O filme possúi uma divisão peculiar, eu diria, na sua estrutura narrativa. Como já ressaltado em outros comentários, dois filmes poderiam ser feitos. O resultado são personagens sem muita conexão se cruzando com uma história que corre sem a ciência delas.
Diante desta perspectiva, o filme trabalha bem a construção do ambiente de forma visual e sonora. Um clima de ansiedade, desespero, medo, paira na primeira parte do filme, marcando uma grande capacidade de direção.
Porém, o que me chamou atenção foi ver o filme como diferentes posições diante de uma situação estressante. De um lado a desconfiança e insegurança com o que se passa, de outro uma tentativa de coragem e esperança. Penso que essa dupla visão se encaixa com um aspecto que ressoou em mim ao final do filme.
Como, se extrapolarmos além da narrativa dentro da casa, criar mulheres com o único objetivo de serem mães, procriar, é uma violência que as torna dependentes, possessivas e até assustadoras, pois isso é tudo que enxergam para si.
Assim, fazendo uma análise com a questão de gênero, podemos pensar a personagem inicial, sempre na espreita de que algo possa acontecer com ela, que ela seja a vítima. O que não se passa pelo outro personagem que sempre toma as ações.
Ao final do filme, a mulher da casa se mostra tão vítma e frágil quanto a personagem que é atacada.
Em resumo, o filme trabalha questões interessantes de formas não óbvias. A decisão de como o filme seria montado com a quebra dos momentos de tensão atrapalha um pouco na construção de tensão que é frequentemente interrompida, deixando o rítmo do filme meio desengonçado. Isto em si não é um erro do filme, mas uma escolha narrativa, talvez tenha funcionado, não sei se aguentaria 2 horas no mesmo rítmo do início, acho que infartaria, apesar de ter achado muito bom.
Pode ser que eu esteja perdendo o ponto. Mas se toda a questão do Cronenberg é o horror corporal, esse filme não seria o auge da sua carreira? Um tratado filosófico do que nos outros filmes ele esteve construindo?
ué, Que isso,um cheque? leia, meu filho, leia em voz alta quinhentos mil cruzeiros ... para uma viagem à Paris e OuTrOs BIchos. Papai! Vamos marcar JÁ essa viagem! Não vai ter vigem nenhuma! QUEISSO Asdrubal???? VOCÊ ESTÁ LOUCO? Não to louco não, to mundo bem. E aproveito para comunicar os senhores que irei me desquitar de minha esposa, sua filha, terezinha ... CRETINO!!!!!! CALA A BOCA! E me casarei com minha criada, mariana. No uruguai, no México, ou no raio que o parte!!!!!!!!!!
O filme entrega algumas críticas de uma aristocracia racista e patriarcal que pensa ser melhor que todo o mundo, mas no fundo tem as mesmas inseguranças humanas. Não são ex-contínuos mas são filhos da p****.
Uma denúncia ao moralismo artistocrático carioca, um tipo que se mantem na ativa nos dias de hoje, só pensarmos no encobrimento de casos de abuso através do dinheiro e prestígio. Poréééém, as reflexões são mais da peça escrita do que do filme. Há grandes problemas em como são escolhidas as formas de filmar cada cena. Não penso que abordar os abusos e perversões sejam em si um reforço do machismo dos personagens. A arte pode jogar com ironias, contradições, julgamentos. Contudo, não é como o filme trabalha, ele reforça a violência nos corpos e têm uma nudez desnecessária, clássica do pornôchanchada que têm na nudez sua estratégia para debater outros temas.
Mas o que queria falar mesmo é da frase do Otto. Nessa universalidade do mal intrínseco do se humano não me lembrei da célebre frase do Dostoiévsk: " Se deus não existisse tudo seria permitido", mas sim na crítica de Zizek sobre ela. "Se deus existe, então tudo é permitido". Esse pensamento ressoa durante de toda a obra do Nelson e do filme onde "o mineiro só é solidário no câncer" atua como uma muleta para as barbaridades cometidas. A existência de uma metafísica que validem nossas ações nos permite a tranquilidade de fazer o que quisermos.
Vou aproveitar o hype do filme para escrever o que senti e sinto quando penso nesse filme.
O plot é a maior prova de um amor incondicional aos Beatles. Escrevo isso não no sentido positivo, muito pelo contrário.
O filme ignora totalmente toda a noção do que faz uma obra de arte ser reconhecida enquanto bela em troca de uma beleza universal e anacrônica de sons e palavras. Vocês acham mesmo que se eu chegar aqui e cantar "Happy Xmas" do John Lennon ( só um exemplo, não que o filme mostre isso) todo mundo ia achar lindo maravilhoso? Não ia fazer sentido nenhum.
Ou seja, o filme tira toda possibilidade da arte ter alguma relação com a sociedade e torna a música em um objeto perfeito e divino. Qualquer pessoa que souber uma música dos Beatles é um gênio só por conhecer? PERA AÍ BIXO.
