É um filme bizarríssimo que se vende muito bem por causa dos atores, que são maravilhosos. Isso é indiscutível. O filme mistura realismo com surrealismo em uma pegada futurista na época vitoriana. Entendendo que o cerne do filme é contar a história de uma criança no corpo de uma mulher, descobrindo como ser uma mulher na sociedade e lidando com regras e a moral de uma sociedade marcada por rigidez, proibições e polidez, como exalta o filme, pois novamente, o filme se passa numa época vitoriana em que não existiria uma pessoa como a Bella. Não só por ser uma criatura criada por um cirurgião obcecado pela ciência, mas por ser uma criança que não conhece os limites sociais e até pessoais.
Para Bella tudo é novo, tudo é bom, tudo é experimento nesse filme. Até a violência sexual pra ela é “violento, mas não desconfortável”. Onde que a violência é algo confortável para uma mulher? Feminismo não é só liberdade sexual de se trepar quando quer com quem quiser. A Bella descobrindo a pobreza, em uma época marcada pela desigualdade social e material é clichê. A narrativa em si tentando se fazer de crítica social é batida, convenhamos.
Tirando toda a parte surrealista e futurista, colocaram a Bella num personagem caricato de uma mulher feminista cômica, que trepa o tempo todo porque descobriu o poder do clítoris e do prazer, daí as cenas de sexo são exaustivas, quase como um Azul é a cor mais quente. Aliás, que mensagem que ele quis passar sobre mulheres? Ser puta é a única forma de descobrir o prazer feminino?
O filme ainda retrata no personagem do Mark um típico homem que não se apaixona por ninguém e come todo mundo, mas quando encontra uma mulher que age da mesma forma que ele, se apaixona por ela. Ele se apaixona por ele mesmo. Clichezão. Acontece muito, né?
A liberdade é e sempre será algo apaixonante porque poucas pessoas tem a coragem de serem livres. Quem se apaixona pela Bella é porque admira sua liberdade. Mas novamente, Bella é uma criança no corpo de uma mulher. Ela está descobrindo o mundo e sim, isso de fato é bonito. Não há medo. Somente curiosidade. Mas é uma criança fazendo tudo aquilo porque o corpo dela permite essas experiências.
O filme foi uma decepção pra mim. Demorei a engajar nesses 140 minutos. As expectativas foram altas pelas críticas e pela indicação ao Oscar. Mas a história de uma pessoa no corpo da outra me lembrou a série “Altered Carbon”. Bem nessa pegada. A diferença é que essa série se passa num cenário futurista integralmente. Diferentemente do filme Pobres Criaturas que mistura as épocas.
Por fim, é um filme que tem uma visão de um homem sobre o que é ser mulher com muitas cenas de sexo explícito feitas por uma atriz conceituada pra dar engajamento. Além de colocaram uns atores maravilhosos para dar vida à história bizarra em um cgi com uma arte bonita e instigante de tão surreal e pronto. Receita perfeita pro Oscar.
Sinto que meu Cinemark Club foi muito bem pago, só pela oportunidade de poder ver esse filme. O filme retrata sobre muitas questões como: amor, tristeza, saudade, amizade, depressão, ideação suicida, demissão do trabalho pela idade, falta de perspectiva, realização de sonhos, perdas… e por aí vai. É um filme que vai te fazer rir do início ao fim e chorar bastante no meio. É interessante ser uma comédia porque tem muito drama, mas sempre que acontece uma cena muito dramática, ela é quebrada por alguma cena mais cômica. Podem falar que o filme é previsível, mas é muito gostoso de assistir. Você sai do cinema com uma sensação de que precisa rever algumas coisas na sua vida, inclusive sobre o que realmente é importante. A sala de cinema estava lotada! E olha que eu nem fui na estreia. Vale muito a pena assistir. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que diz que não se emociona com nada. Vá ao cinema rir e chorar um pouquinho! Faz bem.
