Primeiro filme de Ingmar Berglman que assisto e posso dizer que me arrependo pela demora. Arrependimento, inclusive, é um dos temas desse filme que é fantástico!
O tema é a morte, mas não como pano de fundo ou ocorrência inserida na trama, mas um ponto central, nevrálgico de discussão. O filme é uma reunião de questões existenciais, com enfoques pessimistas e otimistas em momentos distintos que tentam fazer um exercício de costurar vida e morte em um mesmo plano: a existência.
A cena final, clássica e imersiva, é um retrato dessa coisa meio dúbia que é a morte: ciranda e arrebatamento.
Pontos altos desse filme: as questões sobre a existência de Deus, a busca de sentido e o encontro dele por puro acaso por meio da relação de Antonious uma família de atores, as cenas em que a morte é debatida por meio da pintura medieval, a reflexão do uso do sofrimento humano capitalizado pelas Igreja à época.
Ponto fracos: o humor flerta com a misoginia em muitos momentos; por vezes os takes demoram mais que o necessário para que você entenda o que está rolando ali.
Em suma: sensacional e tenho a certeza de que vou assistir mais algumas vezes. Sim, no plural.
É engraçado notar como nos filmes de Kubrick tem uma forma cíclica de reaparecimento de temas anteriores, de outros filmes. É quase que um ciclo de figura e fundo. Temas anteriores são o fundo para os temas que são figura agora. A sociedade secreta que aparece neste filme parece uma metáfora por excelência das elites apodrecidas, já estava em outros filmes, nas altas patentes de generais ou de forma mais tímida. A estratificação social marcada em todos os filmes. Novamente parte do universo dos personagens (essa dualidade, sempre ela, do masculino e feminino) pra partir pras relações sociais mais amplas.
É importante notar que o profano incolor das elites não mantém contato com a vida urbana superficialmente colorida, aqui a estratificação; e é exatamente o profano das elites que pode surgir como salvação de um casamento em declínio. É um vai e volta dos planos de narrativa, do geral para o universo particular dos personagens principais. O que aparece como apodrecido na seita das elites é também a salvação de um casamento.
Kubrick, definitrivamente, não estava para brincadeiras com este filme. Odeio sci-fi, mas o filme transcende o gênero e lança milhares de questões inteligentes. É o tipo de filme que, a cada vez assistido, algo novo é percebido; assim como nos livros clássicos.
A loucura aparece em ambos os filmes, mas neste ela aparece mais robusta e contextualizada. O final quando o diretor coloca a música do Mickey Mouse aparenta estar mandando uma mensagem direta pro espectador dizendo que reconhece o imperialismo escroto americano, mesmo que tenha colocado os personagens pra retirar o sentido acerca das guerras durante todo o filme.
Fecha com chave de ouro! O diretor completa os dois objetivos perfeitamente: esvaziar e preencher de significado a indústria mortífera de guerras americana.
Lida de forma até divertida com vários estereótipos franceses, mas acaba perdendo o foco e apelando pra um happy ending desnecessário. As danças finais teriam sido bem melhor exploradas se demonstrassem a coloração e explorassem, nos ritmos, as sensações de uma perda amorosa. Acabou ficando forçado.
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O Sétimo Selo
4.4 1,0KPrimeiro filme de Ingmar Berglman que assisto e posso dizer que me arrependo pela demora. Arrependimento, inclusive, é um dos temas desse filme que é fantástico!
O tema é a morte, mas não como pano de fundo ou ocorrência inserida na trama, mas um ponto central, nevrálgico de discussão. O filme é uma reunião de questões existenciais, com enfoques pessimistas e otimistas em momentos distintos que tentam fazer um exercício de costurar vida e morte em um mesmo plano: a existência.
A cena final, clássica e imersiva, é um retrato dessa coisa meio dúbia que é a morte: ciranda e arrebatamento.
Pontos altos desse filme: as questões sobre a existência de Deus, a busca de sentido e o encontro dele por puro acaso por meio da relação de Antonious uma família de atores, as cenas em que a morte é debatida por meio da pintura medieval, a reflexão do uso do sofrimento humano capitalizado pelas Igreja à época.
Ponto fracos: o humor flerta com a misoginia em muitos momentos; por vezes os takes demoram mais que o necessário para que você entenda o que está rolando ali.
Em suma: sensacional e tenho a certeza de que vou assistir mais algumas vezes. Sim, no plural.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraÉ engraçado notar como nos filmes de Kubrick tem uma forma cíclica de reaparecimento de temas anteriores, de outros filmes. É quase que um ciclo de figura e fundo. Temas anteriores são o fundo para os temas que são figura agora. A sociedade secreta que aparece neste filme parece uma metáfora por excelência das elites apodrecidas, já estava em outros filmes, nas altas patentes de generais ou de forma mais tímida. A estratificação social marcada em todos os filmes.
Novamente parte do universo dos personagens (essa dualidade, sempre ela, do masculino e feminino) pra partir pras relações sociais mais amplas.
É importante notar que o profano incolor das elites não mantém contato com a vida urbana superficialmente colorida, aqui a estratificação; e é exatamente o profano das elites que pode surgir como salvação de um casamento em declínio. É um vai e volta dos planos de narrativa, do geral para o universo particular dos personagens principais. O que aparece como apodrecido na seita das elites é também a salvação de um casamento.
Genial, simplesmente.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraKubrick, definitrivamente, não estava para brincadeiras com este filme. Odeio sci-fi, mas o filme transcende o gênero e lança milhares de questões inteligentes. É o tipo de filme que, a cada vez assistido, algo novo é percebido; assim como nos livros clássicos.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraFilme muuuuuuito bom! Fiz algumas comparações com o Fear and Desire, que é mega prototípico.
A loucura aparece em ambos os filmes, mas neste ela aparece mais robusta e contextualizada. O final quando o diretor coloca a música do Mickey Mouse aparenta estar mandando uma mensagem direta pro espectador dizendo que reconhece o imperialismo escroto americano, mesmo que tenha colocado os personagens pra retirar o sentido acerca das guerras durante todo o filme.
Sinfonia de Paris
3.7 133 Assista AgoraO filme vale ser assistido pela postura de dançarino brincalhão do Gene Kelly.
Lida de forma até divertida com vários estereótipos franceses, mas acaba perdendo o foco e apelando pra um happy ending desnecessário. As danças finais teriam sido bem melhor exploradas se demonstrassem a coloração e explorassem, nos ritmos, as sensações de uma perda amorosa. Acabou ficando forçado.