O filme acaba por ser um desserviço ao conteúdo da obra em muitos aspectos. O principal deles é sem dúvida porque se trata de uma obra com linguajar deveras rebuscado, o que me faz pensar que a teoria se restringe a compreensão de uma elite intelectual e não encontra quem deveria ser os verdadeiros leitores. Com fortes influências marxistas, o filme reforça como a sociedade do espetáculo (uma analogia para a sociedade tecno industrial midiática) controla as massas impondo ideais imagéticos e representações destes ideais que são materializados principalmente através do consumo. Ao falar de economia imaterial, propõe que o homem deixou de viver sua verdadeira natureza, pra viver a representação destas imagens ( o que é por muitas vezes desviado pra uma teoria sobre a própria representação imagética do audiovisual) e essa narrativa revolucionária vai se confundindo, próximo ao final incita ainda mais a necessidade de revoluções contra esse inimigo comum inflamando com imagens de protestos, greves e reforçando conteúdos de esquerda revolucionária sem jamais propor o que fazer depois que tudo for categoricamente destruído, que é o grande problema do pensamento esquerdista. Ateiem fogo as máquinas e agora? É essa antevisão das consequências que é característica do pensamento revolucionário juvenil e que falta a quase toda obra com caráter esquerdista. Dito isso, sugiro que ignorem esse conteúdo audiovisual e se contentem (aos que assim desejarem) a ler e estudar a obra escrita. Tomando as devidas ressalvas, e concentrando-se em extrair o suco útil da obra, sugiro concentrar a atenção e a análise nas partes em que o texto buscar elucidar as características da dominação das massas pela imagem e pelo consumo ao mesmo tempo que constrói um panorama que se assemelha de maneira horrenda com os nossos dias atuais com a ascensão das mídias sociais e a cultura da influência e do marketing de branding. Excluindo todo caráter revolucionário utópico acaba sendo um convite para nos desligarmos de tanto ruído imagético e buscar nos aproximar da vida natural.
Plágio descarado de Wicked Man (O homem de palha), pretensioso e perda de tempo, não agrega nada, Wicked man é melhor, mais original e crítico. Este se esforça pra ser chocante, diferentao e estético.
Vi no GNC Do Garten Shopping em Joinville ao lado da minha futura esposa. Ela queria ir ver homem formiga... kkk. E porque não elogiar este bom filme nacional? Cumpre com esmero a proposta, muito embora pros mais críticos cinematográficos possa desagradar em alguns quesitos técnicos. Se você for de peito aberto pra assistir ao lado de alguém que ama vai ser lindo demais, com doses de humor, romance e drama bem distribuídos.
É incomparavelmente o ápice do niilismo e misantropia na história do cinema.
Sou estudioso do Cinema do Haneke desde a época que começava a ambicionar fazer faculdade na área. Já havia assistido todos os demais longas dele, restava somente assistir esse. Posterguei propositalmente pra não sentir falta de nada novo quando acabasse. De quando me apaixonei pelo cinema dele até hoje já passeei por outros diversas técnicas cinematográficos e estilos de direção que antes da faculdade eu nem sonhava que poderia existir, porém ainda me encanta o trabalho primoroso e a qualidade da potência imagética da direção do Haneke com a imagem incômoda, a violência fria, o terror silencioso, e a deterioração humana convertidos de maneira tão bem executada em planos e sequências.
Neste cartão de visitas (seu primeiro filme longa-metragem), Haneke trabalha com uma história baseada em fatos reais e sequências de planos bressonianos conduzindo o público em uma narrativa demasiada monótona, arrastada e confusa. Pra quem não é vacinado com a estética narrativa do Haneke pode e deve achar um porre sonolento mesmo. Mas pra quem já viu outros filmes dele, e algo do Bresson, deve entender bem a proposta deste. O filme é ruminante, mas a violência fria é constantemente ameaçadora, é como estar um abatedouro e não ver seu algoz apenas o barulho do amolar da faca. Ele desenvolve melhor essas potências em Benny's video, White Ribbon, Funny Games e Caché. Os planos bressonianos neste filme cooperam bastante pra isso na medida que a atuação mínima e os planos detalhe evidenciam a natureza cíclica do vazio, a natureza robótica da vida cristã, capitalista e classe média. A reverberação do inútil e a despersonificação causada pela brutalidade da normalidade sufoca plano a plano cada segundo do filme. Quando a fuga ao sexto continente já não parecer ser suficiente, só resta buscar o utópico sétimo...