Aquele tipo de filme que podia ser perfeitamente uma série. Tem representatividade negra e LGBT. Atípico para filmes de ação como esse e que tem como protagonista uma mulher. Mal posso esperar pela continuidade.
Bora de resenha que eu quero falar desse filme! Eu tô só aquele meme: "Me solta que eu quero falar do filme do Poço!" Quando eu vi que era espanhol, já fui preparando meu psicológico. Incrível como filme espanhol tem uma narrativa muito psicológica, né? Eles brincam com as emoções. Eu imagino o roteiro deles bem assim: "Nessa primeira parte eu vou dar um pouco de medo, nessa segunda um pouco de angústia, lá na terceira eu vou tocar o terror." Os diálogos são torturantes demais. Quando chegou na hora do Trimagasi relevar a realidade do poço 171... Meu deus! É desesperador sentir a impotência quando te colocam numa condição que você não pode mudar. É uma crítica social fodida. Tudo que acontece no filme, acontece na nossa vida simbolicamente. Eu entendo cada andar do poço como a bolha que a gente vive, como a realidade que cada um tem. Se eu tô no nível que eu como bem e que eu usufruo de privilégios, para que eu eu vou pensar em quem tá abaixo de mim? Mas ao mesmo tempo, se eu tenho a consciência que em algum momento eu posso tá abaixo também, por que eu não tenho empatia com essas outras realidades? Muito simples: porque a gente só tende a entender as coisas quando a gente vivencia ou experencia elas de alguma forma. Percebam que há uma tendência na narrativa do filme de mostrar que existem pessoas que são naturalmente más e outras que são boas? Independente do que elas vivenciam. Trimagasi escolheu matar. Goreng escolheu mudar a porra do sistema. Alguém sacou as referências simbólicas? O objeto que o Trimagasi escolheu era uma faca e o objeto que o Goreng escolheu era uma livro! Ignorância x Sabedoria. Quem sobrevive é quem aprende a viver em todos esses contextos. Em uma analogia ao filme: quem consegue passar por todos os andares. É o tal do capitalismo, né? O de cima controla quem tá embaixo não dando condições favoráveis de existência, fazendo com que as pessoas de níveis inferiores não tenham tempo ou condições para pensar qualquer coisa além da sobrevivência. É igualzinho na sociedade! Por que eu vou dar comida pro pobre se eu preciso que ele trabalhe pra mim? É o mesmo que acontecia na relação da escravidão. Hoje só não tem chibatada, pelo menos não literalmente, né? (Ou será que ainda tem em algum lugar desse mundão?) Voltando para as cenas do filme: perceba como o comportamento de cada um interfere de alguma forma na vida do outro, mesmo que em uns mais e outros menos. Quem tá embaixo sempre se fode mais, óbvio. E eu não quero mais falar óbvio depois desse filme! Kkk Outra reflexão importante é que sabedoria e conhecimento são uma arma muito poderosa e que isso a gente aprende se relacionando com outras pessoas. Lembra do diálogo deles? Trimagasi não falava coisas para o Goreng porque precisava controlá-lo. Quanto mais a gente se relaciona, mais sábio a gente se torna e mais a gente aprende a lidar com diversas pessoas e entender diversos contextos. Tem um diálogo em que o Trimagasi amarra ele na cama quando eles descem pro 171 e fala: "Eu tive que te amarrar porque eu não sei o que você é capaz de fazer, mas parece do tipo que não vai saber lidar com o que acontece aqui embaixo." Ele não teria deduzido ou isso senão tivesse se relacionado com as pessoas alí, em outras palavras: se não fosse macaco velho! kkk Eu costumo dizer que cada pessoa é um universo. Cada pessoa que a gente encontra na vida é um mundo que a gente conhece. E quanta coisa a gente aprende com isso, não? Nas condições do sistema, a estrutura dessas relações sociais, baseadas no capitalismo, faz com que a gente viva em constante guerra. Não só na