A primeira cena do documentário “Vou Rifar Meu Coração” já representa, em si, um belíssimo símbolo de toda a premissa e conteúdo narrativo do longa, imergindo e conquistando a audiência de imediato. A câmera captura a paisagem do semi-árido, enquanto segue num travelling em alguma estradinha perdida no interior do nordeste brasileiro, enquanto ouvimos “Eu também sou sentimental” com Nelson Ned no vocal. A diretora Ana Rieper propõe exatamente uma viagem exploratória ao coração e imaginário romântico afetivo de nosso povo, em especial nos nordestinos de classes menos abastadas, uma vez que utiliza como dínamo diegético e principal objeto de estudo a análise do cancioneiro romântico popular, ou a “música brega”, como é mais conhecida (“Vou rifar meu coração” é uma famosa canção de Lindomar Castilho), e segundo os depoimentos contidos no próprio longa, é nessa fatia populacional que o gênero encontra seu principal público.
Katheryn Elizabeth Hudson ou Katy Perry, como é mundialmente conhecida, é inegavelmente um dos maiores fenômenos do cenário pop global. Após, aos 26 anos, vender quase seis milhões de cópias de seu segundo álbum “Teenage Dream”, mundialmente, e de emplacar cinco singles do mesmo na primeira posição da Billboard, igualando o feito antes conseguido apenas por Michael Jackson, a californiana não deixava dúvidas quanto a sua incrível rentabilidade econômica no mercado musical, para o qual representa hoje um produto com gigantesco poder de venda. Dito isto, não foi exatamente surpreendente o anúncio do documentário “Katy Perry: Part of Me 3-D”, acompanhando as apresentações e os bastidores da turnê “California Dreams”, a maior da carreira da cantora, iniciada em 2011, como forma de arrastar seus milhões de fãs para as salas de cinema, de olhos nos números potencialmente astronômicos das bilheterias, de forma semelhante ao que o diretor Jon Chu fizera com outro astro do pop no filme "Justin Bieber: Never Say Never"
Geração Beat é como ficou conhecido um movimento literário nos Estados Unidos, em meados da década de 1950, de jovens escritores e poetas insatisfeitos com a extrema formalidade do então vigente molde literário norte americano do pós-guerra representado pela figura máxima de Ernest Hemingway. Com estilo de vida nômade ou habitando pequenas comunidades fundadas pelos próprios artistas, onde celebravam o sexo livre, o jazz e o bebop, o álcool e as drogas...
Trazendo na bagagem seu louvável currículo internacional, tendo sido selecionado para a Gionarte Degli Autori, umas das principais sessões do Festival de Veneza, voltado ao cinema indie, e para o Festival de Toronto, recebendo ainda menção especial em San Sebastian, o impressionante primeiro longa de ficção da jovem cineasta Júlia Murat (filha de Lúcia Murat) é uma co-produção Brasil e França (recebeu apoio do Funds Sud) que chega às nossas telas neste final de semana, meses após sua estreias em países como os Estados Unidos, Holanda e Polônia. Foi o único filme brasileiro vendido para os mercados canadense e norte-americano, no mesmo festival de Toronto onde fora exibido. Seu belo desempenho internacional interessou países como Bélgica e Luxemburgo, além da própria França, claro, onde deve dar as caras nas salas de cinema ainda em Julho. Acumulando 27 prêmios nos mais de 40 festivais por onde passou, é o filme brasileiro com maior número de premiações internacionais dos últimos 10 anos e grande orgulho para nossa cinematografia.
A proposta do filme prima pela simplicidade, ainda que transborde criatividade ao explorar um encontro ousado entre duas poderosas formas de arte, a pintura e o cinema, ao imaginar o momento da criação da tela “O Caminho Do Calvário” de Pieter Bruguel, um dos mais expressivos pintores flamengos de século XVI, grande artista renascentista, mui oportunamente escolhido por Majewski como protagonista de sua película por ser assaz associado à criação de algumas das imagens pioneiras do protesto social na história da pintura, e da própria arte, em trabalhos que criticaram a reforma protestante. Vivido pelo ator Rutger Hauer (“Blade Runner”, “O Feitiço de Áquila”), natural de Bruxelas nos Países Baixos, num emocionante e arrebatador trabalho de composição e caracterização do personagem. O relacionamento de Bruguel com o mecenas Nicolaes Jonghelinck (Michael York), banqueiro que pretensamente financiou a execução da tela, durante o momento da criação da mesma, será o ponto de partida para as análises e críticas propostas pelo diretor, que se utiliza ainda de arquétipos do cristianismo, tão caros ao período renascentista, de produção artística e cultural de valores incalculáveis, e de um riquíssimo conteúdo simbólico de imagens exploradas com genialidade.