Acho que o filme tem uma dualidade. Pode ser muito bom ou muito ruim.
Se você quer passar raiva, em todos os espectros possíveis, seja defensor da causa animal, pessoas que gostam de cachorro, quem não gosta, que tem ou quer ter filhos, quem é mãe/pai de pet, tem trauma de animal de estimação, é vegana/o, come carne, gosta de filme de terror ou odeia mas quer ficar PUT*, esse filme é genial. Nunca fiquei tão bravo com um filme por múltiplas razões. Se isso é bom ou ruim, aí fica a critério de quem assiste.
Por exemplo. No início já fiquei put* com os vizinhos. Poxa, prende esse dog aí, namoral. Quando o cachorro morde a criança então, fiquei mais ainda. Mas pensei, mete um processo, se muda e vida que segue. PORÉM AÍ que ta a reviravolta que faz a gente passar raiva ao inverso. Matar o dog para quê????
Depois tem a raiva sintática do roteiro. Cada decisão que essa galera toma, fizeram de propósito, filme sádico, só pode ser intencional tanta sequência de acontecimento burro.
Achei genial o movimento do artista que copiava. Na china culturalmente fazer réplicas é uma homenagem. Então esse grande mestre da arte fez o melhor que poderia fazer, enganar milhonário. ISSO QUE É ARTE! Iconoclastia linda
Um filme para pensar as bizarrices do mundo dos ricos na arte. Me recuso a chamar essa troca de mercadorias de "mundo da arte". Talvez no máximo o mundo da arte fetichizada.
Ao longo do filme me questionei quais são as razões para alguém entrar nesse mercado, ter essa profissão. Amor pela arte? Até aí várias pessoas tem e não contribuem para essas trocas que são uma fraude por si. Milhões de dólares por uma pintura em que o real lucro vai para agências e colecionadores? Acho que isso faltou de ser abordado.
Filme americano, naquele estilo investigativo já batido das produções documentais recentes. Vão atrás de uma linha argumentativa sobre o que é " falso", vão atrás das pessoas, ouvem suas versões, mas acaba aí. Sem muita elaboração sobre o que faz esse mercado ser o que ele é, mesmo sem fraude nenhuma.
Conquistei minha companheira convidando-a para assistir essa obra maravilhosa enquanto ainda eramos jovens pré-adolescentes. Hoje estou aqui, com 2* anos, apaixonado e com ela. Coisa boa esse filme.
Então. É complicado. O filme é daqueles que você tem que não assistir o trailer, nem os primeiros minutos. De preferência, não ver nem o cartaz. Melhor, não ver nem o filme que é muito spoiler. O primeiro filme da história que tem spoiler dele mesmo. Ele se condena, não deixa nem você sonhar, já te conta tudo e fod*-se. Bem, tirando esse leve detalhe( o que convenhamos estraga muito, visto que é um filme de suspense sem suspense, bem subversivo mesmo, parando para pensar, vou até aumentar a nota) fiquei pensando, vai que na real esse é um filme que joga com o próprio esteriótipo de rivalidade feminina, porque tem o michael, esse personagem meio jogado, como já disse minha contemporânea Dara. Mas não, já jogam o clichêzão da Loura pir*ca. Esperava mais desse grande filme, no final.....
Filme maneiro, montagem show, musica bem ambientada com as situações.
Sobre a montagem, está entre os concorrentes a ganhar o Oscar. Além de ser muito dinâmica, senti que ela acompanha o propósito narrativo. Uma angústia de tomadas rápidas, muitos elementos dispostos e apresentados sem muita explicação dão um sentimento de urgência e ansiedade por algo que não conseguimos controlar. Em contraste, a negligência das personagens antagonistas em não perceber essa urgência em sequências mais demoradas e arrastadas faz total sentido com a trama.
Agora, pensando no discurso do filme, tive uma reflexão quanto ao apocalipce real e o midiático. O filme nesse ponto de vista pode ser simplesmente um Adorno do entretenimento, pensando no "Apocalípticos e integrados" do Eco. Visto isto, acho que meu incômodo com o filme é esse, essa extrapolação exagerada dos efeitos da mídia como idiotas e bobos em alguns momentos. Em defesa, acho que a narrativa supera essa simplicidade da passividade da "mídia de massa" do Adorno ao colocar uma possibilidade de revolta até mesmo nos mais fervorosos apoiadores do anticientificismo.
Falando em ciência, achei muito interessante a dicotomia entre a ciência realizada na universidade e os interesses privados. O questionamento quanto aos métodos científicos nos estudos realizados pelo Elon Musk do filme e o encobrimento de críticas foram muito bem retratados, parabéns para a equipe. Porém, sabemos que universidades americanas recebem dinheiro de empresas para realizar pesquisas. Parece que no filme a universidade lá é super autônoma e sem financiamento privado, contudo, não é né. rs. Se fosse no Brasil, até ia, mas nos EUA é forçado lançar essa...