Existe alguns furos e inconsistências no roteiro, porém o trabalho sonoro é muito bem realizado e cumpre com a função. O final foi um tanto quanto clichê, mas eu me senti satisfeito ao final da sessão pois conseguiu cumprir o papel de entretenimento nervoso. Fiquei também com vontade de quero mais porque amo filmes de ameaça alienígena (muito embora não tenha ficado claro que fosse uma ameaça alienígena eu interpretei como tal). Recomendo, mas este é um daqueles filmes que é mais interessante assistir no cinema do que em casa.
Sinto que tenho muito a falar sobre esse filme ao mesmo tempo que creio que não quero falar nada! Meio que exatamente a atmosfera do filme. Chama atenção a provável inexistência do castelo e me fez indagar se Kafka não teria deixado o Castelo incompleto propositalmente exatamente para causar essa sensação de que não se chegou a lugar algum. Um ode ao cansaço físico e mental, de uma trama impossível. Um agrimensor que não mensura nada, ajudantes que não ajudam em nada, prefeito que não realiza nada, professor que não dá aula de nada, mensageiro que não entrega nada e provavelmente o cocheiro que não leva nada pra lugar nenhum. A normalização burocrática que travou tudo enquanto o frio e a neve toma conta das relações desgastadas. Um complexo e total descontrole claustrofóbico niilista assustadoramente perturbador e infinito. Um estado catatônico onde o frio quebra a vontade e a loucura distorce a ordem. Me recordei ao assistir de Satirycon de Felinni um filme feito em moldes parecidos por trabalhar em cima de um fragmento de cerca de 25% da obra original. O final é frustrante, mesmo que já esperado, evidenciando ainda mais a minha suspeita quanto aos objetivos de Kafka. Os ajudantes me fizeram recordar também dos personagens de Funny Games, a atmosfera remete também a tempos do lobo e a fita branca. O incomodo imagético marca registrada de Haneke em filmes como caché, código desconhecido e fita branca já podem ser sentidos aqui. A relação com Frida me lembrou de certa maneira a professora de piano, mas sei lá, talvez estivesse paranoico demais em ligar pontos. Não é um filme gostoso de se assistir, mas pra quem é fã do Haneke, e ao mesmo temo do Kafka eu diria indispensável pela proposta. Quero ler o Castelo pois se já me senti claustrofóbico com a metamorfose este embolo de diálogos vazios e incessantes que o livro traz como proposta vai ser uma aventura desafiadora. Sem contar que acredito que me fará crescer como roteirista no ponto em que há o desenvolvimento de uma narrativa que "não caminha" e funciona por mais que incomode. A importante citar também um trabalho sonoro diferenciado neste filme. Em Amour e Funny Games Haneke trabalha muito bem com os elementos sonoros mas nesse filme há de se destacar o incômodo sonoro para acentuação da incompreensão coletiva. ABSURDO! Eu recomendo que assistam, mas não assistam se quiserem ser feliz! haha
bom exemplo de cinema voyeur bem aplicado. Referências escancaradas a obras do Hitchcock e meta linguagem cinematográfica pura. Algumas cenas de uma importância sem igual para estudantes de cinema, e um final até certo ponto questionável, mas nem perto de ser ruim. a montagem em algumas cenas transmite perfeitamente a atmosfera, mas também assumo que em algumas cenas existe certa quebra de ritmo.
Acabei de assistir no cinema. Como esperado poucas pessoas na sala, no cinema onde eu estava a procura estava grande por Star Wars. Engraçado que ambos os filmes mantém a mesma premissa: "Que a força esteja com você". A diferença é que um é pura fantasia intergalática espalhafatosa o outro é uma reflexão fudida sobre mente, corpo e alma, tempo-espaço, alfa e ômega.
