É um filme gritante, corajoso, aborda de cara a questão. Ainda com um final daqueles! É realmente chocante pensar que tudo isso ocorreu praticamente semana passada, é um sistema muito bem pensado, a qualquer hora pode simplesmente tomar um rumo e calar a todos. Poder e dinheiro, não há pra ninguém no meio deles. É uma visão pessimista, mas enquanto a ambição por conter esses dois elementos estiver acima do valor e bem estar das pessoas, o quadro não vai mudar. Por mais que o sistema se maquie para desmentir isso, a repressão impera há tempos. E continuam a dizer que os revolucionários de esquerda são lunáticos mimados. Eu queria ver como estaria a sociedade sem esses idealizadores. O fim deste longa penetra nesta atmosfera dramática, deixando-nos com uma música de encaixe perfeito "Hoje você é quem manda. Falou, tá falado. Não tem discussão, a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu. Você que inventou esse estado, e inventou de inventar. Toda a escuridão. Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Eu pergunto a você, onde vai se esconder?"
Pensa num filme doido com uma história doida. Então, é esse filme! Tenho certeza de que nunca vi uma reflexão sobre a natureza humana feita de forma tão literal, a ideia de comparar os macacos com os humanos não é nova, mas a forma como foi feita essa comparação, incrível. Renderam situações absurdas, mas que ilustram fielmente a psicologia do nosso ser. Outra coisa que me chamou atenção foi quando evidenciaram que o que nós somos, é produto do que conhecemos durante nossa fase inicial de aprendizagem. As nossas referências, influências, ou falta delas, principalmente por parte dos pais. É verdade, quando criamos nosso "eu", nos baseamos no que está próximo, o que nos dizem quando somos crianças, em grande parte, trazemos características relacionadas a diversas coisas que representam nossos pais. Símbolos que significam coisas. Mesmo que não saibamos desses símbolos, estamos a mercê deles. Parece ser a nossa natureza.
Bergman tem muito controle do que joga à tela. O olhar de cada personagem, a intenção transmitida, talvez uma simples palavra, um efeito sonoro, ele usa destes elementos para contar a sua mensagem. Nesta obra, quando se alcança a marca dos vinte minutos, começamos a ver claramente vários traços que indicam que Bergman brincará com a realidade e o psicológico de Johansson. (Spoiler adiante) Na minha percepção, aquele grupo de pessoas que surge são alegorias, eles representam a criação de Johansson. Numa conversa com Alma, ele descreve exatamente esses personagens. E no final das contas, eles também representavam os medos, o passado oprimido de Johansson. Daí brotava sua arte, sempre conectada com os rebuliços interiores de um ser. Mas ainda fica pairando na mente, Alma também mergulhou nas loucuras? O lobo representa união. Talvez tenha tomado outros medos como representação, a chamada hora do lobo coloca as pessoas de frente com o que elas não querem. Muito interessante Bergman colocar o som do relógio - após a conversa do casal sobre o tempo pesado de um minuto - nas cenas onde eles enfrentavam algo pessoal. Além de tudo, o lobo é significado de mistério, é uma obra com um toque bastante imaginário, surreal.
Que filminho gostoso de assistir, divertido pra caramba, estou com um sorriso na cara. Atuação de Melina é incrível, eu me apaixonei pela personagem Ilya, me fez sentir viva. O tema que ele traz à tona é bem legal, qual seria o caminho da felicidade? Ilya deixa claro que não há fórmula, não há o certo, há apenas o que te toca. Tratado de forma leve, o assunto cria uma trama que me prendeu inteiramente. Uma coisa impressionante é a naturalidade das falas, pareciam até improvisadas de tão fluídas. Há humor na medida certa, muito sentimento sendo discutido e situações onde é impossível não se apaixonar por esse longa. Eu recomendo pra qualquer um!
Esse documentário é encantador! Fiquei impressionada, realmente, a música dessa região recebe muito a influência do Oriente e do Ocidente, para que se fechar? Fica muito mais interessante mesclar os dois, como diversos artistas fizeram. Os depoimentos, as vivências, os shows, são muito sinceros, achei uma delícia assistir. É uma cultura musical que não chega até nós, uma pena.
Finalmente pude assistir o famoso Donnie Darko. A estrutura misteriosa, que aos poucos é revelada, faz do roteiro um ponto forte que instiga o espectador. Assim, pra quem nunca teve a curiosidade ou oportunidade de ler um pouco sobre teorias de viagem no tempo, deve ter sido meio enrolado, como eu já sabia um pouquinho sobre o tema (admito, assisto nerdices do discovery) não ficou complicado de sacar mais ou menos o que rolaria quando Donnie estava a discutir com o professor, sobre os buracos de minhoca. As implicações do personagem consigo mesmo, colocando-o de cara com o futuro, o fim de tudo, o fim de sua existência, acho que isso que criou um pouco da realidade psicológica do personagem.
