Roteiro inútil que te leva do nada ao nada e que acaba resumindo o filme a um: ''Procurando Trinity''. A desculpa do video-game é ruim e as cenas de ação são bobas.
Primeiramente, desculpa pelo torrent Vagner, mas a ansiedade era grande. Marighella é pelo conjunto da obra, um filmão. O filme entrega o que prometia pelo trailer, no quesito de qualidade técnica. É uma produção acima da média. Eu destaco principalmente as cenas de ação com trocas de tiros, que foram muito bem executadas. E a opção pela câmera nervosa na maior parte do filme, ajuda no ritmo, que não é o ponto forte do filme.
Infelizmente me decepcionei um pouco com a atuação do Seu Jorge. Achei a atuação muito engessada. Em compensação, os outros atores estão todos muito bem e o Gagliasso dá um show.
Por fim, o roteiro poderia ter sido amarrado com uma corda um pouco mais firme; por vezes ele parece ficar frouxo durante a longa duração do filme.
Mas é isso. Marighella entrega o que promete e figura como uma das grandes produções nacionais dos últimos anos. Uma estreia de respeito do Vagner Moura.
Uma oportunidade rara de assistir um filme chato e ruim do Martin Scorsese, mas que inegavelmente é o esboço daquilo que duas décadas depois seria a grande obra prima dele: Goodfellas. Em Mean Streets, temos o primeiro trabalho com a temática de máfia; os primeiros flertes com o estilismo que viria a se tornar característico do Scorsese, porém com uma edição grosseira; a tentativa também falha de criar conversas engraçadas, em um roteiro que não sei se vale a pena tentar entender. Por fim, menção honrosa ao uso já assertivo do vermelho na ambientação das cenas.
Adoniran merecia um filme como esse. O baixinho João Rubinato foi um artista gigante. Um gênio subestimado, que através de sua personagem caricata, cantou São Paulo com a sensibilidade que nenhum outro artista foi capaz.
Tudo funciona tão bem no filme, que o fato do enredo ser estruturalmente bizarro passou despercebido. A ''História de um Casamento'' é na verdade a história de um divórcio inédito: onde o pedido de divórcio vem antes das discussões do casal. E que, ao final, deixa a impressão de que todos os motivos para a separação poderiam ter sido resolvidos, se ambos tivessem apenas conversado mais, pois claramente ainda se amavam. As acusações de um ao outro, me pareceram muito rasas e abstratas, como se nem eles soubessem do que estavam falando... Como se todos aqueles motivos fossem novidade para eles até aquele momento - e eram mesmo. E ao meu ver, a posição adotada pela Nicole (ao tornar o caso judicial) foi totalmente desproporcional ao comportamento do Charlie, que estava disposto a resolver as coisas de forma amigável.
Mas enfim, como eu disse inicialmente, tudo funciona no filme - até o roteiro. As atuações (de todo o elenco!!) e o humor (sim?) foram os pontos altos para mim. A delicadeza na tratativa de um tema pesado é outro presente do Noah Baumbach ao cinema.
Era Uma Vez em Hollywood, foi desde o princípio, vendido e divulgado como uma história que abordaria o assassinato da atriz Sharon Tate por seguidores e membros da seita hippie do serial-killer Charles Manson – um acontecimento real. Somente mais próximo da fase final de produção do filme, é que ficamos sabendo que a história ‘’principal’’ incumbida de gravitar em torno do assassinato da atriz, seria sobre a carreira de um ator fictício chamado Rick Dalton (DiCaprio), em uma homenagem do diretor Tarantino a indústria cinematográfica hollywoodiana e televisiva das década de 50 e 60, dando enfoque no chamado último ‘’verão do amor’’ de 1969. Ano em que ocorreu o assassinato da Sharon Tate e aí assim, a história estaria devidamente amarrada, mas... Mas sim, o Tarantino consegue amarrar a história. No entanto, ele o faz com um roteiro muito defeituoso... Provavelmente seu pior. Destaco esses defeitos, em três pontos principais:
A história não é totalmente chata, mas é fraca e desinteressante. Por desinteressante, eu me refiro especificamente a história do ator Rick Dalton e a prestação de homenagem do Tarantino a Hollywood. E quanto a isso, eu até parto do princípio que esse aspecto seja muito subjetivo, ao passo que o que é interessante ou desinteressante para mim, possa não ser para o outro. Contudo, mesmo levando isso em conta, o fato é que o Tarantino escolheu trabalhar nesse filme com um roteiro clássico de ascensão e queda de uma personagem, ou vice e versa, só que não soube (ou não teve vontade) de fazer a devida evolução e construção da personagem. Não há uma queda. Não há uma ascensão. Há somente um mais ou menos de uma coisa ou outra.