Pra mim fica claro com este documentário que o Lula lá de 2002 era outro que o que vemos hoje em 2017. Neste documentário vemos o Lula idealista que acabou carregando consigo uma infinidade de abutres do poder público. Antonio Palocci, José Dirceu, Aloísio Mercandante. Todos com tudo o que precisavam para o poder, menos uma única e essencial característica: O Carisma. O Lula sindicalista jamais seria o Lula presidente pelo simples fato de entrar na roda da política brasileira, esta corrompida estruturalmente. Ninguém acreditava, nem mesmo Lula, no que a ascensão de um partido operário se tornaria. Pra se perceber como a roda política gira, fica claro uma diferença entre o primeiro e segundo mandato do presidente. Pra perpetuação do poder, as alianças e os pactos de sangue começam a ser selados e fatalmente vistas grossas começam a serem feitas. Em 2018, o Lula condenado perde força (apesar de dominar as intenções de voto), a saída da social esquerda parece ser Ciro Gomes que neste documentário aparece apoiando a campanha de Lula. Não vejo outra opção se Lula se tornar inelegível, nos restará Ciro a ascender o facismo de um analfabeto histórico-politico como o Bolsonaro. O risco é que apoiado na eleição de Trump estes indivíduos ganhem força nos seus discursos políticos enquanto a esquerda se divide.
Tem uma pegada teatral dos filmes do Glauber, mas com um humor suspeito e datadíssimo, um protagonista deveras antipático e ruminante. É um ode a malemolencia. Salvo poucos momentos de alguma reflexão crítica o resto do filme é um aborrecimento teatral psicodélico. Uma obra que chama atenção pela estética, mas que pra mim falha estruturalmente e aborrece. Está em décimo lugar na lista dos 100 melhores filmes brasileiros segundo a Abraccine. Concordo em estar nesta lista, porém esta posição não lhe é justa. Tem pelo menos duas dezenas de filmes melhores e mais importantes em posições inferiores. Em termos gerais, não recomendo. Não li o livro, mas provavelmente o livro deve ser bem melhor do que essa adaptação medonha. Faltou estrutura narrativa.
Engraçado é pensar neste documentário em 2017. Nada mudou. "Nunca vai ter fim". Apenas mais e mais enterros. Tudo graças a uma politica errônea de repressão as drogas, o capitalismo desenfreado e a falta de visão social dos governos. Mas tudo bem, enquanto a violência ficar na favela, tudo bem... Ai é que tá... 2017 e a violência desceu o morro. Hora de repensar a criminalização das drogas, hora de parar de enterrar nossos mortos.
Obs: Quanto ao documentário em si, bem executado, porém um pouco curtinho.
Uma aula de como fazer e de como não fazer um documentário. Acima disso, um retrato do sútil, efêmero e melancólico sentido de viver. Em uma via de mão dupla.
Este filme foi eleito pelo British Film Institute como o sétimo filme mais influente do cinema segundo os críticos em uma lista de cem filmes. O que ao meu ver é um grande desserviço e explico aqui o porquê: É certo que em termos de Fotografia, Trilha Sonora e até mesmo o Roteiro tenha uma boa estrutura, porém assim como outros filmes que assisti do John Wayne, os valores dos personagens aos quais ele interpreta são no mínimo questionáveis, sempre personado em um ser misógino, bruto, violento, preconceituoso e intolerante. É certo que defendo o Cinema onde não haja fronteiras ideológicas de pensamentos, mas para uma crítica dita moderna (2012) continuar a exaltar tais valores só me parece que estes tais aos quais opinam exaltam por demais filmes de um tão distante marqueteiro e preconceituoso cinema hollywoodiano (não que não o seja hoje). Mas porque não citar Dança Com Lobos então? Um filme com mesmo tema e que ao contrário de Rastros de Ódio é um retrato mais humano da mesma situação.
Onde no final os índios saem perdendo, mas que não exalta o branco colonizador como herói de porra nenhuma e nos apresenta uma critica mais humanizada e útil.