Gregg Araki é um diretor e roteirista de cinema de Los Angeles, bastante popular por ser habituée de festivais dentro de seu país e ao redor do mundo, somado ao fato de ter sido um dos primeiro cineastas indies de sua geração a ter “saído do armário”. Com apenas cinquenta e dois anos de idade e dez longas metragens na bagagem, sua filmografia inclui produções de baixíssimo custo e temática gay, com tons extremamente caricaturais e debochados e visuais hiper-estilizados e premeditadamente amadores com um pé no trash, “tirando sarro” de suas visíveis carências orçamentais, mas quase sempre exigindo de sua audiência um enorme compromisso com sua histriônica imaginação fértil e um belo desconto aos seus delírios pop e megalomaníacos saborosamente doentios. O fato é que não é de hoje que Araki diverte e conquista fãs insanos (no bom sentido) que o aprovam por onde este passe, principalmente egressos das mostras mix e GLBT dos grandes festivais onde Gregg tornou-se famoso, ou aqueles voltados especialmente para produções do subgênero. A grande questão era se o cinema do diretor sensibilizava de forma semelhante o grande público. Menos uma dúvida do que a certeza da negativa, posto que não é incomum vermos o norte-americano ser assaz qualificado por críticos em geral como um cineasta de gosto extremamente duvidoso.
Os contos de fadas voltaram a ser sinônimo de rentabilidade para os estúdios cinematográficos norte-americanos. Novamente alçados ao “hype” midiático, príncipes, princesas, bruxas e todos os demais personagens dos contos infantis são praticamente sinônimo de lucro para os produtores. Mesmo na televisão, séries como “Once Upon A Time” da rede ABC e “Grimm” da NBC propõem humanizar heróis e vilões submetendo-os a nossa realidade, bem menos prosaica que aquela enfrentada pelos mesmos nos filmes dos estúdios Disney. Nas telonas Tim Burton adaptou “Alice nos País das Maravilhas” e Tarsem Singh, com seu terrível “Espelho, Espelho Meu”, apresentou uma versão (pouco) mais madura e cômica que a imortal obra-prima “Branca de Neve e os Sete Anões” de 1937. Neste cenário onde sem muito esforço já conseguimos sentir o cheiro da massificação peculiar de Hollywood, o filme “Branca de Neve e o Caçador”, a grande estreia da semana em circuito, tinha tudo para passar bem longe da originalidade. Só não o faz graças ao seu diretor Rupert Sanders.
Apesar de pouco conhecido pelo público que em geral que costuma a frequentar nossas salas de cinema, o diretor Marcos Prado tem um currículo louvável. Produtor de sucessos como “Ônibus 174” e as duas franquias de “Tropa de Elite”, mesmo em seu primeiro trabalho na direção, apenas anterior a seu novo longa que estreia esse final de semana em circuito, o documentário “Estamira”, Prado acumulou calorosos elogios da crítica mundial e de consumidores do chamado cinema de arte. Para seu primeiro trabalho ficcional, “Paraísos Artificiais”, o diretor aposta na história dos sucessos e insucessos das relações entre jovens amantes de música eletrônica, drogas alucinógenas e raves. Amor, família e amigos, incluídos em sua abordagem. A reimaginação da própria juventude, enquanto fatia da sociedade, graças ao impacto, benéfico ou não, do consumo de substâncias ilícitas era anunciado como o pretenso maior tema de recorte narrativo. A caprichada produção da Zazem, produtora de José Padilha, de “Tropa de Elite”, e seu orçamento de 10,5 milhões de reais, considerado alto para padrões nacionais, criaram enorme expectativa em grande parcela da audiência do cinema nacional e promessas de aquecer um mercado que vem amargurando sucessivas decepções este ano, como as fracas bilheterias de “Heleno” e “Xingu”.
