Não bastasse ser igual (e pior) que toda comédia romântica já feita, os caras ainda tiveram a cara-de-pau de plagiar a piada do vendedor-barganhando-com-o-cliente de "A Vida de Brian". Tudo é tão sem graça e errado que o único momento divertido acontece durante os créditos finais: uma trollagem por trás das câmeras em que um sujeito aparece vestido de Batman para sacanear o George Clooney!
PS: Dada a indigência completa da produção, serve-lhe bem um título brasileiro porcamente traduzido. Ocorre que o termo em inglês 'ticket' serve tanto para ingresso de cinema/show quanto para passagem aérea, e não precisa ser muito gênio para entender ao que o título original estava se referindo num filme que trata essencialmente de uma viagem...
A heroína é uma bem-treinada capitã do Exército que usa mais a inteligência do que a força bruta. Em inferioridade numérica, ela faz tudo ao seu alcance para pegar os inimigos de surpresa, isolar o acesso dos terroristas ao centro de comando, etc. Mas pelo jeito tem gente que preferia quando quem salvava o mundo era o faxineiro musculoso e sem camisa que por coincidência também era mestre de kickboxer...
Bonito como filme (embora muito longo e, em alguns momentos, excessivamente frio e artificial), "Mistérios de Lisboa" é uma adaptação pífia de um clássico da literatura portuguesa escrito por Camilo Castelo Branco. O livro é sobre as relações intrincadas entre quatro dezenas de personagens, envolvidos numa teia de amores secretos, traições, assassinatos brutais e suicídios. Quase tudo isso foi extirpado da trama para concentrar-se no passado de um dos personagens (Padre Dinis), sendo que a linha temporal da juventude do sacerdote sequer foi contada em "Mistérios de Lisboa", mas sim na obra seguinte do autor, "O Livro Negro do Padre Dinis". Não entendi o propósito de juntar ambas as tramas num único filme quando cada livro já é complexo por si só, e muito menos a decisão de eliminar algumas das passagens mais interessantes da obra original quando há mais do que tempo sobrando para tentar abarcar tudo.
"13 Histórias Estranhas Parte 2" engrossa a lista de produções independentes brasileiras que nunca chegarão ao público - pelo menos não no seu formato original. A estreia oficial do projeto foi em maio de 2017 no Fantaspoa - Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. À época, já não eram 13, mas DOZE episódios, por conta do desligamento de um dos diretores envolvidos. Após duas exibições da antologia no Fantaspoa, os realizadores do projeto decidiram reestruturá-lo visando seu lançamento comercial. Para isso, quatro outros episódios foram suprimidos da montagem original (os de Cíntia Domit Bittar, Rubens Mello, Liz Vamp e deste que vos escreve), resultando num novo longa com os "sobreviventes", intitulado apenas "Histórias Estranhas". Desta maneira, o "13 Histórias Estranhas Parte 2" (ou 12 Histórias, que seja) representado por este cadastro, da maneira como foi exibido originalmente no Fantaspoa 2017, nunca mais será visto por ninguém que não estivesse naquelas duas fatídicas sessões...
Batizado "Terror na Estrada" no Brasil, embora 80% do filme ocorra efetivamente FORA da estrada - CURVE é um thriller que começa "A Morte Pede Carona", logo se transforma numa versão automobilística de "Gerald's Game" (o livro, pois o filme ainda não tinha saído então), e termina sendo uma das maiores bombas que vejo em muito, muito tempo. A história até começa bem, mas não demora a se transformar num verdadeiro monumento à idiotice humana, que o espectador só assiste até o fim pela curiosidade mórbida de ver qual será a próxima atitude imbecil tomada pela mocinha - tipo tentar escapar de uma ameaça de morte voando com seu carro em alta velocidade de um barranco (e só por milagre não matando o agressor e ELA PRÓPRIA no processo!), acender uma fogueira ao lado de um carro capotado que pode estar vazando gasolina, ou apontar um revólver para um psicopata que vem lhe torturando há dias e dizer "Pare ou eu atiro!" ao invés de atirar de uma vez, e na cabeça! Em "Gerald's Game" a protagonista pelo menos usava a inteligência para tentar se livrar da situação em que estava presa, mas a mocinha de CURVE (presa de cabeça para baixo num carro capotado e pendurada pela perna esmagada) prefere passar vários dias deitada, olhando fotos e ouvindo rádio, esperando que sua perna se solte miraculosamente ao invés de, sei lá, fazer algum esforço, QUALQUER esforço, para tentar libertar-se (tempo, pelo menos, ela tem de sobra!). Some-se a isso o psicopata menos assustador e mais chato da história dos thrillers, e tem-se uma evidência incontestável da decadência do diretor inglês Iain Softley - um cara que, nos bons tempos, fez um puta de um filme de terror como "A Chave Mestra".
Houve um tempo, entre final dos anos 1990 e começo dos 2000, em que os filmes orientais com fantasmas eram meu tipo preferido de horror. O filão fez sucesso no Ocidente, deu origem a uma cacetada de refilmagens horríveis e durou tempo considerável para percebermos como seus clichês e sustos se desgastavam rapidamente. Criador da franquia "O Grito" (e diretor tanto dos originais quanto das refilmagens americanas), o japonês Takashi Shimizu foi um dos expoentes dos filmes com fantasminhas de rosto branco e olho puxado. Mas vendo este seu FLIGHT 7500 fica difícil de entender como é que Shimizu já foi algum dia considerado um mestre do gênero.
Não que a proposta não seja interessante: é uma história de assombração que se passa num voo comercial entre Estados Unidos e Tóquio - ou seja, um lugar fechado onde os personagens estão aprisionados durante horas sem salvação. Mas a execução é amadora: repleto de sustos frouxos e de aparições fantasmagóricas já vistas antes (e melhor) em dezenas de outros terrores orientais, FLIGHT 7500 é muito mais interessante e assustador ANTES do "terror sobrenatural" efetivamente começar, quando tripulação e passageiros são obrigados a lidar com violentas turbulências que realmente podem acontecer durante um voo.
Já no momento em que os fantasminhas começam a pipocar o filme se torna sonolento e preguiçoso... tão preguiçoso que acaba optando, pela enésima vez, por um dos desfechos mais batidos e frustrantes do horror contemporâneo, um que os roteiristas adoram usar quando falta uma resolução real para a trama (não o "Foi tudo um sonho", aquele outro que você já deve ter imaginado...).
BAD DAY FOR THE CUT é um interessante thriller de vingança irlandês sobre um pacato fazendeiro cinquentão que vive sozinho no campo com a mãe idosa, e que precisou sacrificar a própria vida para ficar cuidando dela. Quando a velhinha é morta por misteriosos bandidos, Donal resolve ir para a cidade com uma espingarda de dois canos para fazer justiça - tal e qual um John Wick geriátrico.
O filme é muito bem dirigido (uma estreia promissora do diretor Chris Baughe) e aproveita tanto as paisagens rurais quanto as urbanas da pequena cidadezinha irlandesa em que foi filmado; a interpretação de Nigel O'Neill como fazendeiro vigilante também é um achado.
O problema é que qualquer thriller de vingança que saia este ano empalidece automaticamente diante daquele soco no estômago que é o "Brawl in Cell Block 99"; e o filme irlandês também não é tão violento quanto poderia (e deveria) ser, considerando que martelos, marretas e até ferros de passar roupa são utilizados como instrumentos de extermínio de criminosos.