A cada cena que passa você descobre um pouco do desenrolar da trama, é interessante esse modelo de embaralhar tudo e deixar que no final as peças se encaixem. Sou fã, deve ser foda construir um roteiro assim. E em relação ao final, quantas vezes eu já não pensei nisso... será que eu já voltei no passado, minha vida atual é o passado, e eu nem sei?
O mais legal do surrealismo e do stop motion é que, quando trabalhados juntos, o resultado é diferente de tudo que você já viu. Objetos ganham valores humanos e não há limites, só imaginação.
Posso começar elogiando bastante a fotografia, é belíssima, arrasadora. Atuação do Cassel é tão forte que chega a ser desconfortável assistir. Le Moine é uma pesada crítica, notavelmente bem estruturada, regada de elementos que sempre adicionam um significado às cenas. É preciso ficar atento aos detalhes, como o filme é lento, acabar se desligando pode atrapalhar o entendimento. Captei esse longa como um recorte da época mais sórdida do homem, os desejos da carne tendo como fim a ardente fogueira, o confinamento, a morte. Homens que confundiam - e confundem até os dias atuais - o acreditar em Deus e o seguir uma religião. Homens que se apossavam do medo e de seu poder para cometer absurdos. Achei muito interessante ficar a reparar nos detalhes, por exemplo, a cor da capa de Antonia era vermelha, a cor do desejo; quando a mãe concede ao padre a permissão de falar com Antonia, mas apenas sobre a supervisão de Leonella... seria uma metáfora em relação à supervisão divina, que evitaria pecados; há também a parte que o padre diz que a moça deveria temer o que Deus pensaria, e não a punição de seu pecado, que deveria aliás ansiar por essa punição. Enfim, achei a crítica muito boa, apesar de lento, é um filme que vale, com certeza!
Acho engraçado alguns comentários dizendo que isso é coisa da modernidade, discordo completamente. É só ler um pouquinho que a própria história do homem prova o contrário, há diversas civilizações onde é super comum as pessoas se relacionarem com mais de uma pessoa. Do que adianta criar um rótulo onde tem de haver comprometimento, quando os que falam isso gostariam de estar também na companhia de outras pessoas, soa muito confuso. Eu acredito no que foi dito com muita honestidade no vídeo, não há fórmula pronta para ter uma relação, cada um deveria experimentar o que melhor funciona para si próprio, sem restringir suas opções. O que dá certo para um, pode não funcionar para outro, e por aí vai. Eu realmente sinto muito pela nossa sociedade estar sempre pautada pela opinião dos outros, a mercê dos outros, e pouco pela nossa busca pessoal. Sobe o ciúmes, muito interessante ouvir as opiniões, particularmente eu mantive um sorrisão no rosto ao ouvir aqueles relatos.
Incrível, ainda estou tentando digerir o que acabei de ver. Aronofsky acertou de novo, muito profundo, conecta lá no fundo da alma. O que temos aqui é uma obra que trabalha muito bem o conceito de morte, o mais interessante é que abre margem pra diversas interpretações. Acredito que tenham pequenos significados em todas as cenas, tudo que está impregnado nelas tem seu propósito, escrever sobre cada uma daria cinco páginas, é tentador, mas isso fica por conta de cada um chegar a sua própria conclusão. A Fonte da Vida é uma busca - como outros filmes do Aronofsky - por uma grande resposta. A cena em que Tommy e a mulher estão no hospital e conversam sobre a morte, ela diz que sente-se pronta, que quando morresse deixaria de ser aquela forma, seria outra; um fruto que seria comido por passarinhos; ela estaria em tudo; seus átomos estariam em tudo. Quanto a conexão das três histórias, para mim chegam todas ao mesmo significado (até em uma cena muito contrária ao normal, onde se diz "Eu vou morrer" sorrindo): as três correndo atrás da imortalidade, mas a unica coisa que obtiveram foi a certeza inevitável de deixar de ser o que é, para ser outra coisa. Me lembra Lavoisier, "Nada se perde, tudo se transforma". Quem sabe não seja isso mesmo? O homem chegar na plenitude de perder o medo, vencer o desconhecido, e se deixar ser simplesmente. Se você procura uma experiência sinestésica, gostará bastante desse filme, vale à pena! E putz, que trilha sonora.
No começo, a estética meio novelística, me havia deixado a desejar, achei que fosse assistir a um longa força barra, mas acabei me envolvendo. É um filme simples, despretensioso, a maioria das construções de cenas não são ricccas cinematograficamente, mas cara, achei uma delícia de assistir. Acho que o roteiro, apesar de super direto, me prendeu, fiquei ali junto das personagens tentando adivinhar quem ganharia o coração de Dóris. Tem umas cenas muito bonitas, é bem singelo.
