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  • Fernando Ölbaum

    A primeira coisa que todos percebem e melhor se lembram sobre "The Cabinet of Dr. Caligari" é a aparência bizarra do filme. O ator vive numa paisagem irregular de ângulos retos afiados, paredes e janelas inclinadas, escadas subindo em diagonais malucas, árvores com folhas pontudas, grama que mais parecem facas. Essas distorções radicais imediatamente colocam o filme a parte dos produzidos na mesma época, os quais usavam ainda câmeras fixas e a tendência de filmar a realidade.
    Os sets estilizados, obviamente bidimensionais, devem ter sido muito mais baratos que os realistas, mas não foi por essa razão que o diretor, Robert Wiene, os quis assim. Ele estava fazendo um filme sobre ilusões e falsas aparências, sobre um louco e um assassino, e suas personagens existem apenas em certos ângulos da realidade. Em nenhum deles podemos confiar plenamente, nem eles podem confiar uns nos outros.
    O filme inicia na cidade alemã de Holstenwall, vista em forma de desenho com casas distorcidas sobre um morro íngrime. Um apresentador de atrações chamado Caligari (Werner Krauss) chega na feira da cidade para exibir o Sonâmbulo, o homem afirma que ele vêm dormindo desde seu nascimento, 23 anos atrás. Esta figura, chamada Cesare (Conrad Veidt), dorme num caixão e é alimentado pelo apresentador doutor, de aparência lunática, prega que o Sonâmbulo pode responder qualquer pergunta.
    O herói, Francis (Frederich Feher), visita a atração com seu amigo Alan (Hans Heinz von Twardowski), que pergunta, "Quando irei morrer?". A resposta é arrepiante: "No primeiro amanhacer!". E no amanhecer, Alan está morto. As suspeitas caem sobre Cesare. Francis mantém vigília durante toda a noite na janela de Caligari. Mas na próxima manhã, sua noiva, Jane (Lil Dagover), é raptada. Isso retira as suspeitas sobre o médico e o Sonâmbulo?
    Em sua essência, esse não é um enredo assustador. O design da produção o transforma em algo muito mais para o estranho, bizarro, especialmente quando Cesare é visto carregando a inconsciente Jane e é perseguido por uma multidão. A perseguição nos leva por ruas com fortes luzes mas sombras escuras e por sobre uma trilha em ziguezague. Caligari, enquanto isso, é seguido por Francis enquanto retorna para aonde ele aparentemente vive - O manicômio, aonde ele é... o diretor! Evidências são descobertas por Francis e a polícia, que provam que Caligari, influênciado por um manuscrito medieval ocultista, buscou um sonâmbulo e o colocou sob seu feitiço hipnótico, sujeitando-o a sua vontade.
    Pode-se fazer um case sobre como "Caligari" foi o primeiro filme de terror. Claro, houveram curtas sobre contos de fantasmas, e seriais como "Fantomas" filmado entre 1913-14, mas suas personagens habitavam um mundo reconhecível. "Caligari" cria um mundo paralelo, uma fantasia psicológica subjetiva. Nesse mundo, horrores indiscritíveis se tornam possíveis.
    "Caligari" é tido como o primeiro exemplo do Expressionismo alemão, um estilo aonde não só as personagens mas o mundo em si são desalinhados a realidade. Não é fácil lembrar de outros filmes que usaram distorções e ângulos tão incoerentes como esse, porém sua influência é fácilmente sentida em "The Golem", "Nosferatu", "Metropolis" e "M". Acredita-se que esse movimento nasceu como uma reação aos horrores da 1ª Guerra Mundial, que deixou a Europa devastado, com sentimentos de perda e destruição. Os filmes de terror Expressionistas criaram o mais duradouro e resistente dos gêneros. Tudo que um filme de terror precisa prometer é terror - o indescritível, o aterrorizante, a impiedade, a figura monstruosa de destruição à espreita. Não precisa de estrelas, apenas de production values básicos, só a promessa de... terror.
    Assistir "The Cabinet of Dr. Caligari" em 1920 deve ter sido uma experiência desconcertante. Wiene usa textos sobrepostos na imagem para mostrar como Alan está sentindo-se cercado de vozes, utiliza closeups na face sinistra e feroz de Caligari, no rosto angelical e inocente da Jane, nos olhos de determinação de Alan. O Sonâmbulo não é muito expressivo - certamente não tem o carisma do monstro de Frankenstein, que deve ter inspirado - e é frequentemente visto de longe, como se a câmera o considerasse um objeto, não uma pessoa. Os sets são apresentados em cenas mais longas, enfatizando suas pontas e bordas afiadas, assim, funcionam como uma mundo de facas e lâminas; efeito que está lá para negar as personagens qualquer lugar de segurança ou descanso. Nem ao espectador, que se pega tão confuso e enrolado na insanidade do conto quanto o próprio Alan.
    "The Cabinet of Dr. Caligari", de Robert Wiene, ainda desafia a audiência com um desfecho de reviravoltas e surpresas que demorariam décadas para se tornarem populares, mostra que mesmo após quase um século, sua fórmula continua atual e pode ser considerado, de fato, o pai do gênero Terror.