Com um final inesperado e amargo, a melhor coisa de BAD DAY FOR THE CUT é comprovar que a vingança é um círculo vicioso: você pode até se vingar de alguém, mas logo um outro alguém vai estar querendo se vingar de você. E disso os irlandeses entendem muito bem, já que passaram décadas mergulhados num sangrento conflito entre católicos e protestantes, onde família inteiras foram aniquiladas no sistema "vinga daqui, vinga de lá"...
Produzido em 1987 e sumariamente esquecido desde então - a despeito de ter gente famosa no elenco e a produção de Roger Corman -, SWEET REVENGE é uma daquelas bombas recomendadas apenas para quem gosta de desastres cinematográficos ou de ver gente famosa pagando mico. A ex-senhora DePalma Nancy Allen é uma das prisioneiras do ditador interpretado por um Martin Landau pré-Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, numa época em que o coitado aceitava qualquer cinquentinha para pagar o aluguel. A jovem Gina Gershon pré-"Showgirls" completa as caras conhecidas do elenco.
Com míseros 78 minutos (?!?), qualquer tentativa de desenvolver personagens ou situações escoa pelo buraco. E apesar de emular aqueles sexploitation filipinos dos anos 1970, sobre escravas brancas lutando para fugir de seus opressores, SWEET REVENGE suaviza a sacanagem inerente a esse tipo de produção, aqui substituída por tiros e explosões. A única exibição rápida de peitos acontece na obrigatória cena de "banho sem roupa na cachoeira", o tipo de coisa imprescindível quando você está numa situação de vida ou morte fugindo de mercenários pela selva.
Num roteiro impossível de levar a sério, o destaque vai para duas adolescentes que passam a usar metralhadoras com maior destreza do que soldados treinados para matar ("Nós vimos o filme do Rambo... Duas vezes", justifica uma delas).
Infelizmente, apesar do que o título e o pôster anunciam, nem todos os episódios são ambientados no espaço (apenas dois, e mais a historinha que interliga a antologia). Os demais se passam em futuros distópicos e/ou envolvem tecnologia dando errado (pelo menos um deles, sobre a inteligência artificial de um telefone celular ficando MUITO inteligente, lembra bastante o seriado "Black Mirror"). E embora a inclusão de alguns segmentos numa antologia chamada "GALAXY of Horrors" seja bem questionável (o último principalmente), o resultado final é acima da média, ainda mais considerando o baixo nível de outros filmes recentes em episódios. Vale conhecer.
A história dos bastidores deste filme é tão absurda e divertida quanto o produto em si.
Em 1968, o diretor mexicano Rafael Portillo rodou um drama sobrenatural quase novelão chamado "Cautivos del Mas Allá", que não teve grande repercussão e logo sumiu dos cinemas direto para o esquecimento.
Quase vinte anos depois, em 1984, uma pequena distribuidora picareta resolveu mandar o filme de volta aos cinemas mexicanos em busca de uns trocados fáceis. Como o "drama sobrenatural quase novelão" não teria interesse para o público dos anos 80, alguém (não se sabe se o próprio Portillo ou algum outro anônimo qualquer) rodou uma cacetada de cenas alternativas adicionando sexo, bruxaria e violência explícita à trama do filme antigo, rebatizando-o com o título auto-explicativo "Terror, Sexo y Brujería".
Numa ideia absurdamente genial, chamaram o mesmo ator do filme de 1968, em versão envelhecida, para interpretar (óbvio!) o irmão mais velho dele mesmo na versão de 1984! Dessa maneira, Fulano pode ser usado para linkar as novas cenas com mulher pelada e violência às partes antigas!
Esta nova versão também tem uma longa sequência de pesadelo num cemitério, mortes sangrentas, sexo e zumbis. Cenas de "amor inofensivo" do filme de 1968 viraram tórridas cenas de sexo aqui com a inserção de takes em detalhe mostrando peitos desnudos de outras "atrizes".
Isso tudo explica a montagem caótica (que lembra o cinema do querido José Mojica Marins), e o fato de a história fazer pouco ou nenhum sentido.
Finalmente, quando chegou a hora de lançar "Terror, Sexo y Brujería" em vídeo, a picaretagem novamente falou mais alto e, para aproveitar o sucesso de "Scarface" no México, o distribuidor resolveu rebatizá-lo outra vez como "Narco Satánico" - embora não exista qualquer menção a drogas ou traficantes no filme!
Por tudo isso, e pelo resultado escalafobético de tal remontagem, é impossível dar menos de cinco estrelas para esse negócio!
O "pesquisador" inglês Calum Waddell especializou-se em dirigir documentários sobre cinema fantástico sob encomenda, geralmente para serem incluídos em discos extras de edições especiais de grandes filmes. E se uso o termo "pesquisador" entre aspas é porque Waddell acabou se demonstrando um baita de um picareta, cujo trabalho às vezes versa sobre temas que ele sequer parece conhecer.
É o caso deste frustrante "From Romero to Rome", que aborda, de maneira superficial e desinteressada, como o sucesso dos filmes de zumbis de George A. Romero provocou um 'boom' de produções baratas com mortos-vivos na Itália. O material é riquíssimo e poderia render um documentário muito divertido - e quase chega lá quando enfoca algumas das maluquices macarrônicas, como a mistura de zumbis e canibais "Zombi Holocaust" ou o pornô com zumbis "The Erotic Nights of the Living Dead".
Mas se percebe que Waddell não tem o menor interesse em se aprofundar no tema. Ao invés de cenas dos filmes, usa cenas dos trailers porque é mais fácil e cômodo. Ao invés de procurar por diretores e roteiristas das obras sobre as quais o documentário trata, ele entrevista outros cineastas italianos que nunca fizeram filmes de zumbis, como Luigi Cozzi e Ruggero Deodato, e até alguns diretores ingleses contemporâneos (Alex Chandon, Darren Ward) que não têm nenhuma relação com zumbis italianos além de serem fãs (Waddell provavelmente foi entrevistá-los sobre algum outro assunto e aproveitou para conseguir uns depoimentos fáceis para encher linguiça).
O resultado é um documentário que até diverte aqui e ali, mas que não traz nenhuma informação nova ou relevante para quem curte o tema, e transpira preguiça e desconhecimento a cada minuto.
CLOSE RANGE, o mais recente filme de ação do diretor B Isaac Florentine, é correto e econômico. E aí reside o seu grande problema: é APENAS correto e econômico, sendo que já faz alguns anos que se espera muito mais do homem - capacidade ele tem; pelo jeito o que lhe falta mesmo é dinheiro!
Florentine é um sujeito que já está há anos no mercado de cinema de ação barato, rápido e rasteiro. O que não quer dizer que encare a função com má vontade; pelo contrário, filmes anteriores como "Ninja" (2009), "Bridge of Dragons" e "Cold Harvest" (ambos de 1999), todos lançados em vídeo ou DVD no Brasil, são uma bela amostra do seu trabalho e melhores que tudo que sai da "primeira divisão". Só que a cada novo filme você fica esperando aquele que será o ponto de virada, aquele que vai carimbar seu passaporte para a liga principal, aquele que terá suficiente dinheiro e produção para dar de laço nos picaretas que infestaram o gênero há décadas. Já passou da hora de Florentine estar dirigindo o novo "Os Mercenários", ou aventuras para atores fodões como Liam Neeson e Jason Statham.
Pois bem, este ponto de virada na carreira do cara ainda não é CLOSE RANGE. Aliás, se bobear, este foi o filme mais barato que Florentine dirigiu na vida inteira. A trama, acéfala, se desenvolve em apenas duas locações. Praticamente não existe roteiro, e os diálogos se resumem em algumas ordens do vilão (para seus capangas tentarem matar o herói). O roteiro é econômico até em frases de efeito para o protagonista - o astro Scott Adkins, outro cara que manda bem demais e aqui distribui porradas e facadas como se não houvesse amanhã. Para quem gosta de filmes que vão direto ao assunto, este é um vencedor!