Desencontros (e encontros) e desventuras da vida. Achei incrível poder entrar em contato com a visão de cada personagem, o diretor conseguiu a construção de personagens densos, que defendiam seus pontos de vista. É bastante agoniante ver como as vidas se esbarram, as coincidências podem estar no limite de acontecerem, mas não acontecem. Porque será? Dá o que pensar. A fotografia é lindíssima, as atuações muito boas, as vezes o ritmo lento dá uma pesada, mas vale conferir!
É um filme que traz uma estética diferente, me incomodou algumas cenas que parecia malhação indiana, mas logo me desgrudei disso e comecei a tratar aquelas partes como sei lá, um musical rs. Enfim, é muito bonito em sua construção e mensagem! O nome traduz muito bem a crítica à guerra, ao morrer pela pátria, não ter seu destino livre, seguir alienadamente regras que estimulam a violência. Outra questão que eu achei interessante foi logo no começo, quando estão dançando e são interrompidos, o embate é sobre a música e os hábitos ocidentais, a perda da cultura deles. Bem, eu não acho que estejam certos de proibi-los - até porque é uma das formas de manter o sistema funcionando do jeito deles - mas realmente, é algo para se pensar sobre a perda da cultura.
A cena em que os garotos tiram a camisa e saem correndo pelo gramado, e pulam em câmera lenta, realmente dá uma sensação de liberdade muito gostosa. Fiquei sorrindo um tempão.
Esse longa foi um frescor pra mim, ele tem algo de novo. Pode-se dizer até ingênuo, prematuro, mas eu gosto. Esperava pouco, muito pouco, e quando comecei a assisti-lo, nos primeiros minutos, não levei fé. Mas o tempo foi passando e eu adentrei à trama, que por sinal, tem sua peculiaridade. Gostei bastante da forma como colocaram os contrates políticos com a linguagem poética do teatro. Quanto à fotografia, realmente fica pedindo uma melhor qualidade em certas partes, e a atuação de alguns atores me pareceram forçadas.
O filme começa com diálogos sensacionais, daqueles que te martelam na cabeça! Engata-se uma narrativa desafiando o espectador, são indagações sobre Deus; Diabo; a vida; a morte; os simbolismos; o que seria pecado e maldade e o amor. Tem uma parte muito interessante, quando Fausto começa a ler "No princípio era o Verbo", e segue "No princípio era o pensamento" e depois "No princípio era Eu". Tanta angústia humana (apesar das atuações serem sérias), uma busca pelo "eu" humano, pelo infinito e pela alma. Margaret parece representar a pureza, ao contrário do Fausto "corrompido". O lance é que alguns momentos o filme também transmite que a ideia de Bem ou Mal não existe, o que existe são as motivações. Ao chegar em certos pontos, senti pesar o andamento, acabou me desnorteando da reflexão. Mas com certeza é um filme que vale conferir, talvez o meu incômodo seja pela falta de trilha sonora que encadeia uma dinâmica, eu não sei. A fotografia de Bruno Delbonnel é belíssima, impressionante.
Uau, que filme f-o-d-a! Nunca vi reflexão melhor sobre o homem moderno e televisionado do que esse longa, é genial. O legal do Cronenberg é que ele não trabalha na superfície da coisa, ele foi a fundo, me deixou questionando coisas ainda não cavucadas dentro de mim. O filme já começa com uma grande questão "A agressão e a perversão vendidas nos programas de TV afetam a interpretação do homem, é ruim?" Cara, isso é fantástico de se pensar sobre. Mais tarde chegam várias outras frases contestadoras, quase que diziam "Mostramos os humanos agindo de acordo com seus delírios, passamos à eles (cena onde a fita é colocada na barriga), eles agem assim". É também uma crítica aos que assistem, logicamente. A cena onde a moça conversa com Max e o chama, e o engole, literalmente. E não só com a TV, também no início a moça diz algo como "aos estímulos". O final faz o papel, ao meu ver, de colocar tudo em contradição... o homem e a TV como um ser só, será então a natureza humana? Perversos e alucinados? Presos à carne e capazes de se auto destruir? São várias cenas, elas oferecem um leque de muitas interpretações, é um filme que vale muito sua atenção, pode apostar!