O desejo de debruçar-se cinematograficamente sobre uma biografia tão potencialmente rica uniu o diretor José Henrique Fonseca, também produtor do filme, e o astro Rodrigo Santoro, amigo pessoal do cineasta, que dividiu as funções de produzir e protagonizar o longa, encantado com a história do polêmico jogador alvinegro e ainda com a chance de resgatá-la para muitas gerações, como a dele própria, para as quais Heleno de Freitas é um perfeito estranho, uma vez que poucas fotografias e raríssimos lances filmados do verdadeiro Heleno de Freitas sobreviveram desde a década de 40, onde a imprensa escrita, o cinema e as rádios eram as principais fontes do jornalismo desportivo (Heleno, inclusive, foi o primeiro jogador de futebol a ser entrevistado como uma celebridade, por uma emissora de rádio).
Radu Mihaileanu é um dos mais talentosos e promissores cineastas do "Islã das Luzes" - assim definido pelo próprio, em seu brilhante último longa. Impossível chegar ao final de um de seus filmes sem ansiarmos sorridentes pelo próximo. Belíssimo!
Uma dessas coisas estranhas que acontecem o tempo todo e chamamos de coincidência – voltando para casa após assistir o documentário sobre a vida de Raul Seixas deparei-me com uma reportagem numa revista que abordava o curioso (e mórbido) turismo de cemitérios da Bahia. Uma fotografia de uma lápide de cimento simples onde lia-se apenas: Raul Santos Seixas 28-06-1945 21-08-1989 me indignou. Como aquele genial e carismático artista cuja biografia tinha-me sido mostrada pelo belo filme que acabara de me encantar não tinha alguma frase de protesto no epitáfio ou única estátua de um anjo para velar-lhe o sono eterno? Seguindo na reportagem conformei-me com o fato do estilo americano do cemitério primar pela ausência de grandes túmulos. Interessante mesmo foi o sentimento que o filme havia me despertado e que dificilmente algum espectador sairá incólume: Raul era um gênio.
A família Ogino está de mudanças. Akio, Yuko e sua filha Chihiro viajam de carro para seu novo lar e podemos admirar o contraste entre a empolgação do casal e a tristeza da menina de 10 anos, insatisfeita por abandonar sua escola e amigos, viajando abraçada a um buquê de flores, derradeira lembrança de sua agora antiga cidade. No caminho, Akio resolve pegar um atalho e termina por encontrar um pitoresco túnel abandonado, resolvendo explorá-lo com sua esposa e filha. Do outro lado do túnel a família encontra o que parece ser um velho parque temático abandonado e deserto, segundo Akio, muito comuns no Japão de outrora, abandonados em sua maior parte na época da grande crise que sobre os nipônicos abateu-se (uma crítica de Miyazaki ao capitalismo e as transformações que impôs ao cenário do entretenimento oriental). No passeio de reconhecimento do parque, o casal encontra um imenso banquete numa barraca e, famintos, começam a devorá-lo. Chihiro é a única que parece manter a cautela desde que deixaram o veículo, relutando em atravessar o túnel e recusando em servir-se no banquete.
A França foi o berço da sétima arte. A cidade de Lyon, especificamente, onde os Lumière patentearam o cinematógrafo. Contudo, as obras produzidas e dirigidas pelo norte-americano David Griffith forjaram um modelo de relação entre imagens tão sólido, que o cinema fortificou suas raízes e floresceu na América. Por isso, a homenagem do diretor francês Michel Hazanavicius à Hollywood de priscas eras tinha tudo para realmente causar burburinhos e chamar atenção. A ousadia de fazê-la com um filme prenhe de simplicidade como “O Artista”, mudo, em preto e branco e utilizando a janela clássica de proporção da tela (1,33:1) deu à homenagem tons cintilantes de genialidade.