O problema, para quem vem acompanhando a carreira de Florentine, é que tudo soa ainda mais barato do que de costume. O tempo todo a gente fica aguardando por aquele grande momento, e ele nunca vem. Até o final é bem caído, e o filme inteiro some da memória meia hora depois de vê-lo.
CLOSE RANGE pode até valer como filmeco de ação rápido e descartável para perder 90 minutos da vida. Mas, infelizmente, cada novo filme de Florentine é mais frustrante que o anterior, e não por culpa do diretor: ficamos é com pena que alguém tão bom e com tanto potencial pareça condenado a continuar fazendo filmes tão fundo de quintal!
A primeira forma é avaliar como filme "indie", feito fora do circuito dos grandes estúdios e com baixíssimo orçamento. Por esse prisma, ele realmente brilha: é uma história sobre pessoas com poderes telecinéticos filmada totalmente com efeitos práticos inclusive nas cenas mais difíceis, quando cabeças e pessoas inteiras são explodidas. Também há um cuidado quase obsessivo com a fotografia (repleta de tons exagerados de azul e vermelho), com o desenho de som e com a trilha sonora oitentista. Enfim, para uma produção independente o nível técnico está muito, mas muito acima do esperado e realmente salta aos olhos.
Aí entra a segunda forma de avaliar THE MIND'S EYE, que é como 'filme-filme'. E não tem salvação: parece que os realizadores ficaram tão preocupados com os aspectos técnicos que esqueceram de escrever um roteiro. (Mal) Sustentado por um fiapo de história, o filme sequer tenta desenvolver seus personagens: só sabemos quem são os "bonzinhos" e os "malvados" porque o filme assim determina, e esses últimos são tão caricaturais que parece até gibi ruim. Todos, heróis e vilões, também são muito burros: os bandidos, por exemplo, não aprendem nem na segunda, nem na terceira vez que você não deve apontar uma pistola para alguém que tem poderes telecinéticos ao invés de atirar de uma vez, antes que ele possa bagunçar sua mente e impedi-lo de apertar o gatilho. Para piorar, tudo é levado excessivamente a sério, sem nenhum senso de humor, sem nenhuma piadinha (proposital ou involuntária).
Então, embora seja louvável a ambição de todos os envolvidos - que inclusive tentaram recriar com pouco dinheiro os efeitos de altíssimo nível de clássicos como "Scanners" e "A Fúria", e foram razoavelmente bem-sucedidos -, tal ambição também se revela um tiro no pé quando não há personagens interessantes nem história nova para contar. Considerando tudo isso, as sequências fraquinhas de "Scanners", mesmo aquela bagaceira chamada "Scanner Cop", ainda são muito mais eficientes (e muito mais cinema também) do que THE MIND'S EYE inteirinho.
Embora seja fantástico rever toda a turma, agora envelhecida, pela última vez, e a dupla Hartman-Coscarelli reserve algumas surpresas ao longo do caminho, PHANTASM: RAVAGER não é exatamente a conclusão que eu esperava para a minha série preferida (ainda mais quando é uma conclusão que está sendo esperada há praticamente 20 ANOS!!!).
Todos os quatro filmes anteriores expandiam a trama de alguma maneira, oferecendo novas informações que ajudavam a deixar o quebra-cabeça ainda mais complexo, mas ao mesmo tempo ainda mais fascinante. Este quinto capítulo da saga não faz isso, preferindo retroalimentar-se com os mesmos elementos já vistos ao longo da franquia (inclusive personagens secundários de todos os capítulos), entregando-se à ação e ao velho jogo 'realidade-alucinação' que remete diretamente ao "Phantasm" original, mas sem se preocupar em amarrar as pontas soltas (pelo contrário, deixando-as propositalmente soltas). A narrativa também é episódica demais, mesmo para um episódio da série, o que se justifica pelo fato de o projeto ter nascido como uma websérie que foi transformada em longa-metragem.
O resultado é divertido PARA OS FÃS DA SÉRIE (qualquer outro espectador provavelmente ficará incomodado e não passará dos primeiros 10 minutos), e, sendo um, fica impossível não se arrepiar toda vez que um personagem "das antigas" entra em cena em versão idosa (os caras envelheceram junto com os filmes, desde 1979!), ou quando os imortais acordes da música-tema tocam. Mas eu acho que "Phantasm 4", com todas as suas questões em aberto e aquele desfecho lindão com uma cena não-utilizada do filme original, ainda é o melhor final para a série.
Se não é um grande filme nem traz nada de novo, pelo menos PHANTASM: RAVAGER não estraga a mitologia da quadrilogia original e ainda traz um pouco de tudo que fez sucesso desde o primeiro capítulo. É um trabalho de amor e para fãs, produzido com trocados - como o CGI horrível e as inúmeras cenas filmadas com os atores em frente a uma tela verde denunciam. E eu confesso que prefiro viver num mundo com mais um "Phantasm", mesmo que feito no improviso, do que num mundo com um remake de "Phantasm" dirigido por algum videoclipeiro qualquer.
No começo dos anos 90, quando o público ocidental mainstream estava começando a conhecer a demência do cinema de ação oriental, o diretor chinês John Woo foi para Hollywood mostrar aos ianques como se fazia. O resultado foi o divertidíssimo "O Alvo" (1993), que tinha o Van Damme de mullet comandando um festival de tiros, explosões e cenas de ação absurdas em câmera lenta - aquela espécie de "ballet de ação" afetado e estilizado que virou moda e clichê logo em seguida.
Fade-in, um salto de 23 anos no tempo e eis que sai uma sequência bastarda e 'direct-to-video' do filme de Woo, HARD TARGET 2. Confesso que estava razoavelmente entusiasmado pelo projeto, que é estrelado por um dos caras mais fodas do cinema de ação atual, Scott Adkins. Infelizmente, os produtores esqueceram que "O Alvo" também tinha John Woo na direção, e para fazer algo minimamente à altura, e não desperdiçar um sujeito do calibre do Adkins, precisaria de um diretor barateiro que entendesse de filme de ação e estivesse doido para mostrar serviço, tipo um John Hyams ou Isaac Florentine. Mas quem acabou ocupando a cadeira de diretor foi o holandês Roel Reiné, especializado em assinar continuações vagabundas de filmes dos outros (tipo "Corrida Mortal" 2 e 3 e "Atrás das Linhas Inimigas 4"!).
O resultado é um filme cansativo (com absurdos 105 minutos, tem pelo menos meia hora a mais do que deveria), sem nenhuma novidade e dirigido no piloto automático. Desperdiça Adkins, um lutador espetacular, ao dar-lhe apenas uma ou duas oportunidades para mostrar seu "talento" em câmera lenta. O herói interpretado por ele é inexpressivo e completamente imbecil, do tipo que está sendo perseguido por homens armados na floresta, completamente desarmado, mas, quando consegue matar um rival que tem uma metralhadora e uma faca, vai embora de mãos vazias
Apesar de Reiné já ter copiado o estilo de John Woo em outros dos seus filmes, as cenas de ação de HARD TARGET 2 são mornas, fraquinhas, com sangue digital e pouquíssimas daquelas acrobacias e saltos mortais que fazem o primeiro filme ser tão divertido. Ele não é capaz sequer de fazer uma última luta respeitável. As únicas coisas que o diretor realmente emulou de Woo foram aquelas que ficaram mais 'demodê' de 1993 para cá, como os sujeitos apontando arma um para o nariz do outro, ou as pombas brancas voando em câmera lenta.
