Eu fui pro cinema bastante temeroso com a forma que esse filme retrataria a vida de Amy Winehouse, e infelizmente realmente não fez jus a ela e à sua memória. Temos um primeiro ato muito problemático e pouco convincente. A introdução dos personagens é bastante artificial, e as cenas em que Marisa Abela canta são um tanto forçadas. No entanto, após esse começo instável, o filme melhora significativamente, tendo como destaque a sequência em que a música tema “Back to Black” é tocada.
Marisa Abela faz o que pode nesse papel, resultando em alguns momentos que são aceitáveis. Não vejo semelhança alguma da atriz com a Amy, mas ela conseguiu me convencer em cenas específicas. Acho que a maior dificuldade da atriz nessa composição foi fazer o sotaque, que é mecanizado demais, não parece natural. Por algumas vezes, tive a sensação de que ela queria apenas imitar a Amy, em vez de realmente incorporá-la. Jack O’Connell me surpreendeu por estar escalado no filme, eu não tinha ideia de que ele seria a representação da desgraça que foi Blake na vida da Amy. Não é a primeira vez que ele interpreta um vilão, ou no mínimo um personagem de caráter questionável, então achei ele bem confortável nessa atuação, digamos.
Lesley Manville merece menção por sua atuação e presença fortes, e suas cenas com Abela são os destaques do filme. Eddie Marsan também faz um bom trabalho. Acho que, pra um leigo que conhece superficialmente a história, esse longa consegue fazer facilmente o público se importar com a personagem principal, o que é crucial, e além disso, as músicas da Amy embalando a trilha são muito bem integradas. Mas pra quem conhece mais a fundo a história (recomendo que assistam ao documentário “Amy”, de 2015), o filme em algumas cenas passa a impressão que queria inocentar ou redimir determinados personagens, que no meu ponto de vista, não merecem absolvição. Achei isso muito desrespeitoso e extremamente controverso.
Tecnicamente o filme tem muitas qualidades. Foi muito bem filmado – em especial aquela cena do Grammy, que me deixou arrepiado até a alma, um dos melhores momentos da Marisa Abela –, acho a fotografia decente e a trilha foi escolhida com cuidado, fora os instrumentais que também são bons. Pena que esse cuidado com aspectos técnicos não tenha refletido na elaboração do roteiro.
Amy Winehouse merecia uma cinebiografia à altura, fiel ao que ela passou e como as coisas aconteceram. Espero que em algum momento no futuro, isso aconteça.
Semelhante a “Rise”, “Kingdom” é um filme sólido e que se mostra bastante preparado pra futuras sequências que prometem ampliar o nível que foi estabelecido aqui. A jornada de herói em crescimento do Noa é convincente, e mais tradicional que a de Caesar. Proximus é um vilão competente, embora não atinja o mesmo nível do Koba ou mesmo do Coronel. Esse personagem é curioso de um jeito sombrio, e eu gostei da ideia de distorcer as palavras bem-intencionadas do passado, transformando aquelas ideais em um fanatismo sem base. Isso reflete a realidade, há um claro contraste aqui com religião e como as pessoas tendem a usar Deus pra justificar e destilar seus preconceitos, proferir discursos de ódio, e tantas coisas que já estamos todos EXAUSTOS de testemunhar.
Nas atuações, Peter Macon é um destaque, demonstrando compaixão e ponderação em cada palavra e ação do Raka. Freya Allan também se sobressai: ela não é a típica aliada ou vilã humana, mas uma anti-heroína. Assim como Noa, você fica dividido se realmente pode confiar nela. Suas motivações são compreensíveis, mas o que ela se mostra disposta a fazer pra atingir seus objetivos são questionáveis, já que existe um senso muito forte de direito e condescendência da parte dela – os humanos chegaram primeiro, os macacos não foram feitos pra tomar o lugar deles. Mas ela também não tem o direito de tomar uma decisão dessas. A atriz evoca muito bem a dor e a angústia da Mae, até um toque de autoaversão. Ela equilibra muito bem essa linha tênue, e a ambiguidade abre espaço pro desenvolvimento em filmes futuros. E Owen Teague vive o protagonista Noa com determinação, construindo habilmente o personagem de modo que honre o legado de Caesar, ao mesmo tempo em que trilha seu próprio caminho.
Os visuais de “Kingdom” são excelentes. Os efeitos de CGI e captura de movimento são incrivelmente realistas, e mais uma vez todos os atores brilham. Além disso, os ambientes são deslumbrantes, o trabalho de design é impecável, assim como nos anteriores da franquia. É um espetáculo visual.
“Kingdom” é uma adição digna à série, mostrando que ainda existe bastante o que explorar nesse universo e que existe possibilidade de que os próximos sejam tão grandiosos quanto a trilogia anterior.
Sinceramente, acho que todos os filmes blockbusters deveriam seguir o padrão que foi apresentado nesta trilogia. É deslumbrante observar como o avanço tecnológico é usado perfeitamente a serviço dos atores interpretando esses animais. Andy Serkis captura a angústia na alma de Caesar com um simples movimento de seus olhos, e a maneira como seu rosto desmorona é tão crível e tão realista que você simplesmente SENTE. A linha tênue em que Caesar caminha entre seus antigos ideais e a vingança agonizante a qual Koba sucumbiu é tão tensa e angustiante quanto as cenas de ação e fuga, que são bastante eletrizantes. Tudo neste filme é meticulosamente cronometrado, e o clímax é exatamente o que poderíamos esperar.
Consegui me apegar tanto aos personagens. O Maurice é único. Koba é fantástico em suas duas cenas, seu sorriso presunçoso e selvagem é um pesadelo enquanto ele se regozija com Caesar seguindo seu caminho. E o Coronel interpretado por Woody Harrelson é um digno sucessor pro papel de vilão: um monstro não separado da humanidade, mas alimentado por sua própria noção dela, sendo uma destilação da ideia constante da franquia de que só há uma maneira de ser humano, e qualquer desvio disso se torna uma ameaça. Não há indício, como visto por Nova, de que perder a capacidade de falar verbalmente signifique perder qualquer outra coisa, mas pro Coronel significa se tornar algo inferior. Se analisar a fundo, dá pra enxergar claramente uma proposta de reflexão sobre pessoas com deficiência nesse enredo.
Com um monólogo entregue de forma magistral por Harrelson, você consegue até sentir um pouco (pouco!) de simpatia por ele, embora saiba inequivocamente que ele é um monstro. E a subversão do último confronto entre ele e Caesar é excepcional. Em vez desse homem imponente e aterrorizante que ele vende ao longo do filme, neste momento específico ele surge como um homem destroçado, cujos esforços foram todos em vão. Não existe glória, era guerra. Steve Zahn também brilha como o Bad Ape, um alívio cômico bem-vindo e que tem um passado doloroso. Os olhos desse personagem transmitem uma esperança frágil e um desejo ardente; e até personagens menores como Red Donkey e Preacher têm pequenas narrativas que se refletem uma na outra e estão cheias de humanidade, tanto boa quanto má.
O CGI atingiu um novo patamar de qualidade, e a fotografia apresenta um padrão impecável, especialmente com as paisagens nevadas que dão um visual único ao filme. É realmente admirável aqueles planos abertos (especialmente no último ato). A trilha sonora é cativante e os macacos trabalhando em conjunto pra escapar das gaiolas é uma homenagem sutil a “Origem”, mantendo ao mesmo tempo uma sensação de novidade. A trilogia “Planeta dos Macacos” levanta questões essenciais sobre a natureza da humanidade. E é impactante, e assustador, as respostas que podemos encontrar.
Muito mais do que um blockbuster, “O Confronto” se concentra principalmente em explorar temas significativos, com cada elemento contribuindo pra alcançar esse propósito, sejam os momentos emocionantes e surpreendentes, até os avanços tecnológicos impressionantes. O CGI surge mais impressionante neste segundo capítulo, elevando as performances dos atores a um novo patamar. A atuação de Serkis é excepcional, transmitindo uma variedade de emoções com cada palavra e gesto. Koba se destaca como um antagonista memorável, cuja jornada trágica o leva a caminhos sombrios e assustadores. A interpretação de Toby Kebbell adiciona profundidade ao personagem, ainda mais em uma cena específica...
Dreyfuss, interpretado de forma convincente por Gary Oldman, oferece um contraponto interessante, sendo um homem cujas ações são influenciadas por circunstâncias além de seu controle. Jason Clarke, Keri Russell e Kodi Smit-McPhee também se destacam em seus papeis, sem tirar o foco dos protagonistas símios. A dor é um tema recorrente ao longo do filme, mostrando como ela afeta tanto os humanos quanto os símios, moldando seus destinos de maneiras imprevisíveis. Por fim, a tragédia permeia a narrativa, com personagens como Koba e Caesar enfrentando perdas devastadoras que alteram o curso da história.