“Pom Poko” é o oitavo longa-metragem escrito e dirigido por Isao, animado pelos estúdios Ghibli a partir de um conceito de Miyazaki, que é também um dos produtores (junto a outros habituais produtores de Ghibli) e co-autor de seu roteiro. Trata-se de uma encantadora fábula bucólica e ecológica com fortíssimas referências ao folclore nipônico, o que muitas vezes é referido como principal limitador de uma interpretação mais complexa da obra por audiências ocidentais, pouco afeitas aos seus detalhes. Importante ressaltar que "Pom Poko" é considerado de grande valor diferencial dentro da filmografia do estúdio japonês, mormente por sua narrativa, mais dinâmica que as das outras obras de Ghibli. Ainda que guarde certa semelhança com “Nausicaä do Vale do Vento” e “Princesa Monoke”, em relação a seu enredo: natureza versus seres humanos, “Pom Poko” trabalha de forma muitíssimo original com protagonistas cômicos, antropomorfizados – Na verdade bandos de tanukis, uma espécie de canídeo, típica do Japão (os racoon dogs, ou talvez, em português algo aproximado a um guaxinim).
Certas premissas precisam ser respeitadas para que um filme tenha dignidade. Em um thriller de ação há de primar-se em manter a credibilidade da trama, por mais rocambolesca que ela possa parecer. Mesmo nos momentos onde a verossimilhança parece ter sido chutada para escanteio, há de fazer-se com certo estilo, com certo charme. De tudo isso carece o filme do diretor, estreante em ficção, Asger Leth.
“Ascensor Para O Cadafalso” é de importância ímpar na história do cinema francês. Além de, como dissemos, representar o primeiro longa-metragem ficcional de Louis Malle, cujos trabalhos posteriores incluiriam filmes importantes como “Um Sopro No Coração”, “Atlantic City” e “Adeus, Meninos”; representa também, o filme que alçaria ao estrelato a atriz francesa Jeanne Moreau, grande dama e uma das maiores estrelas do cinema europeu. Jeanne seguiria uma carreira brilhante posteriormente, vindo a trabalhar com grande parte dos maiores cineastas contemporâneos, tais quais: François Truffaut, Roger Vadim, Orson Welles e Michelangelo Antonioni.
O filme iraniano do diretor Asghar Farhadi é realmente um petardo. Tem conquistado premiações ao longo do ano passado e do corrente, e na bagagem já traz o Urso de Ouro em Berlim 2011, dois de prata pelo conjunto das interpretações masculina e feminina e o Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira, com grandes chances de abocanhar também o Oscar na mesma categoria. O sucesso da obra contrasta com o sombrio momento pelo qual atravessa o prolífico cinema do Irã, cujo governo ditatorial tem sido conhecido por sua rigidez com cineastas locais, condenando e prendendo diretores como Jafar Panahi (“O Balão Branco”) e Mojtaba Mirtahmasb (“Isto Não É Um Filme”). Por mais indigesto que isso possa parecer, o contexto político e principalmente social do país é um dos grandes trunfos que fazem com que essa obra venha conquistando platéias ao redor de todo o mundo.
"As sete notas musicais dizem tudo!" afirma em dado momento, uma das entrevistadas de Coutinho para o longa "As Canções". Sem intenção, acaba por sintetizar a própria experiência catártica que o documentário traz às telas. Cinema-verdade de primeira grandeza, regido por um de seus maiores realizadores. A pretensa monotonia que a repetição do formato da apreensão dos depoimentos, já explorado pelo diretor em "Jogo de Cena", é superlativamente mascarado pela simplicidade, o desprendimento e a sinceridade de abençoados representantes do povo brasileiro. "As canções" faz sorrir, faz chorar. Jamais a indiferença! É emoção em seu mais belo e bruto estado, lapidado pelas divinas mãos de Coutinho!
Vou Rifar Meu Coração
4.1 214A primeira cena do documentário “Vou Rifar Meu Coração” já representa, em si, um belíssimo símbolo de toda a premissa e conteúdo narrativo do longa, imergindo e conquistando a audiência de imediato. A câmera captura a paisagem do semi-árido, enquanto segue num travelling em alguma estradinha perdida no interior do nordeste brasileiro, enquanto ouvimos “Eu também sou sentimental” com Nelson Ned no vocal. A diretora Ana Rieper propõe exatamente uma viagem exploratória ao coração e imaginário romântico afetivo de nosso povo, em especial nos nordestinos de classes menos abastadas, uma vez que utiliza como dínamo diegético e principal objeto de estudo a análise do cancioneiro romântico popular, ou a “música brega”, como é mais conhecida (“Vou rifar meu coração” é uma famosa canção de Lindomar Castilho), e segundo os depoimentos contidos no próprio longa, é nessa fatia populacional que o gênero encontra seu principal público.