Um completo desperdício, mas podia dar a deixa para finalmente lançarem a "versão do diretor" do original, com todas as cenas de violência cortadas lá atrás em 1993...
Um monte de mulheres gostosas que nunca aparecem peladas (embora ameacem fazê-lo o tempo todo, e isso num filme do rei da nudez gratuita Jim Wynorski). Tubarões que são praticamente coadjuvantes e que sempre matam suas vítimas off-screen e em cenas onde não se derrama uma única gota de sangue.
Tinha tudo para ser uma bobagem sem noção de aplaudir de pé, mas pelo jeito a criatividade ficou somente no título. O restante é mais um insuportável telefilme no "nível" Sy-Fy, onde a graça passa longe, tudo é levado mais a sério do que se deveria e nem mesmo os atores conhecidos pagando mico (Traci Lords e, principalmente, Dominique Swain) justificam o martírio de aguentar até o final.
O "filme" é aquela bobajada típica da fase digital do então octogenário Jess Franco: uma câmera ligada num cenário exíguo repleto de espelhos, enquanto belas garotas nuas ficam saracoteando e se esfregando em intermináveis cenas de sexo implícito, exibidas em câmera lenta, ao som de música clássica.
Dois ou três takes de um cemitério (sempre os mesmos) são inseridos na montagem, para tentar induzir o espectador a acreditar que tudo isso está acontecendo dentro de uma cripta, e não no chão do apartamento de alguém.
Enfim, é um martírio chegar ao fim (e isso que não são nem 80 minutos!), e o tempo inteiro você fica se perguntando: "Mas por que eu não vejo um pornô DE VERDADE ao invés dessa lenga-lenga que sequer é bem filmada?".
Ainda assim, "La Cripta De Las Condenadas: Parte II" ganha uma estrelinha extra pelo misto de genialidade e picaretagem do inigualável Franco. Por exemplo: na cena final, ele consegue simular a morte de uma das "condenadas" apenas com um efeito vagabundo em que "inclina" uma imagem fixa, e é uma solução tão sem-vergonha e ao mesmo tempo tão criativa que dá vontade de aplaudir. Se fosse em Hollywood, gastariam uns 20 milhões de reais só para fazer essa cena; Jess resolveu com dois cliques no Adobe Premiere!
Acabei de ver um dos DVDs nacionais desse filme (que foi lançado por diferentes distribuidoras, sempre com "qualidade" piratex), e confesso ter ficado surpreso com o roteiro confuso e com a ruindade da edição. Pesquisando para saber até onde era amadorismo dos realizadores, descobri que a versão lançada no Brasil, que dura quando muito 85 minutos, na verdade é uma montagem reduzida em quase MEIA HORA (!!!) do corte original, que durava originalmente 125 minutos. Entre as muitas cenas excluídas estão as explicações e o desenvolvimento de personagens (inclusive do herói, e como ele ouve sobre a lenda de Zorro para resolver assumir a máscara do vingador) dos quais senti tanta falta nesta abominável versão curta disponível no mercado brasileiro. Portanto, vou procurar a montagem original do filme e desconsiderar essa aberração que vi. Recomendo que todos que avaliaram a obra baseados nas cópias nacionais façam o mesmo, para não serem injustos com o filme.
Só a oportunidade de ver Richard Lynch todo desengonçado dançando "Chórando se foi..." com a Laura Herring pré-Mulholland Drive já valeria as três estrelinhas. Mas ainda tem o Sid Haig como pajé amazônico! :-D
Extremamente falho no tocante à carreira de Stephen C. Apostolof/A.C. Stephen como produtor/diretor. Quem for julgar apenas pelo que o filme apresenta é capaz de pensar que o cara foi um produtor respeitado, ou que realmente ganhou milhões com seus "nudie-cuties", quando isso passa bem longe da realidade. Além disso, o documentário passou voando pela relação entre Apostolof e Ed Wood, o que poderia render praticamente um filme à parte. Da maneira como o assunto é enfocado, parece até que Wood foi demitido durante as filmagens de "Orgia da Morte" (o primeiro trabalho conjunto dos dois) e nunca mais trabalhou com Apostolof, quando na verdade eles fizeram outros seis filmes que sequer são mencionados.
Por outro lado, o documentário acerta ao buscar um tom mais familiar, com belos depoimentos dos filhos e da terceira esposa de Apostolof, lembrando que um safadão que fazia filmes baratos e apelativos também era pai carinhoso e marido dedicado (coisa que os moralistas de cuecas geralmente esquecem na hora de apontar dedos acusatórios). Os depoimentos dos filhos são bem legais, e até emocionantes (como quando o filho mais novo relembra os últimos dias do pai e um pedido feito por ele que acabou não sento atendido).
Se o filme tivesse mais uns trinta minutos, para cobrir melhor a filmografia do Apostolof, seria infinitamente mais interessante (e correto), mas do jeito que está é bem divertido e já dá uma bela ideia do tipo de vida sui generis que Stephen C. Apostolof teve.
Títulos imbecis já são uma constante em se tratando do mercado brasileiro, mas nesse caso aqui os distribuidores se superaram, passando uma ideia completamente equivocada do que é o filme ao tentar vendê-lo como apenas mais uma comédia romântica. Uma pena, porque vai afastar boa parte do seu público ao mesmo tempo em que acabará enfurecendo quem cair na armadilha e comprar gato por lebre.
Jerry Warren era um produtor e distribuidor norte-americano conhecido por adquirir filmes estrangeiros (principalmente mexicanos) e destruí-los, reeditando-os completamente e adicionando novas cenas que ele mesmo filmava com atores desconhecidos de Los Angeles.
Esta aqui é a sua versão para o terror mexicano "La Marca del Muerto" (1961), de Fernando Cortés, e ilustra direitinho a incompetência e o desserviço de Warren com suas "remontagens": embora a versão norte-americana seja 10 minutos mais curta que a original, Warren retirou várias cenas importantes e explicações necessárias da trama do filme mexicano (tipo a maneira como o descendente encontra o laboratório do seu antepassado, ou de onde diabos vem a empregada que ele usa para ressuscitá-lo) e adicionou diversas cenas que não contribuem em nada para a história; pelo contrário, apenas atravancam a narrativa. Tipo a desconexa narração na abertura, o comissário gordão sendo massageado no braço (!!!) ou a loooonga cena durante uma sessão espírita.
Talvez essa bomba tenha sua curiosidade para estudantes de cinema (para confirmar a importância da montagem e como esta ferramenta pode ser utilizada por picaretas para alterar completamente um filme). Mas para quem quer um bom filme de horror barato à moda antiga, eu recomendo fortemente esquecer que isso aqui existe e procurar pelo corte original:
Ingresso Para o Paraíso
3.1 108Não bastasse ser igual (e pior) que toda comédia romântica já feita, os caras ainda tiveram a cara-de-pau de plagiar a piada do vendedor-barganhando-com-o-cliente de "A Vida de Brian". Tudo é tão sem graça e errado que o único momento divertido acontece durante os créditos finais: uma trollagem por trás das câmeras em que um sujeito aparece vestido de Batman para sacanear o George Clooney!
PS: Dada a indigência completa da produção, serve-lhe bem um título brasileiro porcamente traduzido. Ocorre que o termo em inglês 'ticket' serve tanto para ingresso de cinema/show quanto para passagem aérea, e não precisa ser muito gênio para entender ao que o título original estava se referindo num filme que trata essencialmente de uma viagem...