As cenas de batalha são intensas e emocionantes, sem glorificar a violência, mas sim mostrando suas consequências pesadas. Os momentos finais do filme são poderosos, destacando a inevitabilidade do conflito e as consequências devastadoras da guerra. As últimas palavras do filme resumem perfeitamente essa mensagem, destacando como as circunstâncias e a natureza humana muitas vezes selam o destino das pessoas. A guerra, levando em conta o nosso cenário mundial atual, continuará sendo por muito tempo um tema relevante e acima de tudo, alarmante.
Esse primeiro capítulo da nova franquia “Planeta dos Macacos” é incrível. “A Origem” representa não apenas um reinício familiar, mas traz também uma abordagem muito fresca e diferente. Os temas explorados aqui são instigantes e os personagens, sem dúvida, interessantes.
É Caesar quem torna este filme grandioso; sua jornada e evolução são absolutamente cativantes. O roteiro é um grande estudo de personagem, desenvolvendo um macaco em CGI que, de alguma forma, consegue impactar e causar emoção, e é admirável a habilidade com que os roteiristas alcançam isso.
O tema da paternidade/maternidade é notável, desde a relação entre Will e seu pai, até a relação entre Caesar e Will, e até mesmo o papel de Caesar como uma figura forte para os outros macacos. A inclusão da linha narrativa sobre o Alzheimer do Charles foi uma adição que comoveu. Por fim, Tom Felton foi escolhido de forma impecável pra mais um papel de vilão, já que sua presença é detestável do início ao fim.
Embora o CGI não seja perfeito, com algumas cenas ocasionalmente menos fluidas do que outras, ele desempenha sua função de maneira eficaz no geral. O terceiro ato é memorável, repleto de ação épica e cenários marcantes (eu nunca esqueci essa cena dos macacos passando pelas árvores, fazendo as folhas caírem como se fossem neve ou chuva). Demorei demais pra rever, o lançamento de um novo longa foi muito oportuno pra que eu revisitasse essa obra.
Tinhas expectativas de apenas me desligar por duas horas, não ter que pensar muito, e o filme entregou exatamente isso: diversão!
O elenco é excelente, sem dúvida o ponto mais forte aqui. Ryan Gosling e Emily Blunt formam uma dupla estelar e gostei de ambos, existe muita química ali e eles defendem os papeis com muita vontade. Hannah Waddingham e Aaron Taylor-Johnson também merecem menção.
A narrativa oferece entretenimento, embora tenha algumas falhas no roteiro em desenvolvimento e foco. Em algumas partes, o filme prolonga mais do que o necessário, não de forma muito “negativa”, mas o suficiente pra você achar que poderia ter sido resolvido em menos tempo. As cenas de dublês são fantásticas, como deveriam ser, dada a temática. Só faltou uma atenção maior na montagem, já que alguns cortes e ângulos não favorecem muito e acabam confundindo o que a gente tá vendo na tela.
É um filme fácil de ser assistido. Você vai rir durante a projeção e vai torcer pelo protagonista. Isso que vale.
Tão íntimo e tão sensível. É um filme que vai te devastar, pois é impossível não SENTIR o que esse personagem enfrenta ao longo da projeção.
Roteiro muito consciente de seus temas e sua abordagem LGBT. Temos aqui duas conversas sobre sair do armário com falas que são muito reais e identificáveis. Basicamente, são duas linhas temporais que eventualmente se fundem em uma, em níveis que não são muito óbvios, mas posso dizer com segurança que amei e sofri com ambas as narrativas. Uma das melhores abordagens sobre solidão que já vi. Medo, arrependimento, esperança e perdão também são temas muito bem explorados pelo diretor Andrew Haigh.
Os personagens são cativantes, o estudo de personagem é forte, a história é intrigante e as quatro performances são incríveis. Andrew Scott é o principal, mas acho que todos os atores carregaram o filme nos ombros – a cena da conversa do Adam com o pai, na casa, e depois a sequência da lanchonete, mostram a força da atuação de Jamie Bell e Claire Foy, assim como os minutos finais são devastadores, muito bem evocados por Paul Mescal. Filmado com uma qualidade e atenção invejáveis, várias cenas parecem uma sequência de sonho pintado à tinta. A trilha sonora é perfeita. O uso da iluminação é ótimo, principalmente quando se nota a mudança drástica entre os dois principais cenários, o que torna as coisas ainda mais cativantes.
Vale assistir, só precisa lembrar de comprar lenços.
“Challengers” tem como mote central um embate intenso entre Art Donaldson e Patrick Zweig, antigos amigos e parceiros de tênis que no presente, estão dentro de uma competição pessoal depois de se apaixonarem pela mesma mulher. Ambientado em uma academia de tênis, o filme explora a complexidade dos relacionamentos entre os personagens principais, enquanto eles lidam com emoções fortes, intensas tensões e uma relação amorosa complexa.
Zendaya encarna Tashi, espinha dorsal do longa, dividida entre seus sentimentos por Art e Patrick. A narrativa salta entre o presente e o passado enquanto desenvolve os relacionamentos e os problemas enfrentados pelo trio ao longo de um período de 13 anos. A tensão emocional e sexual entre Art e Patrick é retratada de um jeito hábil, o que só adiciona mais camadas à história sendo contada aqui.
A amizade entre os dois rapazes é destacada em momentos emocionantes, enquanto eles competem não apenas no esporte, mas também pelo amor e aceitação de Tashi. A abordagem visualmente deslumbrante de Luca Guadagnino, juntamente com performances envolventes do elenco (tanto Mike Faist quanto Josh O’Connor estão excepcionais, sendo Zendaya o destaque mor), eleva “Challengers” para algo muito além do típico filme esportivo, já que explora com delicadeza e cuidado temas universais de paixão, rivalidade e identidade.
No geral, o filme traz uma jornada excitante onde o verdadeiro vencedor é aquele que encontra sua própria identidade e autonomia, independente do desfecho da partida.
A guerra civil neste filme serve apenas como um pano de fundo pra um estudo profundo de personagens e uma série de sequências bem interpretadas e habilmente filmadas que exploram os efeitos em pequena escala do conflito, enquanto deixam de lado detalhes práticos – o motivo de tudo aquilo ter começado, origem, etc. A política por trás disso tudo é mantida intencionalmente fora de foco. E funciona perfeitamente.
Assisti ao filme no IMAX, e vale muito a pena conferir nesse formato, pois a qualidade técnica da filmagem é realmente impressionante. O som também tem seu espaço único, com as sequências de ação sendo explosivas e cada tiro de arma parecendo mais poderoso, mais realista e mais próximo do que qualquer um poderia esperar – confesso, inclusive, que tomei vários sustos em algumas dessas cenas. Essa combinação de sons contribui muito pra tensão constante do filme.
Sobre o roteiro: é surpreendentemente simples. Em muitos aspectos, lembra uma narrativa onde humanos estão fugindo de carro em um mundo pós-apocalíptico assolado por zumbis, mas em vez de mortos-vivos, são encontros aleatórios com grupos rebeldes. Cada sequência é em grande parte independente, tendo apenas os personagens como conexão. Apesar da falta de um enredo linear, a estrutura de cenas funciona devido à complexidade dos personagens e aos obstáculos únicos apresentados em cada cena.
Por fim, as performances são excelentes. Embora Kirsten Dunst e Caille Spaeny mereçam elogios, a atuação de Wagner Moura foi particularmente irretocável – e não digo isso apenas por ser brasileiro não! Ele realmente rouba a cena. Assim como Jesse Plemons, que também se destaca em mais um papel bastante perturbador pra sua carreira.
Finalizo dizendo que não me incomoda em nada não terem aprofundado a origem de tudo. Afinal, guerra no campo de batalha não tem política. O que temos ali são pessoas matando pessoas tentando matá-las (e muitas vezes matando qualquer um que cruzem, combatente ou não, e existem algumas cenas nesse filme que abordam isso de forma sutil e também bastante explícitas). Nenhuma ideologia pode racionalizar o massacre. Este não é um filme sobre o motivo de uma guerra irromper, mas sim sobre vida e morte em uma zona de guerra de forma crua e realista.
“Que Horas Ela Volta?” é uma obra que adentra as intricadas relações familiares e sociais do Brasil contemporâneo, explorando as dinâmicas entre empregados domésticos e seus empregadores. O filme evidencia a discrepância entre as percepções de Val e sua patroa, Bárbara, em relação às mudanças sociais em curso. Enquanto Val resigna-se em seu papel de “quase membro da família”, Jéssica, sua filha, personifica uma nova geração de brasileiros que aspiram a mais do que os tradicionais papéis atribuídos pela sociedade. As interações entre Val, Jéssica e os donos da casa onde elas vivem revelam as tensões subjacentes e as diferenças de perspectiva entre as classes sociais de maneira sublime, com muitas críticas sutis e escancaradas.