Há quem diga ainda que Rastros de Ódio poderia figurar nessa lista justamente por ser um título "influente" e que até mesmo tenha servido de inspiração para Dança com Lobos. Agora a pergunta que fica é, influente a quem? Estes filmes continuam a ser perpetuados por crítica e academia quando deveria sim, ser feito ressalvas fortes a respeito de seu conteúdo caso lhe quisessem citar em elogios a qualidade técnica.
A Crítica ainda é velha, conservadora, teimosa e machista demais para perceber que o Cinema como arte evolui e com ela algumas coisas infelizmente só nos serve como um exemplo a não ser seguido se quisermos nos propor com o fazer fílmico mais crítico e humano.
Você fala "porra eu vi um cara ali na praça da sé estagnado, de tanto fumar pedra... não tava olhando nada, a 500km por hora assim, sem parar". Aí eu falo isso na minha música. Eu falo "porra mas pq que ele tá ali?" "Ah não, mas ta bom" "Ah sequestra" Mas tá bom, por que o cara virou sequestrador? Vocês voltem um pouquinho no tempo, vamo voltar no passado? Vamo ver o que que esse cara fez? qual foi a correria dele, o que que ele teve? Ele não teve uma faculdade, não teve nem um curso de datilografia então por que que ele hoje é um sequestrador? Vamo estudar isso? Qual foi a correria dele? Ninguém estuda. O cara quer estudar ele agora. Agora, ele não quis saber quando você era do tamanho daquelas crianças ali, e o que que aconteceu, se você morreu de fome, qual é o trauma seu, se você perdeu sua mãe atropelada numa avenida, numa espraiada, se você perdeu o seu pai numa enchente, se seu pai bebeu demais e morreu. Ninguém pergunta isso, tá ligado? Os cara só pergunta porque o cara é preto, mão pra cabeça, encosta ali e tal, vamo conversar. "Você é indiciado em quê? É por tráfico de drogas? Formação de quadrilha?" Agora, o cara de maior, com a mente a milhão, com a uzi na mão, com a metralhadora, com a sub-metralhadora, agora quando o cara tá lá morrendo de fome e tal, passando o maior veneno com os filhos dele, com a mãe com os irmãos, DESESPERADO, querendo arrumar um trampo até de severino, de limpador de vidro, que não consegue porque não tem um diploma, aí ninguém vê. Quando o cara estoura, perde a cabeça, arruma uma granada, arruma qualquer coisa, começa a roubar, sequestrar, fazer o mundo e o caralho a 4, os cara vão começar a dar ouvido pro cara. Aí já é tarde meu, porque é a sociedade que tá criando esse monstro.
O filme inteiro é uma alucinação filosófica politica de um Glauber exilado que expõe as entranhas do imperialismo europeu. A visão do colonizado sobre o colonizador. Um delírio teatral que evoca Felinni, Pasolinni.. os mestres de Glauber quando o cinema como aparato tinha lá seus 60 e poucos anos, e como arte? quanto tempo? e hoje mais de 35 anos depois? Não é um filme fácil de se absorver mesmo para aqueles que já estão acostumados a estética não paternalista do Glauber.
Antares de la Luz: uma seita apocalíptica
2.9 11 Assista Agoraexcelente execução de roteiro, bom documentário. Teor bastante intenso e macabro. Abala as bases da normalidade.
A Casa
1.8 22 Assista Agorabem mal executado. não vale a pena.
