"sometimes to love someone you got to be a stranger" Assisti num sábado a tarde, depois do almoço. Se tivesse sido de madrugada, no silêncio e no escuro acredito que teria aproveitado melhor a experiência visual que é incrível, bem como os efeitos sonoros. Aprecio o cinema que nos leva a lugares distópicos e ainda sim dialoga com nossos sentimentos. Solidão, vazio, busca por respostas sobre a existência e relações humanas. Filmes ''futurísticos'' sempre seguem aquela velha fórmula de ''bem x mal'', ''ser humano x máquina'', só que esse realmente tem um diferencial, uma pegada até mais filosófica eu diria. Vale a pena prestar bastante atenção nessas quase três horas e entrar no clima e sentir, pra nenhum detalhe passar despercebido.
Me surpreendeu positivamente. No começo achei meio cafona mas com o desenrolar da história vai ficando cada vez mais interessante. Fui convicto de assistir um filme normal sobre vingança, pra descansar um pouco a cabeça, porém dei sorte de trombar com essa baita ficção científica. Ele vai evoluindo de modo simples e os desdobramentos do enredo são muito bem colocados, de modo que quando chega no final entrega entretenimento de qualidade e bem explicado. Gosto muito de Ghost in the Shell, impossível não associar com o anime. Influência pura nesse. Muito bom.
Esses filmes ''conceituais'' feitos pelos ricos para criticar e satirizar os ricos tão chatos demais! E seeeempre tem os pomposos falando da ''crítica social'' e blah blah.. tsc.. Esse daí é uma versão teen e piorada de Teorema. Nada original. Cenas chocantes? Suspense? Plot-Twist de quê? É isso que acontece quando você pega atores do momento com grande números de fãs e outros nomes fortes da indústria, cria o alvoroço de que vem coisa boa mas quando cê vai ver... é isso. Se eu tivesse desistido nos primeiros quinze minutos como tive vontade não teria perdido nada! Pelo menos já posso dizer que assisti um filme hypado em 2024. Se ver o trailer ou uma cena ou outra isolada do restante realmente deve aparentar ser um filme bão mas definitivamente num é!
Demorei uns sete anos pra assistir esse. Era um daqueles filmes que você vê de longe e sente uma simpatia de relance. Da pra ver o baixo orçamento e isso enaltece ainda mais o mérito dele em fazer situações simples soarem grandiosas. Diálogos inteligentes e profundos. A busca de cada personagem aos seus respectivos propósitos mostra quão diferentes somos um do outro em relação a anseios. Há muito sarcasmo e principalmente forte simbologia em cada personagem e situação desse filme. Ele foi certeiro em reunir num mundo estranhamente tedioso e sem vida pessoas que tiraram suas próprias vidas, numa escolha pessoal perante a dor que sentiam. Ao estarem reunidas, elas se vêem inclinadas a ter mais empatia um pelos outros, ao passo que todos que ali estão sofrem igualmente, de formas diferentes; também estão ali porque tiraram suas vidas. O sofrimento de um suicida, que o leva a concretizar o fato, o cega diante da realidade, de modo que ele vê e sente somente a si mesmo, ignorando seu exterior.
Achei genial o fato do Zia ter se suicidado em virtude de um relacionamento que não deu certo pra, em outra vida, se apaixonar por outra pessoa. Isso mostra a fugacidade do momento em que ele retirou sua própria vida e o joga em um estado profundo de reflexão.
Vou postar minha interpretação da história, mas antes irei exaltar a importância de Martyrs pro gênero terror. Ele contém tudo o que espero de um filme do estilo: conjunto que tenha a capacidade de te chocar psicologicamente sem ter que recorrer somente à cenas gore. Me recuso a acompanhar filmes de terror atuais justamente porque a demanda é unicamente a de levar bons sustos e se chocar com cenas perturbadoras. Martyrs consegue fazer bom uso desses dois recursos, entretanto, não sacrifica o enredo e o terror psicológico em prol deles; ou seja, é um filme de terror que além de carregar uma estética extremamente perturbadora e desagradável, possui uma trama sólida e mensagem a ser transmitida (algo raro de se ver em filmes do gênero que são consumidos por mero entretenimento), não se resumindo a uma sessão de sustos e desconforto que serão esquecidos no dia seguinte. Difícil é esquecer esse filme porque ele lida com uma questão que aflige a todos nós: o que acontece depois?
Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o que significa ser um mártir. O filme inclusive se preocupa em dar uma definição do termo logo em seu término, o que explicita a importância de ter familiaridade com ele. Um mártir é um indivíduo extremamente devoto à determinada crença que, mesmo tendo sua integridade física ameaçada ou até mesmo sua vida, por acreditar naquilo que acredita, ele se recusa a renunciar sua fé, de modo que aceita todas as consequências que lhe forem impostas a fim de preservá-la, seja a tortura ou a morte.