A interpretação de Regina Casé como Val é brilhante, transmitindo uma mescla de resignação e ternura em relação à sua posição na família e ao seu papel como mãe. O contraste entre Val e Jéssica, interpretada por Camila Márdila, destaca as mudanças geracionais e as novas aspirações dentro da sociedade desse nosso país.
O filme também aborda questões mais amplas, como a luta de classes e a hipocrisia da elite liberal, que professa a igualdade superficialmente, mas mantém uma clara divisão entre si e aqueles que consideram inferiores. Ao destacar essas contradições, “Que Horas Ela Volta?” proporciona uma reflexão profunda sobre as pessoas, sobre o Brasil, de um modo doloroso, mas que segue atual mesmo 9 anos depois.
E continuaremos assim por um bom tempo, infelizmente. Já que reconhecer as divisões sociais e econômicas é fácil, o difícil é superá-las.
“Estômago” é uma narrativa habilmente entrelaçada pelo diretor Marcos Jorge, que mantém o público envolvido e surpreso com a cegueira do personagem principal, Raimundo Nonato, interpretado com brilhantismo por João Miguel. A alternância entre presente e passado é realizada de forma fluida, dando ao filme um ritmo envolvente e mantendo o interesse até o final, que resolve ambas as linhas narrativas de maneira satisfatória. Os atores, especialmente Fabíula Nascimento como Íria, atuam como obstáculos pra que Nonato reflita sobre sua estupidez, enquanto a fotografia e o som capturam atmosferas distintas na cidade e na prisão.
Além disso, a representação da comida é uma constante tentação, despertando a fome sempre que Nonato prepara seus pratos.
Em suma, “Estômago” é um longa cativante sobre a relatividade da felicidade, que nos lembra que a jornada muitas vezes é mais divertida do que o destino. Contado de maneira envolvente e agradável, o filme garante entretenimento do início ao fim, especial pra quem aprecia uma narrativa complexa e instigante.
Pra sempre o filme da minha vida. Obra-prima em todos os aspectos. Meticulosa atenção aos detalhes, desenvolvimento dos personagens, habilidade de mesclar ficção e fatos reais, e sua capacidade de provocar uma gama tão ampla de emoções, desde o desespero até a esperança, são verdadeiramente impecáveis.
No meu coração, falando com toda a minha emoção, não existe filme maior. Esse aqui é o topo.
Claramente “Kill Bill” possui uma natureza estruturada em clássicos filmes asiáticos de ação, e embora seja marcado por violência explícita, o filme de Tarantino apresenta coreografias de luta excepcionalmente elaboradas, destacando-se como um exemplo de técnica cinematográfica.
A estrutura narrativa do longa é um elemento conscientemente escolhido pelo diretor, acrescentando uma camada de autenticidade ao estilo do filme. O humor peculiar de Tarantino, a narrativa não linear e os personagens exagerados contribuem pra uma experiência singular. Tarantino conduz habilmente o público, mantendo o envolvimento do início ao fim. Embora possa parecer lento em certos momentos, “Kill Bill” mantém um ritmo consistente, mantendo o público engajado por meio de uma combinação de atuações convincentes, trilha sonora marcante e edição habilidosa. As impressionantes cenas de luta e a sequência de anime são memoráveis.
É compreensível como um filme tão surpreendente, ultravioleta e inventivo como esse tenha conquistado um lugar marcante no cinema em geral. Produções como esta são raras nos dias de hoje, tornando “Kill Bill” único e digno de muito reconhecimento.
“Cisne Negro” se apresenta como uma narrativa complexa e envolvente. A atuação de Natalie Portman no papel de Nin é marcante, das mais comprometidas e entregues que eu já testemunhei, agregando profundidade ao desenvolvimento da personagem.
A fotografia de Matthew Libatique desempenha um papel fundamental na imersão do público na história, utilizando-se de closes detalhados e movimentos de câmera manuais pra direcionar o foco pra Nina. Através de tomadas amplas, a grandiosidade do palco e a solidão na busca pela perfeição são habilmente retratadas, contribuindo pra atmosfera densa e introspectiva do filme.
A trajetória errática de Nina e seu eventual reconhecimento são elementos que evocam reflexões sobre a natureza humana e a percepção da realidade. Este aspecto do filme ressoa com a máxima de que o reconhecimento da própria insanidade pode ser um momento de libertação, e provoca uma reflexão sobre os limites da lucidez e os mecanismos de autodescoberta.
Darren Aronofsky traz uma análise perspicaz da psique humana, explorando temas como obsessão, perfeccionismo e autoconhecimento. Sua abordagem complexa e suas performances impactantes dão ao longa uma profundidade emocional que ecoa no público, tornando-o uma obra instigante.
“A Viagem de Chihiro” é verdadeiramente uma obra de arte do gênero de animação de fantasia. A imersão em um mundo repleto de criaturas místicas e mitológicas torna esse filme uma experiência envolvente, enquanto a narrativa aborda temas universais como amadurecimento e responsabilidade. A ambiguidade quanto ao público-alvo é bastante notável, pois consegue cativar tanto crianças quanto adultos, proporcionando um longa rico em múltiplos níveis de apreciação.
A qualidade da história é indiscutível, com uma trama envolvente que mantém o público intrigado do início ao fim. A atmosfera é cativante, transportando o público pra um universo absolutamente encantador. E a animação em si é caprichadíssima, com detalhes meticulosos e uma fluidez visual que impressiona, enquanto o design de som, especialmente na legendada, complementa perfeitamente a experiência sensorial.
Miyazaki presentou o mundo com uma obra que não apresenta falhas significativas. Sua excelência é notável em todos os aspectos, tornando-o um filme imperdível pra qualquer fã de animação. Os filmes do Studio Ghibli continuam me surpreendendo.
Daqueles filmes que te obrigam a se perguntar “por que diabos eu não assisti antes?”. Sempre tive muita vontade de assistir, finalmente dei o play, e tô impressionado com o quanto eu curti e com a estética perfeita.
A cena inicial é impecável ao estabelecer a ameaça do Tenente Hans Landa. A trama é cativante, com diálogos fantásticos que talvez sejam os melhores do Tarantino. Toda a narrativa é dedicada a construir uma sucessão de situações absurdas e eficazes ao evocar tensão. É uma mescla cativante do diálogo perspicaz tão característico de Tarantino, sua tendência de não se prender a uma única trama por mais de vinte minutos, influenciada pela natureza inquieta, e um desejo intrínseco de conduzir o público a uma sensação enganosa de segurança antes de chocá-lo.
Brad Pitt se entrega totalmente ao papel do herói de guerra estereotipado, brincalhão e com um sotaque terrível, enquanto Christoph Waltz rouba a cena como um nazista traidor, astuto e ameaçador. “Bastardos Inglórios” é um feito de genialidade, entrelaçando três filmes distintos em um impressionante e abrangente trabalho cinematográfico. Audacioso, brilhante e impactante. Vale conferir.
“Eternal Sunshine of the Spotless Mind” é uma comédia romântica perspicaz que explora a complexidade dos relacionamentos e seus desfechos.
O aspecto fascinante do roteiro desse filme é que nós somos transportados pra dentro da mente do protagonista, Joel, e observamos como suas memórias vão sendo distorcidas e apagadas. A representação visual da psique de Joel é bastante variada, oscilando entre o poético, o assustador e o ridículo, com uma profusão de cenas oníricas e visuais intrigantes. Os eventos são apresentados fora de ordem cronológica, com a única constante sendo a mutável cor de cabelo de Clementine, que serve como referência temporal.
Sem dúvida, uma das melhores comédias românticas da época, e com um final absolutamente coerente com o que foi mostrado durante toda a projeção. A esperança é a última que morre – se é que morre.
Impressionante. Cada cena desse filme é uma experiência e tanto, e um exemplo perfeito de como é possível criar algo reflexivo e divertido. “Pulp Fiction” é um sucesso na cultura pop, e agora entendo o motivo. Espirituoso, violento e mergulhado no niilismo que retrata. O roteiro aqui é fundamental para a coesão do filme. O sarcasmo afiado e autoconsciência dão ao longa uma atitude inesquecível. As referências bíblicas de Jules adicionam profundidade temática, ao mesmo tempo em que acrescentam um toque de fascínio. Mesmo nos momentos reflexivos, há uma descontração irônica que mantém a atmosfera descontraída.
A atuação também é um ponto alto. John Travolta brilha como Vincent Vega, um assassino em série aparentemente indiferente, enquanto Samuel L. Jackson interpreta o parceiro de Vincent, com inteligência e entusiasmo. Uma Thurman é icônica como Mia Wallace, esposa atormentada do chefe do crime Marsellus Wallace, interpretado por Ving Rhames. Bruce Willis entrega uma performance notável como Butch Coolidge, um boxeador profissional envolvido no submundo do crime. O elenco principal dá vida a cada expressão, movimento e palavra, dando poder ao filme.