Eu achei show, tá? Claro que não é nenhum Matrix, mas tem seus pontos positivos. Por exemplo: Uma das reclamações foi sobre os atores não voltarem. Acho que em Matrix é a única possibilidade que existe de ter uma troca de atores justificada dentro da simulação. Quem é trocado é porque a própria Matrix mudou, oras. O Neo e a Trinity não mudam porque são excepcionais, mas fora da simulação todo mundo é coerente com seus personagens.
Tirando isso, concordo que não tem nada inovador no filme. Eu tive a impressão que eles tentaram dar uma forçada com alguns CGI se passando por reais, mas não sei se estou ficando cético demais. Em alguns momentos parece que alguns elementos ficaram com uma textura estranha...
Não sei se estou viajando, mas me parece fortemente baseado no manifesto ciborgue. No mínimo em uma relação mulher e máquina que nega a heteronormatividade.
Não sei se tem palavras disponíveis para descrever esse filme.
O filme tem cenas chocantes, não há dúvida. Porém, o que me tocou não foram as imagens vicerais, mas a trama que se constrói entre as personagens e a cadeia ( nos múltiplos sentidos que a palavra pode abarcar) em que se encontram. Não haveria a força crítica através da empatia se não fossem personagens tão complexas, com suas motivações, ilusões, sonhos, sofrimentos. No final, não há escapatória.
As vezes não é apenas sobre o quão violenta com animais o capitalismo e a indústria da carne pode ser, mas quão cruel é em todos seus aspectos em suas diversas hierarquias, o que fortalece a crítica.
Linklater capta um período de transição do capitalismo de forma sutil. As leis trabalhistas se flexibilizam, a responsabilidade recai sob o trabalhador, diversas são as formas de não responsabilização das empresas quanto a segurança, estabilidade e bem estar de seus funcionários.
Quanto as atuações, uma ou outra não são as melhores possíveis, contudo, pensando no todo, não penso que seja algo relevante que lhe tire da história.
Um filme etnográfico belíssimo. Sua montagem sem um rítmo singular, a passagem de tempo da a impressão de sermos transportados para um outro espaço, na tentativa de nos fazer sentir como é a vida cotidiana dessas personagens. Em uma divisão etnográfica, o filme apresenta a organização social das pessoas que aparecem como personagens. A divisão de tarefas, as categorias utilizadas, hierarquia de objetos, valores, a relação familiar, a centralidade ritual do camelo e da troca. Apenas após a introdução da cultura e sua estrutura que a narrativa avança em seu drama. Vemos o nascimento de um camelo como é cotidiano para entendermos depois o que é fora do comum. A relação entre humanos e não-humanos é expressa nas relações com a centralidade dos animais para a vida social. Os seus rituais, alimentação e tradições passam por um respeito a natureza e as gerações passadas e futuras. Um ótimo filme para pensarmos na posição de nossas compreensões sobre o que é natural e o que é cultural. Enquanto dividimos tão fortemente com uma racionalização da natureza nos afastando da mesma, ao refletirmos mais profundamente, percebemos que a todo momento estamos mais próximos dela do que imaginamos. Ao darmos sentido à nós enquanto fora da natureza a transformamos em cultura, mas sem notar que os dois elementos se influenciam em nossa trajetória cotidiana. O filme traz uma grande possibilidade de reflexão antropológica de estranharmos o próximo e naturalizarmos o distante através de uma fotografia que parece imparcial, embora esteja sempre focando nos elementos considerados centrais para compreendermos o sentimento das personagens, uma montagem que não tem pressa, nos deixa enxergar os processos, criar relações com quem atua em cena.
Um filme que me deixou pensando sobre as fronteiras entre as relações mercadológicas e as relações sociais no capitalismo. Será que existem barreiras morais no capitalismo? Será que mesmo impondo éticas no que é permitido ou não, podemos controlar o que sentimos? Uma extrapolação que também é bem válida para o filme, visto o interesse do Herzog pela tecnologia, é como o próximo passo é a retirada da humanidade nas relações sociais. As decisões que geralmente são complexas, situacionais e plurais quando é tomada por uma pessoa em um contexto, participando e refletindo baseado em todas as situações presentes e passadas podem ser alteradas, com um interesse financeiro para a automatização, visando apenas o lucro e decisões "corretas".
Ao final, depois de acompanharmos a história de uma relação social orientada pelas regras de uma empresa, vemos uma mudança, a vontade e a negação por ultrapassar uma barreira, a do afeto real, sem uma mediação econômica. Mas o que faz pensar depois de tanto tempo de assistirmos essas relações, há outra forma de se relacionar no capitalismo que não pelas convenções comerciais???