Lucie foi torturada por uma espécie de seita fanática que tinha por objetivo sequestrar pessoas e submetê-las a tudo que há de mais cruel no mundo, a fim de fazê-las obter certo tipo de libertação eliciada pela dor, como Jesus Cristo o conseguiu. As pessoas raptadas eram mártires em potencial porque todas lutavam incansavelmente para preservar suas próprias vidas e se recusavam a morrer. Por que a seita fazia isso? Porque eles tinham uma obsessão para descobrir o que acontecia após a morte. Para onde vamos, o que sentimos e o que fazemos. Tudo isso repercute na mítica cristã do paraíso, que é pra lá de incerta até mesmo para um cristão devoto. Ao longo dos vários anos de testes, inúmeras cobaias tiveram tal vislumbramento, porém não tiveram a capacidade de relatar aos membros da seita o que tinham visto porque faleceram em seguida. O semblante deles instigava a seita a continuar repetindo o procedimento até que em um momento ele desse certo. Anna foi a única que conseguiu avançar até os estágios que os anteriores não haviam conseguido. A cena na qual somos submergidos dentro do seu olhar contém as respostas para os enigmas da morte que são reveladas através de uma experiência transcendental e metafísica. Isso gera um frenesi nos membros do grupo e eles rapidamente se organizam para ter uma resposta à dúvida a partir do momento em que Anna conta o que viu à Mademoiselle, que opta por se matar ao invés de revelar o segredo aos outros membros. Talvez por ser algo extremamente bom ou talvez porque, se soubéssemos de fato o que ocorre quando morremos, não nos veríamos inclinados a valorizar nossa existência. Não dá pra saber.
Para aqueles que, assim como eu, ficaram curiosos para saber o que Anna disse à Mademoiselle, vos digo que somente a morte poderá nos responder. Enquanto isso vamos existindo entre nuances belas e cruéis e alimentando tal dúvida dia após dia...
Travis é um indivíduo que tem consciência da sua própria degradação após ter cometido uma série sucessiva de erros. Em idade avançada, envolveu-se com uma mulher bem mais jovem e apaixonou-se perdidamente por ela. A incongruência física dos dois, na mente dele, acabou afetando severamente sua autoestima, de modo que ele não se via como digno de ser parceiro de uma mulher tão jovem e tão linda. A consequência disso foi o surgimento de um ciúmes doentio: ele simplesmente não conseguia ficar longe dela porque tinha medo de perdê-la. Ele temia que, na sua ausência, ela pudesse encontrar um outro alguém, e por conta disso sentia a necessidade constante de se fazer presente durante o tempo todo. Todos esses preceitos deram abertura ao surgimento de todos conflitos domésticos que foram expostos por ele durante a cena da cabine. Após tomar conhecimento de que sua esposa estava grávida, Travis por fim pôde aceitar que teria uma ligação para sempre com tal mulher, afinal, estava nascendo dentro dela um filho seu, o que selaria um vínculo definitivo entre os dois. Nesse momento, podemos constatar a mais pura manifestação do seu narcisismo, tendo em vista que ele deixou de ser ciumento. Jane, evidentemente, passou a se sentir presa dentro do relacionamento (e assim estava literalmente falando) e, naturalmente, passou a rejeitar seu filho, porque ele consumava uma situação pra lá de abusiva.
Depois do incidente do incêndio seguido de fuga, ambos estavam completamente exauridos por não terem a habilidade de lidarem com seus próprios sentimentos. Ainda que tal relação estivesse repleta de adversidades, era nítido que eles se amavam de modo extremamente intenso. Após um período de quatro anos de reclusão, Travis teve a decência de reconhecer suas falhas enquanto ser humano e procurou repará-las na medida em que podia, mas isso não era capaz de curar as cicatrizes dos seus atos. Talvez isso explique o final: ele fez de tudo para reaproximar uma mãe de seu filho e optou por manter-se distante como meio de se punir pela conduta de outrora. A sacada mais genial do filme é que nos vemos inclinados a sentir uma simpatia imensa por Travis e ainda sim é difícil perder essa simpatia mesmo sabendo como ele era dentro de seu relacionamento. Isso mostra com maestria a ótica de um relacionamento abusivo, pois, quem nos causa mal ao mesmo tempo nos encanta, e assim sendo, fica extremamente difícil e doloroso tomar a decisão de partir.
Todos nós estamos passíveis a cometer erros. Como eu disse há pouco, Travis teve a decência de reconhecer os seus e de repará-los na medida do possível. Ele é um dos personagens mais cativantes que já tive o prazer de ver, e sua psicologia é desfiada com maestria pelo espetacular texto proposto pela direção do filme.
Jamais me esquecerei de Paris, Texas. Ainda que seja psicologicamente devastador, consegue abordar uma temática pra lá de pesada de modo extremamente singelo e sensível, despido de moralismos vagos e com um senso de justiça admirável.