Acho que o Philippe se deu melhor nos filmes que fez anteriormente. É um bom filme, mas fiquei esperando algo que nunca chegava. Eu não sei, talvez por ter assistido vários outros longas dele que eram bastante diferente desse. Eu sou fã da atuação do Louis, mas como alguém comentou aqui em baixo, é meio que a mesma linha... queria vê-lo por um momento surtar, sair de si, ele parece estar sempre no controle do papel, queria ver o papel o dominando. Quanto ao enredo, percebo que o Philippe realmente tem uma fixação louca por suicídios, eu acho um tema curiosíssimo de se tratar, mas neste filme não me cativou. Claro que vemos a evidente submissão do personagem à ideia de amor e casamento... para ele é melhor morrer do que perder a mulher. Em contra partida tem aquela imagem do avô, lhe perguntando "Como assim a sua vida não faz sentido sem ela?" e rindo. Mas são poucos momentos. Ficou morno, bem morninho. Achei bastante coisa casualmente jogada à tela, pequenas frases sobre política que fico me perguntando o que estavam fazendo ali. Falta uma substância que conecte tudo. Porém, o fato do enredo conter uma narração que vai e volta, para incluir os personagens me manteve. Enfim, eu posso não ter entendido algumas mensagens, mas eu esperava algo diferente. Não sei.
O ponte forte desse diretor com certeza é criar climas, ele embala a cena com uma trilha sonora que bate muito bem com o que os personagens estão sentindo. Isso dá uma força gigantesca, quando se trabalha com a música a favor, você pode melhorar em mil uma obra. As sequências foram bem estruturadas, sem muitos cortes, era bem natural, as atuações dos jovens também são ótimas. Como já disseram, há problemas de coerência e isso faz não ganhar completamente o espectador mas... é um bom filme! Juventude confusa, mergulhada nas drogas, liberdade é confundida com anarquia. Mas é impossível não se dizer que o lindo desse período é a busca pelos sentimentos, pela sensação, pelo viver. Talvez a vida fosse mais brilhante se essa faísca tomasse mais força nos dias de hoje, claro que com moral pra não acontecer essa onda das viagens psicodélicas, mas parecia ser um período fantástico.
Tive uma boa surpresa com esse filme, sério. As atuações são incríveis, me emocionei com esse final. Eu achei esse filme no ponto, diversos longas que abordam este tema são recheados de clichês, mas este tem algo diferente. Você percebe que são pessoas que tentam achar desesperadamente algo para se agarrar em meio aquela realidade, são pessoas normais, apenas perdidas num mundo que não tem muitas oportunidades. Ao contrário da opinião de muitos, não achei apelativo sexualmente, esse filme tem a obrigação de mostrar a convivência, as relações daqueles personagens, se não, seus dramas não fariam sentido, ele cumpre o papel.
Cara, impossível não se apaixonar pelo estilo do Philippe de filmar. Estou cada vez mais fã! Ele conduz calmamente, parece saber o que faz e dirige o espectador pra emoção que ele deseja causar. Achei os diálogos fantásticos, bastante embate sobre o ser "ator". Tem muita força dentro desses diálogos, lá pelo final tem um maravilhoso, sobre amor, vida e morte. Garrel foca nas expressões e reações, é muito envolvente. A trilha sonora e a fotografia são pontos super fortes também, colaboram para o clima do filme, achei inebriante!
Poxa, eu não achei vago e com o roteiro fraco, como muitos disseram. Ele retrata muito bem o período, não era apenas uma mudança social, mas uma mudança de comportamento pessoal, um novo estilo de ver a vida, uma busca pela personalidade própria. Nesse período, por causa de todos os acontecimentos, surgiram muitos artistas, e eu tenho lido e procurado bastante coisa sobre a discussão do tema arte. Se a arte forma cultura; se ela é a ferramenta de revolução. E eu acho que esse é um dos pontos desse filme, a arte e sua solidão, a busca por algo que nem ele sabe, fica evidente nos diálogos. Não é um roteiro de grandes acontecimentos, mas é um recorte exato do título "Depois de Maio". E aí? O que aquelas pessoas fariam depois? Qual era o sentido da vida delas? Bom, eu gostei pra caramba, virou referência de boa trilha sonora e fotografia, e achei o enredo gostoso no desenrolar.
A atuação de Jack é monstruosa, me fez acreditar, juro. Quanto a história, eu não curto muito esse tipo de coisa, mas ok, para o gênero terror Kubick fez milagre em me prender, a direção é muito boa. É raro ver um filme destes que não é aquela escuridão, ele conseguiu criar a loucura apenas com a tensão entre os atores.
Zuzu Angel
3.7 415 Assista AgoraÉ um filme gritante, corajoso, aborda de cara a questão. Ainda com um final daqueles! É realmente chocante pensar que tudo isso ocorreu praticamente semana passada, é um sistema muito bem pensado, a qualquer hora pode simplesmente tomar um rumo e calar a todos. Poder e dinheiro, não há pra ninguém no meio deles. É uma visão pessimista, mas enquanto a ambição por conter esses dois elementos estiver acima do valor e bem estar das pessoas, o quadro não vai mudar. Por mais que o sistema se maquie para desmentir isso, a repressão impera há tempos. E continuam a dizer que os revolucionários de esquerda são lunáticos mimados. Eu queria ver como estaria a sociedade sem esses idealizadores. O fim deste longa penetra nesta atmosfera dramática, deixando-nos com uma música de encaixe perfeito "Hoje você é quem manda. Falou, tá falado. Não tem discussão, a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu. Você que inventou esse estado, e inventou de inventar. Toda a escuridão. Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Eu pergunto a você, onde vai se esconder?"