A Sociedade do Espetáculo
3.9 38O filme acaba por ser um desserviço ao conteúdo da obra em muitos aspectos. O principal deles é sem dúvida porque se trata de uma obra com linguajar deveras rebuscado, o que me faz pensar que a teoria se restringe a compreensão de uma elite intelectual e não encontra quem deveria ser os verdadeiros leitores. Com fortes influências marxistas, o filme reforça como a sociedade do espetáculo (uma analogia para a sociedade tecno industrial midiática) controla as massas impondo ideais imagéticos e representações destes ideais que são materializados principalmente através do consumo. Ao falar de economia imaterial, propõe que o homem deixou de viver sua verdadeira natureza, pra viver a representação destas imagens ( o que é por muitas vezes desviado pra uma teoria sobre a própria representação imagética do audiovisual) e essa narrativa revolucionária vai se confundindo, próximo ao final incita ainda mais a necessidade de revoluções contra esse inimigo comum inflamando com imagens de protestos, greves e reforçando conteúdos de esquerda revolucionária sem jamais propor o que fazer depois que tudo for categoricamente destruído, que é o grande problema do pensamento esquerdista. Ateiem fogo as máquinas e agora? É essa antevisão das consequências que é característica do pensamento revolucionário juvenil e que falta a quase toda obra com caráter esquerdista. Dito isso, sugiro que ignorem esse conteúdo audiovisual e se contentem (aos que assim desejarem) a ler e estudar a obra escrita. Tomando as devidas ressalvas, e concentrando-se em extrair o suco útil da obra, sugiro concentrar a atenção e a análise nas partes em que o texto buscar elucidar as características da dominação das massas pela imagem e pelo consumo ao mesmo tempo que constrói um panorama que se assemelha de maneira horrenda com os nossos dias atuais com a ascensão das mídias sociais e a cultura da influência e do marketing de branding. Excluindo todo caráter revolucionário utópico acaba sendo um convite para nos desligarmos de tanto ruído imagético e buscar nos aproximar da vida natural.
Jerry Maguire: A Grande Virada
3.6 444 Assista Agoratecnicamente muito ruim, mas os personagens coadjuvantes roubam a cena, algumas cenas arrancam alguns risos breves e
a superação final dos personagens emociona
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraPlágio descarado de Wicked Man (O homem de palha), pretensioso e perda de tempo, não agrega nada, Wicked man é melhor, mais original e crítico. Este se esforça pra ser chocante, diferentao e estético.
Talvez Uma História de Amor
3.2 85 Assista AgoraVi no GNC Do Garten Shopping em Joinville ao lado da minha futura esposa. Ela queria ir ver homem formiga... kkk. E porque não elogiar este bom filme nacional? Cumpre com esmero a proposta, muito embora pros mais críticos cinematográficos possa desagradar em alguns quesitos técnicos. Se você for de peito aberto pra assistir ao lado de alguém que ama vai ser lindo demais, com doses de humor, romance e drama bem distribuídos.
O Sétimo Continente
4.0 174 Assista AgoraÉ incomparavelmente o ápice do niilismo e misantropia na história do cinema.
Sou estudioso do Cinema do Haneke desde a época que começava a ambicionar fazer faculdade na área. Já havia assistido todos os demais longas dele, restava somente assistir esse. Posterguei propositalmente pra não sentir falta de nada novo quando acabasse. De quando me apaixonei pelo cinema dele até hoje já passeei por outros diversas técnicas cinematográficos e estilos de direção que antes da faculdade eu nem sonhava que poderia existir, porém ainda me encanta o trabalho primoroso e a qualidade da potência imagética da direção do Haneke com a imagem incômoda, a violência fria, o terror silencioso, e a deterioração humana convertidos de maneira tão bem executada em planos e sequências.
Neste cartão de visitas (seu primeiro filme longa-metragem), Haneke trabalha com uma história baseada em fatos reais e sequências de planos bressonianos conduzindo o público em uma narrativa demasiada monótona, arrastada e confusa. Pra quem não é vacinado com a estética narrativa do Haneke pode e deve achar um porre sonolento mesmo. Mas pra quem já viu outros filmes dele, e algo do Bresson, deve entender bem a proposta deste. O filme é ruminante, mas a violência fria é constantemente ameaçadora, é como estar um abatedouro e não ver seu algoz apenas o barulho do amolar da faca. Ele desenvolve melhor essas potências em Benny's video, White Ribbon, Funny Games e Caché. Os planos bressonianos neste filme cooperam bastante pra isso na medida que a atuação mínima e os planos detalhe evidenciam a natureza cíclica do vazio, a natureza robótica da vida cristã, capitalista e classe média. A reverberação do inútil e a despersonificação causada pela brutalidade da normalidade sufoca plano a plano cada segundo do filme. Quando a fuga ao sexto continente já não parecer ser suficiente, só resta buscar o utópico sétimo...
