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Últimas opiniões enviadas

  • Genilson Soares

    Sempre existiu uma mística e curiosidade sobre o Xadrez por parte do grande público, e o Cinema já abordou o tema em muitos momentos e de diferentes formas. Seja usando o Xadrez como metáfora para uma narrativa superior que vai além da simples mecânica do jogo, nesse aspecto, é impossível não mencionar Ingmar Bergman no maravilhoso O Sétimo Selo (Det Sjunde inseglet, 1957), talvez o filme mais emblemático que tem o Xadrez como tema para contar uma estória. Ou tentando mostrar os aspectos do jogo em si dentro de alguma estória qualquer. Nesse quesito, é possível citar diversos filmes como Face a Face com o Inimigo (Knight Moves, 1992), Lances Inocentes (Searching for Bobby Fischer, 1992), onde o filme, mesmo sendo baseado em fatos reais, usa a própria história de Fischer como referência, como sugere o título original. O Último Lance (The Luzhin Defence, 2000), um drama de época que tenta traçar com mais fidelidade e seriedade os aspectos do jogo e os conflitos entre loucura e genialidade, Revólver (Revolver, 2005), que já é mais corrido e de ação, mas que traz momentos interessantes tendo o Xadrez como pano de fundo, e, por último, o filme Jogada de Rei (Life of a King, 2013), que fala da história de um ex-presidiário que, através do Xadrez, tenta tirar jovens de sua comunidade pobre e violenta do mundo do crime.

    Filmes biográficos sobre enxadristas são raros, porque nem sempre é fácil fazer uma narrativa sobre jogadores e ainda trazer todos os aspectos do jogo sem que o filme fique cansativo para o público leigo em relação ao Xadrez. O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice, 2014) ganhou vida apenas três anos depois do documentário Bobby Fischer Contra o Mundo (Bobby Fischer Against The World, 2011), que é excelente, mostrando todos os detalhes da vida de Fischer com profundidade, dentro de uma linguagem simples e direta que agrada tanto a quem conhece quanto a quem não conhece o mundo do Xadrez. Vale ressaltar que o roteiro do filme, escrito por Steven Knight, apesar de consistente e dinâmico, fazendo com que a história de Fischer seja convidativa, a base e todos os elementos dele, querendo ou não, estão no documentário de 2011. A narrativa é praticamente da mesma forma, só que, nesse caso, dentro do domínio ficcional, obviamente.

    A beleza do filme está na direção de Edward Zwick. A forma como ele dá vida ao roteiro é incrível, pois o roteiro exige que existam elementos documentais e ficcionais, e isso é feito com muita competência, onde tal mescla de domínios tem como resultado final uma ambientação de época muito boa, fazendo com que os momentos decisivos do “Match do Século” tenham uma forte verossimilhança. A fotografia é minimamente pensada para que haja uma imersão, onde se utiliza em várias cenas o plano detalhe para dar ênfase tanto nos momentos de “neuroses” do Fischer quanto nos aspectos do jogo e na pressão psicológica pela qual todo jogador de Xadrez passa em nível de competição, sem que seja necessário o uso de algum artifício a mais para se explicar tais coisas. A interpretação de Tobey Maguire é muito boa, conseguindo ser fiel mesmo aos pequenos detalhes como o jeito de caminhar muito característico de Fischer. O momento do antagonista é bem explorado, e podemos conhecer um pouco quem foi Boris Spassky, do qual o próprio Fischer o definiu como um verdadeiro desportista pelo seu modo calmo, centrado e profissional, sendo muito bem interpretado por Liev Schreiber.

    Apesar de o filme ter sido muito coerente com a biografia de Fischer, ter a dimensão exata do que ele representou para o mundo e o Xadrez em especial não é simples. Fischer viveu em uma época onde o computador era apenas um sonho possível, onde programas de Xadrez como Fritz, Stockfish e o tão famoso Deep Blue, que derrotou Garry Kasparov em 1997, eram algo inimaginável. Todo o avanço que ele conseguiu deveu-se a sua genialidade, paixão e obsessão pelo Xadrez. Ele conseguiu ser um grande mestre aos 15 anos, um feito sem precedente para a época. Falar de Bobby Fischer é falar de Xadrez, genialidade, obsessão e insanidade. Falar do “Match do Século” é falar da Guerra Fria e de como um “simples” jogo de tabuleiro parou o mundo naquele momento, pois não se tratava apenas de uma disputa pelo título mundial, mas sim de um confronto ideológico entre duas superpotências. Pela narrativa histórica, se os Estados Unidos usaram Bobby Fischer para fins político-ideológicos contra a União Soviética, que é um fato, os Soviéticos, por sua vez, se apoderaram por completo do Xadrez, fazendo-o um esporte nacional para mostrar sua “superioridade intelectual sobre o ocidente decadente”. Era simplesmente uma máquina estatal que despejava quantidade ilimitada de dinheiro na busca de talentos que servissem de propaganda para o governo comunista.