A Natureza Quase Humana
3.7 98 Assista AgoraPensa num filme doido com uma história doida. Então, é esse filme! Tenho certeza de que nunca vi uma reflexão sobre a natureza humana feita de forma tão literal, a ideia de comparar os macacos com os humanos não é nova, mas a forma como foi feita essa comparação, incrível. Renderam situações absurdas, mas que ilustram fielmente a psicologia do nosso ser. Outra coisa que me chamou atenção foi quando evidenciaram que o que nós somos, é produto do que conhecemos durante nossa fase inicial de aprendizagem. As nossas referências, influências, ou falta delas, principalmente por parte dos pais. É verdade, quando criamos nosso "eu", nos baseamos no que está próximo, o que nos dizem quando somos crianças, em grande parte, trazemos características relacionadas a diversas coisas que representam nossos pais. Símbolos que significam coisas. Mesmo que não saibamos desses símbolos, estamos a mercê deles. Parece ser a nossa natureza.
A Hora do Lobo
4.2 308Bergman tem muito controle do que joga à tela. O olhar de cada personagem, a intenção transmitida, talvez uma simples palavra, um efeito sonoro, ele usa destes elementos para contar a sua mensagem. Nesta obra, quando se alcança a marca dos vinte minutos, começamos a ver claramente vários traços que indicam que Bergman brincará com a realidade e o psicológico de Johansson. (Spoiler adiante) Na minha percepção, aquele grupo de pessoas que surge são alegorias, eles representam a criação de Johansson. Numa conversa com Alma, ele descreve exatamente esses personagens. E no final das contas, eles também representavam os medos, o passado oprimido de Johansson. Daí brotava sua arte, sempre conectada com os rebuliços interiores de um ser. Mas ainda fica pairando na mente, Alma também mergulhou nas loucuras? O lobo representa união. Talvez tenha tomado outros medos como representação, a chamada hora do lobo coloca as pessoas de frente com o que elas não querem. Muito interessante Bergman colocar o som do relógio - após a conversa do casal sobre o tempo pesado de um minuto - nas cenas onde eles enfrentavam algo pessoal. Além de tudo, o lobo é significado de mistério, é uma obra com um toque bastante imaginário, surreal.
Nunca aos Domingos
3.9 48Que filminho gostoso de assistir, divertido pra caramba, estou com um sorriso na cara. Atuação de Melina é incrível, eu me apaixonei pela personagem Ilya, me fez sentir viva. O tema que ele traz à tona é bem legal, qual seria o caminho da felicidade? Ilya deixa claro que não há fórmula, não há o certo, há apenas o que te toca. Tratado de forma leve, o assunto cria uma trama que me prendeu inteiramente. Uma coisa impressionante é a naturalidade das falas, pareciam até improvisadas de tão fluídas. Há humor na medida certa, muito sentimento sendo discutido e situações onde é impossível não se apaixonar por esse longa. Eu recomendo pra qualquer um!
Atravessando a Ponte: O Som de Istambul
4.0 32Esse documentário é encantador! Fiquei impressionada, realmente, a música dessa região recebe muito a influência do Oriente e do Ocidente, para que se fechar? Fica muito mais interessante mesclar os dois, como diversos artistas fizeram. Os depoimentos, as vivências, os shows, são muito sinceros, achei uma delícia assistir. É uma cultura musical que não chega até nós, uma pena.
Donnie Darko
4.2 3,8K Assista AgoraFinalmente pude assistir o famoso Donnie Darko. A estrutura misteriosa, que aos poucos é revelada, faz do roteiro um ponto forte que instiga o espectador. Assim, pra quem nunca teve a curiosidade ou oportunidade de ler um pouco sobre teorias de viagem no tempo, deve ter sido meio enrolado, como eu já sabia um pouquinho sobre o tema (admito, assisto nerdices do discovery) não ficou complicado de sacar mais ou menos o que rolaria quando Donnie estava a discutir com o professor, sobre os buracos de minhoca. As implicações do personagem consigo mesmo, colocando-o de cara com o futuro, o fim de tudo, o fim de sua existência, acho que isso que criou um pouco da realidade psicológica do personagem.