nossa casa e família, mas no ambiente de trabalho, ou até mesmo nas relações amorosas. A gente, inconscientemente, constrói as relações baseadas no controle porque o capitalismo naturaliza o sentimento de competição. O capitalismo cega as pessoas. Nesse sistema a gente só conhece quem as pessoas são de verdade quando elas são colocadas em condições inferiores. Ao invés de: "Dê poder a pessoa e saiba quem ela é." Porque é muito fácil se encantar e se envaidecer com o poder. Eu prefiro pensar: "Deixa essa pessoa ficar fodida pra ver quem ela é." Em algum momento esse sistema te coloca em uma posição que você precisa escolher: você ou o outro. Não existe "nós". Ah, não falo do capitalismo como uma pessoa, não quero personificar isso. Eu tô falando do capitalismo como uma entidade. Esse sistema é como um Deus, que ninguém vê, mas propaga todos os dias o que ele representa sem sentir direito o que tá fazendo. No filme, em todo o andar existem duas pessoas, representando a dualidade: eu ou você, bom ou mau. O mais interessante é que o objetivo da prisão vertical é justamente um matar o outro. E na hora do almoço quem ganha é o livro ou a faca? Para mim, o filme passou nada além da ideia de que não precisamos chegar no fim do poço pra evoluir porque não existe evolução lá embaixo. Não sabemos o que as experiências ruins podem fazer conosco até passar por elas.
Longe de ser um daqueles filmes lésbicos com casal de mulheres padrão, sabe? Fala de um relacionamento lésbico real, uma história que aconteceu em tempos difíceis, mais do que os de hoje. Mas, infelizmente, tem muito lugar que ainda vive a atmosfera desse filme. Ele escancara o medo que muita lésbica tem de existir só por ser quem é. É doloroso, desconfortável, injusto! Deve ser horrível ver a mulher que tu ama morrendo e lutando por um direito que tu teria, se tu tivesse um pênis entre as pernas, porque todo o resto existe: a divisão da casa, das tarefas, o cachorro, a construção de uma vida. É uma questão de direito, não somente de gênero e orientação sexual.
Mas gente, é a história da vida adolescente classe média dos últimos anos, né, não? Muito meme, atualização no WhatsApp, vida de Instagram, vivendo de stories, altas legendas com indiretas, pegando todo mundo, "eu gosto de pessoas", "não me rotula", não sei o que eu quero, troca de curso mil vezes, se joga no sonho. É isso.
É cada tiro, meus queridos. Eu como mulher lésbica, me identifiquei com todos eles. Eu chorei, eu ri, eu senti raiva até, mas a maior parte do tempo eu pensei: é por isso que a gente é forte pra caralho. Queria fazer resenha, mas não consigo. São muitos sentimentos para conseguir colocar em muitas palavras. Mulheres: sintam esse documentário. Para mim é mais do que um stand-up. E não se resume apenas a vivências lésbicas, mas de qualquer mulher que naturalizou o medo de existir só por ser mulher.
Entrei no filmow depois de tanto tempo só para comentar sobre esse filme. Críticos do cinema que me perdoem, mas para mim não existe filme bom ou ruim. Filme bom é aquele que me prende de alguma maneira e faz com que eu me identifique com a história (ou estória). Eu dei cinco estrelas porque é um filme lésbico que não focou em fetichizar a relação amorosa entre duas mulheres. E porque eu amo a Alia e Laia atuando. Para mim, o enredo não foi maçante porque eu estava muito focada em compreender os motivos da Sergio apresentar aqueles comportamentos obsessivos. Talvez ela só tenha um transtorno de personalidade dependente. Ao mesmo tempo em que percebia o quanto a Naima era alguém com autoestima muito baixa, insegura e isso a afetava em vários campos da sua vida. A forma como elas vão dividindo as suas experiências de vida evidencia o porquê elas eram assim. Tem uns silêncios no filme também que são muito esclarecedores.
