5 estrelas em um voto de protesto. Brüno tem a mesma estrutura e exatamente a mesma quantidade de escatologia de Borat, e mesmo assim tem 2 estrelas e meia aqui, contra 3 e meia de Borat. Isso sem contar os comentários aí embaixo.
Na verdade, pensando melhor, Brüno merece sim suas 5 estrelas. O que o Sacha faz, e muita gente não entende, é chocar ao máximo e gerar reações irracionais, cavando até achar o preconceito e outras coisas ruins que o indivíduo finge não ter. É só dar scroll na página e você vê como Brüno faz isso como ninguém. Muito melhor que Borat. Incrível como sexualidade, algo tão pessoal, incomoda mais do que questões muito mais abertas e nocivas ao coletivo.
A escolha das situações é feita com muito cuidado, atingindo um escopo bem grande de críticas sociais. Isso é o que mais gosto: as reações surgem naturalmente, num olhar ou num comentário mascarado, enquanto o filme testa o limite dos seus entrevistados.
Que venha "O Ditador". nele espero só que Sacha e Larry Charles variem um pouco a fórmula narrativa - o resto, se mantiver o nível, está ótimo.
Quando dão um personagem interessante na mão do Adam Sandler, dá pra ver o esforço do ator, tentando entregar uma atuação no mesmo nível. O problema é que, não importa o quanto ele se esforce, sempre fica aquém do ideal. Algo que impede minha conexão emocional por completo nesse filme é a dificuldade em enxergar o personagem do Adam Sandler antes de surtar. Não dá pra imaginar Charlie como um adulto responsável, dentista casado e pai de três filhas. É difícil identificar se o problema é de roteiro, direção ou atuação, mas tudo indica que, se uma das partes se esforçasse mais, o problema seria facilmente corrigido. Se Sandler desse tons mais normais ao personagem em momentos-chave, ele se tornaria mais crível. Botá-lo pra fazer cenas exageradamente dramáticas ou explosivas também não funciona. Até que aqui dá pra passar - ao contrário de Click, que me deu uma vergonha tremenda do rapaz.
O roteiro é bem conciso e competente, mas quando escorrega, a queda é bem violenta. Um pequeno problema são algumas cenas que contextualizam eventos cruciais que não parecem naturais, surgindo como se cumprissem uma checklist,
como a visita do protagonista aos pais no início do filme, e o encontro com a louca do consultório na psicóloga
. O Charlie sim é o maior problema aqui. Certas reações parecem vir de alguma outra patologia além do stress pós-traumático, o que dificulta ainda mais enxergá-lo antes do trauma como um adulto funcional e perfeitamente são.
Apesar disso, o filme me entreteve. Mesmo Charlie sendo um personagem bem desconjuntado e difícil de simpatizar (e olha que quem está falando sou eu, o louco das patologias), o personagem de Don Cheadler e sua atuação parecem ser a salvação do filme, entregando atitudes e reações ponderadas, ao mesmo tempo que se envolve e se perde nas loucuras de Charlie. Definitivamente, o filme é sobre ele.
Por fim, muito se fala do Shadow of the Colossus "as a serious plot device". Concordo, mas esperava mais. O final de SotC, por exemplo, diz muito sobre a situação do personagem, e poderia ajudá-lo em sua superação. Talvez alguma restrição no uso de imagem do jogo tenha impedido algo assim, infelizmente.
Brüno
2.6 1,2K Assista Agora5 estrelas em um voto de protesto. Brüno tem a mesma estrutura e exatamente a mesma quantidade de escatologia de Borat, e mesmo assim tem 2 estrelas e meia aqui, contra 3 e meia de Borat. Isso sem contar os comentários aí embaixo.
Na verdade, pensando melhor, Brüno merece sim suas 5 estrelas. O que o Sacha faz, e muita gente não entende, é chocar ao máximo e gerar reações irracionais, cavando até achar o preconceito e outras coisas ruins que o indivíduo finge não ter. É só dar scroll na página e você vê como Brüno faz isso como ninguém. Muito melhor que Borat. Incrível como sexualidade, algo tão pessoal, incomoda mais do que questões muito mais abertas e nocivas ao coletivo.
A escolha das situações é feita com muito cuidado, atingindo um escopo bem grande de críticas sociais. Isso é o que mais gosto: as reações surgem naturalmente, num olhar ou num comentário mascarado, enquanto o filme testa o limite dos seus entrevistados.
Que venha "O Ditador". nele espero só que Sacha e Larry Charles variem um pouco a fórmula narrativa - o resto, se mantiver o nível, está ótimo.
Reine Sobre Mim
3.8 592 Assista AgoraQuando dão um personagem interessante na mão do Adam Sandler, dá pra ver o esforço do ator, tentando entregar uma atuação no mesmo nível. O problema é que, não importa o quanto ele se esforce, sempre fica aquém do ideal. Algo que impede minha conexão emocional por completo nesse filme é a dificuldade em enxergar o personagem do Adam Sandler antes de surtar. Não dá pra imaginar Charlie como um adulto responsável, dentista casado e pai de três filhas. É difícil identificar se o problema é de roteiro, direção ou atuação, mas tudo indica que, se uma das partes se esforçasse mais, o problema seria facilmente corrigido. Se Sandler desse tons mais normais ao personagem em momentos-chave, ele se tornaria mais crível. Botá-lo pra fazer cenas exageradamente dramáticas ou explosivas também não funciona. Até que aqui dá pra passar - ao contrário de Click, que me deu uma vergonha tremenda do rapaz.
O roteiro é bem conciso e competente, mas quando escorrega, a queda é bem violenta. Um pequeno problema são algumas cenas que contextualizam eventos cruciais que não parecem naturais, surgindo como se cumprissem uma checklist,
como a visita do protagonista aos pais no início do filme, e o encontro com a louca do consultório na psicóloga
Apesar disso, o filme me entreteve. Mesmo Charlie sendo um personagem bem desconjuntado e difícil de simpatizar (e olha que quem está falando sou eu, o louco das patologias), o personagem de Don Cheadler e sua atuação parecem ser a salvação do filme, entregando atitudes e reações ponderadas, ao mesmo tempo que se envolve e se perde nas loucuras de Charlie. Definitivamente, o filme é sobre ele.
Por fim, muito se fala do Shadow of the Colossus "as a serious plot device". Concordo, mas esperava mais. O final de SotC, por exemplo, diz muito sobre a situação do personagem, e poderia ajudá-lo em sua superação. Talvez alguma restrição no uso de imagem do jogo tenha impedido algo assim, infelizmente.
Juventude em Fúria
3.8 854 Assista AgoraFilme triste da porra!