A cada cena que passa você descobre um pouco do desenrolar da trama, é interessante esse modelo de embaralhar tudo e deixar que no final as peças se encaixem. Sou fã, deve ser foda construir um roteiro assim. E em relação ao final, quantas vezes eu já não pensei nisso... será que eu já voltei no passado, minha vida atual é o passado, e eu nem sei?
Picknick mit Weissmann
4.2 12O mais legal do surrealismo e do stop motion é que, quando trabalhados juntos, o resultado é diferente de tudo que você já viu. Objetos ganham valores humanos e não há limites, só imaginação.
O Monge
3.2 84 Assista AgoraPosso começar elogiando bastante a fotografia, é belíssima, arrasadora. Atuação do Cassel é tão forte que chega a ser desconfortável assistir. Le Moine é uma pesada crítica, notavelmente bem estruturada, regada de elementos que sempre adicionam um significado às cenas. É preciso ficar atento aos detalhes, como o filme é lento, acabar se desligando pode atrapalhar o entendimento. Captei esse longa como um recorte da época mais sórdida do homem, os desejos da carne tendo como fim a ardente fogueira, o confinamento, a morte. Homens que confundiam - e confundem até os dias atuais - o acreditar em Deus e o seguir uma religião. Homens que se apossavam do medo e de seu poder para cometer absurdos. Achei muito interessante ficar a reparar nos detalhes, por exemplo, a cor da capa de Antonia era vermelha, a cor do desejo; quando a mãe concede ao padre a permissão de falar com Antonia, mas apenas sobre a supervisão de Leonella... seria uma metáfora em relação à supervisão divina, que evitaria pecados; há também a parte que o padre diz que a moça deveria temer o que Deus pensaria, e não a punição de seu pecado, que deveria aliás ansiar por essa punição. Enfim, achei a crítica muito boa, apesar de lento, é um filme que vale, com certeza!
Olhar D'Artista
3.7 2Genial!
Poliamor
3.3 85Acho engraçado alguns comentários dizendo que isso é coisa da modernidade, discordo completamente. É só ler um pouquinho que a própria história do homem prova o contrário, há diversas civilizações onde é super comum as pessoas se relacionarem com mais de uma pessoa. Do que adianta criar um rótulo onde tem de haver comprometimento, quando os que falam isso gostariam de estar também na companhia de outras pessoas, soa muito confuso. Eu acredito no que foi dito com muita honestidade no vídeo, não há fórmula pronta para ter uma relação, cada um deveria experimentar o que melhor funciona para si próprio, sem restringir suas opções. O que dá certo para um, pode não funcionar para outro, e por aí vai. Eu realmente sinto muito pela nossa sociedade estar sempre pautada pela opinião dos outros, a mercê dos outros, e pouco pela nossa busca pessoal. Sobe o ciúmes, muito interessante ouvir as opiniões, particularmente eu mantive um sorrisão no rosto ao ouvir aqueles relatos.
Fonte da Vida
3.7 779 Assista AgoraIncrível, ainda estou tentando digerir o que acabei de ver. Aronofsky acertou de novo, muito profundo, conecta lá no fundo da alma. O que temos aqui é uma obra que trabalha muito bem o conceito de morte, o mais interessante é que abre margem pra diversas interpretações. Acredito que tenham pequenos significados em todas as cenas, tudo que está impregnado nelas tem seu propósito, escrever sobre cada uma daria cinco páginas, é tentador, mas isso fica por conta de cada um chegar a sua própria conclusão. A Fonte da Vida é uma busca - como outros filmes do Aronofsky - por uma grande resposta. A cena em que Tommy e a mulher estão no hospital e conversam sobre a morte, ela diz que sente-se pronta, que quando morresse deixaria de ser aquela forma, seria outra; um fruto que seria comido por passarinhos; ela estaria em tudo; seus átomos estariam em tudo. Quanto a conexão das três histórias, para mim chegam todas ao mesmo significado (até em uma cena muito contrária ao normal, onde se diz "Eu vou morrer" sorrindo): as três correndo atrás da imortalidade, mas a unica coisa que obtiveram foi a certeza inevitável de deixar de ser o que é, para ser outra coisa. Me lembra Lavoisier, "Nada se perde, tudo se transforma". Quem sabe não seja isso mesmo? O homem chegar na plenitude de perder o medo, vencer o desconhecido, e se deixar ser simplesmente.
Se você procura uma experiência sinestésica, gostará bastante desse filme, vale à pena! E putz, que trilha sonora.
Depois Daquele Baile
3.5 29No começo, a estética meio novelística, me havia deixado a desejar, achei que fosse assistir a um longa força barra, mas acabei me envolvendo. É um filme simples, despretensioso, a maioria das construções de cenas não são ricccas cinematograficamente, mas cara, achei uma delícia de assistir. Acho que o roteiro, apesar de super direto, me prendeu, fiquei ali junto das personagens tentando adivinhar quem ganharia o coração de Dóris. Tem umas cenas muito bonitas, é bem singelo.