A atenção aos detalhes em cada cena é admirável. O filme cativa do início ao fim, explorando suas ideias com maestria, especialmente na fotografia. A música acrescenta ainda mais caráter ao longa. E a estrutura narrativa não-linear é facilmente compreensível, e o final, embora não grandioso ou espetacular como outros do Tarantino, é satisfatório e propõe uma reflexão interessante.
Temos aqui a exata mesma fórmula de Godzilla vs. Kong, uma história boba, simplista e repleta de falhas, mas ao mesmo tempo é exatamente o que o grande público espera de um filme sobre monstros gigantes: diversão exagerada e pancadaria!
Assim como seu antecessor, a narrativa humana prejudica o filme e a tudo o que é mostrado parece que foi se criando conforme os roteiristas escreviam as cenas – escrito a seis mãos pra no fim parecer que não teve planejamento algum, coragem. Existem erros de continuidade e MUITAS conveniências conforme as coisas avançam. Todos o texto é superficial, sempre didático, sempre expositivo, mastigado, essa necessidade de detalhar tudo o que tá acontecendo, por mais óbvio que seja, é irritante.
Godzilla foi jogado pra um papel coadjuvante em um longa que tem seu nome, ao passo que Kong recebe toda a atenção e desenvolvimento, e por conta de ser um personagem mais humanizado, acaba rendendo algumas cenas bem impactantes – sua relação com o “mini Kong”, por exemplo, é comovente.
O mérito do filme se encontra na ação: abundante e épica, pena que com um CGI questionável em diversos momentos. A exploração da Terra Oca foi mais envolvente do que na última vez, com novas descobertas, criaturas e uma imersão mais profunda na mitologia dos titãs. Dan Stevens tem um papel carismático, mas não vai pra muito longe disso e não contribui muita coisa também. Acho que a apresentação do Scarking também teve erros, eu esperava uma criatura mais ameaçadora e poderosa e não é bem isso o que nós temos com ele.
Embora a batalha final seja épica, em alguns momentos são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que acaba confundindo – ao menos, mais uma vez foi tudo à luz do dia, e nós agradecemos muito por isso.
Anna Castillo, como era de se esperar, carrega o filme nas costas e apresenta uma atuação intensa e muito comprometida. Sua personagem, Mia, demonstra uma determinação e coragem surpreendentes à medida que sua situação se torna mais angustiante e aterrorizante. Observá-la enfrentar vários perigos, um atrás do outro, adiciona uma tensão real ao filme. No entanto, algumas situações podem parecer um tanto convenientes demais e até mesmo absurdas em algumas ocasiões – o sinal de celular com ligações limpíssimas humilhou várias capitais pelo mundo. Mas a atuação da atriz é o suficiente pra nos fazer torcer pela personagem.
A direção de Albert Pintó é sólida e se debruça no talento de Anna Castillo. O filme fica um pouco estagnado no segundo ato, acho que teria um resultado mais satisfatório se tivesse uma duração menor. Embora conte uma história de força e sobrevivência, o filme também aborda questões de culpa, tristeza e maternidade.
Não é o mais original entre filmes de terror, mas “Sorria” consegue executar efetivamente o básico, demonstrando um nível de contenção admirável com a premissa central. O longa conta uma atuação sólida de Sosie Bacon, imagens perturbadoras, sustos bem executados e um mistério que acaba envolvendo e intrigando. A intenção do diretor Parker Finn de manter a narrativa a mais fundamentada possível é notável, embora o terceiro ato acabe se desviando um pouco do que estava sendo construído antes.
Um dos pontos altos é como o roteiro é contido no uso das expressões sorridentes, mantendo o nível de terror elevado quando elas aparecem. A trilha sonora inspirada também contribui pra uma sensação de desconforto.
Além de seu aspecto assustador e cheio de suspense, “Sorria” também aborda temas de traumas e lutos passados, embora esses elementos poderiam ter sido mais desenvolvidos ao longo da projeção – há uma tentativa de representação da importância da saúde mental, mas que também não atinge o nível de profundidade merecida.
Como um filme de terror puro, “Sorria” é uma surpresa bem-vinda.
“Todos Menos Você” se insere no típico padrão das comédias românticas, mas isso não é necessariamente uma desvantagem. Embora não apresente grandes surpresas, o filme é eficaz em proporcionar momentos divertidos e entreter com algumas cenas divertidas.
Um dos pontos fortes é a química entre os protagonistas, Sydney Sweeney e Glen Powell, que conseguem cativar e convencer com suas performances. Além disso, a ambientação em Sydney adiciona um charme especial ao longa.
Embora alguns aspectos do roteiro possam parecer um tanto forçados, isso não compromete significativamente a experiência, tornando o filme uma opção sólida pra quem busca entretenimento leve e agradável.
O filme apresenta uma mistura eclética de elementos que abrangem amor, música, ação, comédia, videogames e visuais incríveis, que resulta em uma experiência cativante. A diversidade de temas e abordagens garante um frescor à narrativa, demonstrando uma tentativa corajosa de desafiar as convenções do gênero.
A qualidade da comédia é notável, especialmente na exploração de temas como o veganismo e sexualidade, que são tratados com uma dose de inteligência e humor bem equilibrados. As sequências de ação são habilmente coreografadas e apresentam uma originalidade que envolve e entretém. A fusão da comédia romântica com conflitos entre ex-namorados adiciona uma camada adicional à trama, com uma abordagem nova e estimulante para o gênero.
Os personagens são bem desenvolvidos e oferecem uma variedade de personalidades que contribuem positivamente para a dinâmica do filme. As várias participações de atores famosos em papeis secundários acrescentam um elemento de surpresa, o que deixa tudo ainda mais divertido. Inclusive, a qualidade da atuação é consistente em todo o elenco, com Kieran Culkin se destacando ao demonstrar sua versatilidade e habilidade cômica.
O terceiro ato do filme é satisfatório, com um desfecho emocionante e divertido que amarra os fios soltos da narrativa. “Scott Pilgrim Contra o Mundo” oferece cinema de maneira rica e diversificada, repleto de elementos que estimulam tanto o intelecto quanto as emoções do público. É inegável o esforço e a originalidade investidos pela produção, resultando em uma obra que deixou sua marca nas telonas e segue encantando até hoje.
“As Marvels” apresenta alguns pontos positivos, especialmente em sua coreografia de luta e em certos efeitos visuais. Contudo, esses elementos não são suficientes para compensar as falhas do filme, que se torna decepcionante ao longo de sua narrativa. Desde a cena inicial de luta, que promete mais do que realmente oferece, até o desfecho apressado e pouco cativante, fica evidente que o filme enfrenta desafios significativos em sua execução.
Um dos principais problemas reside na superficialidade das origens dos personagens, como Monica e Kamala. Suas habilidades e relacionamentos são apresentados de forma apressada e pouco convincente, dificultando a criação de conexões emocionais genuínas com o público. Além disso, a vilã do filme carece de profundidade, suas motivações são clichês e sua presença não causa o impacto desejado, refletindo uma tendência recorrente na Marvel de vilões unidimensionais e previsíveis.
O filme também é prejudicado por uma série de questões não resolvidas e inconsistências no enredo, que contribuem para a sensação de falta de planejamento e execução inadequada. Desde pequenos detalhes, como as ações dos personagens em determinadas situações, até questões mais amplas, como a falta de coesão entre as diferentes partes da história, há uma percepção geral de desorganização na construção do filme.
No geral, “As Marvels” sofre de falta de foco e coesão, resultando em uma narrativa fragmentada e repleta de problemas de ritmo e desenvolvimento. Embora alguns aspectos positivos possam ser identificados, eles não conseguem compensar as deficiências do filme.
Em contraste com a abordagem deste longa, que se concentra principalmente em uma ameaça universal, três títulos recentes do estúdio, “Sem Volta pra Casa”, “Guardiões da Galáxia 3” e a segunda temporada de “Loki”, direcionam seu enredo em conflitos mais íntimos. Essa mudança de foco sugere uma evolução na forma como as narrativas são construídas dentro do MCU, priorizando aspectos mais humanos e emocionais, o que pode proporcionar histórias mais ricas e significativas. A Marvel parece ter ciência disso, resta torcer pra que isso se reflita no futuro.
Back to Black
2.9 26Eu fui pro cinema bastante temeroso com a forma que esse filme retrataria a vida de Amy Winehouse, e infelizmente realmente não fez jus a ela e à sua memória. Temos um primeiro ato muito problemático e pouco convincente. A introdução dos personagens é bastante artificial, e as cenas em que Marisa Abela canta são um tanto forçadas. No entanto, após esse começo instável, o filme melhora significativamente, tendo como destaque a sequência em que a música tema “Back to Black” é tocada.