Em síntese temos: introdução do filme. Entra o Al Pacino. Há uma troca de conversas entre ele e o DiCaprio, com um até aqui, ótimo nível de humor. Então o Al Pacino instiga a personagem do DiCaprio, fazendo ele chegar a constatação que sua carreira está beirando a decadência e faz a ele uma proposta de levá-lo para a Itália para gravar spaghetti western. Temos aí o start da história. Mas esqueça essa história da Itália por um bom tempo. Daí em diante, o DiCaprio não vai nem chegar a total decadência/queda – vai esquecer algumas falas nas gravações de um filme -, como também não vai ter nenhuma ascensão triunfal – vai apenas fazer uma boa gravação de cena no mesmo filme. Nisso, quando se vê, já estamos perto dos últimos 30 minutos do filme e eis que só então retorna o Al Pacino - para nos lembrar que ele estava no filme - e agora sim: resgatemos na memória a história da Itália, pois em aproximadamente 3 minutos (mais do que isso ninguém aguentaria), é mostrado todo o balanço dos trabalhos do DiCaprio lá e seu retorno financeiramente estável aos EUA. Um péssimo arco no roteiro, concluído de maneira corrida para que aí sim, depois dessa longa história de ascensão e queda - sem ascensão nem queda - o filme esteja finalmente liberado para abordar a sua verdadeira história (a que realmente interessa e a única que empolga), que era (teoricamente) o assassinato da Sharon Tate.
Porém nesse ponto, temos dois grandes problemas. O primeiro quanto a personagem em si, praticamente sem falas, limitada a basicamente andar e dar role de carro por Hollywood. E o segundo, quanto a abordagem da personagem histórica – a vida e a existência da atriz real. Isso porque, quem não conhece a história da Sharon Tate, e for assistir ao filme, vai sair do cinema, da mesma que maneira que entrou: sem a conhecer. Para estas pessoas, a existência e os atos da Sharon Tate como personagem no filme são completamente irrelevantes para o restante da história, pois não é possível enxergar as conexões existentes. O filme não dá meios ou informações suficientes para essa parte do público. E isso é essencialmente um defeito do filme e uma falha do diretor, porque prejudica o entendimento do público, quanto as mensagens que a história quer transmitir. Assim, fatidicamente, quem não a conhecer, não vai entender que a personagem da Margot Robbie, é a interpretação dos teoricamente últimos momentos de vida de uma atriz que foi realmente assassinada por seguidores do Charles Manson e principalmente não vai entender a brincadeira/plot twist final da história – quando acontece a tentativa fracassada de assassinato na casa ao lado da Sharon, e não na dela.
A terceira e derradeira falha do filme, fica por conta das homenagens(?) e o humor do filme. Pela primeira vez, o Tarantino subverte seu estilo de piadas: ao invés de atacar os opressores como fez com os nazistas em Bastardos Inglórios e com os donos de escravo, em Django Livre, em Era Uma Vez em Hollywood, ele ataca somente os oprimidos. Aqui, por ‘’oprimidos’’, entenda: figuras que foram historicamente estereotipadas na indústria americana de filmes, promovendo um verdadeiro deboche ao ator e lutador de artes marciais chinês Bruce Lee e aos filmes de faroeste italianos, conhecidos como spaghetti western e abordados no filme como porcarias. Em grau menos degradante, mas ainda assim totalmente estereotipado, sobrou até para a retratação da figura dos italianos e seu idioma enérgico(?), representados pela esposa italiana do Rick Dalton, que chega ao filme apenas para contribuir com o clima ‘’caótico’’ das cenas finais, tagarelando sem respirar seu amontoado de palavras.
No entanto, ao menos teoricamente, todas essas figuras que serviram como piada ou elementos de humor nesse filme, são sabidamente influências diretas do cinema do Tarantino... principalmente os filmes de artes marciais e os spaghetti western. Por tudo isso, penso não ser possível imaginar que o Tarantino tenha realmente desejado debochar dessas figuras. Mas ficou estranho. Para alguém marcado por fazer piadas originais e transgressoras, essas abordagens estereotipadas soaram simplórias demais para seu padrão.