Do Outro Lado
4.1 79Desencontros (e encontros) e desventuras da vida. Achei incrível poder entrar em contato com a visão de cada personagem, o diretor conseguiu a construção de personagens densos, que defendiam seus pontos de vista. É bastante agoniante ver como as vidas se esbarram, as coincidências podem estar no limite de acontecerem, mas não acontecem. Porque será? Dá o que pensar. A fotografia é lindíssima, as atuações muito boas, as vezes o ritmo lento dá uma pesada, mas vale conferir!
Gênio Indomável
4.2 1,3K Assista AgoraCara, que filminho gostoso de ver. Se você procura um filme descontraído, mas não uma baboseira, com certeza é uma ótima escolha!
Pinte de Açafrão
3.9 37 Assista AgoraÉ um filme que traz uma estética diferente, me incomodou algumas cenas que parecia malhação indiana, mas logo me desgrudei disso e comecei a tratar aquelas partes como sei lá, um musical rs. Enfim, é muito bonito em sua construção e mensagem! O nome traduz muito bem a crítica à guerra, ao morrer pela pátria, não ter seu destino livre, seguir alienadamente regras que estimulam a violência. Outra questão que eu achei interessante foi logo no começo, quando estão dançando e são interrompidos, o embate é sobre a música e os hábitos ocidentais, a perda da cultura deles. Bem, eu não acho que estejam certos de proibi-los - até porque é uma das formas de manter o sistema funcionando do jeito deles - mas realmente, é algo para se pensar sobre a perda da cultura.
A cena em que os garotos tiram a camisa e saem correndo pelo gramado, e pulam em câmera lenta, realmente dá uma sensação de liberdade muito gostosa. Fiquei sorrindo um tempão.
Cara ou Coroa
2.9 24Esse longa foi um frescor pra mim, ele tem algo de novo. Pode-se dizer até ingênuo, prematuro, mas eu gosto. Esperava pouco, muito pouco, e quando comecei a assisti-lo, nos primeiros minutos, não levei fé. Mas o tempo foi passando e eu adentrei à trama, que por sinal, tem sua peculiaridade. Gostei bastante da forma como colocaram os contrates políticos com a linguagem poética do teatro. Quanto à fotografia, realmente fica pedindo uma melhor qualidade em certas partes, e a atuação de alguns atores me pareceram forçadas.
Fausto
3.4 220 Assista AgoraO filme começa com diálogos sensacionais, daqueles que te martelam na cabeça! Engata-se uma narrativa desafiando o espectador, são indagações sobre Deus; Diabo; a vida; a morte; os simbolismos; o que seria pecado e maldade e o amor. Tem uma parte muito interessante, quando Fausto começa a ler "No princípio era o Verbo", e segue "No princípio era o pensamento" e depois "No princípio era Eu". Tanta angústia humana (apesar das atuações serem sérias), uma busca pelo "eu" humano, pelo infinito e pela alma. Margaret parece representar a pureza, ao contrário do Fausto "corrompido". O lance é que alguns momentos o filme também transmite que a ideia de Bem ou Mal não existe, o que existe são as motivações. Ao chegar em certos pontos, senti pesar o andamento, acabou me desnorteando da reflexão. Mas com certeza é um filme que vale conferir, talvez o meu incômodo seja pela falta de trilha sonora que encadeia uma dinâmica, eu não sei. A fotografia de Bruno Delbonnel é belíssima, impressionante.
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 547 Assista AgoraUau, que filme f-o-d-a! Nunca vi reflexão melhor sobre o homem moderno e televisionado do que esse longa, é genial. O legal do Cronenberg é que ele não trabalha na superfície da coisa, ele foi a fundo, me deixou questionando coisas ainda não cavucadas dentro de mim. O filme já começa com uma grande questão "A agressão e a perversão vendidas nos programas de TV afetam a interpretação do homem, é ruim?" Cara, isso é fantástico de se pensar sobre. Mais tarde chegam várias outras frases contestadoras, quase que diziam "Mostramos os humanos agindo de acordo com seus delírios, passamos à eles (cena onde a fita é colocada na barriga), eles agem assim". É também uma crítica aos que assistem, logicamente. A cena onde a moça conversa com Max e o chama, e o engole, literalmente. E não só com a TV, também no início a moça diz algo como "aos estímulos". O final faz o papel, ao meu ver, de colocar tudo em contradição... o homem e a TV como um ser só, será então a natureza humana? Perversos e alucinados? Presos à carne e capazes de se auto destruir? São várias cenas, elas oferecem um leque de muitas interpretações, é um filme que vale muito sua atenção, pode apostar!