Eu acho a Sergio e a Naima pessoas muito reais. Já conheci pessoas assim. Nesses dois extremos e o mais difícil é conseguir levar adiante uma relação quando as pessoas não se compreendem, não se respeitam e nem procuram se aceitar. Diálogos honestos são a chave do sucesso de todo e qualquer relacionamento. E autoconhecimento também. Porque é preciso entender o que você tem de bom e ruim em você para poder saber o que é tolerável para você em um relacionamento. Fiz toda uma análise psicológica e profunda do filme para dizer que: se conheçam! Para poder se permitir estar com outra pessoa. Entendam seus limites e os respeitem. Mas tenham cuidado com as suas relações.
O filme se resume em uma frase da Sergio nas últimas cenas do filme: "Eu precisei cagar e passar o meu cocô na sua cara para você ser sincera comigo!". Ao meu ver o filme não quis passar nada além da ideia da dificuldade que muitas pessoas tem em se comunicar em seus relacionamentos. Seja por uma dificuldade individual ou porque simplesmente não se conhecem, não encaram aquilo que sentem. E vão postergando essa necessidade de falar algo até que a relação fique insustentável. O final para mim é incrível, e eu não quero dar spoiler, MAS o fato de que você é tudo aquilo que você viveu com as pessoas que passaram na sua vida é expresso nas últimas cenas. A gente tem que olhar pra esse filme com muito carinho, da mesma forma que a gente precisa olhar pra nossa vida.
Assisti o filme assim que lançou e li o livro no qual o diretor se baseou também. De inspiração acho que só houve o cabelo azul da personagem do livro e os conflitos típicos de relações lésbicas. É uma boa trama, mas um tanto cansativa pelas quase três horas de filme. O que é mais incrível no cinema francês é a fotografia sem dúvida. Também gosto da naturalidade das atrizes durante as gravações. Há uma improvisação das atrizes durante as cenas já que elas não puderam ler mais de uma vez o roteiro do filme. Isso é perceptível. Achei interessante. Mas é evidente o desconforto delas nas cenas de sexo. A subjetividade de algumas cenas é incrível. Como aquela em que a Emma e Adèle estão deitadas na grama do parque e no mesmo momento se vê as diferenças entre as árvores, simbolizando as suas diferenças. Fora isso, os jantares na casa delas também demonstra as diferenças em suas construções sociais. Enquanto a família de uma é mais liberal, futurista. A da outra é extremamente tradicional e conservadora. O que parece é que a relação delas era apenas carnal. Nenhuma se interessava pelas inspirações da outra. Penso que acima de tudo, Kechice quis evidenciar o quanto é insustentável manter uma relação apenas por atração física, mas o quão difícil é se desvincular dela. No mais, o importante é a visibilidade e a representatividade lésbica que o filme teve a intenção de transmitir.
Confesso que tive interesse em assistir por causa da Erika Linder. Mas fetichizaram muito o relacionamento lésbico nesse filme, pior que Blue is the Warmest Color, eu diria. Colocaram a Dallas numa posição de trangênero e deixaram no ar essa questão. Mas eu penso que, não é porque ela não enfatiza feminilidade que ela seja transgênero, apenas que os comportamentos dela no filme, a fizeram parecer ser. O que eu critico porque reforça a ideia de que toda mulher lésbica que não é feminima quer ser um homem, quando na verdade, a maioria apenas não tem essa construção de feminilidade. E a transgeneralidade está muito além de se vestir como o sexo oposto. Esses comportamentos podem confundir as pessoas que não tem tanta informação acerca dessas questões. Senti as atrizes meio retraídas, talvez por ser o primeiro filme da Linder. Sei que a Linder já fez outros trabalhos de videografia, mas esse de fato foi seu primeiro filme. Também faltou diálogo pra muita tensão sexual. Foi uma relação mal construída no filme. Mas apesar de tudo, a representatividade e a visibilidade lésbica é importante. Ah, nem parece a Natalie Krill nesse pôster do filme.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraÉ um filme bizarríssimo que se vende muito bem por causa dos atores, que são maravilhosos. Isso é indiscutível.
O filme mistura realismo com surrealismo em uma pegada futurista na época vitoriana.