Esse foi um dos filmes mais existencialistas que já assisti. A proposta é extremamente simples e breve que tive a sensação de vê-lo passar como se fosse um curta-metragem. Não tem um formato convencional, o que acaba justificando a baixa média, no entanto sua mensagem filosófica tem o peso de uma remeça de concreto. Locke é o arquétipo autêntico do existencialista que percebe que está sozinho no mundo e que deve prestar conta dos seus atos, não fugindo da consequência destes através de um posicionamento acovardado. O personagem é extremamente cativante e profundo, e é realmente muito bonito ver o comprometimento que ele teve ao lidar com as adversidades da vida (essas que vieram a existir somente em decorrência das suas escolhas). Enquanto uns procuram fugir das responsabilidades, ele se manteve ali, autêntico e responsável, íntegro consigo mesmo, malgrado que suas escolhas acarretassem em situações difíceis, ele optou por aquelas que julgou serem as certas, com propriedade e segurança. Sartre escreveu: não importa o que te fazem, mas sim o que você faz com aquilo que te fazem. Ivan Locke fez uma situação ruim se tornar um aprendizado e não teve a mesma conduta de seu pai. Se eu pudesse defini-lo em uma frase, seria: eu dou conta.
Texto incrível e poderoso. Na medida em que crescia, trouxe consigo a sensação de sufocamento e de desconforto. Durante 78 minutos tive a sensação de estar assistindo ao filme da minha vida e a tomada final me atingiu como uma machadada.
Em meio a um emaranhado de caos e vazio, a inércia é a última coisa que pode nos trazer algum tipo de conforto. O efeito surtido é o oposto do almejado e só agrava ainda mais o vácuo da solidão...
The Bridge narra com sutileza a pesada temática do suicídio, mas ao mesmo tempo em que mostra que o ato em si pode soar como libertador, nos mostra também a dor daqueles que ficaram e terão de lidar pro resto de suas vidas com a perda. As famílias e amigos de cada pessoa reagem de formas diferentes frente a situação: uns tentam acreditar a todo custo que foi algo ''bom'' enquanto outros se recusam a aceitar o que houvera. Vejo o suicídio como a manifestação plena da individualidade e até mesmo da liberdade. Conduzir sua vida à sua própria maneira sem estar entregue ao acaso pode ser interpretado como liberdade, ao menos para mim. A ideia de colocar fim numa dor pungente que persiste dia após dia e tira a vontade de viver seduz e a morte é o único meio através do qual se pode alcança-lo. No entanto, é complicado quando paramos pra pensar pensar no impacto social que um suicídio causa. A imagem do indivíduo é levada junto com ele. O filho, o neto, o irmão, o amigo, o pai, o namorado, o marido, o primo... todas essas figuras que ele exercia simplesmente deixam de existir, por um ato egoísta; no entanto, não deveríamos viver nossas vidas da maneira em que achamos que ela deve ser vivida e, pelo fato dela ser unica e exclusivamente nossa, decidirmos se continuaremos ou não? Só as pessoas que sofrem sabem o que sentem... viver somente pelos outros estando mal consigo mesmo seria uma existência autêntica? Deixar os outros se questionando ''o que eu poderia ter feito para evitar isso'' é justo? Realmente, não há uma resposta concreta para todos esses questionamentos. Isso é particular demais. Acredito que foram essas indagações que me deixaram bastante absorto após o término, com uma sensação de desamparo e com questões que nem mesmo sei se encontrarei respostas. Acho importante pensarmos também que alguns casos poderiam ter sido tratados e o documentário se encarrega de mostrar esse outro lado também. O material foi construído de modo bastante detalhado, não deixando de fora nenhuma faceta do problema e, além disso, não se preocupa em incutir uma visão específica acerca o tema no telespectador.
Vi nesse filme uma crítica ao behaviorismo semelhante aquela que fora feita em Laranja Mecânica, a diferença é que esse (laranja mecânica) se encarrega de mostrar a reação aos condicionamentos num indivíduo que já teve uma vivência dentro da sociedade; Dente Canino nos traz a mesma proposta, no entanto, com pessoas que cresceram completamente isoladas do mundo exterior. Além de explorar esse núcleo, levanta uma questão interessantíssima: até que ponto os pais devem cercear a liberdade dos filhos? Há um limite no que diz respeito à super-proteção? Aristóteles escreveu há mais de dois milênios a famosa frase contida no livro A Política: ''o homem solitário é uma Besta ou um Deus'', ao escrever isso, pretendeu nos mostrar que tudo o que aprendemos advém do nosso contato com a sociedade, somente essa interação é capaz de nos formar enquanto indivíduos; se isso não ocorresse, seríamos algo elevado ou meras bestas. Bestas. Acho que seria um bom termo para se referir aos pobres filhos do casal. Os três só tinham como referência a figura paterna, porém, apesar desta ser dominante, corriqueiramente eles apresentavam um comportamento de curiosidade, por querer saber como determinadas coisas funcionavam (algo inerente ao ser humano), e até mesmo vazões violentas e hostis. O pai falhou miseravelmente no seu intento, porque seres humanos possuem intelecto e não podem simplesmente serem condicionados (de modo forçoso e desvairado). O final de laranja mecânica mostra o insucesso deste empreendimento e o de Dente Canino também. A cena mais importante para compreender este aspecto da psicologia e da filosofia, a meu ver, é aquela em que
o pai vai buscar o cão no centro de treinamento e inicia um diálogo com o treinador sobre ele estar ou não estar apto para agir conforme fora ensinado.