Marisa Abela faz o que pode nesse papel, resultando em alguns momentos que são aceitáveis. Não vejo semelhança alguma da atriz com a Amy, mas ela conseguiu me convencer em cenas específicas. Acho que a maior dificuldade da atriz nessa composição foi fazer o sotaque, que é mecanizado demais, não parece natural. Por algumas vezes, tive a sensação de que ela queria apenas imitar a Amy, em vez de realmente incorporá-la. Jack O’Connell me surpreendeu por estar escalado no filme, eu não tinha ideia de que ele seria a representação da desgraça que foi Blake na vida da Amy. Não é a primeira vez que ele interpreta um vilão, ou no mínimo um personagem de caráter questionável, então achei ele bem confortável nessa atuação, digamos.
Lesley Manville merece menção por sua atuação e presença fortes, e suas cenas com Abela são os destaques do filme. Eddie Marsan também faz um bom trabalho. Acho que, pra um leigo que conhece superficialmente a história, esse longa consegue fazer facilmente o público se importar com a personagem principal, o que é crucial, e além disso, as músicas da Amy embalando a trilha são muito bem integradas. Mas pra quem conhece mais a fundo a história (recomendo que assistam ao documentário “Amy”, de 2015), o filme em algumas cenas passa a impressão que queria inocentar ou redimir determinados personagens, que no meu ponto de vista, não merecem absolvição. Achei isso muito desrespeitoso e extremamente controverso.
Tecnicamente o filme tem muitas qualidades. Foi muito bem filmado – em especial aquela cena do Grammy, que me deixou arrepiado até a alma, um dos melhores momentos da Marisa Abela –, acho a fotografia decente e a trilha foi escolhida com cuidado, fora os instrumentais que também são bons. Pena que esse cuidado com aspectos técnicos não tenha refletido na elaboração do roteiro.
Amy Winehouse merecia uma cinebiografia à altura, fiel ao que ela passou e como as coisas aconteceram. Espero que em algum momento no futuro, isso aconteça.
Planeta dos Macacos: O Reinado
3.7 103Semelhante a “Rise”, “Kingdom” é um filme sólido e que se mostra bastante preparado pra futuras sequências que prometem ampliar o nível que foi estabelecido aqui. A jornada de herói em crescimento do Noa é convincente, e mais tradicional que a de Caesar. Proximus é um vilão competente, embora não atinja o mesmo nível do Koba ou mesmo do Coronel. Esse personagem é curioso de um jeito sombrio, e eu gostei da ideia de distorcer as palavras bem-intencionadas do passado, transformando aquelas ideais em um fanatismo sem base. Isso reflete a realidade, há um claro contraste aqui com religião e como as pessoas tendem a usar Deus pra justificar e destilar seus preconceitos, proferir discursos de ódio, e tantas coisas que já estamos todos EXAUSTOS de testemunhar.
Nas atuações, Peter Macon é um destaque, demonstrando compaixão e ponderação em cada palavra e ação do Raka. Freya Allan também se sobressai: ela não é a típica aliada ou vilã humana, mas uma anti-heroína. Assim como Noa, você fica dividido se realmente pode confiar nela. Suas motivações são compreensíveis, mas o que ela se mostra disposta a fazer pra atingir seus objetivos são questionáveis, já que existe um senso muito forte de direito e condescendência da parte dela – os humanos chegaram primeiro, os macacos não foram feitos pra tomar o lugar deles. Mas ela também não tem o direito de tomar uma decisão dessas. A atriz evoca muito bem a dor e a angústia da Mae, até um toque de autoaversão. Ela equilibra muito bem essa linha tênue, e a ambiguidade abre espaço pro desenvolvimento em filmes futuros. E Owen Teague vive o protagonista Noa com determinação, construindo habilmente o personagem de modo que honre o legado de Caesar, ao mesmo tempo em que trilha seu próprio caminho.
Os visuais de “Kingdom” são excelentes. Os efeitos de CGI e captura de movimento são incrivelmente realistas, e mais uma vez todos os atores brilham. Além disso, os ambientes são deslumbrantes, o trabalho de design é impecável, assim como nos anteriores da franquia. É um espetáculo visual.
“Kingdom” é uma adição digna à série, mostrando que ainda existe bastante o que explorar nesse universo e que existe possibilidade de que os próximos sejam tão grandiosos quanto a trilogia anterior.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 967 Assista AgoraSinceramente, acho que todos os filmes blockbusters deveriam seguir o padrão que foi apresentado nesta trilogia. É deslumbrante observar como o avanço tecnológico é usado perfeitamente a serviço dos atores interpretando esses animais. Andy Serkis captura a angústia na alma de Caesar com um simples movimento de seus olhos, e a maneira como seu rosto desmorona é tão crível e tão realista que você simplesmente SENTE. A linha tênue em que Caesar caminha entre seus antigos ideais e a vingança agonizante a qual Koba sucumbiu é tão tensa e angustiante quanto as cenas de ação e fuga, que são bastante eletrizantes. Tudo neste filme é meticulosamente cronometrado, e o clímax é exatamente o que poderíamos esperar.
Consegui me apegar tanto aos personagens. O Maurice é único. Koba é fantástico em suas duas cenas, seu sorriso presunçoso e selvagem é um pesadelo enquanto ele se regozija com Caesar seguindo seu caminho. E o Coronel interpretado por Woody Harrelson é um digno sucessor pro papel de vilão: um monstro não separado da humanidade, mas alimentado por sua própria noção dela, sendo uma destilação da ideia constante da franquia de que só há uma maneira de ser humano, e qualquer desvio disso se torna uma ameaça. Não há indício, como visto por Nova, de que perder a capacidade de falar verbalmente signifique perder qualquer outra coisa, mas pro Coronel significa se tornar algo inferior. Se analisar a fundo, dá pra enxergar claramente uma proposta de reflexão sobre pessoas com deficiência nesse enredo.
Com um monólogo entregue de forma magistral por Harrelson, você consegue até sentir um pouco (pouco!) de simpatia por ele, embora saiba inequivocamente que ele é um monstro. E a subversão do último confronto entre ele e Caesar é excepcional. Em vez desse homem imponente e aterrorizante que ele vende ao longo do filme, neste momento específico ele surge como um homem destroçado, cujos esforços foram todos em vão. Não existe glória, era guerra. Steve Zahn também brilha como o Bad Ape, um alívio cômico bem-vindo e que tem um passado doloroso. Os olhos desse personagem transmitem uma esperança frágil e um desejo ardente; e até personagens menores como Red Donkey e Preacher têm pequenas narrativas que se refletem uma na outra e estão cheias de humanidade, tanto boa quanto má.
O CGI atingiu um novo patamar de qualidade, e a fotografia apresenta um padrão impecável, especialmente com as paisagens nevadas que dão um visual único ao filme. É realmente admirável aqueles planos abertos (especialmente no último ato). A trilha sonora é cativante e os macacos trabalhando em conjunto pra escapar das gaiolas é uma homenagem sutil a “Origem”, mantendo ao mesmo tempo uma sensação de novidade. A trilogia “Planeta dos Macacos” levanta questões essenciais sobre a natureza da humanidade. E é impactante, e assustador, as respostas que podemos encontrar.
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraMuito mais do que um blockbuster, “O Confronto” se concentra principalmente em explorar temas significativos, com cada elemento contribuindo pra alcançar esse propósito, sejam os momentos emocionantes e surpreendentes, até os avanços tecnológicos impressionantes. O CGI surge mais impressionante neste segundo capítulo, elevando as performances dos atores a um novo patamar. A atuação de Serkis é excepcional, transmitindo uma variedade de emoções com cada palavra e gesto. Koba se destaca como um antagonista memorável, cuja jornada trágica o leva a caminhos sombrios e assustadores. A interpretação de Toby Kebbell adiciona profundidade ao personagem, ainda mais em uma cena específica...
Dreyfuss, interpretado de forma convincente por Gary Oldman, oferece um contraponto interessante, sendo um homem cujas ações são influenciadas por circunstâncias além de seu controle. Jason Clarke, Keri Russell e Kodi Smit-McPhee também se destacam em seus papeis, sem tirar o foco dos protagonistas símios. A dor é um tema recorrente ao longo do filme, mostrando como ela afeta tanto os humanos quanto os símios, moldando seus destinos de maneiras imprevisíveis. Por fim, a tragédia permeia a narrativa, com personagens como Koba e Caesar enfrentando perdas devastadoras que alteram o curso da história.
As cenas de batalha são intensas e emocionantes, sem glorificar a violência, mas sim mostrando suas consequências pesadas. Os momentos finais do filme são poderosos, destacando a inevitabilidade do conflito e as consequências devastadoras da guerra. As últimas palavras do filme resumem perfeitamente essa mensagem, destacando como as circunstâncias e a natureza humana muitas vezes selam o destino das pessoas. A guerra, levando em conta o nosso cenário mundial atual, continuará sendo por muito tempo um tema relevante e acima de tudo, alarmante.