    O Dono do Jogo é um filme obrigatório para qualquer entusiasta e enxadrista, seja ele amador ou não, e uma ótima oportunidade para quem nunca sequer ouviu o nome Bobby Fischer, pois se o Xadrez é o jogo de tabuleiro mais conhecido e jogado no mundo, muito se deveu à existência de Robert James Fischer.

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  • Genilson Soares

    Depois de uma pré-cerimônia e cerimônia altamente politizada do Oscar 2016 com protestos, boicotes e tudo o mais, não foi surpresa Spotlight levar a estatueta de Melhor Filme e Roteiro Original, mas será que ele é tão bom assim comparado com os outros indicados?

    Antes de tudo, Spotlight é um grande filme sem dúvidas, nos mostra toda a importância do jornalismo investigativo que é algo crucial em qualquer sistema de governo que se diz “justo e democrático”, ainda mais nos dias atuais onde o jornalismo investigativo parece estar adormecido e Hollywood adora tais histórias, existem grandes filmes abordando a questão, e de imediato as semelhanças de Spotlight com o filme Todos os Homens do Presidente (All the President's Men, 1976) são gritantes, sendo esse último muito superior em quase todos os aspectos.
    A grande força de Spotlight reside em pegar um tema delicado e uma ferida aberta que foi o escândalo de pedofilia e abuso sexual por sacerdotes católicos a partir da década de 70 acobertados e negligenciados pela Igreja durante décadas, onde tais histórias tiveram grande repercussão em meados dos anos 2000 devido ao trabalho dos jornalistas do qual o filme aborda.

    Toda a narrativa do filme é construída pela ótica da investigação jornalística, seja na ambientação do jornal local, reuniões, decisão de pauta, seja nos percalços para se conseguir a grande matéria ou em como tais histórias horrendas de abuso sexuais vão afetando o senso de moral e justiça de cada jornalista e em como eles vão perdendo a crença e o respeito pela instituição Católica a cada nova história de abuso que descobrem. Mas o filme vai além não só mostrando todo o lobby e o esforço da Igreja em não revelar tais casos, coagindo, fazendo acordos judiciais, influenciando membros da comunidade a fazer vista grossa para tais denúncias, e o pior de tudo não punir os sacerdotes acusados. Como também mostra que todo o imperativo moral, isenção e a busca pela verdade que o jornalismo tenta passar pode ser hipócrita. O conteúdo do filme inegavelmente é forte, explosivo, polêmico e indigesto, fazendo-o receber críticas até sendo acusado de ser panfletário, anticatólico e ter agenda anticristã.

    No entanto o grande mérito do filme é sua narrativa, pois cinematograficamente apesar de bom filme, bom roteiro e ter um elenco muito interessante sua direção é mediana e não traz lá grandes emoções ou novidades em sua execução, é um filme bem seguro onde o foco principal é relatar, denunciar algo sem muita ousadia ou surpresas. Pois se olharmos para grande parte dos outros indicados para o título de melhor filme de 2015 é notável a diferença no aspecto técnico, como por exemplo, Mad Max Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015), Ponte dos Espiões (Bridge of Spies, 2015), e um destaque para A Grande Aposta (The Big Short, 2015) um filme rápido, dinâmico com um roteiro e direção muito digna onde em muitos momentos se quebra a quarta parede e através disso o público vai entendendo toda a complexidade da bolha imobiliária de 2008 de forma leve sem que se entranhe tal artifício. E o outro filme talvez o único que poderia ter batido de frente dada as circunstâncias seria O Regresso (The Revenant, 2015) esse sim teria todos os atributos para ser melhor filme, talvez não tenha levado pelo fato de Iñárritu ter ganhado no ano anterior por Birdman (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance, 2014) e pelo Oscar muitas vezes fazer ganhadores mais por suas qualidades “políticas” do que cinematográficas algo que faz parte da história do Oscar, mas ainda sim O Regresso levou o prêmio de direção nada mais justo, pois é espetacular e o tão esperado Oscar de Leonardo DiCaprio.