O estigma apresentado na personalidade dos filhos é bastante cruel de ser ver. Eles cresceram completamente destituídos de qualquer senso humanitário e moral. Filme pesado, no entanto, pontual no que pretende abordar e com uma temática pra lá de interessante.
- Não consigo mais viver em um lugar que acolhe e cultiva a apatia como se isso fosse uma virtude. - Você não é melhor do que ninguém - Eu não disse que era. E não sou. Eu entendo, eu entendo perfeitamente: a apatia é uma solução. É mais fácil se jogar nas drogas do que encarar a vida. É mais fácil roubar o que se quer do que lutar pelas coisas. É mais fácil bater em uma criança do que criá-la. O amor custa caro. Requer esforço e trabalho. - Você precisa se ouvir falando. Você diz que o problema das pessoas é elas não ligarem. 'Eu não ligo para as pessoas'. Não faz sentido. Sabe por quê? - Você liga? - Ligo sim. - E vai fazer diferença? - Tanto faz, o problema é que eu não acho que está parando para acreditar nas coisas que diz. Não acho. Quer acreditar nelas porque está parando. Quer que eu concorde com você dizendo 'É, você tem toda razão, está tudo uma merda. Deveríamos ir viver em um chalé na floresta', mas não vou dizer isso. Não vou dizer. Não concordo com você. Não concordo. Não posso.''
ela procura algo pra comer no lixo e a família que a observava indaga se ela precisava de algo. Responde: não... e vocês?
Nesse momento, ela assume o mais íntimo contato com seu Eu e se embrenha na floresta da solidão e do autoconhecimento. Seu relacionamento com Martin se desenvolve de modo tão singelo e puro... sem ''nada pessoal'', há apenas uma aceitação mútua. Um filme para ser sentido com cada molécula da alma.
Um filme que deveria ser assistido por todos aqueles que proferem comentários estúpidos do tipo ''Quer ser lésbica, beleza, mas pra que andar igual a um homem?'', tratando um assunto tão sério quanto o transtorno de identidade de gênero de modo vazio e ignorante. Mais triste ainda é pensar que a história é verídica e que tamanha injustiça fora cometida. Excelente e necessário. Deveria ser exibido nas escolas para mostrar quão intolerantes somos e como o preconceito possui a potencialidade de criar desgraças gratuitas que se originam no ''intelecto'' de pessoas retrógradas e sem informação.
Essa osmose de delírios serviu para me deixar atento e seletivo em relação à convivência com outrem. Quanto mais amamos, mais nos tornamos aquilo que amamos.
A trilha sonora é mal usada em filmes e só tende a ofuscar falhas na encenação, pois na vida real só é possível ouvir música quando a colocamos pra tocar ou a tocamos. Eis a opinião de Haneke exposta em uma entrevista relacionada ao filme Amour - que não difere em ideologia quando comparada à essa obra do diretor. Apenas o som dos instrumentos que eram tocados pelos personagens compõem a pesada atmosfera que o filme carrega, sobretudo, paradoxalmente afirmo que o principal elemento da trilha sonora é o silêncio. O silêncio ensurdecedor. Que nos leva a indagações constantes e profundas quando imaginamos: O que aconteceu com essa mulher? O roteiro não nos dá recursos, tampouco relatos do que a tornou fria e doentia deste jeito. Ademais, a loucura de sua mãe é uma denúncia de que boa parte de sua personalidade fora constituída no estranho relacionamento que as duas tinham, na influência que ela exercia e na dificuldade de Erika romper com esse laço. A atuação de Isabelle Huppert é algo primoroso. O seu profissionalismo por interpretar personagens tão polêmicas (como em Ma Mère de Honoré). Sua sensualidade é algo indescritível. Confesso que achei o filme muito sensual e tenho plena consciência de que isso pode me tornar na visão de alguns doente e perverso, sim? Que seja. Se tu foi de fato sugado por esse filme incrível, o baque ao término é certo! Espero me recuperar dessa...
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista Agora"sometimes to love someone you got to be a stranger"
Assisti num sábado a tarde, depois do almoço. Se tivesse sido de madrugada, no silêncio e no escuro acredito que teria aproveitado melhor a experiência visual que é incrível, bem como os efeitos sonoros. Aprecio o cinema que nos leva a lugares distópicos e ainda sim dialoga com nossos sentimentos. Solidão, vazio, busca por respostas sobre a existência e relações humanas. Filmes ''futurísticos'' sempre seguem aquela velha fórmula de ''bem x mal'', ''ser humano x máquina'', só que esse realmente tem um diferencial, uma pegada até mais filosófica eu diria. Vale a pena prestar bastante atenção nessas quase três horas e entrar no clima e sentir, pra nenhum detalhe passar despercebido.