Planeta dos Macacos: A Origem
3.8 3,2K Assista AgoraEsse primeiro capítulo da nova franquia “Planeta dos Macacos” é incrível. “A Origem” representa não apenas um reinício familiar, mas traz também uma abordagem muito fresca e diferente. Os temas explorados aqui são instigantes e os personagens, sem dúvida, interessantes.
É Caesar quem torna este filme grandioso; sua jornada e evolução são absolutamente cativantes. O roteiro é um grande estudo de personagem, desenvolvendo um macaco em CGI que, de alguma forma, consegue impactar e causar emoção, e é admirável a habilidade com que os roteiristas alcançam isso.
O tema da paternidade/maternidade é notável, desde a relação entre Will e seu pai, até a relação entre Caesar e Will, e até mesmo o papel de Caesar como uma figura forte para os outros macacos. A inclusão da linha narrativa sobre o Alzheimer do Charles foi uma adição que comoveu. Por fim, Tom Felton foi escolhido de forma impecável pra mais um papel de vilão, já que sua presença é detestável do início ao fim.
Embora o CGI não seja perfeito, com algumas cenas ocasionalmente menos fluidas do que outras, ele desempenha sua função de maneira eficaz no geral. O terceiro ato é memorável, repleto de ação épica e cenários marcantes (eu nunca esqueci essa cena dos macacos passando pelas árvores, fazendo as folhas caírem como se fossem neve ou chuva). Demorei demais pra rever, o lançamento de um novo longa foi muito oportuno pra que eu revisitasse essa obra.
O Dublê
3.6 90Tinhas expectativas de apenas me desligar por duas horas, não ter que pensar muito, e o filme entregou exatamente isso: diversão!
O elenco é excelente, sem dúvida o ponto mais forte aqui. Ryan Gosling e Emily Blunt formam uma dupla estelar e gostei de ambos, existe muita química ali e eles defendem os papeis com muita vontade. Hannah Waddingham e Aaron Taylor-Johnson também merecem menção.
A narrativa oferece entretenimento, embora tenha algumas falhas no roteiro em desenvolvimento e foco. Em algumas partes, o filme prolonga mais do que o necessário, não de forma muito “negativa”, mas o suficiente pra você achar que poderia ter sido resolvido em menos tempo. As cenas de dublês são fantásticas, como deveriam ser, dada a temática. Só faltou uma atenção maior na montagem, já que alguns cortes e ângulos não favorecem muito e acabam confundindo o que a gente tá vendo na tela.
É um filme fácil de ser assistido. Você vai rir durante a projeção e vai torcer pelo protagonista. Isso que vale.
Todos Nós Desconhecidos
3.9 181 Assista AgoraTão íntimo e tão sensível. É um filme que vai te devastar, pois é impossível não SENTIR o que esse personagem enfrenta ao longo da projeção.
Roteiro muito consciente de seus temas e sua abordagem LGBT. Temos aqui duas conversas sobre sair do armário com falas que são muito reais e identificáveis. Basicamente, são duas linhas temporais que eventualmente se fundem em uma, em níveis que não são muito óbvios, mas posso dizer com segurança que amei e sofri com ambas as narrativas. Uma das melhores abordagens sobre solidão que já vi. Medo, arrependimento, esperança e perdão também são temas muito bem explorados pelo diretor Andrew Haigh.
Os personagens são cativantes, o estudo de personagem é forte, a história é intrigante e as quatro performances são incríveis. Andrew Scott é o principal, mas acho que todos os atores carregaram o filme nos ombros – a cena da conversa do Adam com o pai, na casa, e depois a sequência da lanchonete, mostram a força da atuação de Jamie Bell e Claire Foy, assim como os minutos finais são devastadores, muito bem evocados por Paul Mescal. Filmado com uma qualidade e atenção invejáveis, várias cenas parecem uma sequência de sonho pintado à tinta. A trilha sonora é perfeita. O uso da iluminação é ótimo, principalmente quando se nota a mudança drástica entre os dois principais cenários, o que torna as coisas ainda mais cativantes.
Vale assistir, só precisa lembrar de comprar lenços.
Rivais
3.9 223“Challengers” tem como mote central um embate intenso entre Art Donaldson e Patrick Zweig, antigos amigos e parceiros de tênis que no presente, estão dentro de uma competição pessoal depois de se apaixonarem pela mesma mulher. Ambientado em uma academia de tênis, o filme explora a complexidade dos relacionamentos entre os personagens principais, enquanto eles lidam com emoções fortes, intensas tensões e uma relação amorosa complexa.
Zendaya encarna Tashi, espinha dorsal do longa, dividida entre seus sentimentos por Art e Patrick. A narrativa salta entre o presente e o passado enquanto desenvolve os relacionamentos e os problemas enfrentados pelo trio ao longo de um período de 13 anos. A tensão emocional e sexual entre Art e Patrick é retratada de um jeito hábil, o que só adiciona mais camadas à história sendo contada aqui.
A amizade entre os dois rapazes é destacada em momentos emocionantes, enquanto eles competem não apenas no esporte, mas também pelo amor e aceitação de Tashi. A abordagem visualmente deslumbrante de Luca Guadagnino, juntamente com performances envolventes do elenco (tanto Mike Faist quanto Josh O’Connor estão excepcionais, sendo Zendaya o destaque mor), eleva “Challengers” para algo muito além do típico filme esportivo, já que explora com delicadeza e cuidado temas universais de paixão, rivalidade e identidade.
No geral, o filme traz uma jornada excitante onde o verdadeiro vencedor é aquele que encontra sua própria identidade e autonomia, independente do desfecho da partida.
Guerra Civil
3.8 255A guerra civil neste filme serve apenas como um pano de fundo pra um estudo profundo de personagens e uma série de sequências bem interpretadas e habilmente filmadas que exploram os efeitos em pequena escala do conflito, enquanto deixam de lado detalhes práticos – o motivo de tudo aquilo ter começado, origem, etc. A política por trás disso tudo é mantida intencionalmente fora de foco. E funciona perfeitamente.
Assisti ao filme no IMAX, e vale muito a pena conferir nesse formato, pois a qualidade técnica da filmagem é realmente impressionante. O som também tem seu espaço único, com as sequências de ação sendo explosivas e cada tiro de arma parecendo mais poderoso, mais realista e mais próximo do que qualquer um poderia esperar – confesso, inclusive, que tomei vários sustos em algumas dessas cenas. Essa combinação de sons contribui muito pra tensão constante do filme.
Sobre o roteiro: é surpreendentemente simples. Em muitos aspectos, lembra uma narrativa onde humanos estão fugindo de carro em um mundo pós-apocalíptico assolado por zumbis, mas em vez de mortos-vivos, são encontros aleatórios com grupos rebeldes. Cada sequência é em grande parte independente, tendo apenas os personagens como conexão. Apesar da falta de um enredo linear, a estrutura de cenas funciona devido à complexidade dos personagens e aos obstáculos únicos apresentados em cada cena.
Por fim, as performances são excelentes. Embora Kirsten Dunst e Caille Spaeny mereçam elogios, a atuação de Wagner Moura foi particularmente irretocável – e não digo isso apenas por ser brasileiro não! Ele realmente rouba a cena. Assim como Jesse Plemons, que também se destaca em mais um papel bastante perturbador pra sua carreira.
Finalizo dizendo que não me incomoda em nada não terem aprofundado a origem de tudo. Afinal, guerra no campo de batalha não tem política. O que temos ali são pessoas matando pessoas tentando matá-las (e muitas vezes matando qualquer um que cruzem, combatente ou não, e existem algumas cenas nesse filme que abordam isso de forma sutil e também bastante explícitas). Nenhuma ideologia pode racionalizar o massacre. Este não é um filme sobre o motivo de uma guerra irromper, mas sim sobre vida e morte em uma zona de guerra de forma crua e realista.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista Agora“Que Horas Ela Volta?” é uma obra que adentra as intricadas relações familiares e sociais do Brasil contemporâneo, explorando as dinâmicas entre empregados domésticos e seus empregadores. O filme evidencia a discrepância entre as percepções de Val e sua patroa, Bárbara, em relação às mudanças sociais em curso. Enquanto Val resigna-se em seu papel de “quase membro da família”, Jéssica, sua filha, personifica uma nova geração de brasileiros que aspiram a mais do que os tradicionais papéis atribuídos pela sociedade. As interações entre Val, Jéssica e os donos da casa onde elas vivem revelam as tensões subjacentes e as diferenças de perspectiva entre as classes sociais de maneira sublime, com muitas críticas sutis e escancaradas.
A interpretação de Regina Casé como Val é brilhante, transmitindo uma mescla de resignação e ternura em relação à sua posição na família e ao seu papel como mãe. O contraste entre Val e Jéssica, interpretada por Camila Márdila, destaca as mudanças geracionais e as novas aspirações dentro da sociedade desse nosso país.