    A conclusão que fica é Spotlight pode não ter sido o melhor filme de 2015, mas pelo fato de colocar visibilidade em um problema global que é ou que foi o escândalo sexual de sacerdotes católicos acobertados pelo alto clero da Igreja por décadas o fez tornar-se grande independente se tenha ou não todos os requisitos para o título de melhor filme e com isso reservou seu lugar na história do Cinema.

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  • Genilson Soares

    O que despertou minha curiosidade em assistir ao filme de imediato na época foi ver Emilia Clarke num papel bem diferente do que a fez ficar conhecida como sua personagem Daenerys Targaryen, a Khaleesi da série Game of Thrones. Aqui teríamos uma atriz fazendo comédia, o que dizem ser um grande desafio para um ator.

    Mas após a novidade inicial, que foi até satisfatória em vários momentos com a atuação "teatral" de Emília Clarke, o filme perde sua força, seja no aspecto narrativo ou na forma como o roteiro ganha vida, tornando-se previsível devido ao tema proposto já ter sido abordado em títulos recentes ao filme na época ou mesmo da primeira década do século XXI. Durante todo o filme, é difícil não fazer comparações com referências anteriores. Logo de cara, é possível lembrar de um filme francês com tema semelhante e também engraçado, como Intocáveis (Intouchables, 2011), onde um dos protagonistas, tetraplégico, decide ser cuidado por alguém aparentemente desqualificado para o serviço, mas que, naquele momento, é o que ele precisa. Surge uma amizade entre os dois, e há uma mudança na relação entre ambos.

    A composição da personagem Lou Clark (Emilia Clarke), onde a graça do filme acontece, é competente. É possível perceber a correlação entre os aspectos fotográficos, com muita cor e vários detalhes nos planos e enquadramentos, com a personalidade leve, alegre e "sem noção" da protagonista. Porém, aqui também é possível fazer um paralelo com outro filme, que segue pelo mesmo caminho ao correlacionar um detalhe mais técnico e subjetivo com algo mais profundo da essência de um personagem, como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain, 2001).

    Conforme a temática do filme se desenvolve por completo ao fim do primeiro ato, fica fácil prever o desenrolar e o desfecho da estória. A estrutura toda meio que se fecha antes mesmo do filme acabar, e não há uma reflexão mais intensa e profunda por parte do personagem Will Traynor (Sam Claflin) sobre seus reais motivos na busca pelo suicídio assistido. Fica difícil entender tal escolha, o que gera uma recusa do grande público em pensar na possibilidade e respeitar tal caminho. Isso nos leva ao filme Mar Adentro (2004), que trata exatamente da busca pelo suicídio assistido/eutanásia e toda a complexidade, motivos e dificuldades da escolha do personagem Ramón Sampedro (Javier Bardem), um filme fantástico, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Devido a isso, o filme se torna apenas mais um do gênero comédia romântica entre tantos outros.

    Talvez o mérito do filme, mas sem grandes pretensões, seja a troca de experiências e valores entre Lou e Will. Lou, por sua vez, demonstra que, independente da condição de Will, é possível viver e não apenas sobreviver. Isso fica claro no esforço que ela faz para que ele desista do suicídio (pois a morte de Will era algo certo no ato final, pois sem ela o filme perderia sua capacidade mínima de fazer refletir sobre a questão do suicídio assistido). Por outro lado, Will é convicto em sua decisão, mas ainda assim se permite viver seus últimos momentos com dignidade, com alguém que o surpreendeu e o respeita integralmente além de sua condição. No entanto, o fato de estar “preso” a uma cama e uma cadeira é algo inconcebível para Will devido ao seu estilo de vida antes de se acidentar. Essa decisão é unilateral; não há o que fazer quando alguém simplesmente desiste de algo de maneira pensada, mesmo com os recursos financeiros que ele dispunha. Em contrapartida, essa decisão, apesar de triste e inaceitável até certo ponto, para Lou só a vivifica e a faz viver ainda mais intensamente, ao ponto de sair de sua zona de conforto, mesmo estando feliz em sua pequena cidade do interior. Pois é essa a mensagem que a personagem e o filme tentam passar. A última cena é um tanto emblemática: ela em Paris, o berço da moda, estando em um café com sua meia de abelha bisonha. Isso pode ser uma crítica aos padrões da moda ali tão exaltados, pois ali ela está sendo ela mesma e está feliz, independente do que possam pensar dela.

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