Contudo, outro aspecto do filme me chamou a atenção. Sabemos do histórico do Herzog em colonizar os países em que se interessa, não levando muito em consideração a população local, nem dando os devidos créditos e respeito às visões de mundo do país em que está sendo filmado. Nisso eu me questionei, quem auxiliou o Herzog, deu consultorias sobre a sociedade Japonesa? Pode parecer irrelevante o comentário para a própria estrutura do filme enquanto narrativa, mas ao ler os créditos, os cargos de decisão eram apenas nomes ocidentais. Então, fico com a dúvida. Será que o filme foi construído apenas com a percepção do Herzog e outros estrangeiros, ou houve uma omissão na divisão criativa da obra? Como sempre, os trabalhos do diretor são altamente contraditórios e sempre parece que a própria produção do filme é uma mimesis da obra.
Uma descoberta da solidão. Descoberta do desejo e da independência. Ao longo do filme, percebi que o cotidiano preenchido pelo trabalho, as pressões e expectativas, faziam com que as vontades, a experimentação fosse negada. Quando há a libertação das amarras, não se sabe o que fazer com a liberdade. Se ver sozinha é uma angústia, ainda mais quando se espera que sempre se tenha alguém. A construção da descoberta é feita aos poucos em que a personagem vai se permitindo nas conversas, nas situações que lhe aparecem. Quanto mais ela se permite, mais se mostra suscetível ao que pode revelar seus sentimentos. Vemos o processo de transformação da opressão e desinteresse para a liberdade a vazão do desejo.
O dito é o feito, ou a exposição do não feito. De toda forma o discurso representa as relações existentes, as qualifica ao mostrar as intimidades através das palavras, dizendo muitas vezes o que não se ousaria.
Uma bela recomendação recebida em um entardecer sereno me levou até o filme.
A habilidade por conduzir uma história composta pelo diálogo de poucas pessoas em um único cômodo sempre é fascinante. Não há escapatória a não ser enfrentar o outro. De uma forma cômica, as situações se desdobram a partir das revelações até atingir o absurdo. Tudo se resume às palavras.
Como o início prenuncia, os nomes, assim como no título, carregam muito significados, políticos, impensáveis, ocultos, desagradáveis. Sem perceber, passamos por ruas, recebemos nomes que nos conferem impossibilitados de termos ciência prévia.
Ao final, o nome se torna um detalhe diante da ruptura e revelações produzidas nos conflitos.
Assisti ao filme em seu lançamento. Porém, pensando nas minhas experiências mais marcantes em salas de cinema, já que por causa da pandemia de covid-19 não há possibilidade de frequenta-las, Visages, Villages certamente foi um marco na minha vida cinematográfica que ocorreu em um cinema.
Em minha memória, o dia que assisti ao filme parece bem visual. Estava de férias e andando pelos cartazes dos filmes para decidir o que iria ver naquela tarde. Quando olho a imagem do filme, me interesso, vejo que é um filme da A.Varda. Até aquele momento, embora soubesse da importância da diretora enquanto fundadora da Nouvelle Vague ( mesmo havendo discordâncias quanto a isso), nunca tinha visto nenhum filme seu. Então me interesso mais ainda para ter o primeiro contato com uma obra da autora. Tardio, considerando sua extensa filmografia, mas entusiasmado pelo contato que viria.
Ao longo do filme, percebo algo que depois me encantaria profundamente em todas as obras que assisto da Varda, a sensibilidade e o seu olhar atento ao mundo que a cerca. No filme está presente seu amor pelas artes e pelas pessoas. Há uma preocupação estética, mas também uma preocupação social e política que mesmo não sendo explícito são características centrais em todos os seus filmes. Neste, o qual assisti em uma tarde nublada, as viagens são um registro da construção de um projeto coletivo, não apenas de Varda e JR, mas também de todas as pessoas retratadas nos muros, o filme expõe o processo de uma arte que não captura objetos e os torna estáticos, mas sim os mobiliza e os transforma.
Ao acabar o filme, vejo os créditos subirem, com uma música que me encanta. Não consigo me levantar da cadeira e sair, não consigo me desligar da experiência que tinha participado até ali, fiquei em transe e apenas sai quando as luzes se acenderam e o projetor desligou. Depois disso, sabia que precisaria ver tudo produzido por Varda!
Noites Brutais
3.4 1,0K Assista AgoraO filme possúi uma divisão peculiar, eu diria, na sua estrutura narrativa. Como já ressaltado em outros comentários, dois filmes poderiam ser feitos. O resultado são personagens sem muita conexão se cruzando com uma história que corre sem a ciência delas.
Diante desta perspectiva, o filme trabalha bem a construção do ambiente de forma visual e sonora. Um clima de ansiedade, desespero, medo, paira na primeira parte do filme, marcando uma grande capacidade de direção.
Porém, o que me chamou atenção foi ver o filme como diferentes posições diante de uma situação estressante. De um lado a desconfiança e insegurança com o que se passa, de outro uma tentativa de coragem e esperança. Penso que essa dupla visão se encaixa com um aspecto que ressoou em mim ao final do filme.