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Katy Perry - Part of Me
3.8 568 Assista AgoraKatheryn Elizabeth Hudson ou Katy Perry, como é mundialmente conhecida, é inegavelmente um dos maiores fenômenos do cenário pop global. Após, aos 26 anos, vender quase seis milhões de cópias de seu segundo álbum “Teenage Dream”, mundialmente, e de emplacar cinco singles do mesmo na primeira posição da Billboard, igualando o feito antes conseguido apenas por Michael Jackson, a californiana não deixava dúvidas quanto a sua incrível rentabilidade econômica no mercado musical, para o qual representa hoje um produto com gigantesco poder de venda. Dito isto, não foi exatamente surpreendente o anúncio do documentário “Katy Perry: Part of Me 3-D”, acompanhando as apresentações e os bastidores da turnê “California Dreams”, a maior da carreira da cantora, iniciada em 2011, como forma de arrastar seus milhões de fãs para as salas de cinema, de olhos nos números potencialmente astronômicos das bilheterias, de forma semelhante ao que o diretor Jon Chu fizera com outro astro do pop no filme "Justin Bieber: Never Say Never"
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Vou Rifar Meu Coração
4.1 214Flawless Victory!!!
Na Estrada
3.3 1,9KGeração Beat é como ficou conhecido um movimento literário nos Estados Unidos, em meados da década de 1950, de jovens escritores e poetas insatisfeitos com a extrema formalidade do então vigente molde literário norte americano do pós-guerra representado pela figura máxima de Ernest Hemingway. Com estilo de vida nômade ou habitando pequenas comunidades fundadas pelos próprios artistas, onde celebravam o sexo livre, o jazz e o bebop, o álcool e as drogas...
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Histórias Que Só Existem Quando Lembradas
4.1 283 Assista AgoraTrazendo na bagagem seu louvável currículo internacional, tendo sido selecionado para a Gionarte Degli Autori, umas das principais sessões do Festival de Veneza, voltado ao cinema indie, e para o Festival de Toronto, recebendo ainda menção especial em San Sebastian, o impressionante primeiro longa de ficção da jovem cineasta Júlia Murat (filha de Lúcia Murat) é uma co-produção Brasil e França (recebeu apoio do Funds Sud) que chega às nossas telas neste final de semana, meses após sua estreias em países como os Estados Unidos, Holanda e Polônia. Foi o único filme brasileiro vendido para os mercados canadense e norte-americano, no mesmo festival de Toronto onde fora exibido. Seu belo desempenho internacional interessou países como Bélgica e Luxemburgo, além da própria França, claro, onde deve dar as caras nas salas de cinema ainda em Julho. Acumulando 27 prêmios nos mais de 40 festivais por onde passou, é o filme brasileiro com maior número de premiações internacionais dos últimos 10 anos e grande orgulho para nossa cinematografia.
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O Moinho e a Cruz
4.0 37A proposta do filme prima pela simplicidade, ainda que transborde criatividade ao explorar um encontro ousado entre duas poderosas formas de arte, a pintura e o cinema, ao imaginar o momento da criação da tela “O Caminho Do Calvário” de Pieter Bruguel, um dos mais expressivos pintores flamengos de século XVI, grande artista renascentista, mui oportunamente escolhido por Majewski como protagonista de sua película por ser assaz associado à criação de algumas das imagens pioneiras do protesto social na história da pintura, e da própria arte, em trabalhos que criticaram a reforma protestante. Vivido pelo ator Rutger Hauer (“Blade Runner”, “O Feitiço de Áquila”), natural de Bruxelas nos Países Baixos, num emocionante e arrebatador trabalho de composição e caracterização do personagem. O relacionamento de Bruguel com o mecenas Nicolaes Jonghelinck (Michael York), banqueiro que pretensamente financiou a execução da tela, durante o momento da criação da mesma, será o ponto de partida para as análises e críticas propostas pelo diretor, que se utiliza ainda de arquétipos do cristianismo, tão caros ao período renascentista, de produção artística e cultural de valores incalculáveis, e de um riquíssimo conteúdo simbólico de imagens exploradas com genialidade.