Interceptor
2.6 82 Assista AgoraA heroína é uma bem-treinada capitã do Exército que usa mais a inteligência do que a força bruta. Em inferioridade numérica, ela faz tudo ao seu alcance para pegar os inimigos de surpresa, isolar o acesso dos terroristas ao centro de comando, etc. Mas pelo jeito tem gente que preferia quando quem salvava o mundo era o faxineiro musculoso e sem camisa que por coincidência também era mestre de kickboxer...
Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na …
3.3 91Em 2021...
https://www.youtube.com/watch?v=cjTT6faL5L4
Mistérios de Lisboa
4.1 23Bonito como filme (embora muito longo e, em alguns momentos, excessivamente frio e artificial), "Mistérios de Lisboa" é uma adaptação pífia de um clássico da literatura portuguesa escrito por Camilo Castelo Branco. O livro é sobre as relações intrincadas entre quatro dezenas de personagens, envolvidos numa teia de amores secretos, traições, assassinatos brutais e suicídios. Quase tudo isso foi extirpado da trama para concentrar-se no passado de um dos personagens (Padre Dinis), sendo que a linha temporal da juventude do sacerdote sequer foi contada em "Mistérios de Lisboa", mas sim na obra seguinte do autor, "O Livro Negro do Padre Dinis". Não entendi o propósito de juntar ambas as tramas num único filme quando cada livro já é complexo por si só, e muito menos a decisão de eliminar algumas das passagens mais interessantes da obra original quando há mais do que tempo sobrando para tentar abarcar tudo.
13 Histórias Estranhas 2
3.0 3"13 Histórias Estranhas Parte 2" engrossa a lista de produções independentes brasileiras que nunca chegarão ao público - pelo menos não no seu formato original. A estreia oficial do projeto foi em maio de 2017 no Fantaspoa - Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. À época, já não eram 13, mas DOZE episódios, por conta do desligamento de um dos diretores envolvidos. Após duas exibições da antologia no Fantaspoa, os realizadores do projeto decidiram reestruturá-lo visando seu lançamento comercial. Para isso, quatro outros episódios foram suprimidos da montagem original (os de Cíntia Domit Bittar, Rubens Mello, Liz Vamp e deste que vos escreve), resultando num novo longa com os "sobreviventes", intitulado apenas "Histórias Estranhas". Desta maneira, o "13 Histórias Estranhas Parte 2" (ou 12 Histórias, que seja) representado por este cadastro, da maneira como foi exibido originalmente no Fantaspoa 2017, nunca mais será visto por ninguém que não estivesse naquelas duas fatídicas sessões...
Terror na Estrada
2.7 330 Assista AgoraBatizado "Terror na Estrada" no Brasil, embora 80% do filme ocorra efetivamente FORA da estrada - CURVE é um thriller que começa "A Morte Pede Carona", logo se transforma numa versão automobilística de "Gerald's Game" (o livro, pois o filme ainda não tinha saído então), e termina sendo uma das maiores bombas que vejo em muito, muito tempo. A história até começa bem, mas não demora a se transformar num verdadeiro monumento à idiotice humana, que o espectador só assiste até o fim pela curiosidade mórbida de ver qual será a próxima atitude imbecil tomada pela mocinha - tipo tentar escapar de uma ameaça de morte voando com seu carro em alta velocidade de um barranco (e só por milagre não matando o agressor e ELA PRÓPRIA no processo!), acender uma fogueira ao lado de um carro capotado que pode estar vazando gasolina, ou apontar um revólver para um psicopata que vem lhe torturando há dias e dizer "Pare ou eu atiro!" ao invés de atirar de uma vez, e na cabeça! Em "Gerald's Game" a protagonista pelo menos usava a inteligência para tentar se livrar da situação em que estava presa, mas a mocinha de CURVE (presa de cabeça para baixo num carro capotado e pendurada pela perna esmagada) prefere passar vários dias deitada, olhando fotos e ouvindo rádio, esperando que sua perna se solte miraculosamente ao invés de, sei lá, fazer algum esforço, QUALQUER esforço, para tentar libertar-se (tempo, pelo menos, ela tem de sobra!). Some-se a isso o psicopata menos assustador e mais chato da história dos thrillers, e tem-se uma evidência incontestável da decadência do diretor inglês Iain Softley - um cara que, nos bons tempos, fez um puta de um filme de terror como "A Chave Mestra".
Voo 7500
2.0 381 Assista AgoraHouve um tempo, entre final dos anos 1990 e começo dos 2000, em que os filmes orientais com fantasmas eram meu tipo preferido de horror. O filão fez sucesso no Ocidente, deu origem a uma cacetada de refilmagens horríveis e durou tempo considerável para percebermos como seus clichês e sustos se desgastavam rapidamente. Criador da franquia "O Grito" (e diretor tanto dos originais quanto das refilmagens americanas), o japonês Takashi Shimizu foi um dos expoentes dos filmes com fantasminhas de rosto branco e olho puxado. Mas vendo este seu FLIGHT 7500 fica difícil de entender como é que Shimizu já foi algum dia considerado um mestre do gênero.
Não que a proposta não seja interessante: é uma história de assombração que se passa num voo comercial entre Estados Unidos e Tóquio - ou seja, um lugar fechado onde os personagens estão aprisionados durante horas sem salvação. Mas a execução é amadora: repleto de sustos frouxos e de aparições fantasmagóricas já vistas antes (e melhor) em dezenas de outros terrores orientais, FLIGHT 7500 é muito mais interessante e assustador ANTES do "terror sobrenatural" efetivamente começar, quando tripulação e passageiros são obrigados a lidar com violentas turbulências que realmente podem acontecer durante um voo.
Já no momento em que os fantasminhas começam a pipocar o filme se torna sonolento e preguiçoso... tão preguiçoso que acaba optando, pela enésima vez, por um dos desfechos mais batidos e frustrantes do horror contemporâneo, um que os roteiristas adoram usar quando falta uma resolução real para a trama (não o "Foi tudo um sonho", aquele outro que você já deve ter imaginado...).
Bad Day for the Cut
3.1 61BAD DAY FOR THE CUT é um interessante thriller de vingança irlandês sobre um pacato fazendeiro cinquentão que vive sozinho no campo com a mãe idosa, e que precisou sacrificar a própria vida para ficar cuidando dela. Quando a velhinha é morta por misteriosos bandidos, Donal resolve ir para a cidade com uma espingarda de dois canos para fazer justiça - tal e qual um John Wick geriátrico.
O filme é muito bem dirigido (uma estreia promissora do diretor Chris Baughe) e aproveita tanto as paisagens rurais quanto as urbanas da pequena cidadezinha irlandesa em que foi filmado; a interpretação de Nigel O'Neill como fazendeiro vigilante também é um achado.
O problema é que qualquer thriller de vingança que saia este ano empalidece automaticamente diante daquele soco no estômago que é o "Brawl in Cell Block 99"; e o filme irlandês também não é tão violento quanto poderia (e deveria) ser, considerando que martelos, marretas e até ferros de passar roupa são utilizados como instrumentos de extermínio de criminosos.
Com um final inesperado e amargo, a melhor coisa de BAD DAY FOR THE CUT é comprovar que a vingança é um círculo vicioso: você pode até se vingar de alguém, mas logo um outro alguém vai estar querendo se vingar de você. E disso os irlandeses entendem muito bem, já que passaram décadas mergulhados num sangrento conflito entre católicos e protestantes, onde família inteiras foram aniquiladas no sistema "vinga daqui, vinga de lá"...