Entendendo que o cerne do filme é contar a história de uma criança no corpo de uma mulher, descobrindo como ser uma mulher na sociedade e lidando com regras e a moral de uma sociedade marcada por rigidez, proibições e polidez, como exalta o filme, pois novamente, o filme se passa numa época vitoriana em que não existiria uma pessoa como a Bella. Não só por ser uma criatura criada por um cirurgião obcecado pela ciência, mas por ser uma criança que não conhece os limites sociais e até pessoais.
Para Bella tudo é novo, tudo é bom, tudo é experimento nesse filme. Até a violência sexual pra ela é “violento, mas não desconfortável”. Onde que a violência é algo confortável para uma mulher? Feminismo não é só liberdade sexual de se trepar quando quer com quem quiser.
A Bella descobrindo a pobreza, em uma época marcada pela desigualdade social e material é clichê. A narrativa em si tentando se fazer de crítica social é batida, convenhamos.
Tirando toda a parte surrealista e futurista, colocaram a Bella num personagem caricato de uma mulher feminista cômica, que trepa o tempo todo porque descobriu o poder do clítoris e do prazer, daí as cenas de sexo são exaustivas, quase como um Azul é a cor mais quente. Aliás, que mensagem que ele quis passar sobre mulheres? Ser puta é a única forma de descobrir o prazer feminino?
O filme ainda retrata no personagem do Mark um típico homem que não se apaixona por ninguém e come todo mundo, mas quando encontra uma mulher que age da mesma forma que ele, se apaixona por ela. Ele se apaixona por ele mesmo. Clichezão. Acontece muito, né?
A liberdade é e sempre será algo apaixonante porque poucas pessoas tem a coragem de serem livres. Quem se apaixona pela Bella é porque admira sua liberdade. Mas novamente, Bella é uma criança no corpo de uma mulher. Ela está descobrindo o mundo e sim, isso de fato é bonito. Não há medo. Somente curiosidade. Mas é uma criança fazendo tudo aquilo porque o corpo dela permite essas experiências.
O filme foi uma decepção pra mim. Demorei a engajar nesses 140 minutos. As expectativas foram altas pelas críticas e pela indicação ao Oscar.
Mas a história de uma pessoa no corpo da outra me lembrou a série “Altered Carbon”. Bem nessa pegada. A diferença é que essa série se passa num cenário futurista integralmente. Diferentemente do filme Pobres Criaturas que mistura as épocas.
Por fim, é um filme que tem uma visão de um homem sobre o que é ser mulher com muitas cenas de sexo explícito feitas por uma atriz conceituada pra dar engajamento. Além de colocaram uns atores maravilhosos para dar vida à história bizarra em um cgi com uma arte bonita e instigante de tão surreal e pronto. Receita perfeita pro Oscar.
O Pior Vizinho do Mundo
4.0 495 Assista AgoraSinto que meu Cinemark Club foi muito bem pago, só pela oportunidade de poder ver esse filme.
O filme retrata sobre muitas questões como: amor, tristeza, saudade, amizade, depressão, ideação suicida, demissão do trabalho pela idade, falta de perspectiva, realização de sonhos, perdas… e por aí vai.
É um filme que vai te fazer rir do início ao fim e chorar bastante no meio. É interessante ser uma comédia porque tem muito drama, mas sempre que acontece uma cena muito dramática, ela é quebrada por alguma cena mais cômica.
Podem falar que o filme é previsível, mas é muito gostoso de assistir. Você sai do cinema com uma sensação de que precisa rever algumas coisas na sua vida, inclusive sobre o que realmente é importante.
A sala de cinema estava lotada! E olha que eu nem fui na estreia. Vale muito a pena assistir. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que diz que não se emociona com nada. Vá ao cinema rir e chorar um pouquinho! Faz bem.