Assim, restou por fim, a dúvida: Era Uma Vez em Hollywood homenageou a quem?
Não costumo assistir filmes de ação, mas esse eu vim pelo hype e pela dupla Matrix do filme. No entanto, o único destaque do filme é o estilo e a boa execução das cenas de ação, já que o roteiro é um dos mais bobos e básicos que eu tenha visto. De qualquer forma, eu reitero o hype: Keanu Reeves um grande gostoso.
Ok, oficialmente esse Suspiria é meu novo paradigma para remakes. Incrível o trabalho que o Luca Guadagnino fez com o filme. É o remake mais corajoso e inovador que já assisti. Eu que particularmente achava o original irritante, me identifiquei muito mais com essa nova versão. Mas devo agora dar uma nova chance para o primeiro novamente.
Ao invés de só refilmar a mesma história, ele criou um roteiro muito mais completo e desenvolvido que praticamente abraçou/abarcou a história antiga. Foi uma maneira muito inteligente de contar uma nova história, sem deixar a antiga para trás; uma forma de tentar agradar tanto os fãs que esperavam algo novo, quanto os mais saudosistas. Também achei muito interessante, e de uma certa forma até surpreendente, notar como o filme é muito explícito e direto desde o começo quanto a intenção das bruxas e o que acontece naquela escola, onde ainda antes da metade do filme, temos cenas das professoras conversando abertamente sobre seus planos. Isso difere drasticamente do filme original, que optou por apenas desenvolver tensão na maior do filme, para só nos 20 minutos finais explicar a história. Um testamento de que o Guadagnino queria realmente nos entregar uma história nova para absorvermos, e não nos ''enrolar'' (com o método batido do original) quanto a algo que já sabíamos. No entanto, também brilhantemente, o diretor soube homenagear a versão original, utilizando de muitos ''maneirismos'' e estilos de filmagem, closes, planos, etc, empregados pelo Dario Argento na versão de 77.
A trilha sonora calma composta pelo Thom Yorke também inova e dar ar novo para os filmes de terrores, que comumente se utilizam de trilhas pesadas para auxiliar na criação do clima.
Por fim, também destaco a ambientalização do filme, que realmente parece ter sido filmado na Berlim dos anos 70.
O Guadagnino entregou mais do que apenas um remake, um filme completo e inovador. Uma aula de cinema.
Gente, como vocês tão conseguindo querer comparar esse filme com La La Land? É totalmente desproporcional a comparação. Querendo ou não, mais especificamente que os filmes de ficção científica em geral, os filmes que retrataram o evento histórico da ida do homem a lua, acabam ficando todos restritos numa mesma ''caixinha'' na história do cinema, destinada especialmente a eles. Ou seja, faz-se (apenas ou mais) sentido compará-los com os demais filmes que ao decorrer do tempo se propuseram a contar a mesma história.
Dito isto, devo dizer que a minha expectativa para com esse filme era baixa depois de assistir o trailer, no sentido de me questionar: o que de novo o Chazelle vai e quer contar sobre o Neil Armstrong e a ida do homem a Lua?
No entanto, felizmente, o Chazelle superou minhas expetativas. E sim, ele conseguiu trazer algo de ''novo'' ao tema. O filme trouxe a adoção da abordagem do lado crítico e do sentimento de descrença de políticos e da população, que cercaram esse período da corrida especial, diferente da maioria dos outros filmes sobre o tema. Narrou uma construção concisa dos principais fracassos da agência que precederam o Projeto Apollo 11, assim como deu no enfoque - nada habitual - da falta de confiança da própria NASA para com o sucesso do projeto.
Enfim, O Primeiro Homem é um filme muito maduro, com um roteiro bem diluído, ou seja, soube mostrar um pouco de tudo o que precisava, sem se concentrar em nenhum ponto; o comportamento e capacidades pessoais do Neil; seu drama pessoal e felizmente sem uma abordagem técnica complexa sobre o tema, que foi o meu medo quando começou a contar sobre o projeto Gemini, e que cumpriu ao que se propôs: traçar um perfil, daquele que foi o primeiro homem a pisar na Lua.