Resgate Arriscado
1.5 1Produzido em 1987 e sumariamente esquecido desde então - a despeito de ter gente famosa no elenco e a produção de Roger Corman -, SWEET REVENGE é uma daquelas bombas recomendadas apenas para quem gosta de desastres cinematográficos ou de ver gente famosa pagando mico. A ex-senhora DePalma Nancy Allen é uma das prisioneiras do ditador interpretado por um Martin Landau pré-Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, numa época em que o coitado aceitava qualquer cinquentinha para pagar o aluguel. A jovem Gina Gershon pré-"Showgirls" completa as caras conhecidas do elenco.
Com míseros 78 minutos (?!?), qualquer tentativa de desenvolver personagens ou situações escoa pelo buraco. E apesar de emular aqueles sexploitation filipinos dos anos 1970, sobre escravas brancas lutando para fugir de seus opressores, SWEET REVENGE suaviza a sacanagem inerente a esse tipo de produção, aqui substituída por tiros e explosões. A única exibição rápida de peitos acontece na obrigatória cena de "banho sem roupa na cachoeira", o tipo de coisa imprescindível quando você está numa situação de vida ou morte fugindo de mercenários pela selva.
Num roteiro impossível de levar a sério, o destaque vai para duas adolescentes que passam a usar metralhadoras com maior destreza do que soldados treinados para matar ("Nós vimos o filme do Rambo... Duas vezes", justifica uma delas).
Galáxia dos Horrores
2.3 8 Assista AgoraInfelizmente, apesar do que o título e o pôster anunciam, nem todos os episódios são ambientados no espaço (apenas dois, e mais a historinha que interliga a antologia). Os demais se passam em futuros distópicos e/ou envolvem tecnologia dando errado (pelo menos um deles, sobre a inteligência artificial de um telefone celular ficando MUITO inteligente, lembra bastante o seriado "Black Mirror"). E embora a inclusão de alguns segmentos numa antologia chamada "GALAXY of Horrors" seja bem questionável (o último principalmente), o resultado final é acima da média, ainda mais considerando o baixo nível de outros filmes recentes em episódios. Vale conhecer.
Terror, Sexo y Brujería
4.1 3A história dos bastidores deste filme é tão absurda e divertida quanto o produto em si.
Em 1968, o diretor mexicano Rafael Portillo rodou um drama sobrenatural quase novelão chamado "Cautivos del Mas Allá", que não teve grande repercussão e logo sumiu dos cinemas direto para o esquecimento.
Quase vinte anos depois, em 1984, uma pequena distribuidora picareta resolveu mandar o filme de volta aos cinemas mexicanos em busca de uns trocados fáceis. Como o "drama sobrenatural quase novelão" não teria interesse para o público dos anos 80, alguém (não se sabe se o próprio Portillo ou algum outro anônimo qualquer) rodou uma cacetada de cenas alternativas adicionando sexo, bruxaria e violência explícita à trama do filme antigo, rebatizando-o com o título auto-explicativo "Terror, Sexo y Brujería".
Numa ideia absurdamente genial, chamaram o mesmo ator do filme de 1968, em versão envelhecida, para interpretar (óbvio!) o irmão mais velho dele mesmo na versão de 1984! Dessa maneira, Fulano pode ser usado para linkar as novas cenas com mulher pelada e violência às partes antigas!
Esta nova versão também tem uma longa sequência de pesadelo num cemitério, mortes sangrentas, sexo e zumbis. Cenas de "amor inofensivo" do filme de 1968 viraram tórridas cenas de sexo aqui com a inserção de takes em detalhe mostrando peitos desnudos de outras "atrizes".
Isso tudo explica a montagem caótica (que lembra o cinema do querido José Mojica Marins), e o fato de a história fazer pouco ou nenhum sentido.
Finalmente, quando chegou a hora de lançar "Terror, Sexo y Brujería" em vídeo, a picaretagem novamente falou mais alto e, para aproveitar o sucesso de "Scarface" no México, o distribuidor resolveu rebatizá-lo outra vez como "Narco Satánico" - embora não exista qualquer menção a drogas ou traficantes no filme!
Por tudo isso, e pelo resultado escalafobético de tal remontagem, é impossível dar menos de cinco estrelas para esse negócio!
From Romero to Rome: The Rise and Fall of the …
2.8 1O "pesquisador" inglês Calum Waddell especializou-se em dirigir documentários sobre cinema fantástico sob encomenda, geralmente para serem incluídos em discos extras de edições especiais de grandes filmes. E se uso o termo "pesquisador" entre aspas é porque Waddell acabou se demonstrando um baita de um picareta, cujo trabalho às vezes versa sobre temas que ele sequer parece conhecer.
É o caso deste frustrante "From Romero to Rome", que aborda, de maneira superficial e desinteressada, como o sucesso dos filmes de zumbis de George A. Romero provocou um 'boom' de produções baratas com mortos-vivos na Itália. O material é riquíssimo e poderia render um documentário muito divertido - e quase chega lá quando enfoca algumas das maluquices macarrônicas, como a mistura de zumbis e canibais "Zombi Holocaust" ou o pornô com zumbis "The Erotic Nights of the Living Dead".
Mas se percebe que Waddell não tem o menor interesse em se aprofundar no tema. Ao invés de cenas dos filmes, usa cenas dos trailers porque é mais fácil e cômodo. Ao invés de procurar por diretores e roteiristas das obras sobre as quais o documentário trata, ele entrevista outros cineastas italianos que nunca fizeram filmes de zumbis, como Luigi Cozzi e Ruggero Deodato, e até alguns diretores ingleses contemporâneos (Alex Chandon, Darren Ward) que não têm nenhuma relação com zumbis italianos além de serem fãs (Waddell provavelmente foi entrevistá-los sobre algum outro assunto e aproveitou para conseguir uns depoimentos fáceis para encher linguiça).
O resultado é um documentário que até diverte aqui e ali, mas que não traz nenhuma informação nova ou relevante para quem curte o tema, e transpira preguiça e desconhecimento a cada minuto.
Maniac
3.0 6 Assista AgoraUm daqueles filmes terríveis sem meio-termo: é meia ou cinco estrelas.
Por motivos óbvios (sua completa demência), vou optar pelas cinco. :-D
Perigo Extremo
2.9 57 Assista AgoraCLOSE RANGE, o mais recente filme de ação do diretor B Isaac Florentine, é correto e econômico. E aí reside o seu grande problema: é APENAS correto e econômico, sendo que já faz alguns anos que se espera muito mais do homem - capacidade ele tem; pelo jeito o que lhe falta mesmo é dinheiro!
Florentine é um sujeito que já está há anos no mercado de cinema de ação barato, rápido e rasteiro. O que não quer dizer que encare a função com má vontade; pelo contrário, filmes anteriores como "Ninja" (2009), "Bridge of Dragons" e "Cold Harvest" (ambos de 1999), todos lançados em vídeo ou DVD no Brasil, são uma bela amostra do seu trabalho e melhores que tudo que sai da "primeira divisão". Só que a cada novo filme você fica esperando aquele que será o ponto de virada, aquele que vai carimbar seu passaporte para a liga principal, aquele que terá suficiente dinheiro e produção para dar de laço nos picaretas que infestaram o gênero há décadas. Já passou da hora de Florentine estar dirigindo o novo "Os Mercenários", ou aventuras para atores fodões como Liam Neeson e Jason Statham.