The Old Guard
3.5 663 Assista AgoraAquele tipo de filme que podia ser perfeitamente uma série. Tem representatividade negra e LGBT. Atípico para filmes de ação como esse e que tem como protagonista uma mulher. Mal posso esperar pela continuidade.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraBora de resenha que eu quero falar desse filme! Eu tô só aquele meme: "Me solta que eu quero falar do filme do Poço!" Quando eu vi que era espanhol, já fui preparando meu psicológico. Incrível como filme espanhol tem uma narrativa muito psicológica, né? Eles brincam com as emoções. Eu imagino o roteiro deles bem assim: "Nessa primeira parte eu vou dar um pouco de medo, nessa segunda um pouco de angústia, lá na terceira eu vou tocar o terror." Os diálogos são torturantes demais.
Quando chegou na hora do Trimagasi relevar a realidade do poço 171... Meu deus! É desesperador sentir a impotência quando te colocam numa condição que você não pode mudar. É uma crítica social fodida. Tudo que acontece no filme, acontece na nossa vida simbolicamente. Eu entendo cada andar do poço como a bolha que a gente vive, como a realidade que cada um tem. Se eu tô no nível que eu como bem e que eu usufruo de privilégios, para que eu eu vou pensar em quem tá abaixo de mim? Mas ao mesmo tempo, se eu tenho a consciência que em algum momento eu posso tá abaixo também, por que eu não tenho empatia com essas outras realidades?
Muito simples: porque a gente só tende a entender as coisas quando a gente vivencia ou experencia elas de alguma forma. Percebam que há uma tendência na narrativa do filme de mostrar que existem pessoas que são naturalmente más e outras que são boas? Independente do que elas vivenciam. Trimagasi escolheu matar. Goreng escolheu mudar a porra do sistema.
Alguém sacou as referências simbólicas?
O objeto que o Trimagasi escolheu era uma faca e o objeto que o Goreng escolheu era uma livro! Ignorância x Sabedoria. Quem sobrevive é quem aprende a viver em todos esses contextos. Em uma analogia ao filme: quem consegue passar por todos os andares.
É o tal do capitalismo, né? O de cima controla quem tá embaixo não dando condições favoráveis de existência, fazendo com que as pessoas de níveis inferiores não tenham tempo ou condições para pensar qualquer coisa além da sobrevivência. É igualzinho na sociedade! Por que eu vou dar comida pro pobre se eu preciso que ele trabalhe pra mim? É o mesmo que acontecia na relação da escravidão. Hoje só não tem chibatada, pelo menos não literalmente, né? (Ou será que ainda tem em algum lugar desse mundão?)
Voltando para as cenas do filme: perceba como o comportamento de cada um interfere de alguma forma na vida do outro, mesmo que em uns mais e outros menos. Quem tá embaixo sempre se fode mais, óbvio. E eu não quero mais falar óbvio depois desse filme! Kkk
Outra reflexão importante é que sabedoria e conhecimento são uma arma muito poderosa e que isso a gente aprende se relacionando com outras pessoas. Lembra do diálogo deles? Trimagasi não falava coisas para o Goreng porque precisava controlá-lo.
Quanto mais a gente se relaciona, mais sábio a gente se torna e mais a gente aprende a lidar com diversas pessoas e entender diversos contextos.
Tem um diálogo em que o Trimagasi amarra ele na cama quando eles descem pro 171 e fala: "Eu tive que te amarrar porque eu não sei o que você é capaz de fazer, mas parece do tipo que não vai saber lidar com o que acontece aqui embaixo." Ele não teria deduzido ou isso senão tivesse se relacionado com as pessoas alí, em outras palavras: se não fosse macaco velho! kkk
Eu costumo dizer que cada pessoa é um universo. Cada pessoa que a gente encontra na vida é um mundo que a gente conhece. E quanta coisa a gente aprende com isso, não?
Nas condições do sistema, a estrutura dessas relações sociais, baseadas no capitalismo, faz com que a gente viva em constante guerra. Não só na nossa casa e família, mas no ambiente de trabalho, ou até mesmo nas relações amorosas. A gente, inconscientemente, constrói as relações baseadas no controle porque o capitalismo naturaliza o sentimento de competição. O capitalismo cega as pessoas. Nesse sistema a gente só conhece quem as pessoas são de verdade quando elas são colocadas em condições inferiores.