A fotografia é muito bonita e as cenas no espaço são visualmente deslumbrantes - que é o mínimo que se espera nesse tipo de filme. Também achei o Ryan Gosling mais desenvolto que o habitual. Com O Primeiro Homem, o Damien Chazelle prova ser realmente muito bem capacitado. Promessa de que outros grandes filmes virão pela frente.
Eu prefiro ainda não chamá-lo de obra-prima, mas também não vou contestar quem assim o fizer. Roma é um álbum de fotografia da America Latina das décadas de 60 e 70. A primeira parte é consideravelmente monótona, mas inevitavelmente acabamos criando carinho pela personagem da Cleo, o que nos leva a continuarmos firmes, seguindo o desenrolar do filme a partir da segunda metade, quando os eventos cotidianos da vida daquelas mulheres e crianças começam a ganhar desfechos.
É também um retrato atual e estrutural da condição da mulher na sociedade e uma crítica a covardia masculina, sentenciada na frase da Sofia à Cleo: “Estamos sozinhas. Digam o que nos disserem, nós, mulheres, estamos sempre sozinhas.” Mas principalmente, Roma celebra a força e a coragem da mulher. “As coisas vão mudar. Mas estaremos juntos e será uma aventura!”
Destaco como elementos mais marcantes do filme, a cena do parto que me fez chorar; a construção do núcleo e as atuações das crianças; a elegância dos ambientes e cenários da sequência dos feriados de Natal e Ano Novo e claro, toda a viagem final do filme, a praia.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista Agoraatacou minha ansiedade
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraRoteiro inútil que te leva do nada ao nada e que acaba resumindo o filme a um: ''Procurando Trinity''. A desculpa do video-game é ruim e as cenas de ação são bobas.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraPrimeiramente, desculpa pelo torrent Vagner, mas a ansiedade era grande. Marighella é pelo conjunto da obra, um filmão. O filme entrega o que prometia pelo trailer, no quesito de qualidade técnica. É uma produção acima da média. Eu destaco principalmente as cenas de ação com trocas de tiros, que foram muito bem executadas. E a opção pela câmera nervosa na maior parte do filme, ajuda no ritmo, que não é o ponto forte do filme.
Infelizmente me decepcionei um pouco com a atuação do Seu Jorge. Achei a atuação muito engessada. Em compensação, os outros atores estão todos muito bem e o Gagliasso dá um show.
Por fim, o roteiro poderia ter sido amarrado com uma corda um pouco mais firme; por vezes ele parece ficar frouxo durante a longa duração do filme.
Mas é isso. Marighella entrega o que promete e figura como uma das grandes produções nacionais dos últimos anos. Uma estreia de respeito do Vagner Moura.
Fale com Ela
4.2 1,0K Assista AgoraPreciso fazer o comentário aleatório de que esse poster do filme me lembra muito a Paolla Oliveira e a Andrea Beltrão.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 553 Assista AgoraChorei do começo ao fim. Era essa a intenção do filme?
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraÉ pra fingir? Então ual que roteiro empolgante... que personagem bem construída e carismática.
Narciso em Férias
4.0 39Podia ser mais dinâmico.
Caminhos Perigosos
3.6 255 Assista AgoraUma oportunidade rara de assistir um filme chato e ruim do Martin Scorsese, mas que inegavelmente é o esboço daquilo que duas décadas depois seria a grande obra prima dele: Goodfellas. Em Mean Streets, temos o primeiro trabalho com a temática de máfia; os primeiros flertes com o estilismo que viria a se tornar característico do Scorsese, porém com uma edição grosseira; a tentativa também falha de criar conversas engraçadas, em um roteiro que não sei se vale a pena tentar entender. Por fim, menção honrosa ao uso já assertivo do vermelho na ambientação das cenas.
Hanna
3.5 946 Assista Agoraque filme ruim meu pai
Limite
4.0 168 Assista AgoraO Tarkovsky certamente daria 5 estrelas para Limite.
Adoniran - Meu Nome é João Rubinato
3.9 9Adoniran merecia um filme como esse. O baixinho João Rubinato foi um artista gigante. Um gênio subestimado, que através de sua personagem caricata, cantou São Paulo com a sensibilidade que nenhum outro artista foi capaz.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraMe lembrou muito Orgulho e Preconceito.