Upgrade: Atualização
3.7 687 Assista AgoraMe surpreendeu positivamente. No começo achei meio cafona mas com o desenrolar da história vai ficando cada vez mais interessante. Fui convicto de assistir um filme normal sobre vingança, pra descansar um pouco a cabeça, porém dei sorte de trombar com essa baita ficção científica. Ele vai evoluindo de modo simples e os desdobramentos do enredo são muito bem colocados, de modo que quando chega no final entrega entretenimento de qualidade e bem explicado. Gosto muito de Ghost in the Shell, impossível não associar com o anime. Influência pura nesse. Muito bom.
Saltburn
3.5 856Esses filmes ''conceituais'' feitos pelos ricos para criticar e satirizar os ricos tão chatos demais! E seeeempre tem os pomposos falando da ''crítica social'' e blah blah.. tsc.. Esse daí é uma versão teen e piorada de Teorema. Nada original. Cenas chocantes? Suspense? Plot-Twist de quê? É isso que acontece quando você pega atores do momento com grande números de fãs e outros nomes fortes da indústria, cria o alvoroço de que vem coisa boa mas quando cê vai ver... é isso. Se eu tivesse desistido nos primeiros quinze minutos como tive vontade não teria perdido nada! Pelo menos já posso dizer que assisti um filme hypado em 2024. Se ver o trailer ou uma cena ou outra isolada do restante realmente deve aparentar ser um filme bão mas definitivamente num é!
Paixão Suicida
4.0 233Demorei uns sete anos pra assistir esse.
Era um daqueles filmes que você vê de longe e sente uma simpatia de relance. Da pra ver o baixo orçamento e isso enaltece ainda mais o mérito dele em fazer situações simples soarem grandiosas. Diálogos inteligentes e profundos. A busca de cada personagem aos seus respectivos propósitos mostra quão diferentes somos um do outro em relação a anseios. Há muito sarcasmo e principalmente forte simbologia em cada personagem e situação desse filme. Ele foi certeiro em reunir num mundo estranhamente tedioso e sem vida pessoas que tiraram suas próprias vidas, numa escolha pessoal perante a dor que sentiam. Ao estarem reunidas, elas se vêem inclinadas a ter mais empatia um pelos outros, ao passo que todos que ali estão sofrem igualmente, de formas diferentes; também estão ali porque tiraram suas vidas. O sofrimento de um suicida, que o leva a concretizar o fato, o cega diante da realidade, de modo que ele vê e sente somente a si mesmo, ignorando seu exterior.
Achei genial o fato do Zia ter se suicidado em virtude de um relacionamento que não deu certo pra, em outra vida, se apaixonar por outra pessoa. Isso mostra a fugacidade do momento em que ele retirou sua própria vida e o joga em um estado profundo de reflexão.
Qual o limite da nossa dor??
Mártires
3.9 1,6KVou postar minha interpretação da história, mas antes irei exaltar a importância de Martyrs pro gênero terror. Ele contém tudo o que espero de um filme do estilo: conjunto que tenha a capacidade de te chocar psicologicamente sem ter que recorrer somente à cenas gore. Me recuso a acompanhar filmes de terror atuais justamente porque a demanda é unicamente a de levar bons sustos e se chocar com cenas perturbadoras. Martyrs consegue fazer bom uso desses dois recursos, entretanto, não sacrifica o enredo e o terror psicológico em prol deles; ou seja, é um filme de terror que além de carregar uma estética extremamente perturbadora e desagradável, possui uma trama sólida e mensagem a ser transmitida (algo raro de se ver em filmes do gênero que são consumidos por mero entretenimento), não se resumindo a uma sessão de sustos e desconforto que serão esquecidos no dia seguinte. Difícil é esquecer esse filme porque ele lida com uma questão que aflige a todos nós: o que acontece depois?
Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o que significa ser um mártir. O filme inclusive se preocupa em dar uma definição do termo logo em seu término, o que explicita a importância de ter familiaridade com ele. Um mártir é um indivíduo extremamente devoto à determinada crença que, mesmo tendo sua integridade física ameaçada ou até mesmo sua vida, por acreditar naquilo que acredita, ele se recusa a renunciar sua fé, de modo que aceita todas as consequências que lhe forem impostas a fim de preservá-la, seja a tortura ou a morte.