O filme também aborda questões mais amplas, como a luta de classes e a hipocrisia da elite liberal, que professa a igualdade superficialmente, mas mantém uma clara divisão entre si e aqueles que consideram inferiores. Ao destacar essas contradições, “Que Horas Ela Volta?” proporciona uma reflexão profunda sobre as pessoas, sobre o Brasil, de um modo doloroso, mas que segue atual mesmo 9 anos depois.
E continuaremos assim por um bom tempo, infelizmente. Já que reconhecer as divisões sociais e econômicas é fácil, o difícil é superá-las.
Estômago
4.2 1,6K Assista Agora“Estômago” é uma narrativa habilmente entrelaçada pelo diretor Marcos Jorge, que mantém o público envolvido e surpreso com a cegueira do personagem principal, Raimundo Nonato, interpretado com brilhantismo por João Miguel. A alternância entre presente e passado é realizada de forma fluida, dando ao filme um ritmo envolvente e mantendo o interesse até o final, que resolve ambas as linhas narrativas de maneira satisfatória. Os atores, especialmente Fabíula Nascimento como Íria, atuam como obstáculos pra que Nonato reflita sobre sua estupidez, enquanto a fotografia e o som capturam atmosferas distintas na cidade e na prisão.
Além disso, a representação da comida é uma constante tentação, despertando a fome sempre que Nonato prepara seus pratos.
Em suma, “Estômago” é um longa cativante sobre a relatividade da felicidade, que nos lembra que a jornada muitas vezes é mais divertida do que o destino. Contado de maneira envolvente e agradável, o filme garante entretenimento do início ao fim, especial pra quem aprecia uma narrativa complexa e instigante.
Titanic
4.0 4,6K Assista AgoraPra sempre o filme da minha vida. Obra-prima em todos os aspectos. Meticulosa atenção aos detalhes, desenvolvimento dos personagens, habilidade de mesclar ficção e fatos reais, e sua capacidade de provocar uma gama tão ampla de emoções, desde o desespero até a esperança, são verdadeiramente impecáveis.
No meu coração, falando com toda a minha emoção, não existe filme maior. Esse aqui é o topo.
Kill Bill: Volume 1
4.2 2,3K Assista AgoraClaramente “Kill Bill” possui uma natureza estruturada em clássicos filmes asiáticos de ação, e embora seja marcado por violência explícita, o filme de Tarantino apresenta coreografias de luta excepcionalmente elaboradas, destacando-se como um exemplo de técnica cinematográfica.
A estrutura narrativa do longa é um elemento conscientemente escolhido pelo diretor, acrescentando uma camada de autenticidade ao estilo do filme. O humor peculiar de Tarantino, a narrativa não linear e os personagens exagerados contribuem pra uma experiência singular. Tarantino conduz habilmente o público, mantendo o envolvimento do início ao fim. Embora possa parecer lento em certos momentos, “Kill Bill” mantém um ritmo consistente, mantendo o público engajado por meio de uma combinação de atuações convincentes, trilha sonora marcante e edição habilidosa. As impressionantes cenas de luta e a sequência de anime são memoráveis.
É compreensível como um filme tão surpreendente, ultravioleta e inventivo como esse tenha conquistado um lugar marcante no cinema em geral. Produções como esta são raras nos dias de hoje, tornando “Kill Bill” único e digno de muito reconhecimento.
Cisne Negro
4.2 7,9K Assista Agora“Cisne Negro” se apresenta como uma narrativa complexa e envolvente. A atuação de Natalie Portman no papel de Nin é marcante, das mais comprometidas e entregues que eu já testemunhei, agregando profundidade ao desenvolvimento da personagem.
A fotografia de Matthew Libatique desempenha um papel fundamental na imersão do público na história, utilizando-se de closes detalhados e movimentos de câmera manuais pra direcionar o foco pra Nina. Através de tomadas amplas, a grandiosidade do palco e a solidão na busca pela perfeição são habilmente retratadas, contribuindo pra atmosfera densa e introspectiva do filme.
A trajetória errática de Nina e seu eventual reconhecimento são elementos que evocam reflexões sobre a natureza humana e a percepção da realidade. Este aspecto do filme ressoa com a máxima de que o reconhecimento da própria insanidade pode ser um momento de libertação, e provoca uma reflexão sobre os limites da lucidez e os mecanismos de autodescoberta.
Darren Aronofsky traz uma análise perspicaz da psique humana, explorando temas como obsessão, perfeccionismo e autoconhecimento. Sua abordagem complexa e suas performances impactantes dão ao longa uma profundidade emocional que ecoa no público, tornando-o uma obra instigante.
A Viagem de Chihiro
4.5 2,3K Assista Agora“A Viagem de Chihiro” é verdadeiramente uma obra de arte do gênero de animação de fantasia. A imersão em um mundo repleto de criaturas místicas e mitológicas torna esse filme uma experiência envolvente, enquanto a narrativa aborda temas universais como amadurecimento e responsabilidade. A ambiguidade quanto ao público-alvo é bastante notável, pois consegue cativar tanto crianças quanto adultos, proporcionando um longa rico em múltiplos níveis de apreciação.
A qualidade da história é indiscutível, com uma trama envolvente que mantém o público intrigado do início ao fim. A atmosfera é cativante, transportando o público pra um universo absolutamente encantador. E a animação em si é caprichadíssima, com detalhes meticulosos e uma fluidez visual que impressiona, enquanto o design de som, especialmente na legendada, complementa perfeitamente a experiência sensorial.
Miyazaki presentou o mundo com uma obra que não apresenta falhas significativas. Sua excelência é notável em todos os aspectos, tornando-o um filme imperdível pra qualquer fã de animação. Os filmes do Studio Ghibli continuam me surpreendendo.
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraDaqueles filmes que te obrigam a se perguntar “por que diabos eu não assisti antes?”. Sempre tive muita vontade de assistir, finalmente dei o play, e tô impressionado com o quanto eu curti e com a estética perfeita.
A cena inicial é impecável ao estabelecer a ameaça do Tenente Hans Landa. A trama é cativante, com diálogos fantásticos que talvez sejam os melhores do Tarantino. Toda a narrativa é dedicada a construir uma sucessão de situações absurdas e eficazes ao evocar tensão. É uma mescla cativante do diálogo perspicaz tão característico de Tarantino, sua tendência de não se prender a uma única trama por mais de vinte minutos, influenciada pela natureza inquieta, e um desejo intrínseco de conduzir o público a uma sensação enganosa de segurança antes de chocá-lo.
Brad Pitt se entrega totalmente ao papel do herói de guerra estereotipado, brincalhão e com um sotaque terrível, enquanto Christoph Waltz rouba a cena como um nazista traidor, astuto e ameaçador. “Bastardos Inglórios” é um feito de genialidade, entrelaçando três filmes distintos em um impressionante e abrangente trabalho cinematográfico. Audacioso, brilhante e impactante. Vale conferir.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista Agora“Eternal Sunshine of the Spotless Mind” é uma comédia romântica perspicaz que explora a complexidade dos relacionamentos e seus desfechos.
O aspecto fascinante do roteiro desse filme é que nós somos transportados pra dentro da mente do protagonista, Joel, e observamos como suas memórias vão sendo distorcidas e apagadas. A representação visual da psique de Joel é bastante variada, oscilando entre o poético, o assustador e o ridículo, com uma profusão de cenas oníricas e visuais intrigantes. Os eventos são apresentados fora de ordem cronológica, com a única constante sendo a mutável cor de cabelo de Clementine, que serve como referência temporal.
Sem dúvida, uma das melhores comédias românticas da época, e com um final absolutamente coerente com o que foi mostrado durante toda a projeção. A esperança é a última que morre – se é que morre.
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraImpressionante. Cada cena desse filme é uma experiência e tanto, e um exemplo perfeito de como é possível criar algo reflexivo e divertido. “Pulp Fiction” é um sucesso na cultura pop, e agora entendo o motivo. Espirituoso, violento e mergulhado no niilismo que retrata. O roteiro aqui é fundamental para a coesão do filme. O sarcasmo afiado e autoconsciência dão ao longa uma atitude inesquecível. As referências bíblicas de Jules adicionam profundidade temática, ao mesmo tempo em que acrescentam um toque de fascínio. Mesmo nos momentos reflexivos, há uma descontração irônica que mantém a atmosfera descontraída.
A atuação também é um ponto alto. John Travolta brilha como Vincent Vega, um assassino em série aparentemente indiferente, enquanto Samuel L. Jackson interpreta o parceiro de Vincent, com inteligência e entusiasmo. Uma Thurman é icônica como Mia Wallace, esposa atormentada do chefe do crime Marsellus Wallace, interpretado por Ving Rhames. Bruce Willis entrega uma performance notável como Butch Coolidge, um boxeador profissional envolvido no submundo do crime. O elenco principal dá vida a cada expressão, movimento e palavra, dando poder ao filme.