Vinícius
4.3 101Está no Netflix.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraTudo funciona tão bem no filme, que o fato do enredo ser estruturalmente bizarro passou despercebido. A ''História de um Casamento'' é na verdade a história de um divórcio inédito: onde o pedido de divórcio vem antes das discussões do casal. E que, ao final, deixa a impressão de que todos os motivos para a separação poderiam ter sido resolvidos, se ambos tivessem apenas conversado mais, pois claramente ainda se amavam. As acusações de um ao outro, me pareceram muito rasas e abstratas, como se nem eles soubessem do que estavam falando... Como se todos aqueles motivos fossem novidade para eles até aquele momento - e eram mesmo. E ao meu ver, a posição adotada pela Nicole (ao tornar o caso judicial) foi totalmente desproporcional ao comportamento do Charlie, que estava disposto a resolver as coisas de forma amigável.
Mas enfim, como eu disse inicialmente, tudo funciona no filme - até o roteiro. As atuações (de todo o elenco!!) e o humor (sim?) foram os pontos altos para mim. A delicadeza na tratativa de um tema pesado é outro presente do Noah Baumbach ao cinema.
Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu
3.6 617 Assista AgoraO filme que inventou o humor.
Um Dia de Chuva em Nova York
3.2 295 Assista AgoraAtuação extremamente divertida da Elle Fanning.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraNenhum outro país faz roteiros mais originais que a Coreia do Sul.
Solaris
4.2 369 Assista AgoraCampanha: gente, vamos votar no poster preto clássico do filme (que está aí no meio das opções) por motivos de: é o mais bonito e eu quero. Obrigado.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraHomenagem a quem?
Era Uma Vez em Hollywood, foi desde o princípio, vendido e divulgado como uma história que abordaria o assassinato da atriz Sharon Tate por seguidores e membros da seita hippie do serial-killer Charles Manson – um acontecimento real. Somente mais próximo da fase final de produção do filme, é que ficamos sabendo que a história ‘’principal’’ incumbida de gravitar em torno do assassinato da atriz, seria sobre a carreira de um ator fictício chamado Rick Dalton (DiCaprio), em uma homenagem do diretor Tarantino a indústria cinematográfica hollywoodiana e televisiva das década de 50 e 60, dando enfoque no chamado último ‘’verão do amor’’ de 1969. Ano em que ocorreu o assassinato da Sharon Tate e aí assim, a história estaria devidamente amarrada, mas...
Mas sim, o Tarantino consegue amarrar a história. No entanto, ele o faz com um roteiro muito defeituoso... Provavelmente seu pior. Destaco esses defeitos, em três pontos principais:
A história não é totalmente chata, mas é fraca e desinteressante. Por desinteressante, eu me refiro especificamente a história do ator Rick Dalton e a prestação de homenagem do Tarantino a Hollywood. E quanto a isso, eu até parto do princípio que esse aspecto seja muito subjetivo, ao passo que o que é interessante ou desinteressante para mim, possa não ser para o outro. Contudo, mesmo levando isso em conta, o fato é que o Tarantino escolheu trabalhar nesse filme com um roteiro clássico de ascensão e queda de uma personagem, ou vice e versa, só que não soube (ou não teve vontade) de fazer a devida evolução e construção da personagem. Não há uma queda. Não há uma ascensão. Há somente um mais ou menos de uma coisa ou outra.
Em síntese temos: introdução do filme. Entra o Al Pacino. Há uma troca de conversas entre ele e o DiCaprio, com um até aqui, ótimo nível de humor. Então o Al Pacino instiga a personagem do DiCaprio, fazendo ele chegar a constatação que sua carreira está beirando a decadência e faz a ele uma proposta de levá-lo para a Itália para gravar spaghetti western. Temos aí o start da história. Mas esqueça essa história da Itália por um bom tempo. Daí em diante, o DiCaprio não vai nem chegar a total decadência/queda – vai esquecer algumas falas nas gravações de um filme -, como também não vai ter nenhuma ascensão triunfal – vai apenas fazer uma boa gravação de cena no mesmo filme. Nisso, quando se vê, já estamos perto dos últimos 30 minutos do filme e eis que só então retorna o Al Pacino - para nos lembrar que ele estava no filme - e agora sim: resgatemos na memória a história da Itália, pois em aproximadamente 3 minutos (mais do que isso ninguém aguentaria), é mostrado todo o balanço dos trabalhos do DiCaprio lá e seu retorno financeiramente estável aos EUA. Um péssimo arco no roteiro, concluído de maneira corrida para que aí sim, depois dessa longa história de ascensão e queda - sem ascensão nem queda - o filme esteja finalmente liberado para abordar a sua verdadeira história (a que realmente interessa e a única que empolga), que era (teoricamente) o assassinato da Sharon Tate.