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  • Fernando Ölbaum

    Cabiria de Giovanni Pastrone foi famoso em sua época, recorde de bilheteria mundial, mas caiu no esquecimento. Destruído pelo tempo, tantas gerações perderam a oportunidade de comtemplar essa obra, porém, compilado de prints encontrados em Moscou, Paris, Londers, Nova Iorque e nos itens pessoais de Pastrone, novamente o filme original nos presenteia com sua grandiosidade. Martin Scorsese disse que Pastrone inventou o épico e merece créditos por muitas inovações frequentementes dadas a D.W. Griffith e DeMille. Entre outras, a camera móvel, Pastrone libertou os filmes da tradição estática.
    O que começa-se a perceber conforme mais e mais filmes mudos são redescobertos e restaurados, é que não houve um filme revolucionário e sim que o entusiasmo e a inovação estavam por toda parte. Embora o americano tenha dado mais liberdade e vivacidade a camera, usado uma narrativa mais afiada e o cross-cutting excitantes, Pastrone foi o que apontou o caminho com seu Cabiria. Em Birth of a Nation (1915), Griffith evolui a maneira de contar uma história em um longa, enquanto Cabiria introduz tantos personagens, cidades, linhas de enredo que novas audiências podem facilmente se confundir. Entretanto foi após ver Cabiria que Griffith ficou tão empolgado que decidiu como seguir a produção de seu épico Intolerance.
    O filme foi produzido sem limites para ambição. Com sets gigantescos e centenas de extras, com stunts impactantes feitos por pessoas de verdade. Os elefantes de Hannibal realmente atravessando os Alpes. Tudo real e grandioso. Porém ainda há espaço para pequenos detalhes - Em uma cena, com a ação ocorrendo na frente de imponente muro do palácio, pode-se ver no canto, bem ao fundo da cena, uma pequena ponte e sobre essa há uma mulher gesticulando. Ela estava ali atuando, num espaço insignificante da tela, longe da ação, simplesmente para dar vida a cidade. Esse é o o escopo de Pastrone. Do macro de torres e palácios, há cidadões individuais num canto longínquo da tela.
    Cabiria é a pequena princesa, que sobrevive a uma erupçao do Aetna mas é sequestrada e após diversas aventuras, se torna uma escrava em Carthage. Fulvio e Maciste que haviam a ajudado na tragédia do vulcão a reencontram já adulta e planejam sua fulga. Fulvio é inteligente e heróico, mas seus músculos se chamam Maciste, que com seu carisma e porte único garantiu-o como um dos primeiros astros de cinema da Itália, aqui a presença de tela e química deles é inegável.
    Não há closeups em Cabiria, a tela padrão se posiciona loneg o suficiente para incorporar toda a arquitetura e a quantidade de personagens. Quando um moderno como Tróia cria um vasta cidade Grega através de computação gráfica, nós podemos nos impressionar, mas não ser enganados, não ficamos admirados pela façanha. Assistir a filmes mudos como esse nos deixam inspirados, pois sabemos que está tudo ali, daquele jeito, daquele tamanho.
    Igual, são os stunts de Cabiria. Há uma cena de batalha aonde soldados tentam invadir os muros com altas escadas, que são empurradas derrubando dezenas de homens. O que vemos ali não é o CGI de homens sem peso caindo de acordo com as leis da física de uma engine, e sim homens empurrados pela força da gravidade, caindo a sua sorte sobre prováveis colchões e travesseiros.
    Repare na cena aonde guerreiros chegam a cidade com seus escudos e para pular o alto muro, formam uma pirâmide, subindo nos escudos dos outros para Fulvio passar e resgatar Maciste e a princesa. Isso é um stunt acontecendo ali na nossa frente, houvesse a perna de um ator falhado e a torre de soldados ruiria e talvez homens se ferissem de verdade. Esse senso de realidade que torna todo esse filme uma maravilha de se ver.
    Como o filme corre de maneira estática, porque as legendas introduzem mais e mais personagens e plotlines do que é necessário, porque a atuação é exagerada e teatral, nós não nos envolvemos emocionalmente. Mas aí está a vantagem e desvatagem do estilo de Pastrone. Filmes com som são mais realistas, mas os mudos em contrapartida, tem um ar de sonho, de uma realidade que não está mais aqui... ou nunca esteve. Essas pesssoas estão todas mortas, mas aqui elas estão como eram naquele dia em 1914. Desafiando a cultura ao contar uma história através de uma nova mídia, na expectativa de alcançarem o mundo todo, pouco sabendo que um século depois cinéfilos ainda escalariam palácios modernos, com ar condicionado e surround, para os ver fazendo história.