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Kaboom
2.8 386Gregg Araki é um diretor e roteirista de cinema de Los Angeles, bastante popular por ser habituée de festivais dentro de seu país e ao redor do mundo, somado ao fato de ter sido um dos primeiro cineastas indies de sua geração a ter “saído do armário”. Com apenas cinquenta e dois anos de idade e dez longas metragens na bagagem, sua filmografia inclui produções de baixíssimo custo e temática gay, com tons extremamente caricaturais e debochados e visuais hiper-estilizados e premeditadamente amadores com um pé no trash, “tirando sarro” de suas visíveis carências orçamentais, mas quase sempre exigindo de sua audiência um enorme compromisso com sua histriônica imaginação fértil e um belo desconto aos seus delírios pop e megalomaníacos saborosamente doentios. O fato é que não é de hoje que Araki diverte e conquista fãs insanos (no bom sentido) que o aprovam por onde este passe, principalmente egressos das mostras mix e GLBT dos grandes festivais onde Gregg tornou-se famoso, ou aqueles voltados especialmente para produções do subgênero. A grande questão era se o cinema do diretor sensibilizava de forma semelhante o grande público. Menos uma dúvida do que a certeza da negativa, posto que não é incomum vermos o norte-americano ser assaz qualificado por críticos em geral como um cineasta de gosto extremamente duvidoso.
Crítica Completa em:
Branca de Neve e o Caçador
3.0 4,3K Assista AgoraOs contos de fadas voltaram a ser sinônimo de rentabilidade para os estúdios cinematográficos norte-americanos. Novamente alçados ao “hype” midiático, príncipes, princesas, bruxas e todos os demais personagens dos contos infantis são praticamente sinônimo de lucro para os produtores. Mesmo na televisão, séries como “Once Upon A Time” da rede ABC e “Grimm” da NBC propõem humanizar heróis e vilões submetendo-os a nossa realidade, bem menos prosaica que aquela enfrentada pelos mesmos nos filmes dos estúdios Disney. Nas telonas Tim Burton adaptou “Alice nos País das Maravilhas” e Tarsem Singh, com seu terrível “Espelho, Espelho Meu”, apresentou uma versão (pouco) mais madura e cômica que a imortal obra-prima “Branca de Neve e os Sete Anões” de 1937. Neste cenário onde sem muito esforço já conseguimos sentir o cheiro da massificação peculiar de Hollywood, o filme “Branca de Neve e o Caçador”, a grande estreia da semana em circuito, tinha tudo para passar bem longe da originalidade. Só não o faz graças ao seu diretor Rupert Sanders.
Crítica completa em:
Um Homem de Sorte
3.4 1,2K Assista AgoraRun to the hills! a.k.a. "Porra, Zac!"
Paraísos Artificiais
3.2 1,8K Assista AgoraApesar de pouco conhecido pelo público que em geral que costuma a frequentar nossas salas de cinema, o diretor Marcos Prado tem um currículo louvável. Produtor de sucessos como “Ônibus 174” e as duas franquias de “Tropa de Elite”, mesmo em seu primeiro trabalho na direção, apenas anterior a seu novo longa que estreia esse final de semana em circuito, o documentário “Estamira”, Prado acumulou calorosos elogios da crítica mundial e de consumidores do chamado cinema de arte. Para seu primeiro trabalho ficcional, “Paraísos Artificiais”, o diretor aposta na história dos sucessos e insucessos das relações entre jovens amantes de música eletrônica, drogas alucinógenas e raves. Amor, família e amigos, incluídos em sua abordagem. A reimaginação da própria juventude, enquanto fatia da sociedade, graças ao impacto, benéfico ou não, do consumo de substâncias ilícitas era anunciado como o pretenso maior tema de recorte narrativo. A caprichada produção da Zazem, produtora de José Padilha, de “Tropa de Elite”, e seu orçamento de 10,5 milhões de reais, considerado alto para padrões nacionais, criaram enorme expectativa em grande parcela da audiência do cinema nacional e promessas de aquecer um mercado que vem amargurando sucessivas decepções este ano, como as fracas bilheterias de “Heleno” e “Xingu”.
Crítica Completa em:
Uma Rua Chamada Pecado
4.3 454 Assista Agora"_Capricorn!!! The goat!"