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraExiste alguns furos e inconsistências no roteiro, porém o trabalho sonoro é muito bem realizado e cumpre com a função. O final foi um tanto quanto clichê, mas eu me senti satisfeito ao final da sessão pois conseguiu cumprir o papel de entretenimento nervoso. Fiquei também com vontade de quero mais porque amo filmes de ameaça alienígena (muito embora não tenha ficado claro que fosse uma ameaça alienígena eu interpretei como tal). Recomendo, mas este é um daqueles filmes que é mais interessante assistir no cinema do que em casa.
O Castelo
3.2 40Sinto que tenho muito a falar sobre esse filme ao mesmo tempo que creio que não quero falar nada! Meio que exatamente a atmosfera do filme. Chama atenção a provável inexistência do castelo e me fez indagar se Kafka não teria deixado o Castelo incompleto propositalmente exatamente para causar essa sensação de que não se chegou a lugar algum. Um ode ao cansaço físico e mental, de uma trama impossível. Um agrimensor que não mensura nada, ajudantes que não ajudam em nada, prefeito que não realiza nada, professor que não dá aula de nada, mensageiro que não entrega nada e provavelmente o cocheiro que não leva nada pra lugar nenhum. A normalização burocrática que travou tudo enquanto o frio e a neve toma conta das relações desgastadas. Um complexo e total descontrole claustrofóbico niilista assustadoramente perturbador e infinito. Um estado catatônico onde o frio quebra a vontade e a loucura distorce a ordem. Me recordei ao assistir de Satirycon de Felinni um filme feito em moldes parecidos por trabalhar em cima de um fragmento de cerca de 25% da obra original. O final é frustrante, mesmo que já esperado, evidenciando ainda mais a minha suspeita quanto aos objetivos de Kafka. Os ajudantes me fizeram recordar também dos personagens de Funny Games, a atmosfera remete também a tempos do lobo e a fita branca. O incomodo imagético marca registrada de Haneke em filmes como caché, código desconhecido e fita branca já podem ser sentidos aqui. A relação com Frida me lembrou de certa maneira a professora de piano, mas sei lá, talvez estivesse paranoico demais em ligar pontos. Não é um filme gostoso de se assistir, mas pra quem é fã do Haneke, e ao mesmo temo do Kafka eu diria indispensável pela proposta. Quero ler o Castelo pois se já me senti claustrofóbico com a metamorfose este embolo de diálogos vazios e incessantes que o livro traz como proposta vai ser uma aventura desafiadora. Sem contar que acredito que me fará crescer como roteirista no ponto em que há o desenvolvimento de uma narrativa que "não caminha" e funciona por mais que incomode. A importante citar também um trabalho sonoro diferenciado neste filme. Em Amour e Funny Games Haneke trabalha muito bem com os elementos sonoros mas nesse filme há de se destacar o incômodo sonoro para acentuação da incompreensão coletiva. ABSURDO! Eu recomendo que assistam, mas não assistam se quiserem ser feliz! haha
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista Agorabom exemplo de cinema voyeur bem aplicado. Referências escancaradas a obras do Hitchcock e meta linguagem cinematográfica pura. Algumas cenas de uma importância sem igual para estudantes de cinema, e um final até certo ponto questionável, mas nem perto de ser ruim. a montagem em algumas cenas transmite perfeitamente a atmosfera, mas também assumo que em algumas cenas existe certa quebra de ritmo.
Cowboy Bebop: O Filme
4.1 114uma pergunta: É preciso assistir ao anime para comprender o filme?
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraMe orgulho de ter feito minha mãe deixar de assistir o filme da larissa manoela pra ver esse.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista Agorabelíssimo!