Um Verão Escaldante
3.0 121Acho que o Philippe se deu melhor nos filmes que fez anteriormente. É um bom filme, mas fiquei esperando algo que nunca chegava. Eu não sei, talvez por ter assistido vários outros longas dele que eram bastante diferente desse. Eu sou fã da atuação do Louis, mas como alguém comentou aqui em baixo, é meio que a mesma linha... queria vê-lo por um momento surtar, sair de si, ele parece estar sempre no controle do papel, queria ver o papel o dominando. Quanto ao enredo, percebo que o Philippe realmente tem uma fixação louca por suicídios, eu acho um tema curiosíssimo de se tratar, mas neste filme não me cativou. Claro que vemos a evidente submissão do personagem à ideia de amor e casamento... para ele é melhor morrer do que perder a mulher. Em contra partida tem aquela imagem do avô, lhe perguntando "Como assim a sua vida não faz sentido sem ela?" e rindo. Mas são poucos momentos. Ficou morno, bem morninho. Achei bastante coisa casualmente jogada à tela, pequenas frases sobre política que fico me perguntando o que estavam fazendo ali. Falta uma substância que conecte tudo. Porém, o fato do enredo conter uma narração que vai e volta, para incluir os personagens me manteve. Enfim, eu posso não ter entendido algumas mensagens, mas eu esperava algo diferente. Não sei.
Água Fria
3.8 23O ponte forte desse diretor com certeza é criar climas, ele embala a cena com uma trilha sonora que bate muito bem com o que os personagens estão sentindo. Isso dá uma força gigantesca, quando se trabalha com a música a favor, você pode melhorar em mil uma obra. As sequências foram bem estruturadas, sem muitos cortes, era bem natural, as atuações dos jovens também são ótimas. Como já disseram, há problemas de coerência e isso faz não ganhar completamente o espectador mas... é um bom filme! Juventude confusa, mergulhada nas drogas, liberdade é confundida com anarquia. Mas é impossível não se dizer que o lindo desse período é a busca pelos sentimentos, pela sensação, pelo viver. Talvez a vida fosse mais brilhante se essa faísca tomasse mais força nos dias de hoje, claro que com moral pra não acontecer essa onda das viagens psicodélicas, mas parecia ser um período fantástico.
Cidade Baixa
3.4 357 Assista AgoraTive uma boa surpresa com esse filme, sério. As atuações são incríveis, me emocionei com esse final. Eu achei esse filme no ponto, diversos longas que abordam este tema são recheados de clichês, mas este tem algo diferente. Você percebe que são pessoas que tentam achar desesperadamente algo para se agarrar em meio aquela realidade, são pessoas normais, apenas perdidas num mundo que não tem muitas oportunidades. Ao contrário da opinião de muitos, não achei apelativo sexualmente, esse filme tem a obrigação de mostrar a convivência, as relações daqueles personagens, se não, seus dramas não fariam sentido, ele cumpre o papel.
Beijos de Emergência
3.6 9Cara, impossível não se apaixonar pelo estilo do Philippe de filmar. Estou cada vez mais fã! Ele conduz calmamente, parece saber o que faz e dirige o espectador pra emoção que ele deseja causar. Achei os diálogos fantásticos, bastante embate sobre o ser "ator". Tem muita força dentro desses diálogos, lá pelo final tem um maravilhoso, sobre amor, vida e morte. Garrel foca nas expressões e reações, é muito envolvente. A trilha sonora e a fotografia são pontos super fortes também, colaboram para o clima do filme, achei inebriante!
Depois de Maio
3.2 83 Assista AgoraPoxa, eu não achei vago e com o roteiro fraco, como muitos disseram. Ele retrata muito bem o período, não era apenas uma mudança social, mas uma mudança de comportamento pessoal, um novo estilo de ver a vida, uma busca pela personalidade própria. Nesse período, por causa de todos os acontecimentos, surgiram muitos artistas, e eu tenho lido e procurado bastante coisa sobre a discussão do tema arte. Se a arte forma cultura; se ela é a ferramenta de revolução. E eu acho que esse é um dos pontos desse filme, a arte e sua solidão, a busca por algo que nem ele sabe, fica evidente nos diálogos. Não é um roteiro de grandes acontecimentos, mas é um recorte exato do título "Depois de Maio". E aí? O que aquelas pessoas fariam depois? Qual era o sentido da vida delas? Bom, eu gostei pra caramba, virou referência de boa trilha sonora e fotografia, e achei o enredo gostoso no desenrolar.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraA atuação de Jack é monstruosa, me fez acreditar, juro. Quanto a história, eu não curto muito esse tipo de coisa, mas ok, para o gênero terror Kubick fez milagre em me prender, a direção é muito boa. É raro ver um filme destes que não é aquela escuridão, ele conseguiu criar a loucura apenas com a tensão entre os atores.