Heleno
3.6 431 Assista AgoraResenha e Entrevista com o elenco:
O desejo de debruçar-se cinematograficamente sobre uma biografia tão potencialmente rica uniu o diretor José Henrique Fonseca, também produtor do filme, e o astro Rodrigo Santoro, amigo pessoal do cineasta, que dividiu as funções de produzir e protagonizar o longa, encantado com a história do polêmico jogador alvinegro e ainda com a chance de resgatá-la para muitas gerações, como a dele própria, para as quais Heleno de Freitas é um perfeito estranho, uma vez que poucas fotografias e raríssimos lances filmados do verdadeiro Heleno de Freitas sobreviveram desde a década de 40, onde a imprensa escrita, o cinema e as rádios eram as principais fontes do jornalismo desportivo (Heleno, inclusive, foi o primeiro jogador de futebol a ser entrevistado como uma celebridade, por uma emissora de rádio).
Matéria Completa em:
A Fonte das Mulheres
4.2 128Radu Mihaileanu é um dos mais talentosos e promissores cineastas do "Islã das Luzes" - assim definido pelo próprio, em seu brilhante último longa. Impossível chegar ao final de um de seus filmes sem ansiarmos sorridentes pelo próximo. Belíssimo!
Delicada Atração
4.0 374 Assista AgoraO final com "Dream a little dream" é incrível!
Raul - O Início, o Fim e o Meio
4.1 707Uma dessas coisas estranhas que acontecem o tempo todo e chamamos de coincidência – voltando para casa após assistir o documentário sobre a vida de Raul Seixas deparei-me com uma reportagem numa revista que abordava o curioso (e mórbido) turismo de cemitérios da Bahia. Uma fotografia de uma lápide de cimento simples onde lia-se apenas: Raul Santos Seixas 28-06-1945 21-08-1989 me indignou. Como aquele genial e carismático artista cuja biografia tinha-me sido mostrada pelo belo filme que acabara de me encantar não tinha alguma frase de protesto no epitáfio ou única estátua de um anjo para velar-lhe o sono eterno? Seguindo na reportagem conformei-me com o fato do estilo americano do cemitério primar pela ausência de grandes túmulos. Interessante mesmo foi o sentimento que o filme havia me despertado e que dificilmente algum espectador sairá incólume: Raul era um gênio.
Crítica Completa Em:
A Viagem de Chihiro
4.5 2,3K Assista AgoraA família Ogino está de mudanças. Akio, Yuko e sua filha Chihiro viajam de carro para seu novo lar e podemos admirar o contraste entre a empolgação do casal e a tristeza da menina de 10 anos, insatisfeita por abandonar sua escola e amigos, viajando abraçada a um buquê de flores, derradeira lembrança de sua agora antiga cidade. No caminho, Akio resolve pegar um atalho e termina por encontrar um pitoresco túnel abandonado, resolvendo explorá-lo com sua esposa e filha. Do outro lado do túnel a família encontra o que parece ser um velho parque temático abandonado e deserto, segundo Akio, muito comuns no Japão de outrora, abandonados em sua maior parte na época da grande crise que sobre os nipônicos abateu-se (uma crítica de Miyazaki ao capitalismo e as transformações que impôs ao cenário do entretenimento oriental). No passeio de reconhecimento do parque, o casal encontra um imenso banquete numa barraca e, famintos, começam a devorá-lo. Chihiro é a única que parece manter a cautela desde que deixaram o veículo, relutando em atravessar o túnel e recusando em servir-se no banquete.
Crítica Completa Em:
J. Edgar
3.5 646 Assista AgoraAdorei ver o Ed Westwick em participação especial!
O Artista
4.2 2,1K Assista AgoraA França foi o berço da sétima arte. A cidade de Lyon, especificamente, onde os Lumière patentearam o cinematógrafo. Contudo, as obras produzidas e dirigidas pelo norte-americano David Griffith forjaram um modelo de relação entre imagens tão sólido, que o cinema fortificou suas raízes e floresceu na América. Por isso, a homenagem do diretor francês Michel Hazanavicius à Hollywood de priscas eras tinha tudo para realmente causar burburinhos e chamar atenção. A ousadia de fazê-la com um filme prenhe de simplicidade como “O Artista”, mudo, em preto e branco e utilizando a janela clássica de proporção da tela (1,33:1) deu à homenagem tons cintilantes de genialidade.