Pois bem, este ponto de virada na carreira do cara ainda não é CLOSE RANGE. Aliás, se bobear, este foi o filme mais barato que Florentine dirigiu na vida inteira. A trama, acéfala, se desenvolve em apenas duas locações. Praticamente não existe roteiro, e os diálogos se resumem em algumas ordens do vilão (para seus capangas tentarem matar o herói). O roteiro é econômico até em frases de efeito para o protagonista - o astro Scott Adkins, outro cara que manda bem demais e aqui distribui porradas e facadas como se não houvesse amanhã. Para quem gosta de filmes que vão direto ao assunto, este é um vencedor!
O problema, para quem vem acompanhando a carreira de Florentine, é que tudo soa ainda mais barato do que de costume. O tempo todo a gente fica aguardando por aquele grande momento, e ele nunca vem. Até o final é bem caído, e o filme inteiro some da memória meia hora depois de vê-lo.
CLOSE RANGE pode até valer como filmeco de ação rápido e descartável para perder 90 minutos da vida. Mas, infelizmente, cada novo filme de Florentine é mais frustrante que o anterior, e não por culpa do diretor: ficamos é com pena que alguém tão bom e com tanto potencial pareça condenado a continuar fazendo filmes tão fundo de quintal!
The Mind's Eye
2.9 14Existem duas formas de avaliar THE MIND'S EYE.
O problema é que uma não é justa com a outra.
A primeira forma é avaliar como filme "indie", feito fora do circuito dos grandes estúdios e com baixíssimo orçamento. Por esse prisma, ele realmente brilha: é uma história sobre pessoas com poderes telecinéticos filmada totalmente com efeitos práticos inclusive nas cenas mais difíceis, quando cabeças e pessoas inteiras são explodidas. Também há um cuidado quase obsessivo com a fotografia (repleta de tons exagerados de azul e vermelho), com o desenho de som e com a trilha sonora oitentista. Enfim, para uma produção independente o nível técnico está muito, mas muito acima do esperado e realmente salta aos olhos.
Aí entra a segunda forma de avaliar THE MIND'S EYE, que é como 'filme-filme'. E não tem salvação: parece que os realizadores ficaram tão preocupados com os aspectos técnicos que esqueceram de escrever um roteiro. (Mal) Sustentado por um fiapo de história, o filme sequer tenta desenvolver seus personagens: só sabemos quem são os "bonzinhos" e os "malvados" porque o filme assim determina, e esses últimos são tão caricaturais que parece até gibi ruim. Todos, heróis e vilões, também são muito burros: os bandidos, por exemplo, não aprendem nem na segunda, nem na terceira vez que você não deve apontar uma pistola para alguém que tem poderes telecinéticos ao invés de atirar de uma vez, antes que ele possa bagunçar sua mente e impedi-lo de apertar o gatilho. Para piorar, tudo é levado excessivamente a sério, sem nenhum senso de humor, sem nenhuma piadinha (proposital ou involuntária).
Então, embora seja louvável a ambição de todos os envolvidos - que inclusive tentaram recriar com pouco dinheiro os efeitos de altíssimo nível de clássicos como "Scanners" e "A Fúria", e foram razoavelmente bem-sucedidos -, tal ambição também se revela um tiro no pé quando não há personagens interessantes nem história nova para contar. Considerando tudo isso, as sequências fraquinhas de "Scanners", mesmo aquela bagaceira chamada "Scanner Cop", ainda são muito mais eficientes (e muito mais cinema também) do que THE MIND'S EYE inteirinho.
Fantasma: Devastador
2.7 51Embora seja fantástico rever toda a turma, agora envelhecida, pela última vez, e a dupla Hartman-Coscarelli reserve algumas surpresas ao longo do caminho, PHANTASM: RAVAGER não é exatamente a conclusão que eu esperava para a minha série preferida (ainda mais quando é uma conclusão que está sendo esperada há praticamente 20 ANOS!!!).
Todos os quatro filmes anteriores expandiam a trama de alguma maneira, oferecendo novas informações que ajudavam a deixar o quebra-cabeça ainda mais complexo, mas ao mesmo tempo ainda mais fascinante. Este quinto capítulo da saga não faz isso, preferindo retroalimentar-se com os mesmos elementos já vistos ao longo da franquia (inclusive personagens secundários de todos os capítulos), entregando-se à ação e ao velho jogo 'realidade-alucinação' que remete diretamente ao "Phantasm" original, mas sem se preocupar em amarrar as pontas soltas (pelo contrário, deixando-as propositalmente soltas). A narrativa também é episódica demais, mesmo para um episódio da série, o que se justifica pelo fato de o projeto ter nascido como uma websérie que foi transformada em longa-metragem.
O resultado é divertido PARA OS FÃS DA SÉRIE (qualquer outro espectador provavelmente ficará incomodado e não passará dos primeiros 10 minutos), e, sendo um, fica impossível não se arrepiar toda vez que um personagem "das antigas" entra em cena em versão idosa (os caras envelheceram junto com os filmes, desde 1979!), ou quando os imortais acordes da música-tema tocam. Mas eu acho que "Phantasm 4", com todas as suas questões em aberto e aquele desfecho lindão com uma cena não-utilizada do filme original, ainda é o melhor final para a série.
Se não é um grande filme nem traz nada de novo, pelo menos PHANTASM: RAVAGER não estraga a mitologia da quadrilogia original e ainda traz um pouco de tudo que fez sucesso desde o primeiro capítulo. É um trabalho de amor e para fãs, produzido com trocados - como o CGI horrível e as inúmeras cenas filmadas com os atores em frente a uma tela verde denunciam. E eu confesso que prefiro viver num mundo com mais um "Phantasm", mesmo que feito no improviso, do que num mundo com um remake de "Phantasm" dirigido por algum videoclipeiro qualquer.
O Alvo 2
2.7 53 Assista AgoraNo começo dos anos 90, quando o público ocidental mainstream estava começando a conhecer a demência do cinema de ação oriental, o diretor chinês John Woo foi para Hollywood mostrar aos ianques como se fazia. O resultado foi o divertidíssimo "O Alvo" (1993), que tinha o Van Damme de mullet comandando um festival de tiros, explosões e cenas de ação absurdas em câmera lenta - aquela espécie de "ballet de ação" afetado e estilizado que virou moda e clichê logo em seguida.
Fade-in, um salto de 23 anos no tempo e eis que sai uma sequência bastarda e 'direct-to-video' do filme de Woo, HARD TARGET 2. Confesso que estava razoavelmente entusiasmado pelo projeto, que é estrelado por um dos caras mais fodas do cinema de ação atual, Scott Adkins. Infelizmente, os produtores esqueceram que "O Alvo" também tinha John Woo na direção, e para fazer algo minimamente à altura, e não desperdiçar um sujeito do calibre do Adkins, precisaria de um diretor barateiro que entendesse de filme de ação e estivesse doido para mostrar serviço, tipo um John Hyams ou Isaac Florentine. Mas quem acabou ocupando a cadeira de diretor foi o holandês Roel Reiné, especializado em assinar continuações vagabundas de filmes dos outros (tipo "Corrida Mortal" 2 e 3 e "Atrás das Linhas Inimigas 4"!).
O resultado é um filme cansativo (com absurdos 105 minutos, tem pelo menos meia hora a mais do que deveria), sem nenhuma novidade e dirigido no piloto automático. Desperdiça Adkins, um lutador espetacular, ao dar-lhe apenas uma ou duas oportunidades para mostrar seu "talento" em câmera lenta. O herói interpretado por ele é inexpressivo e completamente imbecil, do tipo que está sendo perseguido por homens armados na floresta, completamente desarmado, mas, quando consegue matar um rival que tem uma metralhadora e uma faca, vai embora de mãos vazias
Apesar de Reiné já ter copiado o estilo de John Woo em outros dos seus filmes, as cenas de ação de HARD TARGET 2 são mornas, fraquinhas, com sangue digital e pouquíssimas daquelas acrobacias e saltos mortais que fazem o primeiro filme ser tão divertido. Ele não é capaz sequer de fazer uma última luta respeitável. As únicas coisas que o diretor realmente emulou de Woo foram aquelas que ficaram mais 'demodê' de 1993 para cá, como os sujeitos apontando arma um para o nariz do outro, ou as pombas brancas voando em câmera lenta.