Lucie foi torturada por uma espécie de seita fanática que tinha por objetivo sequestrar pessoas e submetê-las a tudo que há de mais cruel no mundo, a fim de fazê-las obter certo tipo de libertação eliciada pela dor, como Jesus Cristo o conseguiu. As pessoas raptadas eram mártires em potencial porque todas lutavam incansavelmente para preservar suas próprias vidas e se recusavam a morrer. Por que a seita fazia isso? Porque eles tinham uma obsessão para descobrir o que acontecia após a morte. Para onde vamos, o que sentimos e o que fazemos. Tudo isso repercute na mítica cristã do paraíso, que é pra lá de incerta até mesmo para um cristão devoto. Ao longo dos vários anos de testes, inúmeras cobaias tiveram tal vislumbramento, porém não tiveram a capacidade de relatar aos membros da seita o que tinham visto porque faleceram em seguida. O semblante deles instigava a seita a continuar repetindo o procedimento até que em um momento ele desse certo. Anna foi a única que conseguiu avançar até os estágios que os anteriores não haviam conseguido. A cena na qual somos submergidos dentro do seu olhar contém as respostas para os enigmas da morte que são reveladas através de uma experiência transcendental e metafísica. Isso gera um frenesi nos membros do grupo e eles rapidamente se organizam para ter uma resposta à dúvida a partir do momento em que Anna conta o que viu à Mademoiselle, que opta por se matar ao invés de revelar o segredo aos outros membros. Talvez por ser algo extremamente bom ou talvez porque, se soubéssemos de fato o que ocorre quando morremos, não nos veríamos inclinados a valorizar nossa existência. Não dá pra saber.
Para aqueles que, assim como eu, ficaram curiosos para saber o que Anna disse à Mademoiselle, vos digo que somente a morte poderá nos responder. Enquanto isso vamos existindo entre nuances belas e cruéis e alimentando tal dúvida dia após dia...
Paris, Texas
4.3 697 Assista AgoraNão pude deixar de fazer uma associação com a obra Memórias do Subsolo de Dostoiévski.
Travis é um indivíduo que tem consciência da sua própria degradação após ter cometido uma série sucessiva de erros. Em idade avançada, envolveu-se com uma mulher bem mais jovem e apaixonou-se perdidamente por ela. A incongruência física dos dois, na mente dele, acabou afetando severamente sua autoestima, de modo que ele não se via como digno de ser parceiro de uma mulher tão jovem e tão linda. A consequência disso foi o surgimento de um ciúmes doentio: ele simplesmente não conseguia ficar longe dela porque tinha medo de perdê-la. Ele temia que, na sua ausência, ela pudesse encontrar um outro alguém, e por conta disso sentia a necessidade constante de se fazer presente durante o tempo todo. Todos esses preceitos deram abertura ao surgimento de todos conflitos domésticos que foram expostos por ele durante a cena da cabine. Após tomar conhecimento de que sua esposa estava grávida, Travis por fim pôde aceitar que teria uma ligação para sempre com tal mulher, afinal, estava nascendo dentro dela um filho seu, o que selaria um vínculo definitivo entre os dois. Nesse momento, podemos constatar a mais pura manifestação do seu narcisismo, tendo em vista que ele deixou de ser ciumento. Jane, evidentemente, passou a se sentir presa dentro do relacionamento (e assim estava literalmente falando) e, naturalmente, passou a rejeitar seu filho, porque ele consumava uma situação pra lá de abusiva.
Depois do incidente do incêndio seguido de fuga, ambos estavam completamente exauridos por não terem a habilidade de lidarem com seus próprios sentimentos. Ainda que tal relação estivesse repleta de adversidades, era nítido que eles se amavam de modo extremamente intenso. Após um período de quatro anos de reclusão, Travis teve a decência de reconhecer suas falhas enquanto ser humano e procurou repará-las na medida em que podia, mas isso não era capaz de curar as cicatrizes dos seus atos. Talvez isso explique o final: ele fez de tudo para reaproximar uma mãe de seu filho e optou por manter-se distante como meio de se punir pela conduta de outrora. A sacada mais genial do filme é que nos vemos inclinados a sentir uma simpatia imensa por Travis e ainda sim é difícil perder essa simpatia mesmo sabendo como ele era dentro de seu relacionamento. Isso mostra com maestria a ótica de um relacionamento abusivo, pois, quem nos causa mal ao mesmo tempo nos encanta, e assim sendo, fica extremamente difícil e doloroso tomar a decisão de partir.
Todos nós estamos passíveis a cometer erros. Como eu disse há pouco, Travis teve a decência de reconhecer os seus e de repará-los na medida do possível. Ele é um dos personagens mais cativantes que já tive o prazer de ver, e sua psicologia é desfiada com maestria pelo espetacular texto proposto pela direção do filme.
Jamais me esquecerei de Paris, Texas. Ainda que seja psicologicamente devastador, consegue abordar uma temática pra lá de pesada de modo extremamente singelo e sensível, despido de moralismos vagos e com um senso de justiça admirável.