Como, se extrapolarmos além da narrativa dentro da casa, criar mulheres com o único objetivo de serem mães, procriar, é uma violência que as torna dependentes, possessivas e até assustadoras, pois isso é tudo que enxergam para si.
Assim, fazendo uma análise com a questão de gênero, podemos pensar a personagem inicial, sempre na espreita de que algo possa acontecer com ela, que ela seja a vítima. O que não se passa pelo outro personagem que sempre toma as ações.
Ao final do filme, a mulher da casa se mostra tão vítma e frágil quanto a personagem que é atacada.
Em resumo, o filme trabalha questões interessantes de formas não óbvias. A decisão de como o filme seria montado com a quebra dos momentos de tensão atrapalha um pouco na construção de tensão que é frequentemente interrompida, deixando o rítmo do filme meio desengonçado. Isto em si não é um erro do filme, mas uma escolha narrativa, talvez tenha funcionado, não sei se aguentaria 2 horas no mesmo rítmo do início, acho que infartaria, apesar de ter achado muito bom.
Crimes do Futuro
3.2 263 Assista AgoraPode ser que eu esteja perdendo o ponto. Mas se toda a questão do Cronenberg é o horror corporal, esse filme não seria o auge da sua carreira? Um tratado filosófico do que nos outros filmes ele esteve construindo?
Ninguém Ama Ninguém... Por Mais de Dois Anos
3.2 43ué, Que isso,um cheque?
leia, meu filho, leia em voz alta
quinhentos mil cruzeiros ...
para uma viagem à Paris e OuTrOs BIchos.
Papai! Vamos marcar JÁ essa viagem!
Não vai ter vigem nenhuma!
QUEISSO Asdrubal????
VOCÊ ESTÁ LOUCO?
Não to louco não, to mundo bem. E aproveito para comunicar os senhores que irei me desquitar de minha esposa, sua filha, terezinha ...
CRETINO!!!!!!
CALA A BOCA!
E me casarei com minha criada, mariana. No uruguai, no México, ou no raio que o parte!!!!!!!!!!
Pleasure
3.4 113 Assista AgoraFui ver um filme para ver se existe uma forma de tratar o tema sem reforçar a violência nas imagens. Agora sei que não é assim...
Bonitinha, Mas Ordinária
3.1 115O filme entrega algumas críticas de uma aristocracia racista e patriarcal que pensa ser melhor que todo o mundo, mas no fundo tem as mesmas inseguranças humanas. Não são ex-contínuos mas são filhos da p****.
Uma denúncia ao moralismo artistocrático carioca, um tipo que se mantem na ativa nos dias de hoje, só pensarmos no encobrimento de casos de abuso através do dinheiro e prestígio. Poréééém, as reflexões são mais da peça escrita do que do filme. Há grandes problemas em como são escolhidas as formas de filmar cada cena. Não penso que abordar os abusos e perversões sejam em si um reforço do machismo dos personagens. A arte pode jogar com ironias, contradições, julgamentos. Contudo, não é como o filme trabalha, ele reforça a violência nos corpos e têm uma nudez desnecessária, clássica do pornôchanchada que têm na nudez sua estratégia para debater outros temas.
Mas o que queria falar mesmo é da frase do Otto. Nessa universalidade do mal intrínseco do se humano não me lembrei da célebre frase do Dostoiévsk: " Se deus não existisse tudo seria permitido", mas sim na crítica de Zizek sobre ela. "Se deus existe, então tudo é permitido". Esse pensamento ressoa durante de toda a obra do Nelson e do filme onde "o mineiro só é solidário no câncer" atua como uma muleta para as barbaridades cometidas. A existência de uma metafísica que validem nossas ações nos permite a tranquilidade de fazer o que quisermos.
O Amor em 5 Tempos
3.6 53Cenas desnecessárias....
A Noite do Jogo
3.5 671 Assista AgoraFui ver o filme para entender qual a trama e .... O FILME É UMA P***! Bom demais. Tiro, carro e mulheril.
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KVou aproveitar o hype do filme para escrever o que senti e sinto quando penso nesse filme.
O plot é a maior prova de um amor incondicional aos Beatles. Escrevo isso não no sentido positivo, muito pelo contrário.
O filme ignora totalmente toda a noção do que faz uma obra de arte ser reconhecida enquanto bela em troca de uma beleza universal e anacrônica de sons e palavras. Vocês acham mesmo que se eu chegar aqui e cantar "Happy Xmas" do John Lennon ( só um exemplo, não que o filme mostre isso) todo mundo ia achar lindo maravilhoso? Não ia fazer sentido nenhum.
Ou seja, o filme tira toda possibilidade da arte ter alguma relação com a sociedade e torna a música em um objeto perfeito e divino. Qualquer pessoa que souber uma música dos Beatles é um gênio só por conhecer? PERA AÍ BIXO.
Animales Humanos
2.9 76 Assista AgoraAcho que o filme tem uma dualidade. Pode ser muito bom ou muito ruim.