Ao invés de: "Dê poder a pessoa e saiba quem ela é." Porque é muito fácil se encantar e se envaidecer com o poder. Eu prefiro pensar: "Deixa essa pessoa ficar fodida pra ver quem ela é." Em algum momento esse sistema te coloca em uma posição que você precisa escolher: você ou o outro. Não existe "nós".
Ah, não falo do capitalismo como uma pessoa, não quero personificar isso. Eu tô falando do capitalismo como uma entidade. Esse sistema é como um Deus, que ninguém vê, mas propaga todos os dias o que ele representa sem sentir direito o que tá fazendo.
No filme, em todo o andar existem duas pessoas, representando a dualidade: eu ou você, bom ou mau. O mais interessante é que o objetivo da prisão vertical é justamente um matar o outro. E na hora do almoço quem ganha é o livro ou a faca?
Para mim, o filme passou nada além da ideia de que não precisamos chegar no fim do poço pra evoluir porque não existe evolução lá embaixo. Não sabemos o que as experiências ruins podem fazer conosco até passar por elas.
Amor Por Direito
4.0 459 Assista AgoraLonge de ser um daqueles filmes lésbicos com casal de mulheres padrão, sabe? Fala de um relacionamento lésbico real, uma história que aconteceu em tempos difíceis, mais do que os de hoje. Mas, infelizmente, tem muito lugar que ainda vive a atmosfera desse filme. Ele escancara o medo que muita lésbica tem de existir só por ser quem é. É doloroso, desconfortável, injusto! Deve ser horrível ver a mulher que tu ama morrendo e lutando por um direito que tu teria, se tu tivesse um pênis entre as pernas, porque todo o resto existe: a divisão da casa, das tarefas, o cachorro, a construção de uma vida. É uma questão de direito, não somente de gênero e orientação sexual.
Ana e Vitória
3.2 357Mas gente, é a história da vida adolescente classe média dos últimos anos, né, não? Muito meme, atualização no WhatsApp, vida de Instagram, vivendo de stories, altas legendas com indiretas, pegando todo mundo, "eu gosto de pessoas", "não me rotula", não sei o que eu quero, troca de curso mil vezes, se joga no sonho. É isso.
Hannah Gadsby: Nanette
4.7 207 Assista AgoraÉ cada tiro, meus queridos. Eu como mulher lésbica, me identifiquei com todos eles. Eu chorei, eu ri, eu senti raiva até, mas a maior parte do tempo eu pensei: é por isso que a gente é forte pra caralho.
Queria fazer resenha, mas não consigo. São muitos sentimentos para conseguir colocar em muitas palavras.
Mulheres: sintam esse documentário. Para mim é mais do que um stand-up. E não se resume apenas a vivências lésbicas, mas de qualquer mulher que naturalizou o medo de existir só por ser mulher.
Duck Butter
2.8 145Entrei no filmow depois de tanto tempo só para comentar sobre esse filme. Críticos do cinema que me perdoem, mas para mim não existe filme bom ou ruim. Filme bom é aquele que me prende de alguma maneira e faz com que eu me identifique com a história (ou estória). Eu dei cinco estrelas porque é um filme lésbico que não focou em fetichizar a relação amorosa entre duas mulheres. E porque eu amo a Alia e Laia atuando. Para mim, o enredo não foi maçante porque eu estava muito focada em compreender os motivos da Sergio apresentar aqueles comportamentos obsessivos. Talvez ela só tenha um transtorno de personalidade dependente. Ao mesmo tempo em que percebia o quanto a Naima era alguém com autoestima muito baixa, insegura e isso a afetava em vários campos da sua vida. A forma como elas vão dividindo as suas experiências de vida evidencia o porquê elas eram assim. Tem uns silêncios no filme também que são muito esclarecedores.