Locke
3.5 444 Assista AgoraEsse foi um dos filmes mais existencialistas que já assisti. A proposta é extremamente simples e breve que tive a sensação de vê-lo passar como se fosse um curta-metragem. Não tem um formato convencional, o que acaba justificando a baixa média, no entanto sua mensagem filosófica tem o peso de uma remeça de concreto. Locke é o arquétipo autêntico do existencialista que percebe que está sozinho no mundo e que deve prestar conta dos seus atos, não fugindo da consequência destes através de um posicionamento acovardado. O personagem é extremamente cativante e profundo, e é realmente muito bonito ver o comprometimento que ele teve ao lidar com as adversidades da vida (essas que vieram a existir somente em decorrência das suas escolhas). Enquanto uns procuram fugir das responsabilidades, ele se manteve ali, autêntico e responsável, íntegro consigo mesmo, malgrado que suas escolhas acarretassem em situações difíceis, ele optou por aquelas que julgou serem as certas, com propriedade e segurança. Sartre escreveu: não importa o que te fazem, mas sim o que você faz com aquilo que te fazem. Ivan Locke fez uma situação ruim se tornar um aprendizado e não teve a mesma conduta de seu pai. Se eu pudesse defini-lo em uma frase, seria: eu dou conta.
Um Homem que Dorme
4.4 195Texto incrível e poderoso. Na medida em que crescia, trouxe consigo a sensação de sufocamento e de desconforto. Durante 78 minutos tive a sensação de estar assistindo ao filme da minha vida e a tomada final me atingiu como uma machadada.
Em meio a um emaranhado de caos e vazio, a inércia é a última coisa que pode nos trazer algum tipo de conforto. O efeito surtido é o oposto do almejado e só agrava ainda mais o vácuo da solidão...
A Ponte
4.0 301 Assista AgoraThe Bridge narra com sutileza a pesada temática do suicídio, mas ao mesmo tempo em que mostra que o ato em si pode soar como libertador, nos mostra também a dor daqueles que ficaram e terão de lidar pro resto de suas vidas com a perda. As famílias e amigos de cada pessoa reagem de formas diferentes frente a situação: uns tentam acreditar a todo custo que foi algo ''bom'' enquanto outros se recusam a aceitar o que houvera. Vejo o suicídio como a manifestação plena da individualidade e até mesmo da liberdade. Conduzir sua vida à sua própria maneira sem estar entregue ao acaso pode ser interpretado como liberdade, ao menos para mim. A ideia de colocar fim numa dor pungente que persiste dia após dia e tira a vontade de viver seduz e a morte é o único meio através do qual se pode alcança-lo. No entanto, é complicado quando paramos pra pensar pensar no impacto social que um suicídio causa. A imagem do indivíduo é levada junto com ele. O filho, o neto, o irmão, o amigo, o pai, o namorado, o marido, o primo... todas essas figuras que ele exercia simplesmente deixam de existir, por um ato egoísta; no entanto, não deveríamos viver nossas vidas da maneira em que achamos que ela deve ser vivida e, pelo fato dela ser unica e exclusivamente nossa, decidirmos se continuaremos ou não? Só as pessoas que sofrem sabem o que sentem... viver somente pelos outros estando mal consigo mesmo seria uma existência autêntica? Deixar os outros se questionando ''o que eu poderia ter feito para evitar isso'' é justo? Realmente, não há uma resposta concreta para todos esses questionamentos. Isso é particular demais. Acredito que foram essas indagações que me deixaram bastante absorto após o término, com uma sensação de desamparo e com questões que nem mesmo sei se encontrarei respostas. Acho importante pensarmos também que alguns casos poderiam ter sido tratados e o documentário se encarrega de mostrar esse outro lado também. O material foi construído de modo bastante detalhado, não deixando de fora nenhuma faceta do problema e, além disso, não se preocupa em incutir uma visão específica acerca o tema no telespectador.
Dente Canino
3.8 1,2K Assista AgoraVi nesse filme uma crítica ao behaviorismo semelhante aquela que fora feita em Laranja Mecânica, a diferença é que esse (laranja mecânica) se encarrega de mostrar a reação aos condicionamentos num indivíduo que já teve uma vivência dentro da sociedade; Dente Canino nos traz a mesma proposta, no entanto, com pessoas que cresceram completamente isoladas do mundo exterior. Além de explorar esse núcleo, levanta uma questão interessantíssima: até que ponto os pais devem cercear a liberdade dos filhos? Há um limite no que diz respeito à super-proteção? Aristóteles escreveu há mais de dois milênios a famosa frase contida no livro A Política: ''o homem solitário é uma Besta ou um Deus'', ao escrever isso, pretendeu nos mostrar que tudo o que aprendemos advém do nosso contato com a sociedade, somente essa interação é capaz de nos formar enquanto indivíduos; se isso não ocorresse, seríamos algo elevado ou meras bestas. Bestas. Acho que seria um bom termo para se referir aos pobres filhos do casal. Os três só tinham como referência a figura paterna, porém, apesar desta ser dominante, corriqueiramente eles apresentavam um comportamento de curiosidade, por querer saber como determinadas coisas funcionavam (algo inerente ao ser humano), e até mesmo vazões violentas e hostis. O pai falhou miseravelmente no seu intento, porque seres humanos possuem intelecto e não podem simplesmente serem condicionados (de modo forçoso e desvairado). O final de laranja mecânica mostra o insucesso deste empreendimento e o de Dente Canino também. A cena mais importante para compreender este aspecto da psicologia e da filosofia, a meu ver, é aquela em que
o pai vai buscar o cão no centro de treinamento e inicia um diálogo com o treinador sobre ele estar ou não estar apto para agir conforme fora ensinado.