Se você quer passar raiva, em todos os espectros possíveis, seja defensor da causa animal, pessoas que gostam de cachorro, quem não gosta, que tem ou quer ter filhos, quem é mãe/pai de pet, tem trauma de animal de estimação, é vegana/o, come carne, gosta de filme de terror ou odeia mas quer ficar PUT*, esse filme é genial. Nunca fiquei tão bravo com um filme por múltiplas razões. Se isso é bom ou ruim, aí fica a critério de quem assiste.
Por exemplo. No início já fiquei put* com os vizinhos. Poxa, prende esse dog aí, namoral. Quando o cachorro morde a criança então, fiquei mais ainda. Mas pensei, mete um processo, se muda e vida que segue. PORÉM AÍ que ta a reviravolta que faz a gente passar raiva ao inverso. Matar o dog para quê????
Depois tem a raiva sintática do roteiro. Cada decisão que essa galera toma, fizeram de propósito, filme sádico, só pode ser intencional tanta sequência de acontecimento burro.
Fake Art
3.5 25 Assista AgoraAchei genial o movimento do artista que copiava. Na china culturalmente fazer réplicas é uma homenagem. Então esse grande mestre da arte fez o melhor que poderia fazer, enganar milhonário. ISSO QUE É ARTE! Iconoclastia linda
Fake Art
3.5 25 Assista AgoraUm filme para pensar as bizarrices do mundo dos ricos na arte. Me recuso a chamar essa troca de mercadorias de "mundo da arte". Talvez no máximo o mundo da arte fetichizada.
Ao longo do filme me questionei quais são as razões para alguém entrar nesse mercado, ter essa profissão. Amor pela arte? Até aí várias pessoas tem e não contribuem para essas trocas que são uma fraude por si. Milhões de dólares por uma pintura em que o real lucro vai para agências e colecionadores? Acho que isso faltou de ser abordado.
Filme americano, naquele estilo investigativo já batido das produções documentais recentes. Vão atrás de uma linha argumentativa sobre o que é " falso", vão atrás das pessoas, ouvem suas versões, mas acaba aí. Sem muita elaboração sobre o que faz esse mercado ser o que ele é, mesmo sem fraude nenhuma.
Hotel Transilvânia
3.6 1,5K Assista AgoraConquistei minha companheira convidando-a para assistir essa obra maravilhosa enquanto ainda eramos jovens pré-adolescentes. Hoje estou aqui, com 2* anos, apaixonado e com ela. Coisa boa esse filme.
Click
3.4 2,5K Assista AgoraSinceramente?
O maior.
Paixão Obsessiva
2.6 276 Assista AgoraEntão. É complicado. O filme é daqueles que você tem que não assistir o trailer, nem os primeiros minutos. De preferência, não ver nem o cartaz. Melhor, não ver nem o filme que é muito spoiler. O primeiro filme da história que tem spoiler dele mesmo. Ele se condena, não deixa nem você sonhar, já te conta tudo e fod*-se.
Bem, tirando esse leve detalhe( o que convenhamos estraga muito, visto que é um filme de suspense sem suspense, bem subversivo mesmo, parando para pensar, vou até aumentar a nota) fiquei pensando, vai que na real esse é um filme que joga com o próprio esteriótipo de rivalidade feminina, porque tem o michael, esse personagem meio jogado, como já disse minha contemporânea Dara. Mas não, já jogam o clichêzão da Loura pir*ca. Esperava mais desse grande filme, no final.....
amei, adoro filme ruim com gente piroca e Louras bem bonitas e malvadas, um luxo (Cheryl Ladd, que Loura)
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraFilme maneiro, montagem show, musica bem ambientada com as situações.
Sobre a montagem, está entre os concorrentes a ganhar o Oscar. Além de ser muito dinâmica, senti que ela acompanha o propósito narrativo. Uma angústia de tomadas rápidas, muitos elementos dispostos e apresentados sem muita explicação dão um sentimento de urgência e ansiedade por algo que não conseguimos controlar. Em contraste, a negligência das personagens antagonistas em não perceber essa urgência em sequências mais demoradas e arrastadas faz total sentido com a trama.
Agora, pensando no discurso do filme, tive uma reflexão quanto ao apocalipce real e o midiático. O filme nesse ponto de vista pode ser simplesmente um Adorno do entretenimento, pensando no "Apocalípticos e integrados" do Eco. Visto isto, acho que meu incômodo com o filme é esse, essa extrapolação exagerada dos efeitos da mídia como idiotas e bobos em alguns momentos. Em defesa, acho que a narrativa supera essa simplicidade da passividade da "mídia de massa" do Adorno ao colocar uma possibilidade de revolta até mesmo nos mais fervorosos apoiadores do anticientificismo.