On Yoga: Arquitetura da Paz
4.4 33Acabei de assistir no cinema. Como esperado poucas pessoas na sala, no cinema onde eu estava a procura estava grande por Star Wars. Engraçado que ambos os filmes mantém a mesma premissa: "Que a força esteja com você". A diferença é que um é pura fantasia intergalática espalhafatosa o outro é uma reflexão fudida sobre mente, corpo e alma, tempo-espaço, alfa e ômega.
Entreatos
4.0 73Pra mim fica claro com este documentário que o Lula lá de 2002 era outro que o que vemos hoje em 2017. Neste documentário vemos o Lula idealista que acabou carregando consigo uma infinidade de abutres do poder público. Antonio Palocci, José Dirceu, Aloísio Mercandante. Todos com tudo o que precisavam para o poder, menos uma única e essencial característica: O Carisma. O Lula sindicalista jamais seria o Lula presidente pelo simples fato de entrar na roda da política brasileira, esta corrompida estruturalmente. Ninguém acreditava, nem mesmo Lula, no que a ascensão de um partido operário se tornaria. Pra se perceber como a roda política gira, fica claro uma diferença entre o primeiro e segundo mandato do presidente. Pra perpetuação do poder, as alianças e os pactos de sangue começam a ser selados e fatalmente vistas grossas começam a serem feitas. Em 2018, o Lula condenado perde força (apesar de dominar as intenções de voto), a saída da social esquerda parece ser Ciro Gomes que neste documentário aparece apoiando a campanha de Lula. Não vejo outra opção se Lula se tornar inelegível, nos restará Ciro a ascender o facismo de um analfabeto histórico-politico como o Bolsonaro. O risco é que apoiado na eleição de Trump estes indivíduos ganhem força nos seus discursos políticos enquanto a esquerda se divide.
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraTem uma pegada teatral dos filmes do Glauber, mas com um humor suspeito e datadíssimo, um protagonista deveras antipático e ruminante. É um ode a malemolencia. Salvo poucos momentos de alguma reflexão crítica o resto do filme é um aborrecimento teatral psicodélico. Uma obra que chama atenção pela estética, mas que pra mim falha estruturalmente e aborrece. Está em décimo lugar na lista dos 100 melhores filmes brasileiros segundo a Abraccine. Concordo em estar nesta lista, porém esta posição não lhe é justa. Tem pelo menos duas dezenas de filmes melhores e mais importantes em posições inferiores. Em termos gerais, não recomendo. Não li o livro, mas provavelmente o livro deve ser bem melhor do que essa adaptação medonha. Faltou estrutura narrativa.
Notícias de uma Guerra Particular
4.4 118Engraçado é pensar neste documentário em 2017. Nada mudou. "Nunca vai ter fim". Apenas mais e mais enterros. Tudo graças a uma politica errônea de repressão as drogas, o capitalismo desenfreado e a falta de visão social dos governos. Mas tudo bem, enquanto a violência ficar na favela, tudo bem... Ai é que tá... 2017 e a violência desceu o morro. Hora de repensar a criminalização das drogas, hora de parar de enterrar nossos mortos.
Obs: Quanto ao documentário em si, bem executado, porém um pouco curtinho.
Santiago
4.1 134Uma aula de como fazer e de como não fazer um documentário. Acima disso, um retrato do sútil, efêmero e melancólico sentido de viver. Em uma via de mão dupla.
Serras da Desordem
4.2 32Este é o Brasil indígena de ontem, de hoje e de amanhã.
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraDei cinco estrelas porque o filme é muito bem executado e cumpre completamente com a proposta! Pra mim, um filme de guerra essencial, sem dúvidas.
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraEste filme foi eleito pelo British Film Institute como o sétimo filme mais influente do cinema segundo os críticos em uma lista de cem filmes. O que ao meu ver é um grande desserviço e explico aqui o porquê: É certo que em termos de Fotografia, Trilha Sonora e até mesmo o Roteiro tenha uma boa estrutura, porém assim como outros filmes que assisti do John Wayne, os valores dos personagens aos quais ele interpreta são no mínimo questionáveis, sempre personado em um ser misógino, bruto, violento, preconceituoso e intolerante. É certo que defendo o Cinema onde não haja fronteiras ideológicas de pensamentos, mas para uma crítica dita moderna (2012) continuar a exaltar tais valores só me parece que estes tais aos quais opinam exaltam por demais filmes de um tão distante marqueteiro e preconceituoso cinema hollywoodiano (não que não o seja hoje). Mas porque não citar Dança Com Lobos então? Um filme com mesmo tema e que ao contrário de Rastros de Ódio é um retrato mais humano da mesma situação.