A atenção aos detalhes em cada cena é admirável. O filme cativa do início ao fim, explorando suas ideias com maestria, especialmente na fotografia. A música acrescenta ainda mais caráter ao longa. E a estrutura narrativa não-linear é facilmente compreensível, e o final, embora não grandioso ou espetacular como outros do Tarantino, é satisfatório e propõe uma reflexão interessante.
Godzilla e Kong: O Novo Império
3.1 180 Assista AgoraTemos aqui a exata mesma fórmula de Godzilla vs. Kong, uma história boba, simplista e repleta de falhas, mas ao mesmo tempo é exatamente o que o grande público espera de um filme sobre monstros gigantes: diversão exagerada e pancadaria!
Assim como seu antecessor, a narrativa humana prejudica o filme e a tudo o que é mostrado parece que foi se criando conforme os roteiristas escreviam as cenas – escrito a seis mãos pra no fim parecer que não teve planejamento algum, coragem. Existem erros de continuidade e MUITAS conveniências conforme as coisas avançam. Todos o texto é superficial, sempre didático, sempre expositivo, mastigado, essa necessidade de detalhar tudo o que tá acontecendo, por mais óbvio que seja, é irritante.
Godzilla foi jogado pra um papel coadjuvante em um longa que tem seu nome, ao passo que Kong recebe toda a atenção e desenvolvimento, e por conta de ser um personagem mais humanizado, acaba rendendo algumas cenas bem impactantes – sua relação com o “mini Kong”, por exemplo, é comovente.
O mérito do filme se encontra na ação: abundante e épica, pena que com um CGI questionável em diversos momentos. A exploração da Terra Oca foi mais envolvente do que na última vez, com novas descobertas, criaturas e uma imersão mais profunda na mitologia dos titãs. Dan Stevens tem um papel carismático, mas não vai pra muito longe disso e não contribui muita coisa também. Acho que a apresentação do Scarking também teve erros, eu esperava uma criatura mais ameaçadora e poderosa e não é bem isso o que nós temos com ele.
Embora a batalha final seja épica, em alguns momentos são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que acaba confundindo – ao menos, mais uma vez foi tudo à luz do dia, e nós agradecemos muito por isso.
Destinos à Deriva
3.2 288 Assista AgoraAnna Castillo, como era de se esperar, carrega o filme nas costas e apresenta uma atuação intensa e muito comprometida. Sua personagem, Mia, demonstra uma determinação e coragem surpreendentes à medida que sua situação se torna mais angustiante e aterrorizante. Observá-la enfrentar vários perigos, um atrás do outro, adiciona uma tensão real ao filme. No entanto, algumas situações podem parecer um tanto convenientes demais e até mesmo absurdas em algumas ocasiões – o sinal de celular com ligações limpíssimas humilhou várias capitais pelo mundo. Mas a atuação da atriz é o suficiente pra nos fazer torcer pela personagem.
A direção de Albert Pintó é sólida e se debruça no talento de Anna Castillo. O filme fica um pouco estagnado no segundo ato, acho que teria um resultado mais satisfatório se tivesse uma duração menor. Embora conte uma história de força e sobrevivência, o filme também aborda questões de culpa, tristeza e maternidade.
Não recomendado pra quem sofre de ansiedade!
Sorria
3.1 847 Assista AgoraNão é o mais original entre filmes de terror, mas “Sorria” consegue executar efetivamente o básico, demonstrando um nível de contenção admirável com a premissa central. O longa conta uma atuação sólida de Sosie Bacon, imagens perturbadoras, sustos bem executados e um mistério que acaba envolvendo e intrigando. A intenção do diretor Parker Finn de manter a narrativa a mais fundamentada possível é notável, embora o terceiro ato acabe se desviando um pouco do que estava sendo construído antes.
Um dos pontos altos é como o roteiro é contido no uso das expressões sorridentes, mantendo o nível de terror elevado quando elas aparecem. A trilha sonora inspirada também contribui pra uma sensação de desconforto.
Além de seu aspecto assustador e cheio de suspense, “Sorria” também aborda temas de traumas e lutos passados, embora esses elementos poderiam ter sido mais desenvolvidos ao longo da projeção – há uma tentativa de representação da importância da saúde mental, mas que também não atinge o nível de profundidade merecida.
Como um filme de terror puro, “Sorria” é uma surpresa bem-vinda.
Todos Menos Você
3.1 367 Assista Agora“Todos Menos Você” se insere no típico padrão das comédias românticas, mas isso não é necessariamente uma desvantagem. Embora não apresente grandes surpresas, o filme é eficaz em proporcionar momentos divertidos e entreter com algumas cenas divertidas.
Um dos pontos fortes é a química entre os protagonistas, Sydney Sweeney e Glen Powell, que conseguem cativar e convencer com suas performances. Além disso, a ambientação em Sydney adiciona um charme especial ao longa.
Embora alguns aspectos do roteiro possam parecer um tanto forçados, isso não compromete significativamente a experiência, tornando o filme uma opção sólida pra quem busca entretenimento leve e agradável.
Scott Pilgrim Contra o Mundo
3.9 3,2K Assista AgoraO filme apresenta uma mistura eclética de elementos que abrangem amor, música, ação, comédia, videogames e visuais incríveis, que resulta em uma experiência cativante. A diversidade de temas e abordagens garante um frescor à narrativa, demonstrando uma tentativa corajosa de desafiar as convenções do gênero.
A qualidade da comédia é notável, especialmente na exploração de temas como o veganismo e sexualidade, que são tratados com uma dose de inteligência e humor bem equilibrados. As sequências de ação são habilmente coreografadas e apresentam uma originalidade que envolve e entretém. A fusão da comédia romântica com conflitos entre ex-namorados adiciona uma camada adicional à trama, com uma abordagem nova e estimulante para o gênero.
Os personagens são bem desenvolvidos e oferecem uma variedade de personalidades que contribuem positivamente para a dinâmica do filme. As várias participações de atores famosos em papeis secundários acrescentam um elemento de surpresa, o que deixa tudo ainda mais divertido. Inclusive, a qualidade da atuação é consistente em todo o elenco, com Kieran Culkin se destacando ao demonstrar sua versatilidade e habilidade cômica.
O terceiro ato do filme é satisfatório, com um desfecho emocionante e divertido que amarra os fios soltos da narrativa. “Scott Pilgrim Contra o Mundo” oferece cinema de maneira rica e diversificada, repleto de elementos que estimulam tanto o intelecto quanto as emoções do público. É inegável o esforço e a originalidade investidos pela produção, resultando em uma obra que deixou sua marca nas telonas e segue encantando até hoje.
As Marvels
2.7 405 Assista Agora“As Marvels” apresenta alguns pontos positivos, especialmente em sua coreografia de luta e em certos efeitos visuais. Contudo, esses elementos não são suficientes para compensar as falhas do filme, que se torna decepcionante ao longo de sua narrativa. Desde a cena inicial de luta, que promete mais do que realmente oferece, até o desfecho apressado e pouco cativante, fica evidente que o filme enfrenta desafios significativos em sua execução.
Um dos principais problemas reside na superficialidade das origens dos personagens, como Monica e Kamala. Suas habilidades e relacionamentos são apresentados de forma apressada e pouco convincente, dificultando a criação de conexões emocionais genuínas com o público. Além disso, a vilã do filme carece de profundidade, suas motivações são clichês e sua presença não causa o impacto desejado, refletindo uma tendência recorrente na Marvel de vilões unidimensionais e previsíveis.
O filme também é prejudicado por uma série de questões não resolvidas e inconsistências no enredo, que contribuem para a sensação de falta de planejamento e execução inadequada. Desde pequenos detalhes, como as ações dos personagens em determinadas situações, até questões mais amplas, como a falta de coesão entre as diferentes partes da história, há uma percepção geral de desorganização na construção do filme.
No geral, “As Marvels” sofre de falta de foco e coesão, resultando em uma narrativa fragmentada e repleta de problemas de ritmo e desenvolvimento. Embora alguns aspectos positivos possam ser identificados, eles não conseguem compensar as deficiências do filme.
Em contraste com a abordagem deste longa, que se concentra principalmente em uma ameaça universal, três títulos recentes do estúdio, “Sem Volta pra Casa”, “Guardiões da Galáxia 3” e a segunda temporada de “Loki”, direcionam seu enredo em conflitos mais íntimos. Essa mudança de foco sugere uma evolução na forma como as narrativas são construídas dentro do MCU, priorizando aspectos mais humanos e emocionais, o que pode proporcionar histórias mais ricas e significativas. A Marvel parece ter ciência disso, resta torcer pra que isso se reflita no futuro.