Falando em ciência, achei muito interessante a dicotomia entre a ciência realizada na universidade e os interesses privados. O questionamento quanto aos métodos científicos nos estudos realizados pelo Elon Musk do filme e o encobrimento de críticas foram muito bem retratados, parabéns para a equipe. Porém, sabemos que universidades americanas recebem dinheiro de empresas para realizar pesquisas. Parece que no filme a universidade lá é super autônoma e sem financiamento privado, contudo, não é né. rs.
Se fosse no Brasil, até ia, mas nos EUA é forçado lançar essa...
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista Agorasó não entendi nada do final. O que mudou na Matrix? Agora é uma simulação alegre? Mudou nada, só agora tem poder e valeu?
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraEu achei show, tá?
Claro que não é nenhum Matrix, mas tem seus pontos positivos.
Por exemplo: Uma das reclamações foi sobre os atores não voltarem. Acho que em Matrix é a única possibilidade que existe de ter uma troca de atores justificada dentro da simulação. Quem é trocado é porque a própria Matrix mudou, oras. O Neo e a Trinity não mudam porque são excepcionais, mas fora da simulação todo mundo é coerente com seus personagens.
Tirando isso, concordo que não tem nada inovador no filme. Eu tive a impressão que eles tentaram dar uma forçada com alguns CGI se passando por reais, mas não sei se estou ficando cético demais. Em alguns momentos parece que alguns elementos ficaram com uma textura estranha...
Titane
3.5 390 Assista AgoraNão sei se estou viajando, mas me parece fortemente baseado no manifesto ciborgue. No mínimo em uma relação mulher e máquina que nega a heteronormatividade.
Não sei se tem palavras disponíveis para descrever esse filme.
Nação Fast Food: Uma Rede de Corrupção
3.1 212 Assista AgoraO filme tem cenas chocantes, não há dúvida. Porém, o que me tocou não foram as imagens vicerais, mas a trama que se constrói entre as personagens e a cadeia ( nos múltiplos sentidos que a palavra pode abarcar) em que se encontram. Não haveria a força crítica através da empatia se não fossem personagens tão complexas, com suas motivações, ilusões, sonhos, sofrimentos. No final, não há escapatória.
As vezes não é apenas sobre o quão violenta com animais o capitalismo e a indústria da carne pode ser, mas quão cruel é em todos seus aspectos em suas diversas hierarquias, o que fortalece a crítica.
Linklater capta um período de transição do capitalismo de forma sutil. As leis trabalhistas se flexibilizam, a responsabilidade recai sob o trabalhador, diversas são as formas de não responsabilização das empresas quanto a segurança, estabilidade e bem estar de seus funcionários.
Quanto as atuações, uma ou outra não são as melhores possíveis, contudo, pensando no todo, não penso que seja algo relevante que lhe tire da história.
Camelos Também Choram
4.1 36Um filme etnográfico belíssimo.
Sua montagem sem um rítmo singular, a passagem de tempo da a impressão de sermos transportados para um outro espaço, na tentativa de nos fazer sentir como é a vida cotidiana dessas personagens.
Em uma divisão etnográfica, o filme apresenta a organização social das pessoas que aparecem como personagens. A divisão de tarefas, as categorias utilizadas, hierarquia de objetos, valores, a relação familiar, a centralidade ritual do camelo e da troca. Apenas após a introdução da cultura e sua estrutura que a narrativa avança em seu drama. Vemos o nascimento de um camelo como é cotidiano para entendermos depois o que é fora do comum.
A relação entre humanos e não-humanos é expressa nas relações com a centralidade dos animais para a vida social. Os seus rituais, alimentação e tradições passam por um respeito a natureza e as gerações passadas e futuras.
Um ótimo filme para pensarmos na posição de nossas compreensões sobre o que é natural e o que é cultural. Enquanto dividimos tão fortemente com uma racionalização da natureza nos afastando da mesma, ao refletirmos mais profundamente, percebemos que a todo momento estamos mais próximos dela do que imaginamos. Ao darmos sentido à nós enquanto fora da natureza a transformamos em cultura, mas sem notar que os dois elementos se influenciam em nossa trajetória cotidiana.
O filme traz uma grande possibilidade de reflexão antropológica de estranharmos o próximo e naturalizarmos o distante através de uma fotografia que parece imparcial, embora esteja sempre focando nos elementos considerados centrais para compreendermos o sentimento das personagens, uma montagem que não tem pressa, nos deixa enxergar os processos, criar relações com quem atua em cena.
Uma História de Família
3.5 9Um filme que me deixou pensando sobre as fronteiras entre as relações mercadológicas e as relações sociais no capitalismo. Será que existem barreiras morais no capitalismo? Será que mesmo impondo éticas no que é permitido ou não, podemos controlar o que sentimos?
Uma extrapolação que também é bem válida para o filme, visto o interesse do Herzog pela tecnologia, é como o próximo passo é a retirada da humanidade nas relações sociais. As decisões que geralmente são complexas, situacionais e plurais quando é tomada por uma pessoa em um contexto, participando e refletindo baseado em todas as situações presentes e passadas podem ser alteradas, com um interesse financeiro para a automatização, visando apenas o lucro e decisões "corretas".