Crítica completa em:
PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins
4.0 154 Assista Agora“Pom Poko” é o oitavo longa-metragem escrito e dirigido por Isao, animado pelos estúdios Ghibli a partir de um conceito de Miyazaki, que é também um dos produtores (junto a outros habituais produtores de Ghibli) e co-autor de seu roteiro. Trata-se de uma encantadora fábula bucólica e ecológica com fortíssimas referências ao folclore nipônico, o que muitas vezes é referido como principal limitador de uma interpretação mais complexa da obra por audiências ocidentais, pouco afeitas aos seus detalhes. Importante ressaltar que "Pom Poko" é considerado de grande valor diferencial dentro da filmografia do estúdio japonês, mormente por sua narrativa, mais dinâmica que as das outras obras de Ghibli. Ainda que guarde certa semelhança com “Nausicaä do Vale do Vento” e “Princesa Monoke”, em relação a seu enredo: natureza versus seres humanos, “Pom Poko” trabalha de forma muitíssimo original com protagonistas cômicos, antropomorfizados – Na verdade bandos de tanukis, uma espécie de canídeo, típica do Japão (os racoon dogs, ou talvez, em português algo aproximado a um guaxinim).
Crítica Completa em:
À Beira do Abismo
3.5 915 Assista AgoraCertas premissas precisam ser respeitadas para que um filme tenha dignidade. Em um thriller de ação há de primar-se em manter a credibilidade da trama, por mais rocambolesca que ela possa parecer. Mesmo nos momentos onde a verossimilhança parece ter sido chutada para escanteio, há de fazer-se com certo estilo, com certo charme. De tudo isso carece o filme do diretor, estreante em ficção, Asger Leth.
Crítica completa em:
Ascensor Para o Cadafalso
4.1 97 Assista Agora“Ascensor Para O Cadafalso” é de importância ímpar na história do cinema francês. Além de, como dissemos, representar o primeiro longa-metragem ficcional de Louis Malle, cujos trabalhos posteriores incluiriam filmes importantes como “Um Sopro No Coração”, “Atlantic City” e “Adeus, Meninos”; representa também, o filme que alçaria ao estrelato a atriz francesa Jeanne Moreau, grande dama e uma das maiores estrelas do cinema europeu. Jeanne seguiria uma carreira brilhante posteriormente, vindo a trabalhar com grande parte dos maiores cineastas contemporâneos, tais quais: François Truffaut, Roger Vadim, Orson Welles e Michelangelo Antonioni.
Leia Crítica Completa Em:
A Maldição de Samantha
3.0 173Bee-bee
A Separação
4.2 726 Assista AgoraO filme iraniano do diretor Asghar Farhadi é realmente um petardo. Tem conquistado premiações ao longo do ano passado e do corrente, e na bagagem já traz o Urso de Ouro em Berlim 2011, dois de prata pelo conjunto das interpretações masculina e feminina e o Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira, com grandes chances de abocanhar também o Oscar na mesma categoria. O sucesso da obra contrasta com o sombrio momento pelo qual atravessa o prolífico cinema do Irã, cujo governo ditatorial tem sido conhecido por sua rigidez com cineastas locais, condenando e prendendo diretores como Jafar Panahi (“O Balão Branco”) e Mojtaba Mirtahmasb (“Isto Não É Um Filme”). Por mais indigesto que isso possa parecer, o contexto político e principalmente social do país é um dos grandes trunfos que fazem com que essa obra venha conquistando platéias ao redor de todo o mundo.
Leia crítica completa em:
As Canções
4.2 162"As sete notas musicais dizem tudo!" afirma em dado momento, uma das entrevistadas de Coutinho para o longa "As Canções". Sem intenção, acaba por sintetizar a própria experiência catártica que o documentário traz às telas. Cinema-verdade de primeira grandeza, regido por um de seus maiores realizadores. A pretensa monotonia que a repetição do formato da apreensão dos depoimentos, já explorado pelo diretor em "Jogo de Cena", é superlativamente mascarado pela simplicidade, o desprendimento e a sinceridade de abençoados representantes do povo brasileiro. "As canções" faz sorrir, faz chorar. Jamais a indiferença! É emoção em seu mais belo e bruto estado, lapidado pelas divinas mãos de Coutinho!