Eu acho a Sergio e a Naima pessoas muito reais. Já conheci pessoas assim. Nesses dois extremos e o mais difícil é conseguir levar adiante uma relação quando as pessoas não se compreendem, não se respeitam e nem procuram se aceitar. Diálogos honestos são a chave do sucesso de todo e qualquer relacionamento. E autoconhecimento também. Porque é preciso entender o que você tem de bom e ruim em você para poder saber o que é tolerável para você em um relacionamento. Fiz toda uma análise psicológica e profunda do filme para dizer que: se conheçam! Para poder se permitir estar com outra pessoa. Entendam seus limites e os respeitem. Mas tenham cuidado com as suas relações.
O filme se resume em uma frase da Sergio nas últimas cenas do filme: "Eu precisei cagar e passar o meu cocô na sua cara para você ser sincera comigo!". Ao meu ver o filme não quis passar nada além da ideia da dificuldade que muitas pessoas tem em se comunicar em seus relacionamentos. Seja por uma dificuldade individual ou porque simplesmente não se conhecem, não encaram aquilo que sentem. E vão postergando essa necessidade de falar algo até que a relação fique insustentável. O final para mim é incrível, e eu não quero dar spoiler, MAS o fato de que você é tudo aquilo que você viveu com as pessoas que passaram na sua vida é expresso nas últimas cenas. A gente tem que olhar pra esse filme com muito carinho, da mesma forma que a gente precisa olhar pra nossa vida.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraAssisti o filme assim que lançou e li o livro no qual o diretor se baseou também. De inspiração acho que só houve o cabelo azul da personagem do livro e os conflitos típicos de relações lésbicas. É uma boa trama, mas um tanto cansativa pelas quase três horas de filme. O que é mais incrível no cinema francês é a fotografia sem dúvida. Também gosto da naturalidade das atrizes durante as gravações. Há uma improvisação das atrizes durante as cenas já que elas não puderam ler mais de uma vez o roteiro do filme. Isso é perceptível. Achei interessante. Mas é evidente o desconforto delas nas cenas de sexo.
A subjetividade de algumas cenas é incrível. Como aquela em que a Emma e Adèle estão deitadas na grama do parque e no mesmo momento se vê as diferenças entre as árvores, simbolizando as suas diferenças. Fora isso, os jantares na casa delas também demonstra as diferenças em suas construções sociais. Enquanto a família de uma é mais liberal, futurista. A da outra é extremamente tradicional e conservadora. O que parece é que a relação delas era apenas carnal. Nenhuma se interessava pelas inspirações da outra. Penso que acima de tudo, Kechice quis evidenciar o quanto é insustentável manter uma relação apenas por atração física, mas o quão difícil é se desvincular dela. No mais, o importante é a visibilidade e a representatividade lésbica que o filme teve a intenção de transmitir.
Below Her Mouth
2.9 162Confesso que tive interesse em assistir por causa da Erika Linder. Mas fetichizaram muito o relacionamento lésbico nesse filme, pior que Blue is the Warmest Color, eu diria. Colocaram a Dallas numa posição de trangênero e deixaram no ar essa questão. Mas eu penso que, não é porque ela não enfatiza feminilidade que ela seja transgênero, apenas que os comportamentos dela no filme, a fizeram parecer ser. O que eu critico porque reforça a ideia de que toda mulher lésbica que não é feminima quer ser um homem, quando na verdade, a maioria apenas não tem essa construção de feminilidade. E a transgeneralidade está muito além de se vestir como o sexo oposto. Esses comportamentos podem confundir as pessoas que não tem tanta informação acerca dessas questões. Senti as atrizes meio retraídas, talvez por ser o primeiro filme da Linder. Sei que a Linder já fez outros trabalhos de videografia, mas esse de fato foi seu primeiro filme. Também faltou diálogo pra muita tensão sexual. Foi uma relação mal construída no filme. Mas apesar de tudo, a representatividade e a visibilidade lésbica é importante.
Ah, nem parece a Natalie Krill nesse pôster do filme.