Um completo desperdício, mas podia dar a deixa para finalmente lançarem a "versão do diretor" do original, com todas as cenas de violência cortadas lá atrás em 1993...
Sharkansas Women's Prison Massacre
1.4 6Um monte de mulheres gostosas que nunca aparecem peladas (embora ameacem fazê-lo o tempo todo, e isso num filme do rei da nudez gratuita Jim Wynorski). Tubarões que são praticamente coadjuvantes e que sempre matam suas vítimas off-screen e em cenas onde não se derrama uma única gota de sangue.
Tinha tudo para ser uma bobagem sem noção de aplaudir de pé, mas pelo jeito a criatividade ficou somente no título. O restante é mais um insuportável telefilme no "nível" Sy-Fy, onde a graça passa longe, tudo é levado mais a sério do que se deveria e nem mesmo os atores conhecidos pagando mico (Traci Lords e, principalmente, Dominique Swain) justificam o martírio de aguentar até o final.
La Cripta De Las Condenadas: Parte II
2.0 1O "filme" é aquela bobajada típica da fase digital do então octogenário Jess Franco: uma câmera ligada num cenário exíguo repleto de espelhos, enquanto belas garotas nuas ficam saracoteando e se esfregando em intermináveis cenas de sexo implícito, exibidas em câmera lenta, ao som de música clássica.
Dois ou três takes de um cemitério (sempre os mesmos) são inseridos na montagem, para tentar induzir o espectador a acreditar que tudo isso está acontecendo dentro de uma cripta, e não no chão do apartamento de alguém.
Enfim, é um martírio chegar ao fim (e isso que não são nem 80 minutos!), e o tempo inteiro você fica se perguntando: "Mas por que eu não vejo um pornô DE VERDADE ao invés dessa lenga-lenga que sequer é bem filmada?".
Ainda assim, "La Cripta De Las Condenadas: Parte II" ganha uma estrelinha extra pelo misto de genialidade e picaretagem do inigualável Franco. Por exemplo: na cena final, ele consegue simular a morte de uma das "condenadas" apenas com um efeito vagabundo em que "inclina" uma imagem fixa, e é uma solução tão sem-vergonha e ao mesmo tempo tão criativa que dá vontade de aplaudir. Se fosse em Hollywood, gastariam uns 20 milhões de reais só para fazer essa cena; Jess resolveu com dois cliques no Adobe Premiere!
Zorro
3.1 14 Assista AgoraAcabei de ver um dos DVDs nacionais desse filme (que foi lançado por diferentes distribuidoras, sempre com "qualidade" piratex), e confesso ter ficado surpreso com o roteiro confuso e com a ruindade da edição. Pesquisando para saber até onde era amadorismo dos realizadores, descobri que a versão lançada no Brasil, que dura quando muito 85 minutos, na verdade é uma montagem reduzida em quase MEIA HORA (!!!) do corte original, que durava originalmente 125 minutos. Entre as muitas cenas excluídas estão as explicações e o desenvolvimento de personagens (inclusive do herói, e como ele ouve sobre a lenda de Zorro para resolver assumir a máscara do vingador) dos quais senti tanta falta nesta abominável versão curta disponível no mercado brasileiro. Portanto, vou procurar a montagem original do filme e desconsiderar essa aberração que vi. Recomendo que todos que avaliaram a obra baseados nas cópias nacionais façam o mesmo, para não serem injustos com o filme.
Lambada! A Dança Proibida
2.4 188Só a oportunidade de ver Richard Lynch todo desengonçado dançando "Chórando se foi..." com a Laura Herring pré-Mulholland Drive já valeria as três estrelinhas. Mas ainda tem o Sid Haig como pajé amazônico! :-D
Papai Fez Filmes Sujos
3.5 4Extremamente falho no tocante à carreira de Stephen C. Apostolof/A.C. Stephen como produtor/diretor. Quem for julgar apenas pelo que o filme apresenta é capaz de pensar que o cara foi um produtor respeitado, ou que realmente ganhou milhões com seus "nudie-cuties", quando isso passa bem longe da realidade. Além disso, o documentário passou voando pela relação entre Apostolof e Ed Wood, o que poderia render praticamente um filme à parte. Da maneira como o assunto é enfocado, parece até que Wood foi demitido durante as filmagens de "Orgia da Morte" (o primeiro trabalho conjunto dos dois) e nunca mais trabalhou com Apostolof, quando na verdade eles fizeram outros seis filmes que sequer são mencionados.
Por outro lado, o documentário acerta ao buscar um tom mais familiar, com belos depoimentos dos filhos e da terceira esposa de Apostolof, lembrando que um safadão que fazia filmes baratos e apelativos também era pai carinhoso e marido dedicado (coisa que os moralistas de cuecas geralmente esquecem na hora de apontar dedos acusatórios). Os depoimentos dos filhos são bem legais, e até emocionantes (como quando o filho mais novo relembra os últimos dias do pai e um pedido feito por ele que acabou não sento atendido).
Se o filme tivesse mais uns trinta minutos, para cobrir melhor a filmografia do Apostolof, seria infinitamente mais interessante (e correto), mas do jeito que está é bem divertido e já dá uma bela ideia do tipo de vida sui generis que Stephen C. Apostolof teve.
Como Não Perder Essa Mulher
3.0 1,4K Assista AgoraTítulos imbecis já são uma constante em se tratando do mercado brasileiro, mas nesse caso aqui os distribuidores se superaram, passando uma ideia completamente equivocada do que é o filme ao tentar vendê-lo como apenas mais uma comédia romântica. Uma pena, porque vai afastar boa parte do seu público ao mesmo tempo em que acabará enfurecendo quem cair na armadilha e comprar gato por lebre.
O Morto Vivo
2.1 2Jerry Warren era um produtor e distribuidor norte-americano conhecido por adquirir filmes estrangeiros (principalmente mexicanos) e destruí-los, reeditando-os completamente e adicionando novas cenas que ele mesmo filmava com atores desconhecidos de Los Angeles.
Esta aqui é a sua versão para o terror mexicano "La Marca del Muerto" (1961), de Fernando Cortés, e ilustra direitinho a incompetência e o desserviço de Warren com suas "remontagens": embora a versão norte-americana seja 10 minutos mais curta que a original, Warren retirou várias cenas importantes e explicações necessárias da trama do filme mexicano (tipo a maneira como o descendente encontra o laboratório do seu antepassado, ou de onde diabos vem a empregada que ele usa para ressuscitá-lo) e adicionou diversas cenas que não contribuem em nada para a história; pelo contrário, apenas atravancam a narrativa. Tipo a desconexa narração na abertura, o comissário gordão sendo massageado no braço (!!!) ou a loooonga cena durante uma sessão espírita.
Talvez essa bomba tenha sua curiosidade para estudantes de cinema (para confirmar a importância da montagem e como esta ferramenta pode ser utilizada por picaretas para alterar completamente um filme). Mas para quem quer um bom filme de horror barato à moda antiga, eu recomendo fortemente esquecer que isso aqui existe e procurar pelo corte original:
http://filmow.com/la-marca-del-muerto-t195038