Onde no final os índios saem perdendo, mas que não exalta o branco colonizador como herói de porra nenhuma e nos apresenta uma critica mais humanizada e útil.
Há quem diga ainda que Rastros de Ódio poderia figurar nessa lista justamente por ser um título "influente" e que até mesmo tenha servido de inspiração para Dança com Lobos. Agora a pergunta que fica é, influente a quem? Estes filmes continuam a ser perpetuados por crítica e academia quando deveria sim, ser feito ressalvas fortes a respeito de seu conteúdo caso lhe quisessem citar em elogios a qualidade técnica.
A Crítica ainda é velha, conservadora, teimosa e machista demais para perceber que o Cinema como arte evolui e com ela algumas coisas infelizmente só nos serve como um exemplo a não ser seguido se quisermos nos propor com o fazer fílmico mais crítico e humano.
Cada Um Vive Como Quer
3.7 78 Assista AgoraPara efeito de memória: este foi meu filme de número 1.000 aqui na comunidade do Filmow.
Sabotage: O Maestro do Canão
4.3 37Você fala "porra eu vi um cara ali na praça da sé estagnado, de tanto fumar pedra... não tava olhando nada, a 500km por hora assim, sem parar".
Aí eu falo isso na minha música. Eu falo "porra mas pq que ele tá ali?"
"Ah não, mas ta bom" "Ah sequestra"
Mas tá bom, por que o cara virou sequestrador? Vocês voltem um pouquinho no tempo, vamo voltar no passado?
Vamo ver o que que esse cara fez? qual foi a correria dele, o que que ele teve?
Ele não teve uma faculdade, não teve nem um curso de datilografia então por que que ele hoje é um sequestrador?
Vamo estudar isso? Qual foi a correria dele?
Ninguém estuda. O cara quer estudar ele agora.
Agora, ele não quis saber quando você era do tamanho daquelas crianças ali, e o que que aconteceu, se você morreu de fome, qual é o trauma seu, se você perdeu sua mãe atropelada numa avenida, numa espraiada, se você perdeu o seu pai numa enchente, se seu pai bebeu demais e morreu.
Ninguém pergunta isso, tá ligado? Os cara só pergunta porque o cara é preto, mão pra cabeça, encosta ali e tal, vamo conversar.
"Você é indiciado em quê? É por tráfico de drogas? Formação de quadrilha?"
Agora, o cara de maior, com a mente a milhão, com a uzi na mão, com a metralhadora, com a sub-metralhadora, agora quando o cara tá lá morrendo de fome e tal, passando o maior veneno com os filhos dele, com a mãe com os irmãos, DESESPERADO, querendo arrumar um trampo até de severino, de limpador de
vidro, que não consegue porque não tem um diploma, aí ninguém vê.
Quando o cara estoura, perde a cabeça, arruma uma granada, arruma qualquer coisa, começa a roubar, sequestrar, fazer o mundo e o caralho a 4, os cara vão começar a dar ouvido pro cara.
Aí já é tarde meu, porque é a sociedade que tá criando esse monstro.
Claro
3.4 12O filme inteiro é uma alucinação filosófica politica de um Glauber exilado que expõe as entranhas do imperialismo europeu. A visão do colonizado sobre o colonizador. Um delírio teatral que evoca Felinni, Pasolinni.. os mestres de Glauber quando o cinema como aparato tinha lá seus 60 e poucos anos, e como arte? quanto tempo? e hoje mais de 35 anos depois? Não é um filme fácil de se absorver mesmo para aqueles que já estão acostumados a estética não paternalista do Glauber.