Ao final, depois de acompanharmos a história de uma relação social orientada pelas regras de uma empresa, vemos uma mudança, a vontade e a negação por ultrapassar uma barreira, a do afeto real, sem uma mediação econômica. Mas o que faz pensar depois de tanto tempo de assistirmos essas relações, há outra forma de se relacionar no capitalismo que não pelas convenções comerciais???
Contudo, outro aspecto do filme me chamou a atenção. Sabemos do histórico do Herzog em colonizar os países em que se interessa, não levando muito em consideração a população local, nem dando os devidos créditos e respeito às visões de mundo do país em que está sendo filmado. Nisso eu me questionei, quem auxiliou o Herzog, deu consultorias sobre a sociedade Japonesa? Pode parecer irrelevante o comentário para a própria estrutura do filme enquanto narrativa, mas ao ler os créditos, os cargos de decisão eram apenas nomes ocidentais. Então, fico com a dúvida. Será que o filme foi construído apenas com a percepção do Herzog e outros estrangeiros, ou houve uma omissão na divisão criativa da obra? Como sempre, os trabalhos do diretor são altamente contraditórios e sempre parece que a própria produção do filme é uma mimesis da obra.
O Raio Verde
4.1 87Uma descoberta da solidão. Descoberta do desejo e da independência.
Ao longo do filme, percebi que o cotidiano preenchido pelo trabalho, as pressões e expectativas, faziam com que as vontades, a experimentação fosse negada. Quando há a libertação das amarras, não se sabe o que fazer com a liberdade. Se ver sozinha é uma angústia, ainda mais quando se espera que sempre se tenha alguém.
A construção da descoberta é feita aos poucos em que a personagem vai se permitindo nas conversas, nas situações que lhe aparecem. Quanto mais ela se permite, mais se mostra suscetível ao que pode revelar seus sentimentos.
Vemos o processo de transformação da opressão e desinteresse para a liberdade a vazão do desejo.
Qual é o Nome do Bebê?
4.0 159O dito é o feito, ou a exposição do não feito. De toda forma o discurso representa as relações existentes, as qualifica ao mostrar as intimidades através das palavras, dizendo muitas vezes o que não se ousaria.
Uma bela recomendação recebida em um entardecer sereno me levou até o filme.
A habilidade por conduzir uma história composta pelo diálogo de poucas pessoas em um único cômodo sempre é fascinante. Não há escapatória a não ser enfrentar o outro. De uma forma cômica, as situações se desdobram a partir das revelações até atingir o absurdo. Tudo se resume às palavras.
Como o início prenuncia, os nomes, assim como no título, carregam muito significados, políticos, impensáveis, ocultos, desagradáveis. Sem perceber, passamos por ruas, recebemos nomes que nos conferem impossibilitados de termos ciência prévia.
Ao final, o nome se torna um detalhe diante da ruptura e revelações produzidas nos conflitos.
Visages, Villages
4.4 161 Assista AgoraAssisti ao filme em seu lançamento. Porém, pensando nas minhas experiências mais marcantes em salas de cinema, já que por causa da pandemia de covid-19 não há possibilidade de frequenta-las, Visages, Villages certamente foi um marco na minha vida cinematográfica que ocorreu em um cinema.
Em minha memória, o dia que assisti ao filme parece bem visual. Estava de férias e andando pelos cartazes dos filmes para decidir o que iria ver naquela tarde. Quando olho a imagem do filme, me interesso, vejo que é um filme da A.Varda. Até aquele momento, embora soubesse da importância da diretora enquanto fundadora da Nouvelle Vague ( mesmo havendo discordâncias quanto a isso), nunca tinha visto nenhum filme seu. Então me interesso mais ainda para ter o primeiro contato com uma obra da autora. Tardio, considerando sua extensa filmografia, mas entusiasmado pelo contato que viria.
Ao longo do filme, percebo algo que depois me encantaria profundamente em todas as obras que assisto da Varda, a sensibilidade e o seu olhar atento ao mundo que a cerca. No filme está presente seu amor pelas artes e pelas pessoas. Há uma preocupação estética, mas também uma preocupação social e política que mesmo não sendo explícito são características centrais em todos os seus filmes. Neste, o qual assisti em uma tarde nublada, as viagens são um registro da construção de um projeto coletivo, não apenas de Varda e JR, mas também de todas as pessoas retratadas nos muros, o filme expõe o processo de uma arte que não captura objetos e os torna estáticos, mas sim os mobiliza e os transforma.
Ao acabar o filme, vejo os créditos subirem, com uma música que me encanta. Não consigo me levantar da cadeira e sair, não consigo me desligar da experiência que tinha participado até ali, fiquei em transe e apenas sai quando as luzes se acenderam e o projetor desligou. Depois disso, sabia que precisaria ver tudo produzido por Varda!