Porém nesse ponto, temos dois grandes problemas. O primeiro quanto a personagem em si, praticamente sem falas, limitada a basicamente andar e dar role de carro por Hollywood. E o segundo, quanto a abordagem da personagem histórica – a vida e a existência da atriz real. Isso porque, quem não conhece a história da Sharon Tate, e for assistir ao filme, vai sair do cinema, da mesma que maneira que entrou: sem a conhecer. Para estas pessoas, a existência e os atos da Sharon Tate como personagem no filme são completamente irrelevantes para o restante da história, pois não é possível enxergar as conexões existentes. O filme não dá meios ou informações suficientes para essa parte do público. E isso é essencialmente um defeito do filme e uma falha do diretor, porque prejudica o entendimento do público, quanto as mensagens que a história quer transmitir. Assim, fatidicamente, quem não a conhecer, não vai entender que a personagem da Margot Robbie, é a interpretação dos teoricamente últimos momentos de vida de uma atriz que foi realmente assassinada por seguidores do Charles Manson e principalmente não vai entender a brincadeira/plot twist final da história – quando acontece a tentativa fracassada de assassinato na casa ao lado da Sharon, e não na dela.
A terceira e derradeira falha do filme, fica por conta das homenagens(?) e o humor do filme. Pela primeira vez, o Tarantino subverte seu estilo de piadas: ao invés de atacar os opressores como fez com os nazistas em Bastardos Inglórios e com os donos de escravo, em Django Livre, em Era Uma Vez em Hollywood, ele ataca somente os oprimidos. Aqui, por ‘’oprimidos’’, entenda: figuras que foram historicamente estereotipadas na indústria americana de filmes, promovendo um verdadeiro deboche ao ator e lutador de artes marciais chinês Bruce Lee e aos filmes de faroeste italianos, conhecidos como spaghetti western e abordados no filme como porcarias. Em grau menos degradante, mas ainda assim totalmente estereotipado, sobrou até para a retratação da figura dos italianos e seu idioma enérgico(?), representados pela esposa italiana do Rick Dalton, que chega ao filme apenas para contribuir com o clima ‘’caótico’’ das cenas finais, tagarelando sem respirar seu amontoado de palavras.
No entanto, ao menos teoricamente, todas essas figuras que serviram como piada ou elementos de humor nesse filme, são sabidamente influências diretas do cinema do Tarantino... principalmente os filmes de artes marciais e os spaghetti western. Por tudo isso, penso não ser possível imaginar que o Tarantino tenha realmente desejado debochar dessas figuras. Mas ficou estranho. Para alguém marcado por fazer piadas originais e transgressoras, essas abordagens estereotipadas soaram simplórias demais para seu padrão.
Assim, restou por fim, a dúvida: Era Uma Vez em Hollywood homenageou a quem?
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraVamos ser diretos? É o mais fraco do Tarantino.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraNão costumo assistir filmes de ação, mas esse eu vim pelo hype e pela dupla Matrix do filme. No entanto, o único destaque do filme é o estilo e a boa execução das cenas de ação, já que o roteiro é um dos mais bobos e básicos que eu tenha visto. De qualquer forma, eu reitero o hype: Keanu Reeves um grande gostoso.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraOk, oficialmente esse Suspiria é meu novo paradigma para remakes. Incrível o trabalho que o Luca Guadagnino fez com o filme. É o remake mais corajoso e inovador que já assisti. Eu que particularmente achava o original irritante, me identifiquei muito mais com essa nova versão. Mas devo agora dar uma nova chance para o primeiro novamente.
