorância de certos pais e despreparo de muitos professores? Até mesmo gênios correm o risco de caírem se forem por demais desmotivados em seus anos escolares. E infelizmente são poucos os que conseguem ter o talento reconhecido e treinado quando estão jovens.
Uma reflexão sobre vidas adultas que poderiam ter sido mas não foram e sobre a batalha de uma vida jovem para não ser mais um no mundo. São personagens tão bacanas que mesmo após o final do filme eu continuei tendo uma empatia por cada um deles. O professor amargurado por ter tomado atitudes em sua vida que o fez um derrotado irá fazer muitos adultos voltarem aos momentos que se tivessem utilizado de uma melhor forma estariam numa vida mais realizada. O jovem autista que todos os dias tem que enfrentar uma sociedade que parece não ter sido feita para ele e preocupado sobre que tipo de vida terá no futuro, usa das suas habilidades raras para ter satisfação por ser quem é. O filme soube passar o recado e emocionar até determinado ponto, mas nos instantes finais ele pareceu esquecer sobre o quê estava contando e resolveu mudar o personagem principal que de autista passou a ser um garoto comum preocupado com coisas banais como paixonite de adolescência. Fiquei com a sensação de não ter visto desfecho para o enredo sobre Nathan, pois os 30 minutos finais pareceram o encerramento de um outro filme com os mesmos atores.
Apocalypto
3.8 842Este filme não tropeça na História, ele pega a picareta e destrói todas as provas até então encontradas sobre o período e os povos nele apresentados. São erros gritantes, absurdos, que deixam a sensação de que a equipe dispensou o auxílio de historiadores (e creio muito que dispensaram). Os Maias não eram tão violentos, não sequestravam os índios das aldeias vizinhas, até porque as aldeias vizinhas eram da civilização Maia, periféricos do centro. Os sacrifícios humanos eram dados apenas aos líderes e bravos guerreiros capturados. O filme ignorou toda a "Ciência" alcançada pelos Maias e os jogou como povos fanáticos religiosos. Quando navegantes europeus aqui chegaram, os Maias já haviam sumido da face deste planeta há um longo tempo, são deles o mistério das grandes cidades fantasmas cuja população pareceu evaporar quando as expedições europeias entravam continente a dentro. Sendo assim, a cena final com a chegada de cristãos não deveria ter sido feita, ela foi posta aí como alusão de que a civilização enfim chegava para salvar aquele mundo cruel que os povos pré-colombianos viviam. O trabalho de preparação de elenco, de vestuário, estudo de linguagem que entregou um filme totalmente em idioma Maia são coisas admiráveis, mas pouco, no mais este filme deve ser visto como só mais um filme de ação.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraHouve uma gritaria tão alta em cima deste filme, gastos milionários pagos à mídia para que esta o apresentasse como o mais inovador filme de todos os tempos, uma obra-prima do mesmo criador de Titanic de 1997, mas quando o produto veio a ser apresentado foi pouco do que esperávamos. Nos prepararam para assistir o melhor filme de todos os tempos e o que nos entregaram foi uma produção recheada de clichés, com o do já de costume norte-americano que vai salvar o mundo, mesmo ele sendo um intruso que nada conhece daquele mundo, se mostra mais forte e inteligente do que os nativos, chegando a comandá-los rumo à vitória. Tire o filme do universo de Pandora e o ambiente aqui na Terra, nada mais do que o estadunidense salvador dos oprimidos. É um filme com uma boa proposta e cheio de belas imagens, todas criadas em C.G., os efeitos são inovadores; é verdade, mas o enredo é cansativo, nada inovador, precisei fatiar para terminá-lo, até hoje eu não consigo assistir este filme por inteiro sem que eu durma no meio.