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  • Fernando Ölbaum

    Uma das diversas obras criadas no Expressionismo alemão, Der Golem foi a primeira obra criada com o intuito de mostrar o folclóre judeu ao passo que demonstra a repressão e perseguição aos seus seguidores - massacrados pelo Nazismo menos de 20 anos depois -, tendo sido antes levadas às telas pelo mesmo diretor, Paul Wegener.

    O peso dessa obra se deve ao seu elemento central, o Golem, um monstro criado ou nascido, para defender certo grupo. Elemento frequentemente usado no cinema durante toda sua história. Com um enredo bem desenvolvido ao redor da história do judaísmo e suas tradições, há espaço para um reviravolta, aonde o criador percebe que sua criação se torna mais que um simples servo e tenta destruí-la, a criação por sua vez se revolta contra o criador. E assim temos outro elemento usado ostensivamente pelo cinema.

    Tecnicamente falando, o filme tem o mesmo padrão das obras de sua época, sem arriscar muito em efeitos e técnicas de camera novas. A trilha sonora tem qualidade e acompanha o passo calmo do longa. E é nesse ambiente que se destacam as atuações, Greta Schröder entrega um trabalho consistente e convincente, que a garantiu no papel de Ellen em Nosferatu (1922).

    Como todo filme do começo do século XX, para realmente aproveitar dessa obra, é preciso estar no clima apropriado, já que Der Golem podem ser cansativo aos pouco simpatizantes do cinema mudo clássico, porém é uma aula de história cinematográfica que merece ser apreciado.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • aline
    aline

    Pois é, não tem como não virar fã dele depois de ver esse filme! =]~
    E ah, você tinha me indicado alguns, mas sumiu o comentário =p Eu cheguei a ver A caça, e achei muito interessante a história! Eu sei que ela era uma criança, mas nossa que vontade de de dar uma surra nela hahaha. Eu sentia raiva da família da menininha e das pessoas da cidade, e o pior, sabendo que provavelmente eu agiria da mesma forma que eles. Um filme que deixa o espectador nesse conflito, não tem como não gostar.
    Valeu a indicação ;]
    ^^

  • Tom
    Tom

    É... alguns filmes hollywoodianos são bons, tem aqueles do tipo guilty pleasure também ne? rs
    Quando assistir me conte o que achou do 'Camille Outra vez'
    Ahh esse O Filho Do Outro eu ainda não vi, vou marcar aqui. Me pareceu interessante.
    Abração.

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