Ao invés de só refilmar a mesma história, ele criou um roteiro muito mais completo e desenvolvido que praticamente abraçou/abarcou a história antiga. Foi uma maneira muito inteligente de contar uma nova história, sem deixar a antiga para trás; uma forma de tentar agradar tanto os fãs que esperavam algo novo, quanto os mais saudosistas. Também achei muito interessante, e de uma certa forma até surpreendente, notar como o filme é muito explícito e direto desde o começo quanto a intenção das bruxas e o que acontece naquela escola, onde ainda antes da metade do filme, temos cenas das professoras conversando abertamente sobre seus planos. Isso difere drasticamente do filme original, que optou por apenas desenvolver tensão na maior do filme, para só nos 20 minutos finais explicar a história. Um testamento de que o Guadagnino queria realmente nos entregar uma história nova para absorvermos, e não nos ''enrolar'' (com o método batido do original) quanto a algo que já sabíamos. No entanto, também brilhantemente, o diretor soube homenagear a versão original, utilizando de muitos ''maneirismos'' e estilos de filmagem, closes, planos, etc, empregados pelo Dario Argento na versão de 77.
A trilha sonora calma composta pelo Thom Yorke também inova e dar ar novo para os filmes de terrores, que comumente se utilizam de trilhas pesadas para auxiliar na criação do clima.
Por fim, também destaco a ambientalização do filme, que realmente parece ter sido filmado na Berlim dos anos 70.
O Guadagnino entregou mais do que apenas um remake, um filme completo e inovador. Uma aula de cinema.
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraGente, como vocês tão conseguindo querer comparar esse filme com La La Land? É totalmente desproporcional a comparação. Querendo ou não, mais especificamente que os filmes de ficção científica em geral, os filmes que retrataram o evento histórico da ida do homem a lua, acabam ficando todos restritos numa mesma ''caixinha'' na história do cinema, destinada especialmente a eles. Ou seja, faz-se (apenas ou mais) sentido compará-los com os demais filmes que ao decorrer do tempo se propuseram a contar a mesma história.
Dito isto, devo dizer que a minha expectativa para com esse filme era baixa depois de assistir o trailer, no sentido de me questionar: o que de novo o Chazelle vai e quer contar sobre o Neil Armstrong e a ida do homem a Lua?
No entanto, felizmente, o Chazelle superou minhas expetativas. E sim, ele conseguiu trazer algo de ''novo'' ao tema. O filme trouxe a adoção da abordagem do lado crítico e do sentimento de descrença de políticos e da população, que cercaram esse período da corrida especial, diferente da maioria dos outros filmes sobre o tema. Narrou uma construção concisa dos principais fracassos da agência que precederam o Projeto Apollo 11, assim como deu no enfoque - nada habitual - da falta de confiança da própria NASA para com o sucesso do projeto.
Enfim, O Primeiro Homem é um filme muito maduro, com um roteiro bem diluído, ou seja, soube mostrar um pouco de tudo o que precisava, sem se concentrar em nenhum ponto; o comportamento e capacidades pessoais do Neil; seu drama pessoal e felizmente sem uma abordagem técnica complexa sobre o tema, que foi o meu medo quando começou a contar sobre o projeto Gemini, e que cumpriu ao que se propôs: traçar um perfil, daquele que foi o primeiro homem a pisar na Lua.
A fotografia é muito bonita e as cenas no espaço são visualmente deslumbrantes - que é o mínimo que se espera nesse tipo de filme. Também achei o Ryan Gosling mais desenvolto que o habitual. Com O Primeiro Homem, o Damien Chazelle prova ser realmente muito bem capacitado. Promessa de que outros grandes filmes virão pela frente.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraEu prefiro ainda não chamá-lo de obra-prima, mas também não vou contestar quem assim o fizer. Roma é um álbum de fotografia da America Latina das décadas de 60 e 70. A primeira parte é consideravelmente monótona, mas inevitavelmente acabamos criando carinho pela personagem da Cleo, o que nos leva a continuarmos firmes, seguindo o desenrolar do filme a partir da segunda metade, quando os eventos cotidianos da vida daquelas mulheres e crianças começam a ganhar desfechos.
É também um retrato atual e estrutural da condição da mulher na sociedade e uma crítica a covardia masculina, sentenciada na frase da Sofia à Cleo: “Estamos sozinhas. Digam o que nos disserem, nós, mulheres, estamos sempre sozinhas.” Mas principalmente, Roma celebra a força e a coragem da mulher. “As coisas vão mudar. Mas estaremos juntos e será uma aventura!”
Destaco como elementos mais marcantes do filme, a cena do parto que me fez chorar; a construção do núcleo e as atuações das crianças; a elegância dos ambientes e cenários da sequência dos feriados de Natal e Ano Novo e claro, toda a viagem final do filme, a praia.
Boa Cuarón!