O estigma apresentado na personalidade dos filhos é bastante cruel de ser ver. Eles cresceram completamente destituídos de qualquer senso humanitário e moral. Filme pesado, no entanto, pontual no que pretende abordar e com uma temática pra lá de interessante.
A Garota da Fábrica de Fósforos
3.9 161 Assista AgoraCigarros nunca me pareceram tão intragáveis...
Seven: Os Sete Crimes Capitais
4.3 2,7K Assista Agora- Não consigo mais viver em um lugar que acolhe e cultiva a apatia como se isso fosse uma virtude.
- Você não é melhor do que ninguém
- Eu não disse que era. E não sou. Eu entendo, eu entendo perfeitamente: a apatia é uma solução. É mais fácil se jogar nas drogas do que encarar a vida. É mais fácil roubar o que se quer do que lutar pelas coisas. É mais fácil bater em uma criança do que criá-la. O amor custa caro. Requer esforço e trabalho.
- Você precisa se ouvir falando. Você diz que o problema das pessoas é elas não ligarem. 'Eu não ligo para as pessoas'. Não faz sentido. Sabe por quê?
- Você liga?
- Ligo sim.
- E vai fazer diferença?
- Tanto faz, o problema é que eu não acho que está parando para acreditar nas coisas que diz. Não acho. Quer acreditar nelas porque está parando. Quer que eu concorde com você dizendo 'É, você tem toda razão, está tudo uma merda. Deveríamos ir viver em um chalé na floresta', mas não vou dizer isso. Não vou dizer. Não concordo com você. Não concordo. Não posso.''
Nada Pessoal
4.0 157Anne tem uma personalidade incrível. Gostei muito da cena em que
ela procura algo pra comer no lixo e a família que a observava indaga se ela precisava de algo. Responde: não... e vocês?
Um Dia de Cão
4.2 733 Assista Agora''Tell the TV to stop saying there's 2 homosexuals in here''
Os Incompreendidos
4.4 645Bonjour, madame!
Meninos Não Choram
4.2 1,4K Assista AgoraUm filme que deveria ser assistido por todos aqueles que proferem comentários estúpidos do tipo ''Quer ser lésbica, beleza, mas pra que andar igual a um homem?'', tratando um assunto tão sério quanto o transtorno de identidade de gênero de modo vazio e ignorante. Mais triste ainda é pensar que a história é verídica e que tamanha injustiça fora cometida. Excelente e necessário. Deveria ser exibido nas escolas para mostrar quão intolerantes somos e como o preconceito possui a potencialidade de criar desgraças gratuitas que se originam no ''intelecto'' de pessoas retrógradas e sem informação.
A Hora do Lobo
4.2 308Essa osmose de delírios serviu para me deixar atento e seletivo em relação à convivência com outrem. Quanto mais amamos, mais nos tornamos aquilo que amamos.
A Professora de Piano
4.0 684 Assista AgoraA trilha sonora é mal usada em filmes e só tende a ofuscar falhas na encenação, pois na vida real só é possível ouvir música quando a colocamos pra tocar ou a tocamos. Eis a opinião de Haneke exposta em uma entrevista relacionada ao filme Amour - que não difere em ideologia quando comparada à essa obra do diretor.
Apenas o som dos instrumentos que eram tocados pelos personagens compõem a pesada atmosfera que o filme carrega, sobretudo, paradoxalmente afirmo que o principal elemento da trilha sonora é o silêncio. O silêncio ensurdecedor. Que nos leva a indagações constantes e profundas quando imaginamos: O que aconteceu com essa mulher? O roteiro não nos dá recursos, tampouco relatos do que a tornou fria e doentia deste jeito. Ademais, a loucura de sua mãe é uma denúncia de que boa parte de sua personalidade fora constituída no estranho relacionamento que as duas tinham, na influência que ela exercia e na dificuldade de Erika romper com esse laço.
A atuação de Isabelle Huppert é algo primoroso. O seu profissionalismo por interpretar personagens tão polêmicas (como em Ma Mère de Honoré). Sua sensualidade é algo indescritível. Confesso que achei o filme muito sensual e tenho plena consciência de que isso pode me tornar na visão de alguns doente e perverso, sim? Que seja. Se tu foi de fato sugado por esse filme incrível, o baque ao término é certo! Espero me recuperar dessa...